“Cristo Venceu a Morte que Havia em Mim”
(Marcos 16.9 a 11)
Foco da Nossa Condição Decaída
A consciência da ressurreição de Cristo é o começo da nossa própria ressurreição e, por isso, o primeiro passo dessa nova vida implica em fazer morrer a nossa velha natureza. Por isso, precisamos saber o que Cristo venceu quando ressuscitou: ele venceu a morte que havia em nós
Introdução
Os apóstolos de Jesus tiveram uma grande dificuldade para compreender tudo o que estava envolvido na ressurreição. Mas Jesus Cristo venceu a sua falta de fé e lhes mostrou o poder da ressurreição. Por isso, logo se tornaram os anunciadores da nova vida e do poder da ressurreição.
A ressurreição não é apenas uma nova fase na existência de Cristo Jesus. Não se trata apenas de um novo momento ou uma vitória sobre um inimigo. A ressurreição é o início de toda a nova existência e do novo mundo que Deus está trazendo sobre todos nós.
Não estamos apenas diante de um fato teológico sobre a vida de Jesus. A ressurreição é um fato cósmico da Criação. Deus trouxe sobre a Criação a primícia da restauração, a saber, Cristo Jesus ressurreto o primeiro a experimentar a vida incorruptível aqui na terra, o primeiro a viver a vitória final sobre toda a corrupção do pecado que dominou a Criação após a queda.
O apóstolo Paulo nos apresentou um novo modo de ver a vida. Ele, guiado pelo Espírito Santo, nos revelou o conceito de que somos “ressurretos com Cristo”, o que implicava em um modelo de vida, por isso ele se referiu à esse povo como sendo “os ressurretos em Cristo”.
Pois quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos da iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus como instrumentos de justiça (Romanos 6.10-14).
No texto desta noite vamos fazer uma relação entre a ressurreição e a sua vitória sobre o Velho Homem que se corrompia pelo pecado. Veremos que a ressurreição de Jesus vence a morte que está sobre nós e isto implica em uma verdadeira morte e ressurreição para nós.
Conhecemos o fato de que alguns estudiosos rejeitam a autenticidade dos versos 9 a 20 como sendo um final original do texto de Marcos. Entretanto, por várias razões, consideramos que estes versos podem ser cridos pela Igreja de que fizeram parte do evangelho deste os seus originais, embora não constem nos dois textos mais antigos. Evitaremos nos aprofundar nessa questão na meditação desta noite, apenas explicando a todos que cremos na autenticidade deste final longo.
A Ressurreição de Jesus Venceu a Nossa Morte
Quando Pois Um Ponto Final no Domínio do Pecado Sobre a Sua Vida
Quando Marcos escreveu o seu Evangelho intentava dar à igreja as razões reais para continuarem firmes na sua fé. Afinal, eles estavam vivendo tempos de grande indecisão, nos quais a fé tomava o contorno de algo de pouca importância. Eles estavam começando a pensar que a fé era mais um elemento deste mundo.
Nos nossos dias, pessoas também tratam a sua relação com Deus como parte de um todo. Não perceberam que a fé em um Deus vivo deveria transformar verdadeiramente toda a sua realidade. Estamos falando exatamente daquilo que Paulo ensinou: um modo ressurreto de enxergar a vida e experimentar o mundo.
Marcos apresentou suas verdades dando um destaque especial para o fato de que Jesus era o Filho de Deus que veio até nós e que este morreu e ressuscitou.
Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios (Marcos 16.9).
Marcos escreve aos seus leitores e lhes dá conta de que a ressurreição não era apenas uma demonstração do poder de Deus, mas o agir deste poder destruindo as trevas que estão presentes no homem e no mundo ao seu redor.
Neste verso, há duas coisas que me chamam a atenção. A primeira delas é que ele dá muita ênfase ao fato de que o Cristo ressurreto escolheu manifestar-se primeiramente à Maria Madalena. A segunda coisa que me chama a atenção é que ele põe em destaque quem era Maria Madalena, aquela que havia sido controlada por sete espíritos malignos.
Maria Madalena, uma mulher possuída por espíritos malignos, recebeu a graça de ser a primeira mensageira da mensagem de esperança a todos os homens? Você compreende onde Deus deseja chegar com essa escolha?
Deus está nos mostrando que a morte que antes nos dominava não tinha mais nenhuma influência sobre nós. A dignidade no Reino de Deus nada tem a ver com quem éramos ou até mesmo quem somos, no Reino de Deus tudo tem a ver com a vida que Cristo nos deu.
O pecado não terá domínio sobre nós, a ressurreição de Cristo garante isto, porque a ressurreição de Cristo faz morrer o nosso velho homem e a sua corrupção.
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura, as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2 Coríntios 5.17).
O que temos diante de nós é a apresentação da ressurreição como o poder transformador de Deus que venceu a toda a influencia da morte sobre nós. Estamos falando de qualquer um aqui esta noite e que todos podemos ser os verdadeiros portadores da nova vida e de sua mensagem ao mundo. Deixarei algumas das conclusões para o final.
A Ressurreição de Jesus Venceu a Nossa Morte
Quando Ele Venceu Nossa Inclinação de Buscar Alegria em Coisas Passageiras
Jesus Cristo havia chamado os seus discípulos para um momento muito particular antes mesmo de ter sido preso pela guarda romana. Quando estava com eles no cenáculo, antes mesmo de comerem a Páscoa, ele os ensinou a respeito da necessidade de sua partida e lhes disse que deveriam ser guiados pelo Espírito Santo em um novo padrão de vida.
Entre as tantas coisas que Jesus ensinou ele lhes falou sobre o fato que ele lhes daria paz e que esta seria de uma natureza diferente do que estavam acostumados. Ele compara a paz que haveria de trazer sobre eles com a que o mundo lhes dava.
Deixo-vos a paz, a minha paz vou dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração nem se atemorize (João 14.27).
Nosso coração naturalmente se inclina à busca da alegria. A alegria é a experiência almejada por todos. De alguma maneira buscamos sempre um descanso e anelamos paz para o nosso coração. Isto é o que todos os seres humanos experimentam.
A questão presente nas palavras de Jesus é que o tipo de paz que ele estava propondo não dependia das condições oferecidas pelo tipo de paz que os homens obtinham no mundo. Eles estavam acostumados a um tipo de paz baseada nas realizações e condições de um mundo instável e controlado pelo pecado, Cristo entretanto poderia lhes oferecer um nível diferente de paz, que poderia manter o seu coração em paz baseado em uma condição de existência e valores eternos.
Marcos, de certa maneira, choca os seus leitores quando retrata os apóstolos como homens que estavam tristes e temerosos.
E partindo ela, foi anunciá-lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se achavam tristes e choravam (Marcos 16.10).
Os conhecidos apóstolos, Pedro entre eles, estavam desolados com os acontecimentos do fim de semana. Eles esperam a vitória em Cristo, mas o viram morrer. Eles gastou tempo com eles, ensinando-os a respeito do fato de que haveria de padecer sob o poder dos homens, mas que o poder de Deus o ressuscitaria. Tema tão explorado no próprio Evangelho de Marcos. Mas, mesmo com tanto estímulo para crerem, eles estavam tristes e chorosos.
O que estava acontecendo é que eles era o que hoje nós chamaríamos de “realistas”. Em outras palavras, eles talvez estivessem vivendo sob o impacto do fato de que Cristo havia sido tão rejeitado que realmente poderia não ser o Messias. Aliás, não somente isso, o fato é que ele fora sepultado e tudo estava, então, acabado. O relato da conversa dos discípulos do caminho de Emáus retrata bem esta condição dos pensamentos do coração dos apóstolos.
Na sua ressurreição Jesus veio trazer outro parâmetro para a nossa verdadeira paz e felicidade. Ele nos apresentou a fé no poder de Deus como a verdadeira fonte de nossa paz e segurança. Essa já era a ideia dele quando lhes falou ainda naquele Cenáculo, ao dizer-lhes:
No mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo (João 16.33b).
Ele não nos ensinou a respeito de uma paz que se baseasse na ausência de aflições, mas em uma paz que se torna real apesar das aflições. Ela se constrói na certeza de que o mundo foi vencido por Cristo, na sua ressurreição.
Jesus venceu toda a estrutura da felicidade baseada nas coisas passageiras e propôs um modo diferente de vermos o mundo, uma visão apartir da certeza da ressurreição. Os discípulos aprenderiam isso e desfrutariam de um tipo de fé tão elevada que os levaria a se tornarem transformadores do mundo ao seu redor.
A Ressurreição de Jesus Venceu a Nossa Morte
Quando Ele Venceu a Nossa Tendência à Incredulidade
A incredulidade é uma marca dos relatos posteriores à ressurreição. Em particular no Evangelho de Marcos, a incredulidade parece ser a lição no centro do quadro descrito pelo evangelista.
Estes, ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram (Marcos 16.11).
Devemos considerar com sinceridade o fato de que somos muito movidos pelas coisas que vemos. Em particular na mente do homem moderno, a sua segurança tem um nome: prova científica.
De uma forma geral, apresentamos a verdade científica como a única capaz de nos trazer segurança. É assim que as pessoas vendem para nós desde pastas de dentes até aparelhos eletrônicos, ou receitas de emagrecimento. Todos dizem: é o método do doutor fulano de tal e tem pesquisas científicas sobre o assunto. Não importa, se é um ator que está vestido de cientista, o importante é que nos sintamos amparados pela prova científica.
Será que podemos recriminar os discípulos por não crerem em Maria Madalena ou mesmo nas outras mulheres? Não estaria Tomé certo em desejar ver e tocar nas feridas de Jesus.
A ressurreição de Jesus veio deixar uma nova maneira de se guiar pela verdade. Ela veio trazer à luz a fé como uma certeza suficiente para determinar a nossa vida. Por isso, após o incidente de Tomé Jesus deixou uma das mais preciosas lições para a povo ressurreto:
Bem aventurados os que não viram e creram (João 20.29).
Meus irmãos, os discípulos tinham as suas esperanças esvaídas e seus corações se mantinham incrédulos porque as categorias que lhes movia era a realidade presente. Jesus, ao lhes censurar a incredulidade e aparecer diante deles ensinando-os a respeito do Reino dos Céus, lhes anunciou um novo modelo de vida, a vida de quem vê o mundo pela fé: O justo viverá por fé.
Há muitos crentes vivendo suas esperanças nas categorias baseadas nas premissas daquilo que podem ver, tocar, dominar, baseadas em sua realidade. Uma vida ressurreta é guiada pelo poder do alto, pela fé e convicção na força, poder, majestade e governo de Deus por meio do Cristo Vivo.
A ressurreição de Cristo venceu a morte que se manifesta em uma tendência grande para a incredulidade, a dificuldade para crer e confiar a direção da nossa vida aos céus.
Conclusão
Se Deus quiser, este texto será nossa meditação no próximo domingo. Hoje, estamos vendo este texto a partir da vitória de Jesus sobre a influencia da morte na nossa vida.
Há muitas maneiras da morte se manifestar em nós. O nosso modo de vida, quando concentrado nas premissas e estruturas do egocentrismo ou do chamado realismo mundano, é um modo de vida de morte. Ou o que o sábio chamaria de “caminhos de morte”.
Entretanto, a ressurreição de Jesus é o poder de Deus inserindo vida em nossa vida, trazendo luz às trevas sepulcrais do mundo em que vivemos e de nossa própria vida. Jesus, ao ressuscitar, nos concedeu uma porta para a vida eterna. Ele trouxe a vida ao sepulcro isso diz muito sobre o que ele faz na tua vida.
Precisamos compreender que a ressurreição é a vida eterna se inserindo em nós. Cristo é primícia da nossa nova vida e a nossa própria vida. Essa vida um dia irá se manifestar e será a realidade da qual desfrutaremos.
Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória (Colossenses 3.4).
Aplicação Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Você, meu querido irmão, chamado para servir a Deus nessa Igreja Presbiteriana, deve refletir sobre o fato de dar a esse mundo um bom exemplo de vida ressurreta.
Desejo ver entre nós uma realidade ressurreta, na qual nossa igreja seja usada por Deus para trazer a este mundo um modelo baseado na vida ressurreta que nos foi dada e confiada, pela mensagem da ressurreição.
Isso não é uma questão do que o pastor pode ou não fazer, não é uma coisa institucional, mas uma decisão de cada um nós. Uma decisão que se constrói por uma fé verdadeira no fato de que Cristo Vive e Reina. Aleluia!
Oração
Aumenta a nossa fé e ensina-nos a viver como ressurretos que somos!
Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!