11 de agosto de 2013

Êxodo 20.13

“Amor à Vida - Não Matarás”
Êxodo 20.13

Introdução
O sexto mandamento é um chamado ao amor à vida. Nele, o Senhor nos convoca a valorizar a vida do nosso próximo e fazendo isso, valorizar o doador da vida.
Precisamos considerar essas palavras, principalmente olhando para o propósito maior dos mandamentos que é nos conduzir a “amar a Deus sobre todas as coisas” e “demonstrar este amor, amando o próximo”.
Nossa meditação neste mandamento se tornará ainda mais profunda quando considerarmos o modo como o próprio Jesus o ensinou, ao nos mostrar que o “não matarás” não é um mandamento que apenas proíbe o homicídio, mas o também coíbe o ódio.
O que precisamos inicialmente é de uma capacidade de auto avaliação para não cairmos diante deste mandamento. Jesus, nos concita a pensar que o mandamento nos acusa contra qualquer atitude que nos afaste do próximo.
Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo (Mateus 5.21-22).  
Meus irmãos não podemos minimizar a seriedade deste mandamento de Deus. Ele não pode ser considerado como algo distante de cada um de nós. Ao contrário, devemos, com seriedade, considerar o fato de que é muito possível que caiamos diante deste mandamento.
O que acontece quando caímos diante deste mandamento? Em geral, devemos pensar que, nossa relação com Deus fica comprometida e não podemos realmente nos relacionar com o Altíssimo de maneira livre. Convido você a deter-se por alguns momentos nos alertas deste mandamento a fim de que sua vida seja construída de tal forma que glorifique e ame a Deus. 
“Não matarás” é um alerta contra a nossa inclinação para mostrar rebeldia contra Deus, agindo contra o próximo
O primeiro caso de homicídio relatado nas Escrituras tem no seu contexto um coração que estava irado e revoltado contra Deus. Estamos falando da história de Caim e Abel, quando o mais velho dos filhos de Adão tirou a vida de seu irmão.
O texto bíblico nos apresenta um Caim irado e revoltado contra Deus. Ele estava irado e descontente com Deus. Não podendo acender a sua ira e matar o próprio Deus, levantou-se contra Abel.
Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta, ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira Caim, e descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo. Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão e o matou (Gênesis 4.4-8).
Pensando melhor nessa história, o que fez Abel à Caim? Por que Caim se levantou contra o seu irmão, que, a julgar pelo texto, nada percebeu de estranho em seu irmão? Por que planejou a emboscada, levando-o para longe da visão de seus pais e talvez de outros irmãos?
Nosso coração é potencialmente assassino. Em nossas mentes é que os assassinatos nascem. Dizem que certos crimes contra a vida são motivados por forte emoção, mas devemos considerar que eles não nascem no nada, mas em pensamentos revoltados contra a vida e, ainda que não conscientemente, pensamentos que nos fazem revoltados contra Deus.
Porque de dentro do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem (Marcos 7.21-23).
Ainda que isso se mostre bastante duro e as palavras pesadas. Todos nós devemos considerá-las como um grande alerta de Deus para nós.
Um mandamento contra o homicídio e contra o ódio em relação ao próximo é resultado do conhecimento que Deus tem de nossa natureza e de como precisa ser freada para nosso próprio bem.
O homicídio de Caim não nasceu do nada, mas de um alimentar constante de sua mente com sua revolta, sua ira. Fruto de um desejo de auto afirmação que o dominava e que o impulsionava ao ódio contra Deus, que se consumou no assassinato de seu irmão.
Meus irmãos, pecados que nos fazem rejeitar o nosso próximo e nos conduzem a atitudes que “matam” o nosso próximo em nosso coração (lembre-se das palavras de Mateus 5.21-22) são fruto de nossa impaciência para com a vontade de Deus, para com aquilo que ele determinou para nós e nosso próximo.
Devemos nos lembrar que todos os seres humanos, sem exceção, não importando quem sejam ou o que façam, como pensem, ou o que amam, foram criados à imagem e semelhança de Deus. Matar alguém é diminuir a importância dessa imagem.
Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem (Gênesis 9.6).
Toda a inclinação do nosso coração contra Deus se levantará de forma prática contra o nosso próximo. Devemos repreender o nosso coração quando ele se levantar contra o próximo. Atitudes que nos afastam das pessoas são condenadas nesse mandamento.
O alerta de Deus no “não matarás” é um alerta contra esse potencial de revolta que existe em nosso coração e, que se materializará em um incapacidade de conviver em paz e harmonia com aqueles que nos rodeiam.

“Não matarás” é um alerta contra a nossa inclinação para o autoamor idolátrico
O autoamor idolátrico é o princípio fundamental de todo o comportamento pecaminoso.  Trata-se da substituição no fundamento de nosso propósito existencial.
Em outras palavras, com o pecado, o coração do homem passou a viver para si mesmo. O ser humano passou a entender e pensar nas coisas a partir de sua vontade, suas necessidades, de si mesmo. Somos fortemente inclinados a tomar nossas decisões baseadas em um autoamor idolátrico, que nos torna a prioridade máxima de nós mesmos.
Ao nos dar um mandamento em que exige a valorização da vida do próximo, Deus nos propõe uma visão que repele esse autoamor idolátrico. Deus começa a agir em um patamar primordial, que é a nossa relação com aquelas pessoas que nos são iguais.
Voltando aos exemplos bíblicos, veremos o primeiro comportamento de desamor ao próximo. Aconteceu antes mesmo do primeiro assassinato, quando existiam apenas duas pessoas na face da terra. Estamos falando de Adão e Eva, logo depois que tomaram do fruto proibido e foram descobertos por Deus.
Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então, disse o homem: a mulher que tu me deste por esposa, ela me deu da árvore e eu comi (Gênesis 3.11-12).
O autoamor idolátrico já havia se instalado no coração humano, quando Eva tomou o fruto com a proposta de que seria conhecedora do bem e do mal, também Adão, da mesma forma, pecou e abraçou ao amor idolátrico. Mas, foi aqui, quando Adão acusou Eva, depois de mostrar sua rebeldia contra Deus, que ele deixou o seu autoamor idolátrico levá-lo a matar Eva em seu coração.
Precisamos de toda a atenção contra este intruso em nossa vida. O autoamor idolátrico nos impele e rejeitar Deus e também a rejeitar as pessoas ao nosso redor, as quais nos foram dadas para que amemos e cuidemos delas.
“Não Matarás” é o ponto de partida para o cumprimento de “amar o próximo como a nós mesmos”. Ele exigirá a morte do autoamor idolátrico. Devemos nos exortar com essa palavra a não nos considerar em grau de maior importância que os outros.
Em geral, é por causa da falta de percepção de que nos inclinamos ao autoamor idolátrico que pecamos tanto contra o nosso próximo e deixamos nosso coração andar a largos passos para o desamor.

“Não matarás” é um alerta contra a nossa falta de atitude em prol do bem do nosso próximo
O mandamento não deve ser exclusivamente entendido em seu aspecto proibitivo. Devemos pensar nos mandamentos de Deus também de forma positiva, como nos estimulando a atitudes de valorização e promoção da vida do nosso próximo.
Muitos evangélicos pensam a sua fé apenas em termos de comportamentos estritamente religiosos e se esquecem de que fomos chamados para sermos luz para os homens. A Bíblia diz que a Igreja de Cristo deve iluminar e não pode ficar escondida. Ela é o sal da terra e não deve se omitir.
O compromisso com o bem estar do nosso próximo é tão importante quanto a nossa decisão de uma crença bíblica não herética. Em outras palavras, seguindo o que disse Tiago, irmão do Senhor: “...a fé sem obras é morta”.
A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo (Tiago 1.27).
O Novo Testamento nos conclama a este amor prático e sempre nos conclama a fazê-lo em favor do nosso próximo. Mas essa não um tema exclusivo do Novo Testamento, pois o Antigo Testamento está recheado de muitas acusações contra Israel no que diz respeito ao fato de que perderam o ideal de serem a nação da justiça de Deus. ´
Bem aventurado o que acode o necessitado (Salmo 41.1)
Meus irmãos, estaremos caindo diante do sexto mandamento se negligenciarmos nosso potencial para ajudar as pessoas e nos tornarmos refratários às ações que promovem o bem estar do próximo, especialmente dos necessitados.
“Não Matarás” é um alerta contra o comodismo e nossa inclinação natural para negligenciar atitudes que promovem a vida dos nossos irmãos.
Pensem em que deveríamos colaborar para o crescimento dos outros. Para a construção de uma sociedade onde o mais pobre pudesse viver dignamente e que não houvesse entre os nossos irmãos pessoas passando necessidades básicas.
Não acredito que essas coisas acontecerão pela via das políticas públicas, embora elas devam existir e colaborar para isso. Acredito muito mais que isso acontecerá a partir de atitudes pessoais, baseadas em atitudes de amor e promoção do próximo que vive ao nosso lado.
Acho que a Igreja desempenha o papel de estímulo e ser um ambiente dessa prática. Promova a vida dos que estão ao seu redor, construa a carreira dos outros, trabalhe para que os outros cresçam. Isso é amar o próximo como a nós mesmos. Esse é o desafio do “não matarás”.

CONCLUSÃO
Percebemos que este mandamento é um profundo alerta contra o nosso coração. No final de todas as contas o resultado é que o coração do homem tem dificuldade em amar a Deus sobre todas as coisas.
Para promover esse amor, Deus nos conclama a amar o nosso próximo, fazendo morrer o deus intruso: o autoamor idolátrico. Isso acontece de duas maneiras: a intenção de não fazer mal ao próximo e a promoção da vida do próximo.
A queda diante deste mandamento pode ser um dos fatores mais responsáveis por um tipo de igreja tão vazia de comunhão com Deus e a restauração da Igreja passará necessariamente por uma observação deste mandamento.
 
Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Insisto com os irmãos que a nossa igreja tem recebido muitas bênçãos de Deus e que devemos não negligenciar tudo o que o Senhor nos proporcionou.
Primeiramente devemos urgentemente aprender a nos perdoar e a nos amar, valorizando o nosso irmão e jamais promover em nosso coração qualquer sentimento de desafeto. O que, às vezes, é tão comum entre nós.
Por outro lado, acho que nossa igreja deveria aceitar mais claramente a missão de sal da terra e luz do mundo de uma forma mais prática. Acho que ainda somos muito devedores à sociedade que nos cerca. Eu os conclamo a pensar e trabalhar para fazer a nossa fé ser prática e vivida em atitudes mais claras em favor do próximo.
Coloque em oração e disponha a sua vida para tal.
Oração
Ajuda-nos a amar com Cristo nos amou e a si mesmo se deu por nós. 
Amém!


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