A ASCENSÃO DE CRISTO E SUAS IMPLICAÇÕES
NA VIDA DO CRENTE
Atos 1.6 a 11
INTRODUÇÃO
A Ascensão
de Cristo é um dos acontecimentos que marcam o início do Reinado Glorioso de
Cristo. Os discípulos presenciaram o dia em que Cristo foi elevado aos céus e
fizeram questão deixar claro este parecer: foi um evento histórico que marcou
uma mudança significativa no funcionamento de todas as coisas no Universo.
Na
sua ascensão, Cristo é recebido nos céus e se assenta à destra de Deus, tendo
recebido o cetro do poder, para governar sobre toda a carne. Ele, agora, dirige
todas as coisas e governa sua Igreja e a história. Foi assim que os apóstolos
apresentaram à Igreja de Cristo os resultados da elevação de Cristo ao estado
real, encerrando seu estado de humilhação.
Quando
relemos os evangelhos com a perspectiva da ascensão em mente, percebemos que os
evangelistas entenderam a ascensão como um dos passos programáticos da obra da
redenção e que Cristo estava resoluto em sua jornada entre nós, também com
conhecimento de que tudo culminaria com sua majestosa ascensão e coroação.
Podemos dizer que a ascensão é parte do cerimonial de coroação de Cristo como Rei
dos Reis e Senhor dos Senhores.
Mas
foi Lucas, o historiador mor da Igreja iniciante, que, escrevendo sobre o
progresso da Igreja inicial, significativamente mais que os outros, nos
conduziu a perceber o valor da ascensão para a nossa jornada cristã na terra.
Talvez porque Lucas teve um olhar mais concentrado em todas as coisas que
potencializavam o espalhar do evangelho em todas as terras.
Veja
como ele, em seu Evangelho, introduz o conceito da ascensão dentro do próprio
ministério de Jesus, focalizando sua ascensão como um ponto focal da sua
jornada:
E aconteceu que, ao se completarem os
dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida
resolução de ir à Jerusalém (Lucas 9.51).
Podemos
notar o quanto para Lucas era interessante ligar o ministério de Jesus na terra
com a sua ascensão como ponto focal. Como se tivesse em mente uma conexão
importante entre o que aconteceu no tempo de sua encarnação com o tempo que se
seguiria à sua ascensão.
É
evidente que existe uma conexão entre estes dois momentos da História da Redenção.
Pois, na verdade, nos foi revelado pelo Senhor que Cristo, depois de sua
ascensão passou a governar todas as coisas e a Igreja passou a agir nesta terra
como a parte visível do seu reino.
Portanto,
meus amados irmãos, seguindo o conceito dos próprios apóstolos e da igreja
primitiva que encontrou na ascensão forças e princípios para sua jornada,
queremos abordar o texto de atos que se refere à ascensão também com o mesmo
objetivo: encontrar as implicações da ascensão para a nossa jornada.
Adianto
que não podemos esgotar em uma única mensagem este tema. Vamos apenas pontuar
sobre três implicações, dentre as tantas que podem ser resgatadas neste texto e
as outras centenas, quiçá milhares que podem ser encontradas e aprendidas nas
páginas da Escritura que se referem direta ou indiretamente à ascensão.
A Ascensão de Cristo Implica em Uma Vida
Concentrada no Novo Paradigma do Reino Transcendente
Meus
irmãos, o registro de Lucas sobre estes momentos finais de Jesus com os seus
discípulos, aparenta enfatizar a ideia da transição ocorrida na mente dos
discípulos à respeito de como deveriam encarar o Reino de Cristo.
Veja
que o próprio livro fora escrito pontua sobre este fato da transição e o reino
na medida em que começa explicando os objetivos do seu escrito:
Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo,
relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em
que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos
apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas. A estes também, depois de ter padecido, se
apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante
quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus (Atos 1.1 a
3).
É
bastante comentado na Igreja o fato de que os discípulos tinham uma ideia
equivocada da abrangência e até mesmo dos objetivos do Reino de Deus e do
Messias. Eles tinham uma concepção política e terrena do Reino. Jesus já havia
lhes falado sobre o fato de que o Reino dele não era deste mundo, entretanto,
persistia na mente dos discípulos um conceito arraigado do pensamento judaico
de o Reino de Cristo era um reino judaico sobre a terra.
Podemos
perceber que os versos 6 e 7 pontuam sobre esta expectativa temporal e
terrestre do reino de Cristo que ainda estruturava as expectativas dos
discípulos:
Então, os que estavam reunidos lhe
perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?
Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou
pela sua exclusiva autoridade.
Eles
haviam esquecido, ou não estavam considerando, as próprias palavras de Jesus
que apontava para a transcendência do seu reino, um reino que é muito maior e
mais abrangente que apenas um governo humano, israelita sobre a terra, ele já
havia anunciado que era necessário ir ao Pai, para enviar o Espírito Santo.
Por
isto, meus queridos irmãos, Jesus não apenas desaparece, mas é elevado aos
céus. O verbo “hipolambano”, na forma como foi escrito, descreve que Jesus foi
tomado para cima. Como se simbolicamente estivesse deixando uma lição prática
sobre o fato de que o Pai, que estava lhe dando toda a autoridade, lhe
colocaria no lugar onde devia estar para exercer toda a autoridade sobre o céus
e a terra.
Os
discípulos, inicialmente tão vacilantes quanto a este conceito, são
esclarecidos e logo a seguir são capazes de apresentar ao povo conceitos tais
quais o que Pedro apresentou quando pregou o seu primeiro sermão:
A
este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado,
pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo,
derramou isto que vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo
declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: assenta-te à minha direita, até que eu
ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés. Esteja absolutamente certa,
pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o
fez Senhor e Cristo (Atos 2.32 a 36).
Ao
ser elevado aos céus diante dos seus discípulos, Jesus mudou o paradigma de Reino
dos seus discípulos. Eles passariam a considerar-se partícipes não de um reino
apenas humano, mas transcendente. Eles passaram a entender que viviam para
coisas muito superiores, maiores que as corriqueiras queixas do dia a dia.
Paulo
chega a dizer aos crentes de Colossos:
Portanto, se fostes
ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo
vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não as que são
aqui da terra (Colossenses 3.1 e 2).
Este
é um ponto significativo das implicações a ascensão na nossa vida como filhos
do Reino. Precisamos desenvolver expectativas mais elevadas sobre a nossa vida.
Carecemos de viver mais submetidos a valores do Reino transcendente, um Reino
que é governado com valores mais e mais elevados que aqueles que governam as
premissas dos reinos terrenais.
Filhos
do Reino de Cristo são pessoas que vivem expectativas superiores e
transcendentes, não promovem sua vida apenas para o apego insensato à coisas
tão pequenas como estas que são tão extramente passageiras ligadas á este
mundo.
A Ascensão de Cristo Implica em Uma Vida
Missionária que Se Potencializa no Enchimento do Espírito Santo
O
versículo 8 de Atos 1, está entre as passagens mais conhecidas do Novo Testamento.
Com certeza, se você é crente há pelo menos dois anos e frequenta com
regularidade, cultos ou escolas dominicais já ouviu algo a respeito desta
passagem.
Pois
bem, ela é sempre corretamente usada para servir como base fundamental da
missão evangelizadora da Igreja. Na semana passada, ainda no Evangelho de
Mateus, pudermos ler aquela passagem do capítulo 28, em que Cristo comissiona
os seus discípulos a espalharem o Reino a todas as nações, debaixo da
autoridade de Cristo.
Mas, recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto
em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra (Atos
1.8).
Estas
palavras vieram em resposta à pergunta dos discípulos: será este o tempo em que
restaures o reino a Israel? A resposta de Jesus tem três etapas, ele primeiro
responde sobre tempo e diz que a eles não competia conhecer o tempo e a segunda
parte da resposta tem a ver com como e quem iria fazer a obra de restauração do
reino e a última parte teria a ver com o fato de que o reino não seria apenas
sobre israel.
Eles
perguntaram sobre se era o tempo em que Jesus Cristo iria restaurar o reino e a
resposta vem dizendo o seguinte: vocês serão os instrumentos e o reino se
espalhar de Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da terra.
Eu
já falei com os irmãos noutra ocasião, em uma mensagem em Mateus que este ponto
é um rompimento de paradigmas assentados no coração dos discípulos de Cristo
que eram judeus inicialmente. Contudo, este é novo paradigma da abrangência do
reino pelo qual eles passaram a viver e devotar a sua vida. ELES PASSARAM A TER
UMA VIDA MISSIONÁRIA, QUE SE DESTINAVA A BUSCAR FILHOS DO REINO DENTRE TODAS AS
NAÇÕES.
Meus
irmãos, eles fizeram a obra de espalhar o Reino de Cristo na sua geração. Eles
alcançaram feitos magníficos se considerarmos que fizeram a maior parte de suas
viagens à pé, sem outros instrumentos senão a própria voz e algumas cartas que
escreveram.
Tornaram-se
corajosos e viram o crescimento exponencial da Igreja, como resultado da
presença do Espírito Santo nas suas vidas. Eles começaram a viver a disciplina
de se sujeitarem ao Espírito Santo e isto potencializou sua vida para cumprir a
missão.
Pelo
Espírito Santo falaram línguas que não sabiam e alcançaram pessoas de outros
povos para Cristo (Atos 2.8); Estavam cheios do Espírito Santo e oravam com
intrepidez (Atos 4.31); era o Espírito Santo que dirigia suas lideranças (Atos
6.3); O Espírito os enviava, os fortalecia nos momentos difíceis e os preparava
para dar a própria vida em nome de Cristo (Atos 7.55).
Meus
irmãos, são muitas as passagens no livro de Atos que apontam para esta forte
ligação da Igreja iniciante com o Espírito. Ou seja, a promessa lhes enchia o
coração e eles, cheios do Espírito, estavam prontos para cumprir a sua missão.
Fico
pensando se esta não é a explicação para a fragilidade e superficialidade dos
crentes do século XXI que tentam fazer a obra de Deus com suas próprias mãos,
sem uma busca do poder do Espírito para sua missão?
A ascensão
de Cristo, e o consequente envio do Espírito Santo deveriam implicar em uma
busca cada vez mais intensa da presença do Espírito Santo. Pois é assim que
Cristo governa a sua Igreja lá do alto e é assim que ela se aproxima de Cristo,
mais e mais.
A
ASCENSÃO MARCA ESTE NOVO MODO DA PRESENÇA DE DEUS NA SUA IGREJA, POR MEIO DO
PODER DO ESPÍRITO. EM DECORRÊNCIA DA ASCENSÃO DEVEMOS CONFIAR QUE É POSSÍVEL
VIVER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO.
A Ascensão de Cristo Implica em Um Modelo
Escatológico de Vida Concentrada no Alvo da Volta de Jesus
Meus
irmãos, a Ascensão de Jesus pode sim, ser o ponto de transição no Reino, mas
também é o início de uma nova perspectiva escatológica para o povo de Deus.
Escatologia
é o estudo das últimas coisas. A Bíblia é um livro que apresenta o princípio
escatológico deste suas primeiras páginas. Ou seja, Deus trabalha nossa fé
sempre em uma perspectiva escatológica. Desde a promessa de Gênesis 3.15, Deus
vem reiteradamente levando seus filhos à expectativa futura.
Na
ascensão, Jesus marca uma mudança escatológica. Antes, os filhos de Deus foram
concitados a esperar o Messias que viria redimir a Israel dos seus pecados.
Agora que ele morreu e ofereceu o sacrifício, ressuscitou e foi aos céus, nossa
perspectiva é da instalação final do seu reino glorioso na sua volta.
Varões galileus, por
que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao
céu virá do modo como o vistes subir (Atos 1.11).
A
primeira mensagem anunciada após a ascensão de Jesus marca a mudança escatológica:
devemos esperar o seu retorno glorioso. OU seja, a Igreja deve viver em
constante expectativa da instauração final do reino.
Ela
não controla e não conhece o tempo em que acontecerá, vive potencializada na
missão de anunciar o Reino por meio da obra do Espírito Santo, mas vive a
esperança da volta e de seu resgate final.
Isso
moveu os apóstolos, que viveram nesta expectativa escatológica da eminente
volta de Jesus. Eles achavam mesmo que isto aconteceria ainda na sua geração e,
quando começaram a pensar em que isso poderia ser diferente, não permitiram que
a Igreja pensasse diferente:
Pedro:
voltará e não tardará a vinda do Senhor. Aquele que vem virá.
Crentes
que vivem sob este pensamento, que possuem um pensar escatológico, descobrem
muito cedo um tipo de força que nunca paralisa a nossa esperança, por maior que
sejam as nossas dificuldades.
O
novo testamento é escrito com base nesta premissa e se encerra sugerindo que
isto seja um fortalecimento para a nossa jornada. SE DESEJAMOS VIVER NESTE
MUNDO SEGUNDO UM PARADIGMA QUE AGRADA A DEUS VIVAMOS COMO AQUELES QUE AGUARDAM
CRISTO.
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