12 de maio de 2013

Atos 1.6 a 11


A ASCENSÃO DE CRISTO E SUAS IMPLICAÇÕES NA VIDA DO CRENTE
Atos 1.6 a 11

INTRODUÇÃO
A Ascensão de Cristo é um dos acontecimentos que marcam o início do Reinado Glorioso de Cristo. Os discípulos presenciaram o dia em que Cristo foi elevado aos céus e fizeram questão deixar claro este parecer: foi um evento histórico que marcou uma mudança significativa no funcionamento de todas as coisas no Universo.
Na sua ascensão, Cristo é recebido nos céus e se assenta à destra de Deus, tendo recebido o cetro do poder, para governar sobre toda a carne. Ele, agora, dirige todas as coisas e governa sua Igreja e a história. Foi assim que os apóstolos apresentaram à Igreja de Cristo os resultados da elevação de Cristo ao estado real, encerrando seu estado de humilhação.
Quando relemos os evangelhos com a perspectiva da ascensão em mente, percebemos que os evangelistas entenderam a ascensão como um dos passos programáticos da obra da redenção e que Cristo estava resoluto em sua jornada entre nós, também com conhecimento de que tudo culminaria com sua majestosa ascensão e coroação. Podemos dizer que a ascensão é parte do cerimonial de coroação de Cristo como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
Mas foi Lucas, o historiador mor da Igreja iniciante, que, escrevendo sobre o progresso da Igreja inicial, significativamente mais que os outros, nos conduziu a perceber o valor da ascensão para a nossa jornada cristã na terra. Talvez porque Lucas teve um olhar mais concentrado em todas as coisas que potencializavam o espalhar do evangelho em todas as terras.
Veja como ele, em seu Evangelho, introduz o conceito da ascensão dentro do próprio ministério de Jesus, focalizando sua ascensão como um ponto focal da sua jornada:
E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir à Jerusalém (Lucas 9.51).
Podemos notar o quanto para Lucas era interessante ligar o ministério de Jesus na terra com a sua ascensão como ponto focal. Como se tivesse em mente uma conexão importante entre o que aconteceu no tempo de sua encarnação com o tempo que se seguiria à sua ascensão.
É evidente que existe uma conexão entre estes dois momentos da História da Redenção. Pois, na verdade, nos foi revelado pelo Senhor que Cristo, depois de sua ascensão passou a governar todas as coisas e a Igreja passou a agir nesta terra como a parte visível do seu reino.
Portanto, meus amados irmãos, seguindo o conceito dos próprios apóstolos e da igreja primitiva que encontrou na ascensão forças e princípios para sua jornada, queremos abordar o texto de atos que se refere à ascensão também com o mesmo objetivo: encontrar as implicações da ascensão para a nossa jornada.
Adianto que não podemos esgotar em uma única mensagem este tema. Vamos apenas pontuar sobre três implicações, dentre as tantas que podem ser resgatadas neste texto e as outras centenas, quiçá milhares que podem ser encontradas e aprendidas nas páginas da Escritura que se referem direta ou indiretamente à ascensão.
A Ascensão de Cristo Implica em Uma Vida Concentrada no Novo Paradigma do Reino Transcendente
Meus irmãos, o registro de Lucas sobre estes momentos finais de Jesus com os seus discípulos, aparenta enfatizar a ideia da transição ocorrida na mente dos discípulos à respeito de como deveriam encarar o Reino de Cristo.
Veja que o próprio livro fora escrito pontua sobre este fato da transição e o reino na medida em que começa explicando os objetivos do seu escrito:
Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas.  A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus (Atos 1.1 a 3).
É bastante comentado na Igreja o fato de que os discípulos tinham uma ideia equivocada da abrangência e até mesmo dos objetivos do Reino de Deus e do Messias. Eles tinham uma concepção política e terrena do Reino. Jesus já havia lhes falado sobre o fato de que o Reino dele não era deste mundo, entretanto, persistia na mente dos discípulos um conceito arraigado do pensamento judaico de o Reino de Cristo era um reino judaico sobre a terra.
Podemos perceber que os versos 6 e 7 pontuam sobre esta expectativa temporal e terrestre do reino de Cristo que ainda estruturava as expectativas dos discípulos:
Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade.
Eles haviam esquecido, ou não estavam considerando, as próprias palavras de Jesus que apontava para a transcendência do seu reino, um reino que é muito maior e mais abrangente que apenas um governo humano, israelita sobre a terra, ele já havia anunciado que era necessário ir ao Pai, para enviar o Espírito Santo.
Por isto, meus queridos irmãos, Jesus não apenas desaparece, mas é elevado aos céus. O verbo “hipolambano”, na forma como foi escrito, descreve que Jesus foi tomado para cima. Como se simbolicamente estivesse deixando uma lição prática sobre o fato de que o Pai, que estava lhe dando toda a autoridade, lhe colocaria no lugar onde devia estar para exercer toda a autoridade sobre o céus e a terra.
Os discípulos, inicialmente tão vacilantes quanto a este conceito, são esclarecidos e logo a seguir são capazes de apresentar ao povo conceitos tais quais o que Pedro apresentou quando pregou o seu primeiro sermão:
A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés. Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (Atos 2.32 a 36).
Ao ser elevado aos céus diante dos seus discípulos, Jesus mudou o paradigma de Reino dos seus discípulos. Eles passariam a considerar-se partícipes não de um reino apenas humano, mas transcendente. Eles passaram a entender que viviam para coisas muito superiores, maiores que as corriqueiras queixas do dia a dia.
Paulo chega a dizer aos crentes de Colossos:  
Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não as que são aqui da terra (Colossenses 3.1 e 2).
Este é um ponto significativo das implicações a ascensão na nossa vida como filhos do Reino. Precisamos desenvolver expectativas mais elevadas sobre a nossa vida. Carecemos de viver mais submetidos a valores do Reino transcendente, um Reino que é governado com valores mais e mais elevados que aqueles que governam as premissas dos reinos terrenais.
Filhos do Reino de Cristo são pessoas que vivem expectativas superiores e transcendentes, não promovem sua vida apenas para o apego insensato à coisas tão pequenas como estas que são tão extramente passageiras ligadas á este mundo.

A Ascensão de Cristo Implica em Uma Vida Missionária que Se Potencializa no Enchimento do Espírito Santo
O versículo 8 de Atos 1, está entre as passagens mais conhecidas do Novo Testamento. Com certeza, se você é crente há pelo menos dois anos e frequenta com regularidade, cultos ou escolas dominicais já ouviu algo a respeito desta passagem.
Pois bem, ela é sempre corretamente usada para servir como base fundamental da missão evangelizadora da Igreja. Na semana passada, ainda no Evangelho de Mateus, pudermos ler aquela passagem do capítulo 28, em que Cristo comissiona os seus discípulos a espalharem o Reino a todas as nações, debaixo da autoridade de Cristo.
Mas, recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra (Atos 1.8).
Estas palavras vieram em resposta à pergunta dos discípulos: será este o tempo em que restaures o reino a Israel? A resposta de Jesus tem três etapas, ele primeiro responde sobre tempo e diz que a eles não competia conhecer o tempo e a segunda parte da resposta tem a ver com como e quem iria fazer a obra de restauração do reino e a última parte teria a ver com o fato de que o reino não seria apenas sobre israel.
Eles perguntaram sobre se era o tempo em que Jesus Cristo iria restaurar o reino e a resposta vem dizendo o seguinte: vocês serão os instrumentos e o reino se espalhar de Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da terra.
Eu já falei com os irmãos noutra ocasião, em uma mensagem em Mateus que este ponto é um rompimento de paradigmas assentados no coração dos discípulos de Cristo que eram judeus inicialmente. Contudo, este é novo paradigma da abrangência do reino pelo qual eles passaram a viver e devotar a sua vida. ELES PASSARAM A TER UMA VIDA MISSIONÁRIA, QUE SE DESTINAVA A BUSCAR FILHOS DO REINO DENTRE TODAS AS NAÇÕES.
Meus irmãos, eles fizeram a obra de espalhar o Reino de Cristo na sua geração. Eles alcançaram feitos magníficos se considerarmos que fizeram a maior parte de suas viagens à pé, sem outros instrumentos senão a própria voz e algumas cartas que escreveram.
Tornaram-se corajosos e viram o crescimento exponencial da Igreja, como resultado da presença do Espírito Santo nas suas vidas. Eles começaram a viver a disciplina de se sujeitarem ao Espírito Santo e isto potencializou sua vida para cumprir a missão.
Pelo Espírito Santo falaram línguas que não sabiam e alcançaram pessoas de outros povos para Cristo (Atos 2.8); Estavam cheios do Espírito Santo e oravam com intrepidez (Atos 4.31); era o Espírito Santo que dirigia suas lideranças (Atos 6.3); O Espírito os enviava, os fortalecia nos momentos difíceis e os preparava para dar a própria vida em nome de Cristo (Atos 7.55).
Meus irmãos, são muitas as passagens no livro de Atos que apontam para esta forte ligação da Igreja iniciante com o Espírito. Ou seja, a promessa lhes enchia o coração e eles, cheios do Espírito, estavam prontos para cumprir a sua missão.
Fico pensando se esta não é a explicação para a fragilidade e superficialidade dos crentes do século XXI que tentam fazer a obra de Deus com suas próprias mãos, sem uma busca do poder do Espírito para sua missão?
A ascensão de Cristo, e o consequente envio do Espírito Santo deveriam implicar em uma busca cada vez mais intensa da presença do Espírito Santo. Pois é assim que Cristo governa a sua Igreja lá do alto e é assim que ela se aproxima de Cristo, mais e mais.
A ASCENSÃO MARCA ESTE NOVO MODO DA PRESENÇA DE DEUS NA SUA IGREJA, POR MEIO DO PODER DO ESPÍRITO. EM DECORRÊNCIA DA ASCENSÃO DEVEMOS CONFIAR QUE É POSSÍVEL VIVER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO.
A Ascensão de Cristo Implica em Um Modelo Escatológico de Vida Concentrada no Alvo da Volta de Jesus
Meus irmãos, a Ascensão de Jesus pode sim, ser o ponto de transição no Reino, mas também é o início de uma nova perspectiva escatológica para o povo de Deus.
Escatologia é o estudo das últimas coisas. A Bíblia é um livro que apresenta o princípio escatológico deste suas primeiras páginas. Ou seja, Deus trabalha nossa fé sempre em uma perspectiva escatológica. Desde a promessa de Gênesis 3.15, Deus vem reiteradamente levando seus filhos à expectativa futura.
Na ascensão, Jesus marca uma mudança escatológica. Antes, os filhos de Deus foram concitados a esperar o Messias que viria redimir a Israel dos seus pecados. Agora que ele morreu e ofereceu o sacrifício, ressuscitou e foi aos céus, nossa perspectiva é da instalação final do seu reino glorioso na sua volta.
Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir (Atos 1.11).
A primeira mensagem anunciada após a ascensão de Jesus marca a mudança escatológica: devemos esperar o seu retorno glorioso. OU seja, a Igreja deve viver em constante expectativa da instauração final do reino.
Ela não controla e não conhece o tempo em que acontecerá, vive potencializada na missão de anunciar o Reino por meio da obra do Espírito Santo, mas vive a esperança da volta e de seu resgate final.
Isso moveu os apóstolos, que viveram nesta expectativa escatológica da eminente volta de Jesus. Eles achavam mesmo que isto aconteceria ainda na sua geração e, quando começaram a pensar em que isso poderia ser diferente, não permitiram que a Igreja pensasse diferente:
Pedro: voltará e não tardará a vinda do Senhor. Aquele que vem virá.
Crentes que vivem sob este pensamento, que possuem um pensar escatológico, descobrem muito cedo um tipo de força que nunca paralisa a nossa esperança, por maior que sejam as nossas dificuldades.
O novo testamento é escrito com base nesta premissa e se encerra sugerindo que isto seja um fortalecimento para a nossa jornada. SE DESEJAMOS VIVER NESTE MUNDO SEGUNDO UM PARADIGMA QUE AGRADA A DEUS VIVAMOS COMO AQUELES QUE AGUARDAM CRISTO. 


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