30 de novembro de 2014

Daniel 9.1-14

“A Justiça de Deus e o Coração do Homem”
Daniel 9.1-14

Foco da Nossa Condição Decaída
Daniel 9, um dos capítulos mais belos da Escritura, fala sobre a justiça de Deus e a esperança de que ela cumpra todo o papel para a qual foi planejada e determinada: levar o coração do povo da aliança de volta ao Senhor. Precisamos aprender a respeito deste aspecto harmonizador da justiça de Deus para que  possamos vivenciar seus atos de justiça e crescer. Pois toda a disciplina e correção do Senhor tem o santo propósito de moldar nosso caráter conformando nossa vida àquela vida preciosa do Filho Unigênito de Deus.

Introdução
Meus caros irmãos, a profecia de Daniel, como já disse algumas vezes em outras mensagens desta série no profeta, aponta para o governo de Deus sobre todas as coisas. Nela, vemos os reinos se sucedendo e o servo de Deus, Daniel, sempre firme e mantido em elevada posição, mesmo nos dias de perseguição contra a sua fé.
Capítulo 9.1-3
O capítulo 9, aponta para o primeiro ano do Reinado de Dario, já sob os poderes da corte medo-persa. Dario governava em nome de Ciro, o grande conquistador e deu à cidade da Babilônia um grande destaque, uma vez que a conquistou sem destruí-la.
Daniel, guiado pela palavra de Deus, o profeta Jeremias, via naquele reinado o fim de um prazo prometido por Deus: os setenta anos de cativeiro. Então, também se ocupou em entender o que todo aquele período deveria significar para o povo da aliança e como deveriam ter reagido, estando tanto tempo sob a disciplina do Senhor.
Os três primeiros versos deste capítulo são uma espécie de introdução para estas reflexões que são pontuadas em termos de sua grande súplica a Deus, por causa dos pecados de Israel.
O que Daniel está fazendo aqui no capítulo 9 é elevar a Deus uma prece, nascida de sua percepção dos propósito de Deus com seus atos de justiça sobre a vida do seu povo. Daniel, buscou a face de Deus, por ter compreendido que os atos de justiça de Deus eram necessários para moldar o coração de Israel.
Semelhantemente, eu e você precisamos conduzir a nossa vida por uma percepção mais bíblica do que está acontecendo em nossa vida e ao nosso redor. Poucos estão se ocupando nessa vida de perceber sua realidade e o que Deus está fazendo, porque estão vivendo seus exílios. Por isso, muitos passam pelas mais duras reprovações de Deus e o máximo que o seu coração sente é uma frustração pessoal, sem jamais se aproximarem de Deus e usufruírem o melhor da graça que é ser corrigido pelo Senhor.
Enquanto você experimenta os atos de justiça de Deus com uma consciência cauterizada ou morta pelos desejos pecaminosos do seu coração, posso afirmar com segurança que você não está se aproximando de Deus. Porque os atos de justiça de Deus visam fazê-lo ver, quão pecaminoso é o seu coração e , por isso, estimulá-lo a lançar-se diante de Deus quebrantado.
Quero convidá-lo a aprender nesse texto separado quais os efeitos esperados dos atos de justiça de Deus sobre o seu coração pecaminoso e o que Deus espera que aconteça de mudanças na sua vida.

A Justiça de Deus Exerce o Seu Papel Restaurador Com o Objetivo de Ensinar o Nosso Coração a Reconhecer a Elevada Estatura de Deus e Sua Palavra
Depois de tantos anos no cativeiro babilônico, uma das primeiras coisas que conduz Daniel à presença de Deus é o santo temor. Ele entendeu que o Altíssimo tem poder para exaltar e derrubar, isso já ficou claro nos capítulos antecedentes e em toda a profecia.
O versículo 4, aponta para este temor, assim como outros deste trecho. O modo como ele se refere a Deus neste trecho, que diferencia de todo o restante da profecia.
Orei ao Senhor, meu Deus, confessei e disse: Ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos (Daniel 9.4)
Orei ao Senhor - JEHOVAH - Daniel não tinha usado esse nome de Deus ainda na sua profecia e, nesta oração, irá repeti-lo algumas vezes. Este é o santo e terrível nome de Deus, que os judeus preferiam não pronunciar, pois se tratava do nome, pelo qual Deus revelava a sua santidade e o seu amor pactual. Daniel mostra que entende que os pecados de Israel são uma transgressão contra a santidade de Deus.
Meu Deus - Elohim - Ele chama Deus de Elohim e diz que, apesar de ser santo e puro, mesmo assim, era o seu Deus. Sua elevada grandeza de Criador e Altíssimo Senhor, não o distanciava do profeta e entendia que o pecado era mais insidioso por causa disto, era contra o seu Deus, o que Deus que se fez, “seu Deus”.
Ah! Senhor! - Adonai - Daniel destaca o poder de Deus e clama em reconhecimento do fato de que reconhece que todas aquelas coisas eram possíveis porque Deus era poderoso e nada poderia impedir o seu braço de agir e exercer justiça.
Deus grande e temível - El hagadol Uhanora - encerrando a cessão em que ele aponta para quem está do outro lado da corda que une Deus e o homem, ele fala do grande Deus temível. Essa expressão primeiramente destaca que os seus golpes são mais duros que os dos reis que haviam subjugados os reinos humanos, basta a gente ler a visão da estátua que é derrubada por um poder não humano. Ele encerra dizendo que este Deus é digno de ser reverenciado, essa é a ideia de “uhanora” - temível.
Que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos - Este grande e temível Deus deveria ser escutado, ele está do outro lado de uma corda que nos une a Ele e esta corda é a Lei de Deus. Daniel diz que o trabalho contínuo de Deus está ligado à guarda da aliança.
Ele faz uma referência direta ao terceiro mandamento. O qual une os mandamentos, que devem nos conduzir a amar a Deus sobre todas as coisas e o seu nome, que é santo: Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão...
Em outras palavras, as palavras de invocação desta oração nos mostra o entendimento de Daniel a respeito dos atos de justiça de Deus. Ele está nos ensinando que deveríamos olhar para Deus e enxergar sua elevada santidade, poder, amor misericordioso, mas deveríamos tremer diante daquilo que ele fala, pois Deus jamais diz coisas que se deva desconsiderar.
A justiça de Deus tem como parâmetro a sua própria palavra. Deus nos observará segundo a palavra que nos ensina e coloca em nosso coração. Deus está compromissado com sua palavra e pactua conosco que também nos compromissemos com ela.
A justiça de Deus, baseada nos mandamentos da sua palavra, nunca voltará vazia para Deus, mas sempre cumprirá os seus propósitos. Foi assim com Adão e Eva, foi assim com Moisés e a rocha, foi assim com Davi e com Judá e Israel, será assim com você!
A justiça de Deus quer que o seu coração se conforme com o de Cristo, levando-o a reconhecer a elevada condição do nosso Deus e de sua palavra.

A Justiça de Deus Exerce o Seu Papel Restaurador Com o Objetivo de Ensinar o Nosso Coração a Abominar o Pecado
Nos versos 5 a 10, veremos uma repetição da afirmação de pecados do povo da aliança. Estes versos, que compõem a maior parte desta oração, funcionam como uma espécie de coração pulsante, dando o tom de toda a suplica:
Temos pecado e cometido iniquidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o povo da terra (Daniel 9.5-6).
Daniel faz uma profunda reflexão sobre a malignidade do povo da aliança e encontra estes designativos para os seus atos impuros:
Pecado (Catah) - Iniquidade (Awah) - Perversidade (rashah) - Rebeldia (Marah) - Daniel não despreza nenhum dos aspectos negativos do pecado do povo. Não existe desculpa, erramos o alvo, escolhemos a sujeira para amar, fomos imprudentes, incoerentes e rebeldes contra o Senhor.
Daniel, mais uma vez diz que o problema central é que tudo isto aconteceu porque se recusaram a ouvir a voz de Deus, anunciada pelos profetas. Ele diz que esse foi um erro geral, não isenta os reis, os príncipes os pais, nem o povo. AS razões por estarem no cativeiro são muito claras, este povo se tronou desprezível diante de Deus.
Meus irmãos, Daniel usará forte e repetidamente uma expressão: o povo de Deus deveria se envergonhar do seu pecado.
A Ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha (Daniel 9.7) - Esse contraste entre o Deus justo e o povo pecador é repetido nas estruturas que se seguem até o verso 10. Nela o que percebemos é que o profeta conduz o povo a reconhecer o seu pecado e reconhecer que ele destruiu sua comunhão com Deus.
É muito difícil reconhecer o pecado e admiti-lo como a razão da nossa ruína. Em Oséas 14.1, vemos uma repreensão semelhante, quando Deus diz: volta Israel, pois é pelos teus pecados que estas caído.
Precisamos admitir o nosso pecado pessoal e repudiar o caminho do pecado. Isso é o que Deus quer produzir na sua vida, por meio dos seus atos de justiça. Ele não somente visa puni-lo, mas intenta poderosamente corrigi-lo, limpá-lo, purifica-lo, ainda que para isso precise lhe ferir o orgulho, como fez com Israel.
Aprenda a odiar e abominar o pecado, cada vez que o Senhor te corrigir. Isso é o que ele deseja que aconteça em seu coração, quando exerce sobre sua vida a sua justiça.

A Justiça de Deus Exerce o Seu Papel Restaurador Com o Objetivo de Ensinar o Nosso Coração o Verdadeiro Arrependimento
Quando nosso coração se volta para reconhecer a grandeza de Deus e a abominação dos nossos pecados, resta-nos algo ainda. Precisamos aprender a voltar para o Senhor. Precisamos aprender a nos arrepender.
O arrependimento, para muitas pessoas deveria ser uma emoção: eu deveria sentir-me arrependido. Na verdade, o arrependimento ensinado na Bíblia tem dois aspectos: primeiro, é uma ação mental de reconhecimento objetivo do erro; segundo, é resultado de uma nova mente, ou novo coração, que só Deus pode te dar.
Não se trata apenas de sentir um remorso, ou uma tristeza emocional qualquer. O arrependimento é uma tristeza, fruto de uma clara percepção de que estamos errados, tomamos a direção e errada e fizemos o que é mal diante de Deus. Para Daniel, o povo estava sofrendo aquele mal, como fruto de suas malignidades.
Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer a tua voz, por isso, a maldição e as imprecações que estão escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós, porque temos pecado contra ti (Daniel 9.11)
Destruímos nossa vida de comunhão com Deus e muitas vezes da nossa família e podemos dar o nome e a justificativa que quisermos, mas nada mudará o fato de que erramos. Caros irmãos, é essa consciência que Deus espera produzir em nosso coração e nos ensinar a mudar de rota.
Daniel diz que nunca Deus havia feito aquilo debaixo do céu (Daniel 9.12), mas o seu propósito é despertar nossa mente para uma conversão, uma mudança no nosso procedimento. Daniel nos diz que esse era o propósito de Deus e que o povo ainda não havia entendido isto.
Como está escrito na Lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso; não temos implorado o favor do Senhor, nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniquidades e nos aplicarmos a tua verdade. Por isso, o Senhor cuidou em trazer sobre nós o mal e o fez vir sobre nós, pois justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as suas obras que faz, pois não obedecemos a sua voz (Daniel 9.13-14).
O povo poderia ter se arrependido antes, mas não o fizeram apenas por um reconhecimento mental do seu erro. Deus tem dado a Israel tempo para se arrepender e Daniel sabe que aqueles setenta anos profetizados por Jeremias estão se cumprindo e se o povo não se arrepender? Daniel teme por isso, portanto, chama o povo ao arrependimento por meio de sua própria oração de confissão.
Daniel está dizendo a todos, não estão vendo o que Deus quer: quebrantamento e humildade confessante diante do trono da graça? Pois bem, apesar de tudo o que Deus faz, o que entristecia o profeta é que o povo se mantinha de coração duro e distante de Deus.
O que está acontecendo na história? Deus está batalhando pelo coração dos seus filhos para torná-lo SEU. Renda-se a Deus! Este é o clamor da Palavra: filho meu, dá-me o teu coração.
Os atos de justiça de Deus tem como propósito conduzir o seu coração para Deus e isto acontecerá quando você aprender a confessar o seu pecado e a buscar o verdadeiro e profundo arrependimento. Esse arrependimento é fruto da verdade em seu coração, acontece quando o Espírito Santo faz você ouvir a voz de Deus e transforma sua maneira de pensar.

Conclusão
Daniel sabia que o tempo de Deus haveria de se cumprir e o tempo que Deus havia dado para o povo também. Daniel estava buscando a presença de Deus para que este lhes concedesse o perdão de seus pecados, antes que fosse tarde demais.
Ele reconheceu a grandeza do seu Deus e a abominação do seu pecado e do povo. Ele sabia que era necessário se posicionar diante disto e o fez em uma luta pelo verdadeiro arrependimento.
Eu peço a você, meu amado irmão, que não negligencie o tempo que Deus tem te dado. Não se permita brincar com o Senhor, nem deixe sua vida e até de sua família ser afetada pela sua falta de comunhão com Deus.
Hoje ainda, tenha em seu coração palavra de arrependimento. Reconheça que você precisa de Deus e avalie sua vida pela Lei de Deus. Ela é o parâmetro, pelo qual tudo deve ser medido e avaliado. Não deixe seu coração perverso conduzir você pelo que ele pensa: obrigue-se a pensar com a Escritura e busque a Deus, enquanto se pode achar.

Conclusão Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Não desejo me prolongar em uma conclusão para a IPBVF. Pretendo apenas dizer que reconheço que temos pecado e há pecados entre nós e precisamos buscar a Deus.
Somos uma igreja que precisa ocupar um espaço no Reino, fazer a sua obra, mas temos dedicado muito tempo para projetos pessoais. Em geral, pecamos nisso e nos tornamos falhos em priorizar o reino de Deus.

Oração
Confessamos, Senhor, Deus da aliança, grande e temível, todo poderoso, Criador, que nossa prioridade tem sido a nossa vida. Perdoe-nos e nos ajude a olhar para Ti, conceda-nos o coração reto diante de Ti e nos mova na direção certa, Senhor!
Amém!


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