25 de dezembro de 2016

Mateus 1.18 a 25

Quando a Obediência Humana é Serva da Soberania Salvadora de Deus

Mateus 1.18 a 25
(Pregado na IP Vila Formosa Natal 2016)

Introdução
A obediência a Deus é a rota principal do seu agir? Isto é, é o peso determinante para as coisas que você faz?
A obediência é a virtude cristã que mais se desenvolve quando o coração do crente está disposto a ser realmente usado por Deus. A falta de um coração obediente revela mais que  apenas inaptidão para as coisas espirituais, pois carrega escondida atrás da sua falta de lealdade a Deus um idolatria fortemente baseada no egocentrismo que nos move.
Olhando para o texto de hoje, veremos como a obediência de José lhe rendeu a graça de participara do maravilhoso plano divino para salvar a humanidade. Sem dúvida, José foi servo do Senhor e conseguiu submeter a sua própria vontade para ser obediente ao chamado de Deus e participar dos seus atos redentivos.
A grande questão que todos precisamos enfrentar é sobre o preço que a obediência exige e o quanto estamos dispostos a submeter nosso coração egocentrado à vontade soberana do Senhor. Pergunte a si mesmo o que é necessário para ter tanta força para poder seguir o projeto de vida baseado na obediência a Deus como rota principal do agir.

Nossa Obediência é Serva da Soberania Salvadora de Deus Quando Estamos Prontos a Sacrificar Nosso Orgulho Egocêntrico Para Sermos Instrumentos de Deus

Estou com Calvino quando comenta que precisamos olhar com atenção a atitude de José nos versos 18 e19.
Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixa-la secretamente (Mateus 1.18-19).
O Nascimento de Jesus – o tema central de Mateus nestes capítulos é Jesus e o seu nascimento. No entanto, a questão de Mateus não é descrever a dificuldade de se encontrar um lugar para o Rei, tampouco, a questão da manjedoura, a viagem para Belém. Mateus sequer dá muita atenção para o papel de Maria, como no caso de Lucas, ele está disposto a olhar mais para outras pessoas que estão gravitando em torno deste acontecimento. Em particular, aqui, ele olhará para José e como ele reagiu ao nascimento de Jesus.
Maria estava desposada com José – José seu esposo – Mateus constrói uma imagem que precisa ser considerada. A relação de José com Maria não  era a de um mero compromisso, mas um casamento já havia acontecido, segundo os costumes de sua época. Maria já era mulher de José e o ponto de Mateus é claro, ele deseja que percebamos o quanto a situação de saber que Maria estava grávida, sem que José tivesse tido qualquer contato íntimo com ela, era importante para o que José tenciona fazer.
José sendo justo – Como disse, Calvino pede que olhemos para o ato de José de duas formas. Com certeza ele foi generoso em procurar não infamar Maria, a quem já havia tomado para ser sua esposa. No entanto, ele não estaria disposto a desposá-la livremente, porque a julgava culpada. Por isso, Mateus enfatiza que sua atitude levou em consideração o que a Lei dizia: sendo justo, aponta justamente para a ideia de que ele seguia a justiça da lei. 
Não querendo infamá-la – aqui  está o outro lado da atitude de José. Pela Lei, José tinha o direito de arrastar Maria a um lugar público e renunciar o casamento, por caso de adultério, expondo-a publicamente ao desprezo. Um texto que pode nos ajudar a entender a força do verbo “daigmátizo” é Colossenses 2.15. No entanto, José tem algo em sua mente, ele simplesmente a deixará à sua própria sorte. Ele não quer ser o executor desta situação. Todos, mais tarde saberiam o que tinha acontecido e a justiça se faria de qualquer forma.
Sei que às vezes, temos a tendência para romantizar a atitude de José. Ele não foi um romântico protetor, embora não tenha desejado ser um justiceiro e usar completamente o seu direito. Ele estava ferido e não assumiria o pecado de Maria. José tinha sido ferido em seu orgulho e não iria prosseguir com um casamento se sua mulher lhe era infiel.
Para que sua obediência fosse serva do plano redentivo de Deus, José precisou submeter seu orgulho à vontade de Deus.
Caros irmãos, a lição que José nos deixa é de extrema importância. Porque, não poucas vezes, é o orgulho que nos impede seguir adiante e fazer aquilo que mais agrada a Deus. Parece-me que Deus tem um certo método de trabalho e que este método envolve colocar o nosso orgulho contra a parede.
Ele fez isso com Uzias, quando pediu ao bem sucedido rei que não pecasse contra o templo, desejando oferecer o que não era da sua alçada oferecer a Deus; ele fez isto com o povo de Israel tirando-o da sua terra e levando-o para o exílio; ele fez isto com Davi, apontando o seu pecado de forma vergonhosa, por meio do profeta GAde etc.
Deus nunca pôs o seu orgulho contra a parede? Você nunca percebeu isto?
Se não percebeu, você não tem sensibilidade para o agir de Deus, porque este é um método necessário, porque é o orgulho que precede a nossa queda.
Deus poderia ter feito o contrário, mandado o anjo ir antes avisar a José de que Maria ficaria grávida do ESpírito Santo. Maria, quando o soube, só guardou a mensagem no coração, certamente nada falou a José, mas Deus queria colocar o orgulho de José contra a parede.  
Para que nossa obediência seja serva da soberania salvadora de Deus precisamos sacrificar nosso orgulho egocêntrico e nos render a Deus e à sua vontade.
Não dá para servir a Deus e servir a si mesmo. Esse não  é o método de Deus. Hipócrita aquele que orgulhosamente faz de conta que está à serviço de Deus, mas faz apenas aquilo  que sua própria vontade quer. O problema deste comportamento é que ele é oposto ao método de Deus de nos tornar seus filhos e servos.



Nossa Obediência é Serva da Soberania Salvadora de Deus Quando Somos Guiados Pela Fé e Não Pela Nossa Intuição

Temos, em geral, uma ideia de que viver por fé, é viver controlado por uma certa dose de intuição. Bem, a intuição é aquele senso de possibilidade que traz um certo convencimento ao nosso coração de que as coisas devem caminhar de um determinado modo e que esse é o caminho certo.
Bem, com certeza, você pode dizer que é difícil distinguir a “fé” da “intuição”. Talvez seja mesmo. Mas a fé tem um ingrediente diferente da intuição, porque a fé é baseada em Deus e não em nós, na Palavra de Deus e não na nossa.
Quando José toma a decisão de ouvir o que anjo está dizendo, ele está rejeitando o que o seu coração tinha intuído, com base nos fatos. O coração de José já havia pensado em um modo de fazer as coisas acontecerem, mas agora, sua atitude final é controlada pela fé, que se baseou na mensagem que ouviu da parte do Anjo.
Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo (Mateus 1.20).
Enquanto ponderava o anjo lhe apareceu em sonho – note que o processo de intuição do coração de José estava em pleno exercício de seu plano e avaliação, quando um novo elemento, vindo de Deus, interfere neste processo.
Não temas – quando o anjo inicia sua palavra, ele vai ao ponto que está motivando a ponderação de José: ele tinha medo de sua própria vergonha. Ele tinha muito orgulho de ser um homem bom e estava agora planejando o que fazer. O anjo, tem uma mensagem direta que confronta a insegurança de José: NÃO TEMAS, RECEBER MARIA TUA MULHER.
Porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo – O elemento que definiu a ação de José não foi a sua intuição pessoal, mas um coração que desenvolveu fé na palavra que lhe foi anunciada. José renunciava, agora, sua própria decisão anterior, baseado na palavra que ouvira.
Irmãos, o que José está fazendo é deixando que a sua fé, moldasse a sua decisão e obediência. Ele estava agora decidindo ser guiado pela sua fé e não pela sua percepção ou intuição da vida. Ele não poderia mais dar conta da sua vida, apenas caminhando segundo o seu coração. Ele precisou renunciar suas certezas pessoais para viver pela fé.
NOSSA OBEDIÊNCIA SERÁ SERVA DA SOBERNIA SALVADORA DE DEUS QUANDO DECIDIRMOS QUE VIVER POR FÉ É O MÉTODO FUNDAMENTAL PARA GUIAR AS NOSSAS AÇÕES.
Não vamos nos deter em falar muito sobre o conceito de VIVER POR FÉ. Mas, vale a pena, você caminhar até Hebreus 11 e fazer uma leitura atenta sobre tudo o que ali é dito sobre o que é ser movido pela fé.


Nossa Obediência é Serva da Soberania Salvadora de Deus Quando Estivermos Prontos a Pagar o Preço de Viver Dentro do Centro da Vontade de Deus

Quando o pastor Caio Fábio popularizou essa expressão: centro da vontade de Deus, tenho de confessar que eu não gostei muito. Achei que se tratava de retórica e não conseguia ver muita consistência prática nela.
O que aconteceu com José foi exatamente isto, ou seja, ele não valorizou um projeto pessoal em detrimento do projeto de Deus. José identificou o núcleo da ação divina: a redenção do seu povo; ele resolveu viver neste “centro da vontade de Deus”.
Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer Deus conosco (Mateus 1.21-23).
José tinha sim seu drama pessoal a ser resolvido, afinal ele estaria desposando uma mulher que todos saberiam ter um filho que não era dele. Mas, sua percepção da vida muda quando ele descobre que Deus tem um núcleo de ação e este núcleo não tem nada a ver com os seus planos de autopreservação.
Ela dará luz um filho e lhe porás o nome de Jesus – Deus não pergunta a José se ele quer, se o  nome lhe agrada, o que ele acha. A ordem divina, obviamente é um comando que leva o coração de José a perceber quem é que está à frente do  negócio de se casar com Maria: DEUS.
Porque ele salvará o seu povo dos pecados dele – José percebeu que viver é um ato de existir dentro de uma vontade soberana e superior, a de Deus. Os planos de Deus são mais elevados que os nossos como disse o profeta Isaías e o profeta Jeremias. Precisamos grandemente entender essa lógica da existência.
José está mudando sua perspectiva. Ele suspendeu seu projeto, porque está vendo e percebendo o projeto redentivo de Deus. Precisamos começar a ter olhos centrados no núcleo da vontade de Deus para nós, para nossa família, para o mundo ao nosso redor e como nos encaixamos neste projeto.
PRECISAMOS APRENDER A PAGAR O PREÇO PARA QUE NOSSA OBEDIENCIA SEJA SERVA DA SOBERANA VONTADE REDENTIVA DE DEUS.
Este é o ponto: precisamos nos dispor a caminhar na estrada da obediência e ela é mais pedregosa, sem dúvida. A diferença da estrada da obediência a Deus e da obediência ao nosso coração, a suprema diferença entre elas é que ao final, a da obediência a Deus nos leva a Deus.
Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta – José lastrava sua decisão de seguir o caminho de Deus não baseado em um mero sentimento, ou como já disse, uma intuição. O que está guiando o coração de José a obedecer é A PALAVRA DE DEUS. Ele lastreia sua certeza de seguir nesta direção porque o anjo está lhe dizendo que a PALAVRA DE DEUS CAMINHA NESTA DIREÇÃO. Isto é o suficiente para José tomar uma decisão de obediência.
Note como é importante considerar a seriedade do ato de obedecer. Porque obedecer é caminhar na direção da palavra de Deus, não é à toa que o salmista diz que ela é lâmpada para os pés e luz para os caminhos e que o jovem guardaria puro o seu caminho se o observasse segundo a palavra de Deus.
Bem... José está caminhando segundo a Palavra e o resultado é um: OBEDIENCIA.
SE DESEJAMOS QUE NOSSA OBEDIÊNCIA SEJA SERVA DA SOBERANIA SALVADORA DE DEUS, PRECISAMOS PAGAR O PREÇO PARA VIVER NO CENTRO DA VONTADE DE DEUS.
Conclusão
Certo dia, Josué se posicionou diante de todo o povo e inquiriu-lhes sobre a quem dariam a sua lealdade e obediência: a Deus ou aos deuses? Irmãos, num certo sentido é isso que este texto fala conosco esta noite: a quem vamos dar a nossa lealdade e obediência: a Deus ou aos deuses que controlam o nosso coração?
Precisamos encontrar razões em Deus para obedecê-lo, porque a estrada da obediência envolve o drama de pagar o preço, e ser posto contra a parede. Precisamos aprender a sacrificar o nosso orgulho egocêntrico e buscar na palavra de Deus a resposta necessária. O QUE DEUS DIZ TEM DE DETERMINAR O QUE FAZEMOS. 
Por fim, precisamos escolher a quem realmente amamos e servimos. José, resolveu pagar o preço e escolheu caminhar com Deus e obedecê-lo.
Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu a luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus (Mateus 1.24-25).
A Bíblia fala muito pouco deste homem, ele realmente não é um dos grande protagonistas das Escrituras. Mas este homem cumpriu o seu papel e fez o que Deus preparou para que ele fizesse. José cuidou de Maria, ela foi a sua prioridade, Jesus, o menino, foi a sua prioridade. Ele não se preocupava mais com o que o que ele ganharia com um casamento, mas em fazer a vontade de Deus.
José cuidou de Maria e quando os magos avisaram que corria risco o menino, ele deixou tudo e foi para o Egito. Depois, quando podia retornar, deixou tudo em Belém e foi morar na pior região do país, a Galiléia, a mais distante... porque José é um homem que vive para Deus e morre para Deus e foi a assim sua vida e sua morte.
Aqui, somos humilhados, porque somos pessoas egocêntricas e que impomos limites que nos fazem parecer crianças mimadas, cheias de quereres insanos de fazer só a nossa vontade. Aqui, DESCOBRIMOS QUE PRECISAMOS PEDIR PERDÃO A DEUS E SEGUIR NOUTRA DIREÇÃO.

Aplicação para IP Vila Formosa
Meus irmãos, nossa igreja tem toda a possibilidade de ser uma igreja que honra a Deus. Temos muitas virtudes, muitos dons, somos, de muitas formas, uma boa igreja. Mas temos um defeito que precisamos claramente corrigir: AINDA SOMOS UM POVO QUE NÃO SE DOA AO SERVIÇO DE DEUS COMO TODO O NOSSO CORAÇÃO.
Muitos de nós, ainda são pessoas que vivem à margem da obediência total. Procuram manter um padrão de vida cristã, mas não se entregam completamente à Deus. Ainda precisamos nos voltar para Deus para o servir de todo o nosso coração, forças, entendimento e alma.
Vamos orar, durantes estes dias que antecedem o final deste ano e vamos clamar que o Senhor conquiste os nossos corações, como prometeu pelo profeta Ezequiel e nos dê um coração da carne, em lugar de pedras endurecidas dentro de nós. Clamemos ao Senhor que coloque em nós a sua palavra, e por seu Espírito nos faz andar nas suas leis e a lhe obedecer e amar plenamente.
Um dos maiores testes é o dia de amanhã. Porque podemos estar como José, em um sono, no qual ouvimos a voz de Deus a falar ao nosso coração. Mas, vamos sair deste lugar e vamos acordar. A questão é: vamos obedecer?

Oração

Senhor Deus, conceda ao seu povo um coração quebrantado e disposto a obedecer. Um coração igual ao do teu Filho que foi até o fim e pagou o preço para estar no centro de tua vontade soberana e salvadora. Ajuda-nos, porque precisamos de Ti. Amém.

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