19 de maio de 2013

Atos 2.1 a 4


A Descida do Espírito Santo

(por ocasião do dia de Pentecostes em 2013 – aniversário da IP Vila Prudente)

INTRODUÇÃO
Muitos debates teológicos já foram empreendidos por causa dos acontecimentos daquela manhã de Pentecostes. Com absoluta, Lucas não tencionava gerar nenhuma polêmica teológica, ao contrário, o seu objetivo era bastante claro: mostrar que a Igreja fora capacitada a fazer a obra de espalhar o Reino de Cristo por meio da pregação da palavra.
No capítulo 01, verso 08, temos o texto primordial do entendimeno desta passagem: recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas TESTEMUNHAS. Lucas presume que seus leitores entenderão que o que aconteceu no dia de Pentecostes foi este revestimento habilitador para que a Igreja anunciasse o Reino, testemunhando a glória e o amor de Deus em Cristo.
O livro de Atos está focado exatamente nesta premissa: a habilitação da Igreja para pregar. Façamos um voo panorâmico e percebamos esta ênfase.
1) O fenômeno das línguas permitiram que pessoas de outras nacionalidades ouvissem a respeito das grandezas de Deus em sua língua materna;
2) Após a primeira pregação da Igreja cheia do Espírito Santo, a conversão impressionante de 3000mil pessoas é uma mostra da força da pregação;
3) a Igreja se reunia e era conduzida na doutrina dos apóstolos;
4) Pedro e João estão no templo e pregam a Palavra de Deus;
5) A igreja reunida estava cheia do Espírito Santo e anunciava com intrepidez a Palavra de Deus;
6) os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor e havia abundante graça;
7) Pedro e João são instados a não pregar mais no nome de Jesus e declaram que não podem se calar e deixar de pregar o Evangelho de Cristo, antes importa obedecer a Deus que aos homens;
8) Estevam é apedrejado por pregar a verdade diante de todos no Sinédrio, tendo sido preso por causa da pregação da verdade;
9) Saulo, logo após a sua conversão prega, anunciando que Jesus é o Filho de Deus;
10) Pedro prega na casa de Cornélio e os gentios se convertem e o Espírito Santo desce sobre os que ouviam a Palavra;
11) os dispersos por causa da perseguição pregam a Palavra;
12) a maior parte do livro de Atos é sobre as viagens de Paulo e a pregação da Palavra por todo os lugares;
É importante que saibamos que a Igreja é comissionada a pregar sobre o Reino e este dever ela deve cumprir debaixo do poder e direção do Espírito Santo.
O enfraquecimento do púlpito e dos crentes como proclamadores da verdade é algo que salta aos olhos. Igrejas como a nossa, cuja tradição implicava em púlpitos fortes e crentes capazes de falar de sua fé, estão deixando de lado esta arte, estão se tornando em locais de entretenimento musical, teatral etc. Outras, se tornando em uma academia de letras de discussões teológicas e outras tantas, clubes sociais e até partidos políticos.
Olhando para este texto, gostaria de avaliar como Lucas primeiramente apresentou esta habilitação do Espírito para a Igreja. Vejamos aqui, nestes poucos versos, algumas premissas que precisamos considerar na busca de sermos, novamente, uma igreja forte proclamadora do Evangelho de Cristo.

O Enchimento do Espírito Santo Não é Uma Proposta Para Exaltação Pessoal, Mas Acontece no Contexto da Comunhão do Povo de Deus
Quando Jesus fez a promessa do Espírito Santo, ele falou aos seus discípulos que o Espírito viria sobre eles. Jesus não apontou um líder e disse: virá sobre você, mas disse a todos: recebereis, descerá sobre vós.
Quando seguimos o livro de Atos veremos que a comunidade da fé era guiada pelo poder do Espírito. O apóstolo Paulo, quando fala do enchimento do Espírito Santo, diz que isto acontece no contexto da comunhão: falando entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais, sujeitando-vos uns aos outros; marido e mulher, filhos e pais, servos e senhores, enfim... sempre no contexto de comunhão.
O Espírito Santo dirige pessoas, para que pessoas ajudem pessoas a se encherem do Espírito Santo. Eles estavam reunidos no mesmo lugar quando a promessa chegou. Estavam orando quando tremeu o lugar onde estavam.
A desagregação da comunidade da fé está prejudicando o crescimento da Igreja. Você se manter isolado, isolar a família, evitando assim o contato, não está apenas causando um problema social, está lhe causando um grave problema espiritual.
Hoje, devido ao individualismo que tornou-se a marca do final do século XX, as pessoas enfatizaram a experiência pessoal como a forma mais profunda de se encher do Espírito, mas este não é o que o texto do Novo Testamento pontua.
Precisamos nos lembrar que a obra do Espírito é mais forte na coletividade, afinal ele é o vínculo da paz que nos une. De um dois fez um só povo.

O Enchimento do Espírito Santo Não é Um Resultado da Vontade do Homem Mas de Deus
Não esqueço um dia em que um grande amigo, irmão na fé, convidou-me para ir à sua igreja receber o batismo com o Espírito Santo. Ele, havia aprendido que o falar em línguas e ser cheio do Espírito Santo era o resultado de uma série de esforços humanos, que resultam, como numa fórmula matemática em um resultado obvio: controle do Espírito Santo.
Lucas, no modo como constrói o texto nos mostra que, na verdade, o enchimento do Espírito Santo é um resultado da vontade e do poder de Deus. Deus decide usar a sua Igreja e esta se torna sua ferramenta.
Embora tenhamos de nos colocar à disposição do Senhor e clamar pelo enchimento do Espírito na prática de nossos deveres espirituais, é Deus que faz estas coisas segundo lhe apraz.
Veja alguns elementos da vontade de Deus neste texto.
De repente – Cristo havia feito a promessa, havia também dito que o Pai enviaria o Espírito Santo o consolador. Afirmou que eles deveriam ficar na cidade até que “do alto” fossem revestidos de poder. Mas não deu prazo, não disse o que deveriam fazer, apenas anunciou que deveriam esperar e... de repente.
Veio do céu – o som como de um vento impetuoso tinha uma origem o céu. A construção do texto pontua sobre o fato de que não se tratava de um som que tivesse origem em nada terreno, mas uma origem divina. Isto tem a ver com o fato de que a promessa fora anunciado como sendo um revestimento que viria do Alto. No dia em que Cristo foi batizado a voz que foi ouvida veio do céu.
Eles ficaram cheios do Espírito Santo – Não foi um enchimento que tinha como premissa a ação deles, mas eles foram tomados, foram plenificados e enchidos. Quando Paulo fala sobre “enchei-vos do Espírito Santo” ele usa um imperativo, presente passivo, em outras palavras: coloquem-se em condição de serem enchidos.
Falaram em línguas conforme o Espírito lhes concedia – Veja que é o Espírito quem está dirigindo a cena. Ele não está somente respondendo às orações, ou seguindo o livrinho de regras: oraram muito devo enchê-los, devo produzir tal e tal milagre, tal e tal operação especial... O Espírito comandava. Do mesmo modo como Jesus havia dito à Nicodemus: o vento sobre onde quer.
Precisamos voltar a ser a igreja humilde, que confia, espera e se entrega completamente à vontade do Espírito de Deus. Em muitas coisas, a Igreja Evangélica tem se tornado arrogante, e os crentes em suas orações também.
Sim, podemos ter estratégias missionárias, evangelísticas, mas nunca devemos tentar comandar o Espírito de Deus. Estamos nos tornando manipuladores da fé alheia, explorando o emocionalismo de forma humana, tentando produzir experiências espirituais por recursos humanos: luz, som, palavras suaves, poesia e...
Cristo disse a eles: fiquem na cidade até que sejais revestidos e eles simplesmente ficaram. O Espírito disse falem em outras línguas e eles falaram. O Espírito separou Barnabé e Saulo para a missão e eles enviaram. O Espírito disse a Paulo não vá para lá e ele não foi... etc.
O outro lado desta moeda da soberba da Igreja é quando ela resiste ao Espírito Santo que manda ela ir e ela não vai. Crentes que estão dispostos somente a fazer o que lhes interessa não sabem o que é ser guiados pelo Espírito Santo.
Se desejamos ser um Igreja cheia do Espírito Santo precisamos estar dispostos a sermos submissos à vontade e ao tempo do Espírito Santo. Não esmoreça, o Espírito Santo está aguardando o momento certo, apenas permaneça onde ele quer.

O Enchimento do Espírito Santo Não é Uma Proposta Impessoal, mas Pessoal
Observe que o texto indica que a presença do Espírito Santo sobre a coletividade fora percebida, por meio do som e da aparência de fogo. Mas, em um dado momento, a aparência de fogo, como línguas fora distribuídas sobre cada um deles.
Os crentes costumam jogar tudo na conta da instituição igreja. Dizem: a igreja não faz isto, não faz aquilo, não busca o Espírito Santo etc. Bem... às vezes é verdade, a Igreja está se esfriando na fé.
Mas, o ponto a que quero chegar é que, cada um de nós tem uma participação neste processo tanto do esfriamento, quando do enchimento. A falta que se observa é que os crentes vivem a síndrome de Adão depois do fruto: a culpa é sempre de alguém.
Você já experimentou buscar pessoalmente? Você já se qualificou para ser o primeiro foco do incêndio, no bom sentido aqui? Crê tu e será salvo tu e a tua casa!.
Aqueles homens, tais como Pedro, João, Estevam, Paulo, Barnabé, Felipe, Tiago etc... sabiam que a cada um deles era dada uma responsabilidade de se encher do Espírito Santo. Eles viviam na busca de um relacionamento pessoal com o Senhor e buscavam pessoalmente este poder.
Mas, como ligar isto ao que dissemos a pouco sobre o Espírito se manifestar na coletividade? Sabe como é que se busca pessoalmente o Espírito Santo? Procurando ser ferramenta para que o outro seja enchido. Não conseguimos nos encher a nós mesmos, mas podemos ser preparados por outros.
Quando o apóstolo Paulo fala de enchimento do Espírito Santo, ele diz que acontece quando um se sujeita ao outro. Afinal o resultado do enchimento é o testemunho para os outros.  
A melhor igreja é aquela em que todos pessoalmente se doam pelos outros. Essa igreja já mostra que de fato está se enchendo do Espírito Santo.

Conclusão
Meus caros irmãos, estou muito feliz por poder compartilhar com vocês uma porção tão preciosa da Palavra. Acho que há muito que precisamos aprender e nos ensinar mutuamente sobre a obra do Espírito Santo.
Sendo hoje a data cristã em que se lembra o dia da descida do Espírito Santo acho que é de grande valor que façamos uma profunda e séria análise pessoal e coletiva. A Igreja Presbiteriana de Vila Prudente é uma igreja cheia do Espírito Santo? Você pessoalmente está cheio do Espírito Santo? Você tem ajudado as pessoas a serem cheias do Espírito Santo?
Como saber? Volto ao início da nossa meditação: A IGREJA TEM ANUNCIADO A CRISTO E VOCÊ COMO PESSOA É UM PREGADOR? Sem este fruto, há algo errado. Não existe enchimento do Espírito Santo apenas para que alguém se locuplete. Somos cheios para falar de Cristo a outras pessoas.
Hoje, nós também estamos reunidos um só lugar. Estamos diante do Senhor e podemos orar, pedindo ao Senhor que nos renove e promova o nosso enchimento do Espírito Santo.
O nosso desejo é que ele nos capacite a anunciar suas verdades. A ter um púlpito comprometido com a verdade e fazer da nossa vida um púlpito para o testemunho do Evangelho.
Parabéns à IP Vila Prudente, parabéns para todos os irmãos. Mas, irmãos queridos, busquem uma vida plena do Espírito Santo.

Deus os abençoe

Amém

Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno



2 comentários:

  1. Obrigada por tão preciosa palavra. Deus seja louvado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mui precioso é que sejamos testemunhas de um Reino inabalável. Nosso Senhor Jesus reina sobre todas as coisas e tudo faz segundo o seu bem querer.

      Excluir

Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!