18 de agosto de 2013

Êxodo 20.14

“Não Adulterarás - A Escola do Amor”
Êxodo 20.14

Introdução
O sétimo mandamento “não adulterarás” nos chama a viver a vida conjugal como uma profunda e constante demonstração de serviço e entrega a Deus.
O adultério fora descriminalizado na maior parte dos países Ocidentais e de maioria cristã. De certa forma, a relação extraconjugal foi  banalizada na cultura ocidental do final do século XX. Entretanto, os valores produzidos pela fidelidade conjugal extrapolam as necessidades sociais e produz efeitos espirituais de um relacionamento que nos conduz a Deus.
Nesta mensagem, teremos em tela este mandamento e as implicações de sua quebra para a vida com Deus, procurando avaliar a sua importância para o crescimento de nossa capacidade de amar a Deus, amando ao próximo.
Antes de começar a considerar o mandamento em si, caminhemos um pouco na Escritura, até Mateus, no Sermão da Montanha. Ouçamos o que Jesus tem a dizer sobre o adultério:
Ouvistes o que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela (Mateus 5.27-28).
Evidentemente, o adultério não é apenas uma circunstância que se consuma em um ato físico, mas um pecado que se realiza dentro do coração e tem relação com as intencionalidades, muito mais que com as ações em si.
Por isso, começamos a considerar que estamos diante da necessidade de trabalhar com mais profundidade em nossa alma para vasculhar os cantos mais escondidos da nossa natureza a fim de investigar se de fato nós também temos pecado contra Deus e pecado pela quebra do sétimo mandamento.

Adultério - Um Pecado Que Corrói o Amor Pela Pessoa Mais Próxima
O cumprimento da Lei de Deus é o amor. Amar é viver no padrão que Deus exige dos seus filhos (Romanos 13. 8 a 10). Amar não é apenas uma escolha por um caminho melhor que outro, amar é escolher o caminho de viver para Deus, refletindo o desejo de Deus para aqueles que o seguem.
O Decálogo (Dez Mandamentos) nos foram deixados com a finalidade de nos mostrar a nossa dificuldade de viver o padrão do Deus de amor. E o modo como ele parece se estruturar nos faz pensar que Deus deseja que avaliemos o modo como nós deixamos de amar as pessoas que estão mais próximas de nós.
Depois do amor aos pais, que fazia a transição entre o amor a Deus e ao próximo. O sexto mandamento nos conduziu a pensar que o amor ao próximo, seria antes de tudo, respeito ao doador da vida, pois matar e deixar de manifestar amor ao próximo é algo completamente indesejável.
O adultério é a face mais terrível da falta de amor, pois é, um pecado contra a pessoa que se torna mais próxima de nós, nossa própria carne. A Bíblia fala que amar o cônjuge é como amar a si mesmo e cuidar dele é como cuidar de nós mesmos (Efésios 5.28 e 29).
O adultério é um pecado que afeta não somente o cônjuge, mas os filhos. Pais equilibrados amam os seus filhos. Os filhos conquistam o nosso amor de uma maneira tão profunda que é, por assim dizer, inexplicável. O adultério é um pecado contra a família e afeta diretamente as relações de amor mais espontâneas e intensas, afinal os filhos e o cônjuge são pessoas mais próximas de nós.
Um Mandamento Contra o Egocentrismo
Amar a pessoa mais próxima de nós, a despeito de seus defeitos e erros, é um aprendizado para amar qualquer pessoa. O mandamento contra o adultério é um estímulo a vencer as barreiras ao amor. A principal barreira é o do egocentrismo.
O egocentrismo é o principal mal do coração humano e os mandamentos do Decálogo estão focados em nos mostrar este perigo. Neste sétimo mandamento somos provocados a pensar no fato de que o adultério é a busca de uma satisfação carnal que ocorre por meio de um pecado que machuca as pessoas mais próximas.
Decorre disto a nossa percepção de que o adultério tem sido tão normal em nossos dias, justamente porque vivemos em meio uma sociedade completamente egocêntrica. Portanto, é por isto que o adultério é recebido de uma maneira quase natural.

Adultério - Um Pecado que Destrói a Escola de Amor Prático
Quando casamos com alguém somos levados a viver em uma condição muitíssimo particular de aprendizado. Depois de algum tempo de namoro e noivado, onde algum conhecimento sobre a outra pessoa pode ser desenvolvido, passamos ao casamento.
No casamento, o conhecimento que temos um do outro passa a um nível muitíssimo mais profundo. Passamos a conviver e dividir tudo com outra pessoa, muitíssimo diferente de nós mesmos.
O lar é um lugar onde primeiramente aprendemos a amar o próximo. Os pais e os irmãos são os nossos primeiros desafios de “outros seres humanos” para amar. Gente diferente de nós e que aprendemos com elas o equilíbrio de um amor que quebra o egocentrismo. Entretanto, amar familiares como o pai, a mãe e os irmãos conta com um elemento que nos ajuda: é um amor que se desenvolve de forma mais natural e espontâneo. Afinal, trata-se  de amar pessoas que têm o nosso sangue, as quais acompanharam e influenciaram nossa vida desde os primeiros dias. O amor se constrói por coisas muito comuns.
No entanto, quando casamos, vamos para casa com uma pessoa com a qual não convivemos a infância, não conhecemos completamente e temos diferenças grandes de muitos tipos.
O que destacamos aqui é que a vida conjugal é a continuidade do aprendizado do amor em uma situação mais concreta amor que devemos ter pelo nosso próximo, no casamento entramos na escola de aprender a amar alguém muito diferente de nós. O casamento será a escola do amor do resto de sua vida, pois, para o resto da sua vida, conviveremos com situações em que as diferenças precisarão ser vencidas pelo amor.
No casamento aprendemos a perdoar, a cuidar do próximo e a zelar pelo crescimento dos outros no contexto do casamento, mais que em qualquer outro lugar.
É no contexto do casamento que somos desafiados a ver a face mais transparente do próximo. Porque, o relacionamento com as outras pessoas é sempre parcial e debaixo de certas “máscaras”. Mas, no casamento, não conseguimos esconder quem somos por muito tempo, tampouco o nosso cônjuge.
Amar não é apenas o resultado de um desejo, mas a construção de um hábito. Você precisa treinar a sua mente (coração) para viver em amor em situações práticas. Em outras palavras, devemos destacar que o casamento é a escola mais oportuna para a aquisição destes bons hábitos de amor.
A quebra do sétimo mandamento destrói essa oportunidade é a reprovação na principal escola do amor, que é a mais importante matéria da escola da vida. Quando você abandona o amor conjugal pelo adultério, você está se lançando para fora do ambiente em que Deus te ensina a pós-graduação, o pós-doutorado do amor.

Adultério - Um Pecado Que Revela Um Coração Corroído Pelo Egoísmo
Jesus Cristo, no Sermão da Montanha (Mateus 5.17 a 32), nos deixa muitas preciosas lições sobre o que é o adultério. Em destaque, Jesus pontua que o olhar para alguém com intenções impuras comete adultério.
Jesus localiza o pecado no nível das próprias intenções. Ser alertado sobre isto é importante para que saibamos que não podemos brincar, nem um pouco com os nossos pecados. É muito importante que tenhamos a noção da força do pecado e treinemos muito nosso coração para não cairmos em tentação.
O mandamento contra o adultério é um forte apelo de Deus para lutarmos contra o egocentrismo o autoamor idolátrico. Quando Jesus nos chama a pensar o adultério como partindo das intenções do coração ele está propondo a seriedade e importância de se lutar com todas as forças para dominar os nossos desejos. Podemos dizer que o sétimo mandamento nos alerta contra o perigo de vivermos de forma autocentrada.
Não haverá crescimento espiritual e uma relação completa com Deus enquanto em nosso coração ainda estivermos buscando a nós mesmos como razão final de tudo. Ao contrário, precisamos e somos chamados por Cristo a viver de uma forma peculiar de vida: a vida de amor (Mateus 5.43-48).
Eu porém vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai Celeste (...) Porque, se amardes os que vos amam, que recompensas tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celestial (Mateus 5.43-48).
A vida conjugal é a maior escola do amor. Mais que o lar dos nossos pais, onde aprendemos os primeiros passos do amor, no casamento somos lançados nas condições mais reais de amor ao próximo.
O amor a Deus só pode ser visto na medida de nosso amor ao próximo vence todas as barreiras, a ponto de que o desafio de Cristo aqui no Sermão da Montanha seja vencido. Não venceremos enquanto não vencermos a nós mesmos e este é o grande desafio: aprender a abandonar o autoamor idolátrico o egocentrismo.
CONCLUSÃO
Os que são casados sabem como é difícil decidir viver para outra pessoa, na maior parte das vezes tão diferente de nós. Os primeiros anos da vida conjugal acredito que sejam os mais difíceis, porque neles empreendemos todos os ajustes da nossa mente.
Mas, conforme o tempo vai passando e que vamos nos adaptando, vão surgindo diferenças maiores. As principais é que nossos erros carregam o peso dos anos que se passaram e que deveríamos já ter aprendido algumas coisas. Acho que alguns anos de casamento, principalmente quando os filhos veem e começam a necessitar de nossa atenção e cuidado, bem como ensino prático, somos forçados a aprender a lutar uma verdadeira e ampla guerra contra o autoamor idolátrico, sofrendo tiros de todos os lados. De vez em quando, dá vontade de dizer: ei... Vocês perceberam, eu também existo! Mas não há tempo...
Temos de continuar amando aquelas pessoas tão próximas de nós. Neste momento é que o adultério tem o seu poder mais destrutivo, mais que nos primeiros anos, porque oferece a ilusão de uma saída, escondendo o fato de que está destruindo a nossa maior chance de aprender a amar como Deus nos amou.
Caros irmãos e irmãs. Quando vencemos essa luta contra o autoamor idolátrico, estamos preparados para a vida adulta madura e prontos para mostrar em algo grau o verdadeiro amor que vem de Deus. Bom é quando aprendemos isso em um tempo mais cedo, quando ainda podemos deixar o nosso exemplo para os nossos filhos, antes que eles se casem.
 
Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Como igreja, precisamos investir na família. Precisamos investir nas ações que fortalecem os lares e nos ajudam a manter lares vitoriosos.
Lares vitoriosos existem em um contexto em que o autoamor é vencido pela liberdade de amar uma pessoa mais que amamos a nós mesmos e cuidamos de uma pessoa mais que cuidamos de nós mesmos.
Valorize seu cônjuge, valorize o seu lar e lute contra a sua mente quando as intenções do seu coração quiserem te trair. O adultério não deve ser considerado apenas como a busca de uma outra pessoa, mas a busca desequilibrada por si mesmo.
Não somos uma igreja de familiar perfeitas, mas acho que temos muitas famílias que estão dispostas a aprender. Quero convidar a todas essas famílias a usufruírem das grandes oportunidades que temos de aprender melhor, mas principalmente a usufruírem das grandes oportunidades que possuem dentro do seu próprio lar. O seu lar é uma grande oportunidade e uma grande escola, a pessoa que Deus lhe deu por cônjuge é o seu professor/professora do amor, aprenda com ela/ele e, ensine a seus filhos.
Oração
Que nossas famílias sejam conhecidas como famílias benditas de Deus. Amém!


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!