1 de janeiro de 2017

Mateus 3.1 a 10

Série – Cristo e os Obedientes
AS BASES DE UMA VIDA SIMPLES E FRUTÍFERA
MATEUS 3.1 A 10

FCD – Uma leitura direta deste texto apontará a vida de João Batista como um modelo de obediência ao chamado. O ponto central do ministério fiel de João Batista era a sua convocação para uma vida simples. A proposta dele, João, aos homens de sua época era simples: arrependimento, urgência, amor ao próximo e o reino como modo de vida. Vamos ver neste texto como estas coisas devem ser aplicadas ao nosso viver diário.

INTRODUÇÃO
Poucas pessoas no mundo, em toda a história da humanidade, têm alcançado a marca deste homem: João Batista. A força de sua mensagem ainda merece estudos profundos por parte dos estudiosos. As poucas pistas que temos na Escritura sobre a vida deste homem e o alcance de sua influência sobre seus patrícios em sua geração e depois dela já nos mostram o quanto foi preciosa a vida deste homem. Sem dúvida foi um homem marcante.
Os quatro evangelhos destacam sua atividade como a “voz do que clama no deserto”, o preparador para a chegada do Senhor. Um comentário de Jesus sobre sua pessoa nos impressiona a todos: Em verdade vos digo que, dos nascidos de mulher, ninguém é maior do que João Batista. Mateus 11.11.
A vida de João era uma espécie de mensagem viva. A simplicidade exagerada de seu modo de vida apontava significativamente para o que desejava comunicar.
Usava João vestes de pelos de camelo e um cinto de couro, a sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre (Mateus 3.4).
Sem dúvida o centro da mensagem de João é um grande desafio para todos nós. Ele reforçava o seu ensino com uma frase contundente:
Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo (Mateus 3.10).
Você pode elaborar uma grande teoria sobre tudo o que diz este verso, mas tem de concordar com uma coisa. A premissa colocada aqui é simples: a árvore que não produz bom fruto é cortada... não serve, não pode e não permanecerá diante de Deus, é julgada.
O frutificar é o resultado da nossa vida e o simples neste texto é que Deus espera que nossa vida dê bom fruto. Assim como em Isaías 5, o profeta mostra que Deus está decepcionado com o seu povo porque produziu uvas podres e mirradas, aqui, João Batista trabalha com a simples lógica: PRODUZA BONS FRUTOS! Como diria João Batista: SIMPLES ASSIM!!!
A questão que precisamos trabalhar nesta noite irmãos tem a ver como estes bons frutos e como produzi-los. Parece-me que o grande problema para nós não é tanto saber quais os frutos que precisamos produzir. Afinal, todos sabemos que estes frutos estão ligados ao nosso amor primordial a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. E, simples, como a conta um mais um, igual a dois, devemos dizer que: o que não combina com estes dois mandamentos, é fruto ruim.
Portanto, produzir bons frutos é necessário. A questão é: O QUE PRECISO APRENDER PARA ME PREPARAR PARA PRODUZIR ESTES BONS FRUTOS? Em que preciso de mudanças para que esteja preparado para AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E CONSEGUIR AMAR AO PRÓXIMO COMO A MIM MESMO?
A vida simples que devemos almejar, a vida de frutificação é portanto o resultado de transformações que ocorrem no coração e se demonstram naquilo que fazemos como resultado de nossa vida com Deus.

PARA TER UMA VIDA SIMPLES E DE FRUTIFICAÇÃO PRECISAMOS APRENDER A RECONHECER OS CAMINHOS ERRADOS QUE TOMAMOS
Desculpem-me citar uma música popular, na verdade, um rock brasileiro dos anos 80. Apenas para ilustrar lembro de uma frase de Renato Russo: Numa canção, intitulada “Andréa Dória”, na qual Renato lamenta ter percebido que estava errado achando estar certo, ele afirma que já foi ferido por suas escolhas e, então cantava o refrão esperançoso: “nada mais vai me ferir, é que eu já me acostumei, com a estrada errada que eu segui e com a minha própria lei”.
De fato, um dos pontos que desestrutura a relação do homem com tudo o que está ao seu redor é não reconhecer no Universo de Deus o dedo dirigente do seu Criador. Quando traçamos nosso caminho neste mundo, seguindo nosso próprio coração e sem se deixar orientar por aquele que a tudo dá força e dirige, caímos no problema de encontrar adiante de nós o CAMINHO DA MORTE.
A VIDA SIMPLES DIANTE DE DEUS, A QUE PRODUZ FRUTO, SE CONSOLIDA QUANDO APRENDEMOS A RECONHECER OS CAMINHOS ERRADOS QUE TOMAMOS.
Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. Porque este é o referido por intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas (Mateus 3.1-3).
Caros irmãos, acredito que o que falta para nós não é a percepção do certo e do errado, mas a CORAGEM PARA TOMAR A DECISÃO QUE FIRA NOSSO PRÓPRIO CORAÇÃO, MAS NOS LEVA PARA DEUS. A falta de fibra em nossa fé é o ponto que nos impede de tomar a decisão certa. Em geral, a decisão certa, mesmo quando dolorosa, é o mais simples.
Apareceu pregando (Paraguínetai Kerisso) – Mateus trata do surgimento de João Batista como tratará a “parousia” de Cristo, isto é, a segunda vinda de Cristo, como um ato repentino, mostrando o fato extraordinário do seu acontecimento. João Batista, surpreende o mundo de sua época e impacta, propondo à sua geração um CAMINHO SIMPLES O CAMINHO DO ARREPENDIMENTO.
Arrependei-vos – endireitai as suas veredas – O texto reforça a ideia de que o princípio de uma vida que deseja produzir frutos, o primeiro passo desta viagem é O APRENDIZADO DO ARREPENDIMENTO. Muitas vezes, Deus aconselhou Israel desta forma.
O profeta Isaías conclama o povo ao arrependimento (Isaias 1.18-20; 55.6-7), o profeta Oseias fez o mesmo (Os 14.1) e, em geral, todos os profetas apresentam a sua mensagem dizendo que o ARREPENDIMENTO E O RETORNO DOS CAMINHOS MAUS é necessário para uma relação de frutificação com Deus.
Prepara o caminho do Senhor, na mensagem de João Batista é o mesmo que desenvolver o forte senso do ARREPENDIMENTO. SE DESEJAMOS TER UMA SIMPLES-FRUTIFERA DIANTE DE DEUS PRECISAMOS APRENDER A RECONHECER QUANDO ESTAMOS NO CAMINHO ERRADO.
Infelizmente, há muitos que AMAM MAIS AS TREVAS QUE A LUZ e preferem se esconder. Possuem elaborados planos e explicações, mas fogem da SIMPLICIDADE DO EVANGELHO que simplesmente diz: VÁ E NÃO PEQUES MAIS.
Considere atentamente não ser conivente com seus próprios erros. Considere reconhecer seus maus caminhos. Como eu disse: na minha opinião, o que precisamos não é tanto descobrir o que é certo e errado, embora há muito que aprender sobre isto. Eu penso que o que mais precisamos é de CORAGEM para não nos desviar nem para esquerda nem para a direita.
Lembre-se que não adianta nada você andar 99% do caminho corretamente e fazer a última curva na direção errada, você não chegará ao destino desejado. Cuidado para ser um crente que guarda toda a lei, mas tropeça num ponto (Tiago 2.10).
Lembre-se, se no final de tudo, você não conseguiu AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E AO PRÓXIMO COMO A VOCÊ MESMO, então, você precisa REVER OS SEUS CAMINHOS. Outro ponto é que você pode, sim, começar a olhar para as suas escolhas de agora e antecipar em qual direção elas o levarão.

PARA TER UMA VIDA SIMPLES E DE FRUTIFICAÇÃO PRECISAMOS NOS COMPROMETER COM O REINO DE CRISTO
O engajamento no Reino é mais que apenas um assentimento intelectual de que é bom ser um cristão, ou de algum tipo de adesão denominacional. Vou repetir algo que sempre me marcou muito, alguns dos irmãos já sabem disto. Estou falando daquele episódio de Jesus Cristo diante de Pilatos, quando o pretor romano diz que ele estava sendo entregue por sua própria gente.
Jesus, para impressionar a minha alma disse: Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui (João 18.26).
Você consegue também sentir a seriedade deste assunto? Perceba, meu irmão, o ponto que Jesus escancara é que o seu povo não se compromete com o seu Reino, porque o seu Reino não segue a estrutura mundana. Jesus está denunciando que as estruturas que comandam as nossas prioridades precisam ser revistas.
Quando João convocou homens ao arrependimento, também os batizava. O seu batismo tinha a força de estabelecer um padrão de compromisso com uma nova vida, com um novo modelo e padrão de escolhas.
Então, saiam a ter com ele Jerusalém toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados (Mateus 3.5-6).
Saiam a ter com ele e eram batizados – a construção do texto mostra que as pessoas estavam dispostas a ouvir aquele homem e sua mensagem, mas também nos mostra que esta mensagem os impactava. Esta construção usa o verbo “sair para ir” (curioso – poreomai), que tem uma força médio-passiva, que é o mesmo que dizer: ERAM LEVADOS A IR TER COM ELE. O mesmo acontece com o verbo EBAPTIZONTO – que implica em uma ação de ser batizado. Este batismo de João implicava em um compromisso sério com o Reino dos céus.
Confessando pecados – o ato da confissão de pecados é uma decorrência do arrependimento. Trata-se de uma FORMALIZAÇÃO DO ARREPENDIMENTO DIANTE DE DEUS. Este é um ponto importante do ministério de João, ele não buscava seguidores para si, mas os impelia a se comprometerem com Deus e o seu reino.
NÃO EXISTE VIDA FRUTÍFERA SEM COMPROMETIMENTO SÉRIO COM O REINO DE CRISTO – SIMPLES ASSIM. Crentes precisam estabelecer COMPROMISSOS COM O REINO DE DEUS e com ações que o levem a priorizar este tipo de vivência cristã.
Reconhecer o caminho errado é um primeiro passo, comprometer-se com a direção certa é um complemento necessário. Este é o segundo aspecto de uma vida simples e frutífera com Deus que não podemos negligenciar.
Você precisa adotar medidas que potencializem sua condição de amar a Deus e ao próximo, comprometendo-se com este alvo de vida. SIMPLES ASSIM.

PARA TER UMA VIDA SIMPLES E DE FRUTIFICAÇÃO PRECISAMOS APRENDER A DEIXAR A AUTO JUSTIÇA COMO FONTE DE REDENÇÃO
Vamos olhar para um outro aspecto da VIDA SIMPLES E DE FRUTIFICAÇÃO. Agora, entretanto, vamos tratar de uma erva daninha do jardim que tem uma aparência muito bela.
Imagine, você tem um pomar com várias árvores frutíferas, mas tem percebido que as árvores não se desenvolvem. O que acontece, muitas vezes, é que junto com as árvores, cresce uma erva daninha e que suga todo o nutriente da terra, impedindo o desenvolvimento das outras plantas. Bem, não sou especialista deste assunto, então vamos parar por aqui e voltar ao texto.
A erva daninha de que estou falando a partir deste texto tem um nome: AUTOJUSTIÇA. Os fariseus e saduceus, com suas eternas discussões teológicas, eram uma espécie de grupos que se rivalizavam para se impor  como os líderes teológicos da comunidade judaica. Os saduceus controlavam o sacerdócio, e os fariseus as sinagogas e digladiavam-se para ter a supremacia religiosa entre o povo.
Ambos grupos, tinham uma ideia de que estavam tão certos que não precisavam de nada para terem a experiência de viver no reino de Deus. Entretanto, muitos deles, procuravam João para se batizar. NO fundo eles não confiavam no batismo ou na necessidade de arrependimento ou compromisso com o Reino e as mudanças que o reino requer dos servos de Deus.
A erva daninha tira o alimento da planta e ela pode até parecer uma planta interessante, pode ter alguma beleza. Contudo, a verdade é que precisa ser arrancada. Da mesma forma, muitos crentes ainda possuem certos plantios de ervas daninhas na sua vida cristã e não percebem o quanto suas forças espirituais estão sendo sugadas.
Raça de víboras – se por um lado a multidão era conduzida por Deus para irem a João, aqui, João encontra um outro grupo que parece induzido, mas João indaga que os teria levado a procurar o deserto para ouvir a mensagem. João percebe que seu comportamento precisava de mudanças, se queriam realmente se aproximar do Reino, então teriam de ter o arrependimento.
Produzi frutos dignos de arrependimento – João não conseguia ver naquele jardim árvores frutíferas, porque a erva daninha da autojustiça não deixava aparecer frutos na árvore.
Não comeceis a dizer que somos filhos de Abrão – Por isso ele os exorta a abandonar esta erva daninha se querem produzir frutos.
Precisamos aprender de uma vez por todas: NÃO HÁ NADA EM NÓS QUE POSSA SOBREVIVER DIANTE DE DEUS NO DIA DO JUÍZO SE NÃO TIVERMOS NOS DESPIDO COMPLETAMENTE DE TODA AUTOJUSTIÇA E DEIXADO NOS VESTIR COM A JUSTIÇA DE CRISTO.
Em outras palavras o que quero que você saiba, meu irmão, é que a vida cristã simples e frutífera tem a ver com não procurar viver para provar o quanto somos bons, mas viver para mostrar que precisamos de Deus para sermos transformados.
Crentes escondidos atrás de ervas daninhas como ministérios bem sucedidos, capacidade de impressionar no conhecimento bíblico, ligados a obras sociais, capazes de acusar o erro dos outros, especialistas na teologia... etc... mas incapazes de amar a Deus a ponto de se comprometer com ele, ou de amar o próximo, a ponto de saber perdoar e dar-lhe a sua própria capa num dia de frio.
SIMPLES ASSIM: PARA FRUTIFICAR ABANDONE QUALQUER POSSIBILIDADE DE AUTOJUSTIÇA OU VANGLÓRIA E SEJA PEQUENO NAS MÃOS DE UM DEUS GRANDE.
Conclusão
Se você observar bem, este texto vai te levar a pensar sobre o que deve ser a sua vida e que elementos deverão te levar a frutificar durante todo este ano. O primeiro passo pode ser o mais importante, então não se demore em refletir sobre os seus caminhos. Que tipo de caminhos você tem trilhado e como tem construído sua vida com Deus?
Comece a pensar em seu compromisso com o Senhor e o que realmente motiva sua alma a viver. Do que você alimenta a sua alma. Comece a elaborar uma forma de se comprometer de fato com aquilo que te transforma e te faz mais próximo do ideal de vida cristã: amor a Deus e ao próximo.
Por fim, quero exortá-lo, como já o fiz anteriormente, a se concentrar naquilo que Jesus fez e não no que você faz. Comece a ser mais humilde e não se escore, ou se estabeleça nas suas próprias capacidades ou perspicácia pessoal. Comece a buscar no arrependimento e compromisso, um modo humilde de viver com Deus.
O humilde diante de Deus se alimenta melhor, porque está mais exposto a Deus e à sua Palavra.


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