30 de junho de 2013

2 Pedro 3. 14 a 18

Características da Perseverança Cristã


INTRODUÇÃO

Nesta preciosa epístola de Pedro o ponto que estamos observando é a insistência de Pedro em manter os crentes perseverantes no caminho da fé, para a qual foram chamados.
Ele os lembra de que todas as coisas das quais precisam para serem aperfeiçoados na fé e para um relacionamento vivo com Deus, já lhes foram dadas. Portanto, era a sua parte persistir diligentemente nos deveres de buscarem a cada dia, mediante as experiências da vida, segundo a Palavra de Deus, crescimento em graça cada vez maior.
Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum (2 Pedro 1.10).
Pedro tem em mente a volta de Jesus como o fator de maior motivação para uma vida santa e dedicada ao Senhor. Ele considera que o crente que tiver uma conexão com a vinda de Cristo terá também maior disposição para viver para Cristo neste mundo. Como aqueles que sentem que o verdadeiro tesouro está por vir.
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último dia (1 Pedro 1. 3 e 4).
Pedro insiste nestes temas e se detém em chamá-los à perseverança neste caminho porque muitos crentes estavam abandonando a firmeza da fé. Aliás, este é um dos principais problemas tratados nas páginas do Novo Testamento.
A questão é que dois fatores estavam influindo para a falta de perseverança dos crentes. O primeiro deles é que o tempo estava passando e os crentes estavam começando a desconfiar de que a Palavra de Deus, ou a interpretação dada pelos apóstolos estavam equivocadas.
O outro aspecto é que, na esteira dessa certa incredulidade, falsos mestres, movidos por outros interesses, estavam deturpando a Palavra de Deus e mesmo o ensino dos apóstolos para os seus fins pessoais, materialistas e com isso desviando a Igreja de Cristo dos verdadeiros alvos da vida com Deus.
Acredito que a leitura destas cartas nos mostrará a importância da perseverança para o viver cristão. E, neste trecho final, acho que poderemos aprender um pouco sobre as características da perseverança cristã.  
A vida cristã será sempre cheia de barreiras, obstáculos e outros empecilhos. Deus escolheu usar o tempo para nos preparar para a eternidade. Ter em vista a eternidade e a paciência de aguardá-la em firme convicção, mantendo um procedimento santo enquanto aguardamos as concretizações das promessas de Deus é algo que precisamos aprender a desenvolver.
Eu os convido nessa meditação a considerar atentamente o que nosso coração precisa acalentar para que seja perseverante até a volta de Jesus Cristo.

A Perseverança Cristã é Um Esforço de Viver de Forma Santa Como Uma Consequência da Nossa Ligação Com a Volta de Jesus

Veja o verso de número 14 e perceba que a primeira coisa que ele indica é a importâncias das coisas que foram antes escritas. Ele diz: Por esta razão... Pedro usava o recurso de dizer muitas coisas e depois fazer conclusões baseadas nas afirmações precedentes. Veja como ele faz isso no capítulo, 1.12.
Bem, o que havia falado anteriormente? Pedro havia confrontado a mentira dos falsos mestres e o modo como procuravam perverter a mente dos crentes com mensagens falsas sobre a volta de Jesus. Basicamente, estes falsos mestres, usavam a ideia da demora do retorno de Jesus para incentivar os crentes à libertinagem e à vida materialista. O capítulo 2 é uma extensa exortação contra estes mestres e, pela comparação que Pedro lhes dedica, podemos ver as marcas do seu erro.
Estes tais são como fonte sem água, como névoas impelidas por temporal. Para eles está reservada a negridão das trevas; porquanto, proferindo palavras jactanciosas de vaidade, engodam com paixões carnais, por suas libertinagens, aqueles que estavam prestes a fugir dos que andam no erro, prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor (2 Pedro 2.17 a 19).
 Pedro, no capítulo 3, corrige aqueles que estão dando ouvidos a estes falsos mestres e cedendo à ideia de que Cristo estava demorando a voltar e reinterpretando essa demora em termos de vida mundana e materialista, dizendo a eles que a promessa de Cristo não é demorada, que ela se confirmará, tão logo, Deus o queira. Assim, ele coloca a espera Cristã pelos acontecimentos finais entre as principais fontes de motivação para a perseverança cristã:
Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça (2 Pedro 3.13).
Essa é a razão para nos empenharmos em um viver santo. A conexão com a volta de Jesus é um comprometimento com a sua Palavra e com a santidade do seu Reino.
Por esta razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis (2 Pedro 3.14).
Este é um ponto importante a ser considerado sobre a nossa perseverança. Ela deve decorrer de nossa consciência do nosso dever de esperar o Senhor e nos preparar para este encontro.
Crentes que vivem sem se importar com estas coisas poderão desenvolver um cristianismo de momentos bons. E perseverar na vida cristã não é viver momentos bons, é viver bem todos os momentos, é viver para Cristo sempre, como quem entesoura a vida para a volta de Jesus.
Alguns detalhes do texto grego que nos foge em nossa tradução. O primeiro deles é o verbo “spuldazo” (empenhai-vos). Este verbo é a mesma raiz da palavra usada por Pedro no capítulo 1 (diligentemente). Mas, aqui, na forma verbal, ele usa o tempo aoristo que indicava uma ideia de continuidade da ação. Mas outro detalhe, estamos diante de um imperativo.
Empenhai-vos sempre é uma obrigação de vocês. A perseverança que nasce de uma conexão com a volta de Jesus não pode ser apenas uma perseverança de alguns momentos, mas de todos os momentos da vida. É uma consequência de uma espera consciente e confiante na volta de Cristo.

A Perseverança Cristã é Um Esforço de Viver de Forma Coerente Com o Ensino Bíblico, Resistindo ao Erro dos Falsos Mestres

Acredito que os crentes estão um pouco contaminados com a ideia de uma tolerância sem critérios. É evidente no ensino bíblico do amor ao próximo, no amor ao inimigo e na busca de servirmos uns aos outros, em particular aos fracos na fé, que a tolerância é uma virtude cristã.
A tolerância religiosa é um ganho promovido pela Fé Cristã em nosso mundo. Os crentes devem ser tolerantes com as pessoas e até mesmo com aqueles que creem de maneira diferente.
Contudo, irmãos, precisamos diferenciar tolerância de concordância tácita e irrefletida. Não significa que uma atitude de tolerância deva ser também de aceitação e assimilação. Devemos tolerar o erro, mas não significa concordar e colaborar com ele.
Quero entender o que está acontecendo em nosso tempo no meio evangélico e que muitas vezes atrapalham nossa perseverança cristã. Há um bom número de crentes perdidos entre muitas doutrinas. Eles não sabem exatamente em quem devem confiar. Uns dizem “A”, outros “B”, outros “C” e os crentes estão perdidos, porque algumas vezes, estas doutrinas são distantes e excludentes.
A perseverança cristã deve se basear em uma única fonte segura: a Palavra de Deus. Lembre-se do que disse Jesus: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor; entrará no reino dos céus. O problema é que algumas vezes, não querendo nos indispor com ninguém, aceitamos suas afirmações equivocadas como plenas de sabedoria.
Pedro teve coragem de denunciar este erro mais de uma vez e aqui neste trecho novamente o faz:
(...) os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles. Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza (2 Pedro 3.17b).
Leia os primeiros versos do capítulo 2 e você verá Pedro denunciando o erro destes insubordinados. O que ele quer dizer com insubordinados? Ele está se referindo ao fato de que não acatam a autoridade dos apóstolos, nem do próprio Cristo. Eles fazem uma interpretação personalista, baseada em suas ideias e desejos. Neste sentido é que eles ignoram a autoridade dos apóstolos e daqueles que lhes estão ensinando as coisas de acordo com o Evangelho.
Primeiro, quero destacar que a verdadeira perseverança cristã não é perseverar na “palavra do pastor fulano” é perseverar na palavra de Deus, a Bíblia. Pedro já havia feito uma referência sobre a importância das Escrituras para essa perseverante espera:
Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade (...). Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo primeiramente isto: nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo (2 Pedro 1.16 a 21).
Pedro está pondo a Palavra de Deus como a medida da nossa espera e da nossa perseverança. Devemos ter todo o cuidado, pois a nossa continuada jornada cristã deve ser conduzida pela Palavra de Deus. Ninguém poderá dar a desculpa: o pastor não me explicou.
Desculpem-me, mas se eu não explicar e não lhes alertar já pagarei pelo meu erro de infidelidade, mas você não poderá subir nas minhas costas, por causa disso. É sua a responsabilidade de perseverar segundo a Palavra de Deus, vivendo de forma coerente com o ensino bíblico. Orem para que eu e os pastores que lhes pregam a Palavra sejam fiéis, cobrem-nos essa fidelidade, mas não se eximam de serem vocês mesmos os responsáveis pela saúde da sua vida com Deus.
Não de a desculpa esfarrapada de que a Bíblia é difícil. Esse tipo de desculpa é resultado de uma incoerência bíblica. A Bíblia deve ser lida sempre na expectativa de que o Espírito Santo é o seu maior mestre no entendimento da Escritura. O texto nos diz que mesmo que Paulo escreva de forma difícil de entender, devemos continuar recorrendo a ele e não ao ensino deturpado.
Se alguém ensinar um evangelho que não cabe na Bíblia, não creia, não aceita, não acate! Pelo contrário, veja a exortação do verso 18a:
Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pedro 3.18a).
Há duas áreas que qualquer um pode e deve crescer quando vai à  Bíblia aprender. Cresce na graça, o que pode significar no modo de viver, no modo de agir. Estamos falando aqui de santificação. Isso, por si só, já desmente os falsos mestres, cujo ensino, sempre acaba em libertinagem e falsa santificação. E também cresce no conhecimento do Salvador, o que tem a ver com a segurança e a confiança de que a nossa vida só está segura mesmo em Cristo.
Nós não perseveramos em qualquer verdade, mas na verdade de Cristo. Nas suas promessas é que aguardamos e na sua Palavra confiamos para mudar o nosso viver e aguardá-lo.

A Perseverança Cristã é Um Esforço de Viver Para a Glória de Cristo

Pedro deixa suas últimas palavras desta carta reservadas para mostrar a verdadeira razão da nossa perserverança: a glória de Cristo.
Não perseveramos para ganhar o céu e a nova terra. Na verdade esperamos que eles venham com Cristo sobre nós, mas não perseveramos interesseiramente por causa disto. Não perseveramos para mostrar que somos melhores que os outros, ou para receber qualquer elogio de Deus ou de quem quer que seja.
Nós perseveramos, porque a nossa perseverança glorifica a Cristo. A nossa maior motivação está na promessa de que perceberemos o quanto a nossa perseverança terá glorificado a Cristo.
Pedro sabe bem o que isso significava. Pois foi Pedro que ouviu do Senhor Jesus estas palavras:
Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhe: segue-me (João 21.18-19).
Pedro, como diz a História, foi crucificado por causa de seu amor a Cristo e sua perseverança. Foi crucificado de cabeça para baixo, segundo a tradição histórica. Contudo não temos um registro histórico sobre isso, mas o que sabemos é que Pedro glorificou a Deus com o gênero de morte, o que pode indicar o seu martírio.
Perseverar, manter-se fiel até se preciso à morte, deve ser fortalecido com o desejo de que a nossa vida glorifique a Deus. Ser um crente fiel em tudo, apegado à Palavra, buscando uma vida digna, mesmo em meio a injustiça do nosso mundo, viver de forma irrepreensível, buscar corrigir erros, viver segundo o padrão bíblico... tudo isto deve ser motivado pelo desejo de que Deus seja glorificado em nossa vida, em cada ato, gesto, palavra e até pensamento nosso.
Há algo que quero destacar na parte final do verso 18. Note que Pedro aponta para a eternidade: O Dia Eterno. Mas também aponta a glorificação de Cristo também “AGORA”.
Ele faz a conexão da eternidade com o agora. Ele não faz distinção, ao contrário, diz que o mesmo pressuposto da glorificação de Cristo que nos ocupará na eternidade, deve nos ocupar agora.
A verdadeira perseverança Cristã é um ato deliberado de viver para glória de Cristo. É a busca diligente desta glória através da própria vida.  

Conclusão

Acredito que muito pouco precisa ser acrescentado em termos de conclusão. Mas acredito que podemos fazer algumas ponderações sobre nosso tempo.
A perda da conexão com a promessa da volta de Cristo parece assolar a Igreja de hoje, como atrapalhou a Igreja nos dias de Pedro. Precisamos recuperar essa conexão e dela fazer uma ponte para ligar o hoje ao eterno.
Ter uma visão da eternidade que se aproxima e estabelecer uma vida que se adeque a esta eternidade é um modelo bíblico de vida cristã. Perseverar é forçar esse compromisso.
Perseverar é necessário se desejamos contemplar coisas belas de Deus nessa vida. A perseverança, quero completar com uma ilustração, deve se assemelhar à subida de uma montanha por um alpinista.
Nenhuma bela imagem é coletada do chão, mas do alto da encosta de uma montanha. Mas, aqueles que apenas veem as imagens que outros coletaram, não sentiram o vento e o movimento da paisagem.
Você não pode dizer eu conheço aquela paisagem, porque viu uma foto. O alpinista conhece, porque sobe a montanha. É preciso dar um passo de cada vez, uma pegada de mão de cada vez.
Assim a sua vida com Deus só contemplará a beleza de Deus quando você subir a montanha e escalar a vida cristã na direção de Deus. Cada vez, para mais perto de Deus e você verá coisas novas de Deus, belezas que você não conhecia e que, por muito que outros que já veem tentem te dizer, somente os que sobem podem sentir o que veem.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa

Somos uma igreja pequena em vista de muitas outras. Mas isso não importa. O nosso problema não é tamanho, mas sim fidelidade.
Temos alguns grandes desafios adiante de nós e todos eles exigem muita perseverança. Porém, alguns irmãos, desistem nas primeiras dificuldades.
Precisamos que todos vocês perseverem no ministério que Deus lhes incumbiu. Não o façam para o pastor, não o façam para o conselho, não o façam por uma questão social. Façam isto por sua conexão com Cristo e sua volta, lembrem-se da parábola dos talentos.
Perseverem em tudo o que o Senhor lhes conceder em obediência e submissão à Palavra, lembrem-se de que é dever de vocês e foi dado por Deus. E também façam tudo para a glória de Cristo.
A nossa igreja local precisa de sua perseverança. Eu como pastor não posso e não fui chamado para fazer a obra sozinho. Fui chamado para ser o instrutor e mais um crente. Eu também tenho de perseverar na minha jornada e preciso de vocês.
Cristo voltará e o que devemos entregar a ele não são as nossas desculpas, mas a nossa fidelidade e perseverança. Estes são os valores que movem o reino.
Vamos perseverar no intuito de transformar a nossa igreja em uma igreja evangelizadora e educadora. Vamos estruturar a nossa igreja para que sempre ela promova a glória de Cristo.
Que cada membro da nossa igreja assuma um compromisso pessoal com isso. Acredito que isso é que podemos fazer para que nossa escalada alcance patamares mais elevados de vida com Deus.

Oração


Faça essa obra Senhor e obrigado por já estar fazendo!  

16 de junho de 2013

2 Pedro 1.3 a 11

O Amor e o ápice do meu crescimento na fé
2 Pedro 1. 3 a 11

INTRODUÇÃO
Eu desejo começar esta noite fazendo menção a um dos mais poéticos hinos cristãos que eu conheço: Amanzing Grace (Maravilhosa Graça). Este hino, composto em 1779 pelo Rev. John Nilton é uma espécie de auto biografia.
John Nilton era um mercador de escravos. Um dia, durante uma tempestade no Atlântico, próximo à costa da África, pela primeira vez, clamou pela misericórdia de Deus. Por mais alguns anos continuou a servir à Inglaterra trazendo escravos africanos.
Começou a sua jornada de encontro com o Cristo, foi estudar Bíblia e depois foi ordenado pastor. Quando compôs “Sublime Graça”, certamente lembrou bem o que era ser um escravo e cativo, porque fizera isto com muitos homens.
Graça incrível 
Graça incrível, como é doce o som
Que salvou um miserável como eu
Certa vez estava perdido, mas agora fui encontrado
Era cego, mas agora eu vejo

Foi a graça que ensinou temor ao meu coração
E a graça que aliviou meus medos
Quão preciosa essa graça pareceu
Na hora que eu acreditei

Coro
Minhas correntes se foram, Eu fui liberto
Meu Deus, meu Salvador, me resgatou
Como uma inundação, Sua misericórdia chove
Amor sem fim
Graça incrível

O Senhor prometeu-me o bem
Sua palavra assegura a minha esperança
Ele vai ser o meu escudo e porção
Enquanto a vida durar

Coro
Minhas correntes se foram, Eu fui liberto
Meu Deus, meu Salvador, me resgatou
Como uma inundação, Sua misericórdia chove
Amor sem fim
Graça incrível

A terra em breve se dissolverá como neve
O sol se absterá de brilhar
Mas Deus quem me chamou aqui em baixo
Será para sempre meu
Será para sempre meu
Você é para sempre meu.

Podemos ser pessoas transformadas. O texto que temos diante de nós tem algumas afirmativas que devemos considerar atentamente. Quero falar sobre a estrutura deste texto para que possamos melhor aproveitá-lo esta noite.
No verso 3, temos a seguinte expressão: “Visto como – pelo seu divino poder – nos tem sido doadas todas as coisas – que nos conduzem à vida e à piedade – pelo conhecimento completo daquele que nos chamou - para a sua glória e virtude.
Este verso é a abertura geral do trecho. Serve como uma espécie de motivo para o que ele irá falar a seguir. O que está nos dizendo é o seguinte: JÁ QUE TUDO O QUE PRECISAMOS PARA UMA VIDA DE PIEDADE, PARA VIVER SEGUNDO O PROPÓSITO E GLÓRIA DAQUELE QUE NOS CHAMOU...
Gloria e virtude de Cristo – estas expressões “doxa e erete” – duas ideias justaspostas: santidade e retidão moral. Sua perfeição inigualável e sua retidão inspiradora – olhar para Cristo e para o seu exemplo e ensino, suas promessas nos conduzirá a sermos pessoas muito melhores.
Cristo ter vivido a vida com Deus com piedade singular é um chamado também para nós. Ele nos mostra que é possível essa mesma participação na sua vida. Estamos falando de ideais maravilhosos da vida com Deus.
O que é preciso considerar é a afirmação de Pedro: temos tudo o que é necessário para este tipo de vida. Para a total mudança que pode ser operada que nos transportará da corrupção para a vida e piedade, do mundo para sua própria glória e virtude.
 As questões que levantamos esta noite são:
O que Pedro espera que façamos em reação a essas verdades?
Por que espera que reajamos a estas verdades?
Para que espera que reajamos a estas verdades?


O QUÊ?
Pedro espera que sejamos diligentes na busca da vida e da piedade, do parecer-se com Cristo
Por isso mesmo vós reunindo toda a vossa diligência associai com a vossa fé...
 Meus irmãos, o primeiro e mais importante motivo para uma vida de crescimento e santificação é que todos fomos habilitados e recebemos tudo o que é necessário para uma vida de proximidade com Deus. Todos fomos habilitados e recebemos tudo o que é necessário para deixarmos para trás toda a corrupção da nossa natureza.
Precisamos considerar seriamente isto. Pedro está dizendo que é a confiança nisto, isto é, FÉ é o passo inicial é a base de tudo o que vem a seguir, o primeiro degrau desta escada.
A primeira coisa que precisamos fazer é reunir a nossa diligência – isto é nossa capacidade de se concentrar em algo, se concentrar no propósito de viver longe da influência da corrupção que há no mundo e da vida que se destina apenas a nós mesmos e seguir na direção de Cristo e da vida piedosa.
Precisamos crer nessa possibilidade, este é o primeiro degrau, mas precisamos também fortalecer esta fé. Não estamos diante de uma lista exaustiva, não são as únicas possibilidades de valores que devem fortalecer a nossa fé, mas é uma lista proposital e tentaremos entender o  propósito de Pedro.
A base de tudo é a fé e esta vem seguida de VIRTUDE. Virtude aqui tem a ver com a retidão, um comportamento adequado ao propósito de viver para Deus e deixar a corrupção do mundo. Esta palavra está ligada à ideia de excelência, buscar ser agir de uma maneira melhor. Um bom exemplo é o seguinte: a faca foi feita para cortar, então ela é uma faca virtuosa se estiver sempre afiada.
O CONHECIMENTO é mais um degrau desta escada baseada na certeza de que podemos deixar a corrupção para viver a natureza do Reino de Cristo. A palavra conhecimento aqui não é a comum palavra GNOSIS, mas sim EPIGNOSIS. Esta particular diferença pode apontar para o tipo de conhecimento que pode nos ajudar nessa caminhada: EPIGNOSIS é conhecimento do alto.
A Virtude não é uma excelência moral qualquer, do tipo que qualquer um pode alcançar se viver segundo regras morais, é uma virtude guiada por um conhecimento superior, um padrão superior, que só pode ser alcançado quando buscamos conhecer.
Caminharemos mais facilmente para longe da corrupção se tivermos nossas mentes esclarecidas sobre os valores do Reino.
DOMÍNIO PRÓPRIO – crescer na fé na direção certa exigirá esforços e lutas contra a nossa própria natureza corrupta. Não haverá progresso sem que tenhamos de encarar nossa própria inclinação para o mal. Isto não acontecerá sem que reunamos diligência para conter nossa velha natureza.
PERSEVERANÇA – Caros, quando começamos essa jornada não significa que vamos ganhar sempre e que sempre seremos bem sucedidos. As experiências mais amargas da nossa vida cristã não acontecem quando estamos começando, mas quando já progredimos. A tristeza enche o nosso coração quando, sabendo de tantas coisas a respeito do Reino, nos tornamos reprováveis. Então, quando isto acontecer, não se jogue de uma ponte, levante-se e siga em frente.
Aristóteles, o grande filósofo dizia o seguinte: o Domínio próprio tem a ver com os prazeres e a perseverança tem a ver com os pesares. Acho que dá para compreender porque estão unidas aqui também!
PIEDADE – este degrau tem a ver com o foco da nossa vida. Depois de subir alguns degraus, precisamos de estímulo para continuar subindo e continuar perseverando e continuar lutando contra a nossa velha natureza, continuar no caminho reto, continuar aprendendo e continuar crendo. Piedade é olhar para Deus e se concentrar nele.
FRATERNIDADE – meus caros, os degraus mais próximos de Deus tem a ver com a maior de todas as virtudes o amor. A primeira tem a ver com a nossa unidade no corpo, os irmãos.
AMOR – como alvo de uma vida madura, o Cristão deve amar até os inimigos. O alvo da vida cristã é a santidade que leva a amar. Você precisa entender que este é o degrau mais próximo de Deus.
Pedro espera que estejamos trabalhando duro na busca deste crescimento. Ele diz que fomos habilitados e capacitados para tal. Eu e você podemos nos concentrar nesta busca. A fé que nos foi dada é só um primeiro degrau, então agora reúna suas forças e associe à sua fé todos estes elementos.
POR QUÊ?
Pedro espera que sejamos diligentes na busca da vida e da piedade porque deseja que aprendamos o valor do trabalho no Reino.
Meus irmãos, tudo que vimos até agora nos sugere a ideia de alvo, meta. O que estamos fazendo aqui é vivendo sob os valores do alto da escada, do Reino do céu.
Precisamos nos perceber envolvidos com algo que esteja lá no alto. O que Pedro estava disposto a nos ensinar e estimular era um tipo de vida e piedade que nos tornasse mais ligados ao Reino de Deus.
Infelizmente ainda estamos muito mais inclinados a viver para propósitos ligados a esta vida. Pedro, ao contrário disto, está propondo o alto da escada para o modelo de vida que Deus nos habilitou a viver.
A ideia é que precisamos ser mais efetivamente ligados e decididos na nossa nova vida com Deus. Porque precisamos deixar de ser infrutuosos. Alguns de nós achamos que temos feito demais, me desculpem irmãos, somos como crianças brincando em uma praça, como se a realidade fosse uma enorme brincadeira e não deveríamos jamais deixar as coisas serem assim.
Inativos – aqueles crentes incapazes, paralisados espiritualmente, sem nenhuma vida se manifestando neles.
Infrutuosos – aqueles que possuem vida, mas ela não se manifesta senão para si mesmos.
Estas falhas tem a ver com a falta de foco e de alvo a EPIGNOSIS, o conhecimento do que está no alto e de como o que está acima de nós, Cristo e o seu Reino é uma realidade superior e que é por ela que devemos nos guiar.
Deus espera que sejamos diligentes na busca de uma fé mais vigorosa porque deseja que aprendamos o valor do serviço no Reino. Este apóstolo, escrevendo tudo o que escreveu na idade em que se encontrava, tinha todas as razões do mundo para nos estimular a uma vida superior.
Sinto que este é o mal da igreja em nosso tempo, ela é insistentemente desligada do seu alvo superior. É isto que significa estar cego para isto, estar cego para o alto da escada, que se quer discerne o porque fomos libertos da prisão do pecado.
Isto é semelhante a um escravo que recebe a liberdade, mas não sabe o que ela significa. Triste a realidade de muitos crentes. É por isto que precisamos crescer e amadurecer e fortalecer a nossa fé, para que não vivamos cegos, se podemos ver. Vivamos como escravos se podemos viver livremente.

PARA QUÊ?
Pedro espera que sejamos diligentes na busca da vida e da piedade, e que aprendamos o valor do serviço no Reino para que isso alimente nossa alma com segurança e alegria em Cristo
Por isso, com diligência ainda cada vez maior – você pode estar pensando na comparação com o ponto inicial – reunindo toda a vossa diligência e aqui é exigida uma diligência cada vez maior. Para quê? Qual o objetivo final de tudo isto?
O objetivo de tudo isto é você, somos nós, porque Deus nos ama. O projeto é a sua vida e a sua entrada no reino eterno. É a sua segurança e alegria.
A diligência cada vez maior aponta para a necessidade que temos de que em nosso coração se processe essa mudança para que realmente sejamos integrados ao que é eterno. A primeira parte desta integração tem a ver com a nossa segurança em meio as lutas, ao que ele chama de tropeçar em tempo algum.
É possível um modelo de vida amplamente concentrada e integrada ao projeto eterno de Deus. Pedro está nos propondo uma visão da glória e da virtude do Reino de Jesus e do próprio Jesus.

.Conclusão
Caros irmãos, todos fomos habilitados a viver este modelo de vida ligada a Deus. Todos fomos capacitados e temos a Palavra de Deus como o seu guia para que a glória e a virtude de Cristo nos preencha, para que a nossa ligação com reino seja completamente integrada.
Você pode! Repito: você pode! E Deus de deu todas as coisas para isto. A questão que levando é: você será diligente nisto? Ou prefere viver cego. A graça que nos foi dada em Cristo Jesus é suficiente para nos fazer prosseguir sempre, para aumentar a nossa fé, para nos dar mais retidão, domínio próprio enfim, tudo o que é necessário.
Hoje, o desafio que temos diante de nós é o que iremos fazer diante da verdade de Deus. Como você pode ficar assim tão concentrado em você mesmo? Como você pode simplesmente ir para casa hoje, falar sobre mais um culto, sobre o coral, sobre o centenário da Igreja do Bráz e permanecer sem um compromisso com o alto da escada?
N´so presbiterianos precisamos voltar no tempo, no sentido de voltarmos a ser a grande força do evangelho neste país. Não que sejamos melhores que outros para isto... mas somos chamados para viver no alto da escada, como nossos irmãos que labutaram nesta igreja, eles foram capazes de viver para o alto da escada e por isso, seus nomes foram gravados na história da fé.
Eles foram libertos e libertaram a muitos! Eu louvo a Deus pela vida deles e por termos a oportunidade de fazer o mesmo. Quero convidá-los a isto!

Oração

Eis-me aqui!  

9 de junho de 2013

1 Pedro 4. 7 a 11

Um Amor Resultante do Olhar Para o Alto, Para Cristo


INTRODUÇÃO
Temos insistido na necessidade de uma percepção escatológica da existência. Seguindo os escritos dos apóstolos, perceberemos que eles conduziram a igreja dos seus dias a viverem na expectativa da volta de Jesus e sob a mentalidade do Reinado Espiritual de Cristo Jesus.
Em outras palavras, uma percepção escatológica da existência é o mesmo que viver sob o paradigma de que a história caminha para um final que culminará com a volta de Jesus e o juízo que Deus fará de tudo o que fizemos. Esta percepção escatológica também nos fará viver sob as luzes de que existe um reino espiritual e que devemos nos preparar para a volta de Jesus vivendo debaixo das ordens e leis deste reino celestial.
Quando o apóstolo Paulo disse: pensai nas coisas lá do alto, onde Cristo está, assentado a destra de Deus, estava nos propondo viver conduzidos nesta percepção. Quando o escritor aos Hebreus nos diz para olharmos firmemente para o autor e consumador da nossa fé Jesus, que está assentado à destra de Deus, também está nos conduzindo a esta percepção. E quando os anjos, no momento da ascensão disseram: do mesmo modo como o vistes subir ele voltará. Estão nos conduzindo a este modelo de vida. E o próprio Jesus, quando através de João, disse: Eis que venho sem demora e comigo está o galardão. Estava propondo este modelo de vida.
Meus irmãos, esta noite, mais uma vez eu quero que um texto das escrituras nos conduza a um paradigma de vida movida pelos céus. Uma vida moldada e direcionada pelas virtudes de um reino que está acima de nós.
Este modelo de vida, baseada no Cristo Rei, na sua palavra como Rei, assentado no trono, é mais que uma maneira de viver. Trata-se de um modelo baseado na verdade que há de ser revelada. Isto é viver por fé. Este é o modelo que permitirá o seu coração se sentir em paz em toda e qualquer circunstância.

Vamos entender a estrutura do texto que separamos para esta noite. Primeiramente olhe para ele e perceba que o verso 7, parece regular todas as demais declarações dos versos seguintes.
O verso oito, estabelece o paradigma maior decorrente da verdade do verso 7 e depois é esmiuçado nos versos seguintes. O verso 11, fecha esta perícope pontuando sobre o grande resultado de um modelo de vida, conforme descrito: a glória do Senhor.
Olhando desta forma, vamos ao entendimento deste texto.  

Olhar Para o Alto, Olhar Para o Cristo Vivo e Ter Consciência de Sua vinda é a Base de Um Viver Escatológico
Note que o verso 7, coloca o fim de todas as coisas como uma premissa básica para toda as nossas ações.
Ora, o fim de todas as coisas está próximo.
 Quando Pedro escreveu a sua carta, ele iniciou todo o seu texto apontando para o fato de que temos uma herança a ser recebida. Ele diz que, ela está reservada nos céus para nós e que nós estamos sendo guardados na terra para ela.
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último dia (1.3 a 5).
Esta percepção do final de todas as coisas é a base da esperança e o ponto de partida do qual toda a Igreja deve basear a sua existência na terra.
Não importa o que acontecer em nossa vida, devemos estar prontos para o dia de Cristo. Devemos tê-lo como o ápice de toda a história. O cristianismo não é uma religião pessimista, daqueles que só veem a desgraça no mundo. O cristianismo é a religião dos que creem na salvação, dos que esperam no Senhor.
Leia os escritos de Pedro e perceberá que ele estava completamente certo de que o crente deveria viver na expectativa da volta de Jesus, mesmo que ela parecesse demorada.
Há, todavia, uma cois, amados irmãos,q eu não deveis esquecer: que para o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos como um dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos e os elementos abrasados derreterão. Nós, poré, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça (2 Pedro 3.8 a 13).
 Ora, o fim de todas as coisas está próximo – uma existência baseada num pensar escatológico, deve conduzir-se neste mundo de acordo com o fato de que um dia iremos prestar contas a Deus. Por isso, o crente, vive neste mundo com responsabilidade, porque sabemos que nossos atos não são neutros, pelo contrário, tudo tem a ver com Cristo.
Sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações
Com toda a certeza, a decorrência natural de uma existência controlada por Cristo Rei, pelo pensar escatológico e a lógica de sua volta como juiz é uma vida temente ao Senhor.
A ideia desta expressão é que nossas orações, nossos anseios deveriam ser sempre controlados pela sabedoria e a moderação. “Sofronessate” e “nepsate” – são colocadas de uma voz passiva, como se na verdade, nossos anseios devessem ser conduzidos a ser moderadamente sábios. Devemos controlar o nosso ímpeto, nossos desejos.
Em outras palavras, devemos entender este verso 7, como que nos dizendo o seguinte. Viva um paradigma escatológico, de que Cristo voltará e, decorrente deste modelo de vida, controle os ímpetos do seu coração, dos seus anseios.
O viver sob o paradigma do pensar escatológico é, portanto, a base de um viver moderado por Cristo. Pois bem, no verso 8, veremos qual a premissa básica de um viver criteriosamente sábio e moderado. Como devemos controlar os anseios do nosso coração.

Olhar Para o Alto, Olhar Para o Cristo Vivo Vem a se Tornar Efetivo na Nossa Vida Quando Conduzimos o Nosso Coração a Amar
Como já dissemos, o verso 8, é a decorrência do verso 7, mais evidente. Nele veremos que devemos conduzir o nosso coração a amar, se desejamos de fato controlar os nossos anseios.
Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.
Precisamos decorar este verso e nos propor a forçar o nosso coração nesta direção, se queremos aprender a controlar os nossos anseios e sermos realmente controlados pelo Cristo entronizado.
Quero destacar alguns pormenores deste verso. Tentando dissecar as expressões propostas aqui. Ainda que muito tenha que ser dito e nem tudo poderá ser abordado nesta mensagem.
Acima de tudo – Para muitos crentes o amor é uma consequência esperada da vida cristã. Pedro, o coloca como a própria vida cristã. Antes de eu ser um crente muito dedicado, antes de ser consagrado a qualquer ministério eu tenho de consagrar para amar as pessoas.
O mandamento de Deus diz que devemos amar a Deus acima de tudo e que nenhum amor deve estar acima do nosso amor a Deus. Pedro, obviamente, usando a premissa de que o meu amor a Deus só pode ser realmente vivido no amor ao próximo ele, então, conclui – acima de tudo, ame!
Quando Cristo controla a minha vida eu amo. Quando eu amo e me conduzo a amar eu vejo que Cristo controla a minha vida.  
Nem sempre será fácil viver este paradigma, por isto, o texto do verso 7 propõe que devemos nos forçar nesta matéria a fazer escolhas sábias. Torne o seu coração sábio. É a nossa consciência para com Cristo que nos dá essa força de controle.
Tende amor intenso – não é preciso dizer muito, apenas que o amor que o Senhor espera que desenvolvamos seja extraordinário e não um mero amor.
Quando Jesus falou sobre amar o inimigo, ele disse que aquele que ama apenas as pessoas boas, gentis e sorridentes, nada faz demais, até os homens que não tem Deus fazem isto. Um amor extraordinário faz bem mais que isso. Um amor extraordinário ama o que o persegue e maltrata e não paga a ninguém mal com mal.
O amor intenso, “ektene agapeten” – um amor contínuo, um amor intencional, disposto a continuar amando seja o que for. Caros irmãos, este tipo de amor é aquele que acontece quando decidimos que iremos amar.
Um dia eu disse para um marido assim: você está disposto a amar intencionalmente sua esposa. Logo ele me perguntou: como assim? Eu disse, você seria capaz de, não importando tudo o que acontecesse, você seria capaz de dizer assim: eu vou amá-la não importa o que ela faça? Ele me disse sim. Quero dizer para vocês. Este homem conseguiu mudar o seu lar e hoje, ele que estava a um passo da separação, certamente pode dizer que venceu pelo amor.
Uns para com os outros – A igreja deve ser a comunidade das pessoas que dizem sim para o próximo, mesmo que tenham de dizer não para si mesmos. Amar intencionalmente os irmãos, implica em forçar o coração contra o coração e às vezes, até mesmo contra os fatos.
Fato é que Jesus não deveria nos amar, se seu amor fosse baseado nas nossas atitudes. Mas, ele amou intencionalmente até o fim. Este é o modelo de amor que Pedro propõe neste uns para com os outros.
Precisamos muito uns dos outros. Mas, às vezes, ou boa parte das vezes, temos reclamações demais uns dos outros. Quero convidá-lo a mover o seu coração na direção deste amor intencional.
Porque o amor cobre multidão de pecados – o verbo para cobrir aqui é o mesmo que usamos para “eclipse solar” – eclipsar, é o verbo KALIPSEI. Muitos pecados seriam evitados se tivéssemos mantido o nosso coração no propósito de amar intencionalmente, intensamente sem cessar.
Quando os irmãos começarem a fazer isto e se começarem a fazer isto hoje começarão a perceber o quanto este tipo de atitude muda a igreja. Isto mostrará que a Igreja olha para o alto e olha para Cristo. E esse deve ser um alvo, até porque a pergunta final não será: quantas pessoas você conduziu a Cristo, mas, você amou aqueles que eu conduzi a você?

Olhar Para o Alto, Olhar Para o Cristo Vivo Nos Conduz ao Serviço em Favor do Irmão
Os versos 9, 10 e 11-a nos oferecem exemplos de como podemos amar intencionalmente os nossos irmãos. Existem algumas ações que são uma espécie de exercícios para o coração.
Você aprende a amar, você aprende a amar mais. Mas é preciso praticar. Pedro parece estar disposto a nos dar exemplos claros de como é possível amar e aprender isto.
Se Você, como muitos outros irmãos, estiver falando consigo mesmo assim: não consigo amar deste jeito, será que tem solução o meu caso? Quero aproveitar o ensejo do questionamento do seu coração e dizer o seguinte: você pode aprender! Tem jeito sim!
Sede mutuamente hospitaleiros – a proposta de Pedro é que o amor intencional deve ser praticado e uma boa maneira de fazer isto é começar a servir ao irmão. Isto é, começar a ter atitudes positivas que facilitem a presença e o desenvolvimento do amor. Isto é amar intencionalmente.
Ser hospitaleiro e deixar-se hospedar pelo outro. Para muitas pessoas do nosso tempo, a vida tem de ser vivida com privacidade. Este é um valor soberano do nosso tempo. É lógico que há coisas privativas, só nossa e da nossa família. Mas tome muito cuidado para não se conduzir à solidão. Isto não é bom.
Precisamos aprender a dividir a nossa vida e permitir que outros dividam a sua vida conosco. Note que a hospitalidade que Pedro anuncia aqui é sem murmuração.
Paulo já tinha falado isso antes (Romano 12. 9 a 14). Praticar a hospitalidade. O curso deste mundo nos oferece um modelo de vida fechado e distante das pessoas, abra as portas da sua casa. Tenha intencionalidade nisto. Convide alguém para um jantar, almoço... para uma tarde filmes, para orar. Abra a porta da sua casa e se permita adentrar a casa de um irmão.
Vamos quebrar os muros que nos separam, façamos mais pontes e menos paredes.
Servi uns aos outros conforme o que recebeu – ninguém é tão pobre que não possa dar algo a alguém e ninguém é tão rico que não precise receber algo. Você deve ao seu irmão este amor serviçal.
Deus concedeu a você o privilégio de ser um mordomo da sua graça. A figura que Pedro usa no verso 9 é justamente esta: o mordomo cuidando da despensa.
Alimentando os empregados e suprindo a necessidade de todos ao seu redor. Não existe nenhum outro motivo para Deus lhe dar o que você tem, quer seja dinheiro, quer seja fé, ou qualquer coisa; o propósito de tudo é que você tenha um amor serviçal e o próximo é o seu alvo.
Pessoas controladas por Cristo vivem esta perspectiva e se sentem instrumentos de Cristo para realizar o bem e servir ao próximo. Imagine você se a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa, cada um dos seus membros resolver que irá servir ao próximo.
Fale de acordo com os oráculos de Deus – sirva na força que vem de Deus – Deus é quem nos supre.
Pode ser que muita gente diga assim para esta mensagem: muito bonita, mas não é possível de ser vivida. Tolo! Não é a força do homem que estamos evocando para realizar essa mudança, é a de Deus.
Cristo lá no alto é a certeza de que todas as bênçãos que precisamos e toda a força que necessitamos para um modelo de vida assim poderão nos alcançar.
Pedro tinha certeza disto, em um momento histórico bem complicado. Isso deveria ser mais fácil para nós. O que falta é fé e o olhar mais para o alto que para o chão.
Peça a Deus que te dê a eternidade como a visão primordial da sua vida e veja isto acontecer.

Olhar Para o Alto, Olhar Para o Cristo Vivo e Desejar Viver Para a Glória daquele que preenche a nossa vida
O trecho se encerra com uma bela expressão doxológica:
Par que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.
Meus amados irmãos, viver olhando para o alto e deixar-se moldar por uma visão escatológica da vida é a melhor maneira de vivermos para o seu inteiro agrado e a sua glória.
Às vezes, os crentes perguntam o que deveriam fazer para viver para a glória de Deus. Veja os conselhos de Pedro como são simples: amar intencionalmente, praticando este amor em coisas pequenas.
Quem vive olhando para o Cristo entronizado e se deixa moldar pelo padrão do seu reino, alcançará a graça de viver para a única coisa que realmente importa.
Veja que o texto nos diz que a ele pertence a glória. Isto é, viver de qualquer outra maneira que não aquela que glorifica a Deus é negar o que é direito de Cristo.
Em segundo lugar, perceba outra coisa. Perceba que quando você vive assim é como se Cristo vivesse por meio de você. Veja que o texto diz que Deus é glorificado por meio de Jesus e não por você. Curioso não!
Na verdade, é Cristo que será glorificado e você deve se tornar feliz no fato de que a sua vida será instrumento para a glória de Cristo. Quando pensamos lá no alto e pensamos em Cristo, descobrimos que o grande valor da vida é que ele cresça e nós diminuamos.
Pois ele é quem domina sobre tudo, domine também  sobre a nossa vida.

Conclusão
Acredito que, para alguns irmãos essa proposta pode ser bastante ousada. Mas insisto em dizer que é possível. Poderíamos e deveríamos abrir este espaço em nossa mente e ter a nossa mente controlada por Cristo.
Focar a volta de Cristo como o ápice da história e da nossa história pessoal dará a você motivos para este amor intencional.
Mas também sei que isso poderá não ser natural. Você precisa assumir atitudes que preparem o seu coração. Volto a sugerir como Pedro, receba pessoas, converse mais, sente um tempo com um irmão, deixe seus filhos passear com os outros filhos dos crentes, procure estimular a conversação a aproximação. Facilite a chegada do amor.

Aplicações para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Caros irmãos, precisamos de pessoas que estejam dispostas a puxar a linha de frente deste modelo de vida. Sabemos que se um núcleo de pessoas assumirem este preço, muitos outros irmãos serão atingidos.
Muitos pecados serão evitados e muitas coisas boas acontecerão porque Cristo usará a nossa igreja para a glória de Deus. Na verdade, não estou pedindo muito, apenas que você esteja disposto a mudar o paradigma de decisão e viver controlado pelo trono de Cristo.
Estamos desenvolvendo alguns ministérios e quero convidá-lo a nos ajudar. Primeiro, o Beith DAvar – um ministério de comunhão e evangelização. Temos duas Beith Davar funcionando, mas poderíamos ter mais locais de encontro. Você gostaria de começar um trabalho na sua casa? Receber irmãos e compartilhar sua vida com eles. Gostaria de compartilhar sua fé com seus vizinhos?
Temos um trabalho no Carrão que está precisando de irmãos que tenham a coragem de nos ajudar a plantar uma igreja naquele bairro. O que você precisa e ter a disposição de, ao menos duas vezes por mês, nos ajudar neste trabalho.
Nossa igreja pode e deve fazer muito mais, mas isso só acontecerá quando os membros decidirem que irão viver para Deus e serão usados. Enquanto mantivermos desculpas e compromissos apenas com as nossas coisas, teremos dificuldade para isto.
Uma igreja vibrante, uma igreja trabalhadora, que evangeliza, que apoia o ferida e que cresce, precisa de que você olhe para os campos e perceba que é chegado o tempo de plantar e colher.

Oração

Deus venha nos usar!