19 de maio de 2013

Atos 2.1 a 4


A Descida do Espírito Santo

(por ocasião do dia de Pentecostes em 2013 – aniversário da IP Vila Prudente)

INTRODUÇÃO
Muitos debates teológicos já foram empreendidos por causa dos acontecimentos daquela manhã de Pentecostes. Com absoluta, Lucas não tencionava gerar nenhuma polêmica teológica, ao contrário, o seu objetivo era bastante claro: mostrar que a Igreja fora capacitada a fazer a obra de espalhar o Reino de Cristo por meio da pregação da palavra.
No capítulo 01, verso 08, temos o texto primordial do entendimeno desta passagem: recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas TESTEMUNHAS. Lucas presume que seus leitores entenderão que o que aconteceu no dia de Pentecostes foi este revestimento habilitador para que a Igreja anunciasse o Reino, testemunhando a glória e o amor de Deus em Cristo.
O livro de Atos está focado exatamente nesta premissa: a habilitação da Igreja para pregar. Façamos um voo panorâmico e percebamos esta ênfase.
1) O fenômeno das línguas permitiram que pessoas de outras nacionalidades ouvissem a respeito das grandezas de Deus em sua língua materna;
2) Após a primeira pregação da Igreja cheia do Espírito Santo, a conversão impressionante de 3000mil pessoas é uma mostra da força da pregação;
3) a Igreja se reunia e era conduzida na doutrina dos apóstolos;
4) Pedro e João estão no templo e pregam a Palavra de Deus;
5) A igreja reunida estava cheia do Espírito Santo e anunciava com intrepidez a Palavra de Deus;
6) os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor e havia abundante graça;
7) Pedro e João são instados a não pregar mais no nome de Jesus e declaram que não podem se calar e deixar de pregar o Evangelho de Cristo, antes importa obedecer a Deus que aos homens;
8) Estevam é apedrejado por pregar a verdade diante de todos no Sinédrio, tendo sido preso por causa da pregação da verdade;
9) Saulo, logo após a sua conversão prega, anunciando que Jesus é o Filho de Deus;
10) Pedro prega na casa de Cornélio e os gentios se convertem e o Espírito Santo desce sobre os que ouviam a Palavra;
11) os dispersos por causa da perseguição pregam a Palavra;
12) a maior parte do livro de Atos é sobre as viagens de Paulo e a pregação da Palavra por todo os lugares;
É importante que saibamos que a Igreja é comissionada a pregar sobre o Reino e este dever ela deve cumprir debaixo do poder e direção do Espírito Santo.
O enfraquecimento do púlpito e dos crentes como proclamadores da verdade é algo que salta aos olhos. Igrejas como a nossa, cuja tradição implicava em púlpitos fortes e crentes capazes de falar de sua fé, estão deixando de lado esta arte, estão se tornando em locais de entretenimento musical, teatral etc. Outras, se tornando em uma academia de letras de discussões teológicas e outras tantas, clubes sociais e até partidos políticos.
Olhando para este texto, gostaria de avaliar como Lucas primeiramente apresentou esta habilitação do Espírito para a Igreja. Vejamos aqui, nestes poucos versos, algumas premissas que precisamos considerar na busca de sermos, novamente, uma igreja forte proclamadora do Evangelho de Cristo.

O Enchimento do Espírito Santo Não é Uma Proposta Para Exaltação Pessoal, Mas Acontece no Contexto da Comunhão do Povo de Deus
Quando Jesus fez a promessa do Espírito Santo, ele falou aos seus discípulos que o Espírito viria sobre eles. Jesus não apontou um líder e disse: virá sobre você, mas disse a todos: recebereis, descerá sobre vós.
Quando seguimos o livro de Atos veremos que a comunidade da fé era guiada pelo poder do Espírito. O apóstolo Paulo, quando fala do enchimento do Espírito Santo, diz que isto acontece no contexto da comunhão: falando entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais, sujeitando-vos uns aos outros; marido e mulher, filhos e pais, servos e senhores, enfim... sempre no contexto de comunhão.
O Espírito Santo dirige pessoas, para que pessoas ajudem pessoas a se encherem do Espírito Santo. Eles estavam reunidos no mesmo lugar quando a promessa chegou. Estavam orando quando tremeu o lugar onde estavam.
A desagregação da comunidade da fé está prejudicando o crescimento da Igreja. Você se manter isolado, isolar a família, evitando assim o contato, não está apenas causando um problema social, está lhe causando um grave problema espiritual.
Hoje, devido ao individualismo que tornou-se a marca do final do século XX, as pessoas enfatizaram a experiência pessoal como a forma mais profunda de se encher do Espírito, mas este não é o que o texto do Novo Testamento pontua.
Precisamos nos lembrar que a obra do Espírito é mais forte na coletividade, afinal ele é o vínculo da paz que nos une. De um dois fez um só povo.

O Enchimento do Espírito Santo Não é Um Resultado da Vontade do Homem Mas de Deus
Não esqueço um dia em que um grande amigo, irmão na fé, convidou-me para ir à sua igreja receber o batismo com o Espírito Santo. Ele, havia aprendido que o falar em línguas e ser cheio do Espírito Santo era o resultado de uma série de esforços humanos, que resultam, como numa fórmula matemática em um resultado obvio: controle do Espírito Santo.
Lucas, no modo como constrói o texto nos mostra que, na verdade, o enchimento do Espírito Santo é um resultado da vontade e do poder de Deus. Deus decide usar a sua Igreja e esta se torna sua ferramenta.
Embora tenhamos de nos colocar à disposição do Senhor e clamar pelo enchimento do Espírito na prática de nossos deveres espirituais, é Deus que faz estas coisas segundo lhe apraz.
Veja alguns elementos da vontade de Deus neste texto.
De repente – Cristo havia feito a promessa, havia também dito que o Pai enviaria o Espírito Santo o consolador. Afirmou que eles deveriam ficar na cidade até que “do alto” fossem revestidos de poder. Mas não deu prazo, não disse o que deveriam fazer, apenas anunciou que deveriam esperar e... de repente.
Veio do céu – o som como de um vento impetuoso tinha uma origem o céu. A construção do texto pontua sobre o fato de que não se tratava de um som que tivesse origem em nada terreno, mas uma origem divina. Isto tem a ver com o fato de que a promessa fora anunciado como sendo um revestimento que viria do Alto. No dia em que Cristo foi batizado a voz que foi ouvida veio do céu.
Eles ficaram cheios do Espírito Santo – Não foi um enchimento que tinha como premissa a ação deles, mas eles foram tomados, foram plenificados e enchidos. Quando Paulo fala sobre “enchei-vos do Espírito Santo” ele usa um imperativo, presente passivo, em outras palavras: coloquem-se em condição de serem enchidos.
Falaram em línguas conforme o Espírito lhes concedia – Veja que é o Espírito quem está dirigindo a cena. Ele não está somente respondendo às orações, ou seguindo o livrinho de regras: oraram muito devo enchê-los, devo produzir tal e tal milagre, tal e tal operação especial... O Espírito comandava. Do mesmo modo como Jesus havia dito à Nicodemus: o vento sobre onde quer.
Precisamos voltar a ser a igreja humilde, que confia, espera e se entrega completamente à vontade do Espírito de Deus. Em muitas coisas, a Igreja Evangélica tem se tornado arrogante, e os crentes em suas orações também.
Sim, podemos ter estratégias missionárias, evangelísticas, mas nunca devemos tentar comandar o Espírito de Deus. Estamos nos tornando manipuladores da fé alheia, explorando o emocionalismo de forma humana, tentando produzir experiências espirituais por recursos humanos: luz, som, palavras suaves, poesia e...
Cristo disse a eles: fiquem na cidade até que sejais revestidos e eles simplesmente ficaram. O Espírito disse falem em outras línguas e eles falaram. O Espírito separou Barnabé e Saulo para a missão e eles enviaram. O Espírito disse a Paulo não vá para lá e ele não foi... etc.
O outro lado desta moeda da soberba da Igreja é quando ela resiste ao Espírito Santo que manda ela ir e ela não vai. Crentes que estão dispostos somente a fazer o que lhes interessa não sabem o que é ser guiados pelo Espírito Santo.
Se desejamos ser um Igreja cheia do Espírito Santo precisamos estar dispostos a sermos submissos à vontade e ao tempo do Espírito Santo. Não esmoreça, o Espírito Santo está aguardando o momento certo, apenas permaneça onde ele quer.

O Enchimento do Espírito Santo Não é Uma Proposta Impessoal, mas Pessoal
Observe que o texto indica que a presença do Espírito Santo sobre a coletividade fora percebida, por meio do som e da aparência de fogo. Mas, em um dado momento, a aparência de fogo, como línguas fora distribuídas sobre cada um deles.
Os crentes costumam jogar tudo na conta da instituição igreja. Dizem: a igreja não faz isto, não faz aquilo, não busca o Espírito Santo etc. Bem... às vezes é verdade, a Igreja está se esfriando na fé.
Mas, o ponto a que quero chegar é que, cada um de nós tem uma participação neste processo tanto do esfriamento, quando do enchimento. A falta que se observa é que os crentes vivem a síndrome de Adão depois do fruto: a culpa é sempre de alguém.
Você já experimentou buscar pessoalmente? Você já se qualificou para ser o primeiro foco do incêndio, no bom sentido aqui? Crê tu e será salvo tu e a tua casa!.
Aqueles homens, tais como Pedro, João, Estevam, Paulo, Barnabé, Felipe, Tiago etc... sabiam que a cada um deles era dada uma responsabilidade de se encher do Espírito Santo. Eles viviam na busca de um relacionamento pessoal com o Senhor e buscavam pessoalmente este poder.
Mas, como ligar isto ao que dissemos a pouco sobre o Espírito se manifestar na coletividade? Sabe como é que se busca pessoalmente o Espírito Santo? Procurando ser ferramenta para que o outro seja enchido. Não conseguimos nos encher a nós mesmos, mas podemos ser preparados por outros.
Quando o apóstolo Paulo fala de enchimento do Espírito Santo, ele diz que acontece quando um se sujeita ao outro. Afinal o resultado do enchimento é o testemunho para os outros.  
A melhor igreja é aquela em que todos pessoalmente se doam pelos outros. Essa igreja já mostra que de fato está se enchendo do Espírito Santo.

Conclusão
Meus caros irmãos, estou muito feliz por poder compartilhar com vocês uma porção tão preciosa da Palavra. Acho que há muito que precisamos aprender e nos ensinar mutuamente sobre a obra do Espírito Santo.
Sendo hoje a data cristã em que se lembra o dia da descida do Espírito Santo acho que é de grande valor que façamos uma profunda e séria análise pessoal e coletiva. A Igreja Presbiteriana de Vila Prudente é uma igreja cheia do Espírito Santo? Você pessoalmente está cheio do Espírito Santo? Você tem ajudado as pessoas a serem cheias do Espírito Santo?
Como saber? Volto ao início da nossa meditação: A IGREJA TEM ANUNCIADO A CRISTO E VOCÊ COMO PESSOA É UM PREGADOR? Sem este fruto, há algo errado. Não existe enchimento do Espírito Santo apenas para que alguém se locuplete. Somos cheios para falar de Cristo a outras pessoas.
Hoje, nós também estamos reunidos um só lugar. Estamos diante do Senhor e podemos orar, pedindo ao Senhor que nos renove e promova o nosso enchimento do Espírito Santo.
O nosso desejo é que ele nos capacite a anunciar suas verdades. A ter um púlpito comprometido com a verdade e fazer da nossa vida um púlpito para o testemunho do Evangelho.
Parabéns à IP Vila Prudente, parabéns para todos os irmãos. Mas, irmãos queridos, busquem uma vida plena do Espírito Santo.

Deus os abençoe

Amém

Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno



12 de maio de 2013

Atos 1.6 a 11


A ASCENSÃO DE CRISTO E SUAS IMPLICAÇÕES NA VIDA DO CRENTE
Atos 1.6 a 11

INTRODUÇÃO
A Ascensão de Cristo é um dos acontecimentos que marcam o início do Reinado Glorioso de Cristo. Os discípulos presenciaram o dia em que Cristo foi elevado aos céus e fizeram questão deixar claro este parecer: foi um evento histórico que marcou uma mudança significativa no funcionamento de todas as coisas no Universo.
Na sua ascensão, Cristo é recebido nos céus e se assenta à destra de Deus, tendo recebido o cetro do poder, para governar sobre toda a carne. Ele, agora, dirige todas as coisas e governa sua Igreja e a história. Foi assim que os apóstolos apresentaram à Igreja de Cristo os resultados da elevação de Cristo ao estado real, encerrando seu estado de humilhação.
Quando relemos os evangelhos com a perspectiva da ascensão em mente, percebemos que os evangelistas entenderam a ascensão como um dos passos programáticos da obra da redenção e que Cristo estava resoluto em sua jornada entre nós, também com conhecimento de que tudo culminaria com sua majestosa ascensão e coroação. Podemos dizer que a ascensão é parte do cerimonial de coroação de Cristo como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
Mas foi Lucas, o historiador mor da Igreja iniciante, que, escrevendo sobre o progresso da Igreja inicial, significativamente mais que os outros, nos conduziu a perceber o valor da ascensão para a nossa jornada cristã na terra. Talvez porque Lucas teve um olhar mais concentrado em todas as coisas que potencializavam o espalhar do evangelho em todas as terras.
Veja como ele, em seu Evangelho, introduz o conceito da ascensão dentro do próprio ministério de Jesus, focalizando sua ascensão como um ponto focal da sua jornada:
E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir à Jerusalém (Lucas 9.51).
Podemos notar o quanto para Lucas era interessante ligar o ministério de Jesus na terra com a sua ascensão como ponto focal. Como se tivesse em mente uma conexão importante entre o que aconteceu no tempo de sua encarnação com o tempo que se seguiria à sua ascensão.
É evidente que existe uma conexão entre estes dois momentos da História da Redenção. Pois, na verdade, nos foi revelado pelo Senhor que Cristo, depois de sua ascensão passou a governar todas as coisas e a Igreja passou a agir nesta terra como a parte visível do seu reino.
Portanto, meus amados irmãos, seguindo o conceito dos próprios apóstolos e da igreja primitiva que encontrou na ascensão forças e princípios para sua jornada, queremos abordar o texto de atos que se refere à ascensão também com o mesmo objetivo: encontrar as implicações da ascensão para a nossa jornada.
Adianto que não podemos esgotar em uma única mensagem este tema. Vamos apenas pontuar sobre três implicações, dentre as tantas que podem ser resgatadas neste texto e as outras centenas, quiçá milhares que podem ser encontradas e aprendidas nas páginas da Escritura que se referem direta ou indiretamente à ascensão.
A Ascensão de Cristo Implica em Uma Vida Concentrada no Novo Paradigma do Reino Transcendente
Meus irmãos, o registro de Lucas sobre estes momentos finais de Jesus com os seus discípulos, aparenta enfatizar a ideia da transição ocorrida na mente dos discípulos à respeito de como deveriam encarar o Reino de Cristo.
Veja que o próprio livro fora escrito pontua sobre este fato da transição e o reino na medida em que começa explicando os objetivos do seu escrito:
Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas.  A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus (Atos 1.1 a 3).
É bastante comentado na Igreja o fato de que os discípulos tinham uma ideia equivocada da abrangência e até mesmo dos objetivos do Reino de Deus e do Messias. Eles tinham uma concepção política e terrena do Reino. Jesus já havia lhes falado sobre o fato de que o Reino dele não era deste mundo, entretanto, persistia na mente dos discípulos um conceito arraigado do pensamento judaico de o Reino de Cristo era um reino judaico sobre a terra.
Podemos perceber que os versos 6 e 7 pontuam sobre esta expectativa temporal e terrestre do reino de Cristo que ainda estruturava as expectativas dos discípulos:
Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade.
Eles haviam esquecido, ou não estavam considerando, as próprias palavras de Jesus que apontava para a transcendência do seu reino, um reino que é muito maior e mais abrangente que apenas um governo humano, israelita sobre a terra, ele já havia anunciado que era necessário ir ao Pai, para enviar o Espírito Santo.
Por isto, meus queridos irmãos, Jesus não apenas desaparece, mas é elevado aos céus. O verbo “hipolambano”, na forma como foi escrito, descreve que Jesus foi tomado para cima. Como se simbolicamente estivesse deixando uma lição prática sobre o fato de que o Pai, que estava lhe dando toda a autoridade, lhe colocaria no lugar onde devia estar para exercer toda a autoridade sobre o céus e a terra.
Os discípulos, inicialmente tão vacilantes quanto a este conceito, são esclarecidos e logo a seguir são capazes de apresentar ao povo conceitos tais quais o que Pedro apresentou quando pregou o seu primeiro sermão:
A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés. Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (Atos 2.32 a 36).
Ao ser elevado aos céus diante dos seus discípulos, Jesus mudou o paradigma de Reino dos seus discípulos. Eles passariam a considerar-se partícipes não de um reino apenas humano, mas transcendente. Eles passaram a entender que viviam para coisas muito superiores, maiores que as corriqueiras queixas do dia a dia.
Paulo chega a dizer aos crentes de Colossos:  
Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não as que são aqui da terra (Colossenses 3.1 e 2).
Este é um ponto significativo das implicações a ascensão na nossa vida como filhos do Reino. Precisamos desenvolver expectativas mais elevadas sobre a nossa vida. Carecemos de viver mais submetidos a valores do Reino transcendente, um Reino que é governado com valores mais e mais elevados que aqueles que governam as premissas dos reinos terrenais.
Filhos do Reino de Cristo são pessoas que vivem expectativas superiores e transcendentes, não promovem sua vida apenas para o apego insensato à coisas tão pequenas como estas que são tão extramente passageiras ligadas á este mundo.

A Ascensão de Cristo Implica em Uma Vida Missionária que Se Potencializa no Enchimento do Espírito Santo
O versículo 8 de Atos 1, está entre as passagens mais conhecidas do Novo Testamento. Com certeza, se você é crente há pelo menos dois anos e frequenta com regularidade, cultos ou escolas dominicais já ouviu algo a respeito desta passagem.
Pois bem, ela é sempre corretamente usada para servir como base fundamental da missão evangelizadora da Igreja. Na semana passada, ainda no Evangelho de Mateus, pudermos ler aquela passagem do capítulo 28, em que Cristo comissiona os seus discípulos a espalharem o Reino a todas as nações, debaixo da autoridade de Cristo.
Mas, recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra (Atos 1.8).
Estas palavras vieram em resposta à pergunta dos discípulos: será este o tempo em que restaures o reino a Israel? A resposta de Jesus tem três etapas, ele primeiro responde sobre tempo e diz que a eles não competia conhecer o tempo e a segunda parte da resposta tem a ver com como e quem iria fazer a obra de restauração do reino e a última parte teria a ver com o fato de que o reino não seria apenas sobre israel.
Eles perguntaram sobre se era o tempo em que Jesus Cristo iria restaurar o reino e a resposta vem dizendo o seguinte: vocês serão os instrumentos e o reino se espalhar de Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da terra.
Eu já falei com os irmãos noutra ocasião, em uma mensagem em Mateus que este ponto é um rompimento de paradigmas assentados no coração dos discípulos de Cristo que eram judeus inicialmente. Contudo, este é novo paradigma da abrangência do reino pelo qual eles passaram a viver e devotar a sua vida. ELES PASSARAM A TER UMA VIDA MISSIONÁRIA, QUE SE DESTINAVA A BUSCAR FILHOS DO REINO DENTRE TODAS AS NAÇÕES.
Meus irmãos, eles fizeram a obra de espalhar o Reino de Cristo na sua geração. Eles alcançaram feitos magníficos se considerarmos que fizeram a maior parte de suas viagens à pé, sem outros instrumentos senão a própria voz e algumas cartas que escreveram.
Tornaram-se corajosos e viram o crescimento exponencial da Igreja, como resultado da presença do Espírito Santo nas suas vidas. Eles começaram a viver a disciplina de se sujeitarem ao Espírito Santo e isto potencializou sua vida para cumprir a missão.
Pelo Espírito Santo falaram línguas que não sabiam e alcançaram pessoas de outros povos para Cristo (Atos 2.8); Estavam cheios do Espírito Santo e oravam com intrepidez (Atos 4.31); era o Espírito Santo que dirigia suas lideranças (Atos 6.3); O Espírito os enviava, os fortalecia nos momentos difíceis e os preparava para dar a própria vida em nome de Cristo (Atos 7.55).
Meus irmãos, são muitas as passagens no livro de Atos que apontam para esta forte ligação da Igreja iniciante com o Espírito. Ou seja, a promessa lhes enchia o coração e eles, cheios do Espírito, estavam prontos para cumprir a sua missão.
Fico pensando se esta não é a explicação para a fragilidade e superficialidade dos crentes do século XXI que tentam fazer a obra de Deus com suas próprias mãos, sem uma busca do poder do Espírito para sua missão?
A ascensão de Cristo, e o consequente envio do Espírito Santo deveriam implicar em uma busca cada vez mais intensa da presença do Espírito Santo. Pois é assim que Cristo governa a sua Igreja lá do alto e é assim que ela se aproxima de Cristo, mais e mais.
A ASCENSÃO MARCA ESTE NOVO MODO DA PRESENÇA DE DEUS NA SUA IGREJA, POR MEIO DO PODER DO ESPÍRITO. EM DECORRÊNCIA DA ASCENSÃO DEVEMOS CONFIAR QUE É POSSÍVEL VIVER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO.
A Ascensão de Cristo Implica em Um Modelo Escatológico de Vida Concentrada no Alvo da Volta de Jesus
Meus irmãos, a Ascensão de Jesus pode sim, ser o ponto de transição no Reino, mas também é o início de uma nova perspectiva escatológica para o povo de Deus.
Escatologia é o estudo das últimas coisas. A Bíblia é um livro que apresenta o princípio escatológico deste suas primeiras páginas. Ou seja, Deus trabalha nossa fé sempre em uma perspectiva escatológica. Desde a promessa de Gênesis 3.15, Deus vem reiteradamente levando seus filhos à expectativa futura.
Na ascensão, Jesus marca uma mudança escatológica. Antes, os filhos de Deus foram concitados a esperar o Messias que viria redimir a Israel dos seus pecados. Agora que ele morreu e ofereceu o sacrifício, ressuscitou e foi aos céus, nossa perspectiva é da instalação final do seu reino glorioso na sua volta.
Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir (Atos 1.11).
A primeira mensagem anunciada após a ascensão de Jesus marca a mudança escatológica: devemos esperar o seu retorno glorioso. OU seja, a Igreja deve viver em constante expectativa da instauração final do reino.
Ela não controla e não conhece o tempo em que acontecerá, vive potencializada na missão de anunciar o Reino por meio da obra do Espírito Santo, mas vive a esperança da volta e de seu resgate final.
Isso moveu os apóstolos, que viveram nesta expectativa escatológica da eminente volta de Jesus. Eles achavam mesmo que isto aconteceria ainda na sua geração e, quando começaram a pensar em que isso poderia ser diferente, não permitiram que a Igreja pensasse diferente:
Pedro: voltará e não tardará a vinda do Senhor. Aquele que vem virá.
Crentes que vivem sob este pensamento, que possuem um pensar escatológico, descobrem muito cedo um tipo de força que nunca paralisa a nossa esperança, por maior que sejam as nossas dificuldades.
O novo testamento é escrito com base nesta premissa e se encerra sugerindo que isto seja um fortalecimento para a nossa jornada. SE DESEJAMOS VIVER NESTE MUNDO SEGUNDO UM PARADIGMA QUE AGRADA A DEUS VIVAMOS COMO AQUELES QUE AGUARDAM CRISTO. 


5 de maio de 2013

Mateus 28.18 a 20


“A Nossa Missão de Fazer Discípulos”
Mateus 28. 18 e 20
(Mensagem entregue à IP Vila Formosa – primeiro domingo após a minha reeleição como pastor da igreja para um mandato de cinco anos jan2014 a dez2018)

Introdução
Caros irmãos, eu acho que é de certa importância simbólica que Deus tenha me trazido esta noite ao púlpito desta igreja com este texto para a mensagem. Após a assembleia que me reelegeu pastor da Igreja, penso que é de grande importância que meditemos sob o tema desta passagem e reflitamos sobre a “Nossa Missão de Fazer Discípulos”.
Sei que ainda restam alguns passos, tais como, a aprovação do nosso presbitério para tanto. Mas, acredito que possamos falar sobre a continuidade do nosso trabalho aqui, começando por esta conversa a respeito da possibilidade de sermos uma igreja intensa na evangelização e discipulado.
A Igreja Presbiteriana de Vila Formosa precisa assumir com mais clareza este papel evangelizador. Precisamos nos encontrar de forma mais aberta com esta mentalidade formadora de discípulos. Particularmente, acredito que o meu ministério precisa de uma restauração nesta arte e um envolvimento mais concentrado com a proposta mais eficaz de apresentar com mais avidez o evangelho a pessoas que ainda não tem conhecimento de Cristo.
O texto que temos diante de nós é um dos mais desafiadores e um dos principais materiais bíblicos sobre a proposta de Deus para a atuação da sua igreja na face da terra, até que Jesus retorne na sua glória.
Hoje, vamos falar sobre a nossa missão de sermos pescadores de almas e ganhadores de vidas para o Reino de Jesus Cristo. Buscaremos Nestas palavras preciosas, entender a natureza desta missão.
Antes de começarmos, devemos pensar no fato de que a Igreja nos dias de Mateus estava carente de estímulo para compreender e até mesmo empreender sua tarefa evangelizadora. Estavam sendo comprimidos por uma estrutura social que fazia da fé em Cristo uma posição difícil.
Que tipo de estímulo eles precisavam ter impregnado em sua mente para que não desistissem desta tarefa e não se intimidassem? O que precisavam saber sobre o que fazer e o que deveriam esperar no final de tudo?
Estas palavras foram tão preciosas e tão usadas por Deus para mudar sua Igreja, que aqueles poucos discípulos, doze homens, foram espalharam a mensagem salvadora de forma avassaladora, a ponto de terem registrado que eles transtornaram a terra.

A Nossa Missão de Fazer Discípulos é Realizada Debaixo da Autoridade de Jesus Cristo
Evidentemente, a missão propriamente dita é enfatizada no verso 19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações (...)”. Mas, evidentemente, a palavra “portanto” faz uma ligação clara desta ordem com o verso 18:
“Jesus, aproximando-se, falou-lhes dizendo: ‘Toda autoridade me foi dada no céu e na terra”.
Basileia – a autoridade que Cristo recebeu de Deus é a base da Missão da Igreja neste mundo. Compreendo que este estímulo é fundamental para que a Igreja descubra-se realizando algo para o que foi autorizada completamente por Deus, através de Cristo.
Em uma outra ocasião eu procurei mostrar que o próprio Evangelho de Mateus foi construído com a finalidade de fortalecer a convicção dos crentes sobre a autoridade de Jesus. Este texto é o só o culminar este argumento, que pode ser visto em muitos textos, tais como:  7.28; 8,9 e 10; 8.27; 21.23 a 27.
A autoridade que fora conferida a Cristo era legítima e não usurpada. Ele havia recebido esta autoridade do Pai, portanto, todo o seu ministério não era um ministério realizado de forma usurpadora.
O pecado, quando entrou no mundo e estabeleceu seu reino de trevas no coração do homem, o fez de forma intrusa, por isso é um reino rebelde e não legítimo. Não é legítima a presença do pecado no coração do homem, seu poder e domínio sobre as almas é intruso.
Portanto, quando a Igreja apresenta a mensagem restauradora ela o faz de forma legítima e quando acusa o pecado dos homens e da sociedade.
Como igreja de Cristo, anunciamos a verdade de Deus e o reino do amor de Cristo sob a autoridade de Cristo. Podemos e devemos anunciar a verdade, fomos autorizados por Deus. A autoridade de Cristo foi dada por Deus e, assim, é em nome dEle que nos dirigimos a este mundo e fazemos discípulos.
Portanto, não temamos! A Igreja de Cristo evangeliza e alcança almas não na sua autoridade ou poder, ela o faz na autoridade de Cristo. Por isto, ela não precisa temer, seu ministério sempre efeito.
Também precisamos nos conscientizar que não devemos diminuir os nosso valores porque autoridades humanas desejam regular a nossa missão e tentarem nos limitar. A Igreja primitiva viveu isto muitos dias.
Pedro e João foram presos e ordenados a se calarem. A resposta deles às autoridades, baseada na autoridade que Cristo havia compartilhado com eles foi a seguinte: antes importa obedecer a Deus que aos homens.
Precisamos desta perspectiva da autoridade de Jesus fortalecendo a nossa coragem, impulsionando nossa missão e marcando a nossa resoluta postura de entrarmos neste mundo como embaixadores de Cristo. A mensagem que nós anunciamos é autorizada por Deus e por Cristo.
Paulo se utilizava desta autoridade para escrever e falar de Jesus Cristo. Ele não temeu autoridades, não se submeteu à vontade dos homens, mas à de Deus. Ele sabia que cumprir o mandato de Deus era muito mais sério que cumprir os desígnios dos homens, pois Deus é autoridade superior e a Lei de Deus é superior à dos homens. Veja o prólogo de suas cartas, como por exemplo: Gálatas 1.1.
Um crente que não busca fazer discípulos, qualquer que seja a razão, está desobedecendo uma ordem e não está vivendo sob a autoridade de Cristo. Isto é muito sério!!

A Nossa Missão de Fazer Discípulos é Realizada Como Resposta Obediente ao Nosso Envio ao Mundo e Como Consequência Natural da Nossa Nova Vida
Ao nos chamar para estar perto dele, Jesus nos concedeu, além da sua companhia o privilégio de sermos seus discípulos o que implicou em nos transformar, dando-nos uma nova vida. Foi o que ele disse aos seus discípulos: recebei o espírito! (isto se tornaria mais claro ainda no Pentecostes, por isto é que eles ainda não fariam esta obra, enquanto o Espírito Santo não viesse).
Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.
Estudiosos deste texto nos ensinam que as palavras aqui usadas seriam mais consistentemente traduzidas da seguinte maneira: “indo, portanto, fazei discípulos (...). Na verdade, o verbo colocado no imperativo não é o verbo “ir”, mas sim o verbo “fazer”. Contudo, entendemos, como Wiliiam Hendriksen propôs, que a construção toda é fortalecida no imperativo e que o verbo “ir” é instrumental do verbo “fazer”. Em outras palavras eu só consigo cumprir a determinação imperativa de fazer discípulos, indo.
Esta construção nos propõe algumas importantes definições sobre a nossa missão. Primeiramente, que a nossa Missão é uma ordenança – Isto implica em nossa obediência. Em segundo lugar, só conseguimos cumprir esta missão se formos – este é o ponto que desejo começar abordando.
O que é Ir?
O texto não está propondo apenas uma ação física, no sentido motor, saia deste lugar e vá àquele. Acredito que a Igreja faz isso indo no sentido físico e vivendo o evangelho onde estiver. São dois aspectos do irfinal nos foi ordenado “fazer discípulos”.  
Quando a Igreja primitiva começou a viver o Evangelho em Jerusalém, o texto bíblico diz que eles, pelo modo como viviam, contavam com a simpatia de todo o povo e o Senhor acrescentava dia a dia os que iam sendo salvos. Há uma dimensão do ir e da nossa obediência que tem a ver com a natureza de quem somos.
Por isto, devemos compreender que fazer discípulos é uma resposta obediente ao mandamento de fazer discípulos que cumprimos na busca de viver em consonância co a nossa nova natureza e, que portanto, será uma decorrência natural de quem somos.
Quando não cumprimos a nossa missão, duas coisas acontecem que descaracterizam a nossa vida como servos de Deus. A primeira é que estamos em franca desobediência ao Senhor, vivendo à revelia da ordem de quem tem autoridade para mandar na nossa vida.
Não sei se você entende, mas o que acontece quando você não faz discípulos é que você está se posicionando em rebeldia. Você não está neste mundo para um passeio, você está sob as ordens do Rei, que tem autoridade para te comandar. O principio da rebeldia contra a autoridade de Deus e de Cristo é o princípio do reino intruso, do pecado, o principio do reino de Cristo é a submissão a Cristo.
Segunda coisa importante é que viver em desobediência já é uma descaracterização da natureza da Igreja. Então, ainda que tenhamos um comportamento exemplar em termos éticos, a falta de obediência é uma negação da natureza da verdadeira igreja.
Acredito que a Igreja pode ter estratégias evangelísticas, contudo o que irá determinar o alcance deste projeto é que esta igreja viva o evangelho que anuncia. Afinal, mesmo que tenha um bela estratégia missionária e evangelística, se não viver o padrão do Reino, estará estranhamente descumprindo o propósito de seu envio ao mundo.
Quando a igreja faz discípulos, como resultado de sua obediência e de sua disposição de viver inteiramente o padrão da fé que lhe foi entregue, ela caminha na direção certa e saudável. A questão não é medida em termos de resultados, mas em determinada obediência. Ela cumpre sua missão e vive a natureza do seu chamado.

A Nossa Missão de Fazer Discípulos é uma Proposta de Formação de Um Reino de Amor
Poderíamos falar ainda sobre a abrangência da fé, que deve ser espalhada para todas as nações. Também poderíamos falar sobre o fato de que autoridade de Cristo é sobre todas as esferas da vida, afinal ele tem toda a autoridade nos céus e na terra.
Mas, vamos seguir adiante, focando ainda mais na nossa missão de fazer discípulos é que esta missão, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo tem uma função educadora.
A educação a que nos propomos não é baseada nas premissas estabelecidas pela igreja, mas pelo próprio Senhor. A igreja não tem a missão de espalhar o seu ensino, mas o ensino de Cristo.
Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenham ordenado.
Este ponto é de fundamental importância. Fazer discípulos não é  fazer adeptos de um determinado modelo de culto ou a um princípio ético. Mas,