Um Amor Resultante do Olhar Para o Alto, Para Cristo
INTRODUÇÃO
Temos
insistido na necessidade de uma percepção escatológica da existência. Seguindo os
escritos dos apóstolos, perceberemos que eles conduziram a igreja dos seus dias
a viverem na expectativa da volta de Jesus e sob a mentalidade do Reinado Espiritual
de Cristo Jesus.
Em
outras palavras, uma percepção escatológica da existência é o mesmo que viver
sob o paradigma de que a história caminha para um final que culminará com a
volta de Jesus e o juízo que Deus fará de tudo o que fizemos. Esta percepção
escatológica também nos fará viver sob as luzes de que existe um reino
espiritual e que devemos nos preparar para a volta de Jesus vivendo debaixo das
ordens e leis deste reino celestial.
Quando
o apóstolo Paulo disse: pensai nas coisas lá do alto, onde Cristo está,
assentado a destra de Deus, estava nos propondo viver conduzidos nesta
percepção. Quando o escritor aos Hebreus nos diz para olharmos firmemente para
o autor e consumador da nossa fé Jesus, que está assentado à destra de Deus,
também está nos conduzindo a esta percepção. E quando os anjos, no momento da
ascensão disseram: do mesmo modo como o vistes subir ele voltará. Estão nos
conduzindo a este modelo de vida. E o próprio Jesus, quando através de João,
disse: Eis que venho sem demora e comigo está o galardão. Estava propondo este
modelo de vida.
Meus
irmãos, esta noite, mais uma vez eu quero que um texto das escrituras nos
conduza a um paradigma de vida movida pelos céus. Uma vida moldada e
direcionada pelas virtudes de um reino que está acima de nós.
Este
modelo de vida, baseada no Cristo Rei, na sua palavra como Rei, assentado no
trono, é mais que uma maneira de viver. Trata-se de um modelo baseado na verdade
que há de ser revelada. Isto é viver por fé. Este é o modelo que permitirá o
seu coração se sentir em paz em toda e qualquer circunstância.
Vamos
entender a estrutura do texto que separamos para esta noite. Primeiramente olhe
para ele e perceba que o verso 7, parece regular todas as demais declarações
dos versos seguintes.
O
verso oito, estabelece o paradigma maior decorrente da verdade do verso 7 e
depois é esmiuçado nos versos seguintes. O verso 11, fecha esta perícope
pontuando sobre o grande resultado de um modelo de vida, conforme descrito: a
glória do Senhor.
Olhando
desta forma, vamos ao entendimento deste texto.
Olhar
Para o Alto, Olhar Para o Cristo Vivo e Ter Consciência de Sua vinda é a Base
de Um Viver Escatológico
Note
que o verso 7, coloca o fim de todas as coisas como uma premissa básica para
toda as nossas ações.
Ora, o fim de todas as coisas
está próximo.
Quando Pedro escreveu a sua carta, ele iniciou
todo o seu texto apontando para o fato de que temos uma herança a ser recebida.
Ele diz que, ela está reservada nos céus para nós e que nós estamos sendo
guardados na terra para ela.
Bendito o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para
uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus dentre os mortos, para uma
herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós
outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação
preparada para revelar-se no último dia (1.3 a 5).
Esta
percepção do final de todas as coisas é a base da esperança e o ponto de
partida do qual toda a Igreja deve basear a sua existência na terra.
Não
importa o que acontecer em nossa vida, devemos estar prontos para o dia de
Cristo. Devemos tê-lo como o ápice de toda a história. O cristianismo não é uma
religião pessimista, daqueles que só veem a desgraça no mundo. O cristianismo é
a religião dos que creem na salvação, dos que esperam no Senhor.
Leia
os escritos de Pedro e perceberá que ele estava completamente certo de que o
crente deveria viver na expectativa da volta de Jesus, mesmo que ela parecesse
demorada.
Há, todavia,
uma cois, amados irmãos,q eu não deveis esquecer: que para o Senhor, um dia é
como mil anos e mil anos como um dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, como
alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não
querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. Virá,
entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso
estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que
nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim
desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade,
esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus,
incendiados, serão desfeitos e os elementos abrasados derreterão. Nós, poré,
segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita
justiça (2 Pedro 3.8 a 13).
Ora, o fim de todas as coisas está próximo – uma existência baseada num pensar
escatológico, deve conduzir-se neste mundo de acordo com o fato de que um dia
iremos prestar contas a Deus. Por isso, o crente, vive neste mundo com
responsabilidade, porque sabemos que nossos atos não são neutros, pelo
contrário, tudo tem a ver com Cristo.
Sede,
portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações
Com
toda a certeza, a decorrência natural de uma existência controlada por Cristo
Rei, pelo pensar escatológico e a lógica de sua volta como juiz é uma vida
temente ao Senhor.
A
ideia desta expressão é que nossas orações, nossos anseios deveriam ser sempre
controlados pela sabedoria e a moderação. “Sofronessate” e “nepsate” – são
colocadas de uma voz passiva, como se na verdade, nossos anseios devessem ser
conduzidos a ser moderadamente sábios. Devemos controlar o nosso ímpeto, nossos
desejos.
Em
outras palavras, devemos entender este verso 7, como que nos dizendo o
seguinte. Viva um paradigma escatológico, de que Cristo voltará e, decorrente
deste modelo de vida, controle os ímpetos do seu coração, dos seus anseios.
O
viver sob o paradigma do pensar escatológico é, portanto, a base de um viver
moderado por Cristo. Pois bem, no verso 8, veremos qual a premissa básica de um
viver criteriosamente sábio e moderado. Como devemos controlar os anseios do
nosso coração.
Olhar
Para o Alto, Olhar Para o Cristo Vivo Vem a se Tornar Efetivo na Nossa Vida
Quando Conduzimos o Nosso Coração a Amar
Como
já dissemos, o verso 8, é a decorrência do verso 7, mais evidente. Nele veremos
que devemos conduzir o nosso coração a amar, se desejamos de fato controlar os
nossos anseios.
Acima de
tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre
multidão de pecados.
Precisamos
decorar este verso e nos propor a forçar o nosso coração nesta direção, se
queremos aprender a controlar os nossos anseios e sermos realmente controlados
pelo Cristo entronizado.
Quero
destacar alguns pormenores deste verso. Tentando dissecar as expressões
propostas aqui. Ainda que muito tenha que ser dito e nem tudo poderá ser
abordado nesta mensagem.
Acima de tudo – Para muitos crentes o amor é uma consequência
esperada da vida cristã. Pedro, o coloca como a própria vida cristã. Antes de
eu ser um crente muito dedicado, antes de ser consagrado a qualquer ministério
eu tenho de consagrar para amar as pessoas.
O
mandamento de Deus diz que devemos amar a Deus acima de tudo e que nenhum amor
deve estar acima do nosso amor a Deus. Pedro, obviamente, usando a premissa de
que o meu amor a Deus só pode ser realmente vivido no amor ao próximo ele,
então, conclui – acima de tudo, ame!
Quando
Cristo controla a minha vida eu amo. Quando eu amo e me conduzo a amar eu vejo
que Cristo controla a minha vida.
Nem
sempre será fácil viver este paradigma, por isto, o texto do verso 7 propõe que
devemos nos forçar nesta matéria a fazer escolhas sábias. Torne o seu coração
sábio. É a nossa consciência para com Cristo que nos dá essa força de controle.
Tende amor intenso – não é preciso dizer muito, apenas que o amor
que o Senhor espera que desenvolvamos seja extraordinário e não um mero amor.
Quando
Jesus falou sobre amar o inimigo, ele disse que aquele que ama apenas as
pessoas boas, gentis e sorridentes, nada faz demais, até os homens que não tem
Deus fazem isto. Um amor extraordinário faz bem mais que isso. Um amor
extraordinário ama o que o persegue e maltrata e não paga a ninguém mal com
mal.
O
amor intenso, “ektene agapeten” – um amor contínuo, um amor intencional,
disposto a continuar amando seja o que for. Caros irmãos, este tipo de amor é
aquele que acontece quando decidimos que iremos amar.
Um
dia eu disse para um marido assim: você está disposto a amar intencionalmente
sua esposa. Logo ele me perguntou: como assim? Eu disse, você seria capaz de,
não importando tudo o que acontecesse, você seria capaz de dizer assim: eu vou
amá-la não importa o que ela faça? Ele me disse sim. Quero dizer para vocês.
Este homem conseguiu mudar o seu lar e hoje, ele que estava a um passo da
separação, certamente pode dizer que venceu pelo amor.
Uns para com os outros – A igreja deve ser a comunidade das pessoas
que dizem sim para o próximo, mesmo que tenham de dizer não para si mesmos.
Amar intencionalmente os irmãos, implica em forçar o coração contra o coração e
às vezes, até mesmo contra os fatos.
Fato
é que Jesus não deveria nos amar, se seu amor fosse baseado nas nossas
atitudes. Mas, ele amou intencionalmente até o fim. Este é o modelo de amor que
Pedro propõe neste uns para com os outros.
Precisamos
muito uns dos outros. Mas, às vezes, ou boa parte das vezes, temos reclamações
demais uns dos outros. Quero convidá-lo a mover o seu coração na direção deste
amor intencional.
Porque o amor cobre multidão de
pecados – o verbo para cobrir
aqui é o mesmo que usamos para “eclipse solar” – eclipsar, é o verbo KALIPSEI. Muitos
pecados seriam evitados se tivéssemos mantido o nosso coração no propósito de
amar intencionalmente, intensamente sem cessar.
Quando
os irmãos começarem a fazer isto e se começarem a fazer isto hoje começarão a
perceber o quanto este tipo de atitude muda a igreja. Isto mostrará que a
Igreja olha para o alto e olha para Cristo. E esse deve ser um alvo, até porque
a pergunta final não será: quantas pessoas você conduziu a Cristo, mas, você
amou aqueles que eu conduzi a você?
Olhar
Para o Alto, Olhar Para o Cristo Vivo Nos Conduz ao Serviço em Favor do Irmão
Os
versos 9, 10 e 11-a nos oferecem exemplos de como podemos amar intencionalmente
os nossos irmãos. Existem algumas ações que são uma espécie de exercícios para
o coração.
Você
aprende a amar, você aprende a amar mais. Mas é preciso praticar. Pedro parece
estar disposto a nos dar exemplos claros de como é possível amar e aprender
isto.
Se
Você, como muitos outros irmãos, estiver falando consigo mesmo assim: não
consigo amar deste jeito, será que tem solução o meu caso? Quero aproveitar o
ensejo do questionamento do seu coração e dizer o seguinte: você pode aprender!
Tem jeito sim!
Sede mutuamente hospitaleiros – a proposta de Pedro é que o amor intencional
deve ser praticado e uma boa maneira de fazer isto é começar a servir ao irmão.
Isto é, começar a ter atitudes positivas que facilitem a presença e o
desenvolvimento do amor. Isto é amar intencionalmente.
Ser
hospitaleiro e deixar-se hospedar pelo outro. Para muitas pessoas do nosso
tempo, a vida tem de ser vivida com privacidade. Este é um valor soberano do
nosso tempo. É lógico que há coisas privativas, só nossa e da nossa família.
Mas tome muito cuidado para não se conduzir à solidão. Isto não é bom.
Precisamos
aprender a dividir a nossa vida e permitir que outros dividam a sua vida
conosco. Note que a hospitalidade que Pedro anuncia aqui é sem murmuração.
Paulo
já tinha falado isso antes (Romano 12. 9 a 14). Praticar a hospitalidade. O curso
deste mundo nos oferece um modelo de vida fechado e distante das pessoas, abra
as portas da sua casa. Tenha intencionalidade nisto. Convide alguém para um
jantar, almoço... para uma tarde filmes, para orar. Abra a porta da sua casa e
se permita adentrar a casa de um irmão.
Vamos
quebrar os muros que nos separam, façamos mais pontes e menos paredes.
Servi uns aos outros conforme o
que recebeu – ninguém é tão
pobre que não possa dar algo a alguém e ninguém é tão rico que não precise
receber algo. Você deve ao seu irmão este amor serviçal.
Deus
concedeu a você o privilégio de ser um mordomo da sua graça. A figura que Pedro
usa no verso 9 é justamente esta: o mordomo cuidando da despensa.
Alimentando
os empregados e suprindo a necessidade de todos ao seu redor. Não existe nenhum
outro motivo para Deus lhe dar o que você tem, quer seja dinheiro, quer seja
fé, ou qualquer coisa; o propósito de tudo é que você tenha um amor serviçal e
o próximo é o seu alvo.
Pessoas
controladas por Cristo vivem esta perspectiva e se sentem instrumentos de
Cristo para realizar o bem e servir ao próximo. Imagine você se a Igreja
Presbiteriana de Vila Formosa, cada um dos seus membros resolver que irá servir
ao próximo.
Fale de acordo com os oráculos
de Deus – sirva na força que vem de Deus – Deus é quem nos supre.
Pode
ser que muita gente diga assim para esta mensagem: muito bonita, mas não é
possível de ser vivida. Tolo! Não é a força do homem que estamos evocando para realizar
essa mudança, é a de Deus.
Cristo
lá no alto é a certeza de que todas as bênçãos que precisamos e toda a força
que necessitamos para um modelo de vida assim poderão nos alcançar.
Pedro
tinha certeza disto, em um momento histórico bem complicado. Isso deveria ser
mais fácil para nós. O que falta é fé e o olhar mais para o alto que para o
chão.
Peça
a Deus que te dê a eternidade como a visão primordial da sua vida e veja isto
acontecer.
Olhar
Para o Alto, Olhar Para o Cristo Vivo e Desejar Viver Para a Glória daquele que
preenche a nossa vida
O
trecho se encerra com uma bela expressão doxológica:
Par que, em todas as coisas,
seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o
domínio pelos séculos dos séculos. Amém.
Meus
amados irmãos, viver olhando para o alto e deixar-se moldar por uma visão
escatológica da vida é a melhor maneira de vivermos para o seu inteiro agrado e
a sua glória.
Às
vezes, os crentes perguntam o que deveriam fazer para viver para a glória de
Deus. Veja os conselhos de Pedro como são simples: amar intencionalmente,
praticando este amor em coisas pequenas.
Quem
vive olhando para o Cristo entronizado e se deixa moldar pelo padrão do seu
reino, alcançará a graça de viver para a única coisa que realmente importa.
Veja
que o texto nos diz que a ele pertence a glória. Isto é, viver de qualquer
outra maneira que não aquela que glorifica a Deus é negar o que é direito de Cristo.
Em
segundo lugar, perceba outra coisa. Perceba que quando você vive assim é como
se Cristo vivesse por meio de você. Veja que o texto diz que Deus é glorificado
por meio de Jesus e não por você. Curioso não!
Na
verdade, é Cristo que será glorificado e você deve se tornar feliz no fato de
que a sua vida será instrumento para a glória de Cristo. Quando pensamos lá no
alto e pensamos em Cristo, descobrimos que o grande valor da vida é que ele
cresça e nós diminuamos.
Pois
ele é quem domina sobre tudo, domine também
sobre a nossa vida.
Conclusão
Acredito
que, para alguns irmãos essa proposta pode ser bastante ousada. Mas insisto em
dizer que é possível. Poderíamos e deveríamos abrir este espaço em nossa mente
e ter a nossa mente controlada por Cristo.
Focar
a volta de Cristo como o ápice da história e da nossa história pessoal dará a
você motivos para este amor intencional.
Mas
também sei que isso poderá não ser natural. Você precisa assumir atitudes que
preparem o seu coração. Volto a sugerir como Pedro, receba pessoas, converse
mais, sente um tempo com um irmão, deixe seus filhos passear com os outros
filhos dos crentes, procure estimular a conversação a aproximação. Facilite a
chegada do amor.
Aplicações para a Igreja
Presbiteriana de Vila Formosa
Caros
irmãos, precisamos de pessoas que estejam dispostas a puxar a linha de frente
deste modelo de vida. Sabemos que se um núcleo de pessoas assumirem este preço,
muitos outros irmãos serão atingidos.
Muitos
pecados serão evitados e muitas coisas boas acontecerão porque Cristo usará a
nossa igreja para a glória de Deus. Na verdade, não estou pedindo muito, apenas
que você esteja disposto a mudar o paradigma de decisão e viver controlado pelo
trono de Cristo.
Estamos
desenvolvendo alguns ministérios e quero convidá-lo a nos ajudar. Primeiro, o
Beith DAvar – um ministério de comunhão e evangelização. Temos duas Beith Davar
funcionando, mas poderíamos ter mais locais de encontro. Você gostaria de
começar um trabalho na sua casa? Receber irmãos e compartilhar sua vida com
eles. Gostaria de compartilhar sua fé com seus vizinhos?
Temos
um trabalho no Carrão que está precisando de irmãos que tenham a coragem de nos
ajudar a plantar uma igreja naquele bairro. O que você precisa e ter a
disposição de, ao menos duas vezes por mês, nos ajudar neste trabalho.
Nossa
igreja pode e deve fazer muito mais, mas isso só acontecerá quando os membros
decidirem que irão viver para Deus e serão usados. Enquanto mantivermos
desculpas e compromissos apenas com as nossas coisas, teremos dificuldade para
isto.
Uma
igreja vibrante, uma igreja trabalhadora, que evangeliza, que apoia o ferida e
que cresce, precisa de que você olhe para os campos e perceba que é chegado o
tempo de plantar e colher.
Oração
Deus
venha nos usar!
Muito boa a mensagem, que Deus continue te abençoando meu irmão. E porque amamos a Deus guardamos os seus mandamentos, não como um fardo mas por prazer e que muitos não entendem.
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