Quando
a Obediência Humana é Serva da Soberania Salvadora de Deus
Mateus 1.18 a 25
(Pregado na IP Vila Formosa – Natal 2016)
Introdução
A
obediência a Deus é a rota principal do seu agir? Isto é, é o peso determinante
para as coisas que você faz?
A
obediência é a virtude cristã que mais se desenvolve quando o coração do crente
está disposto a ser realmente usado por Deus. A falta de um coração obediente
revela mais que apenas inaptidão para as
coisas espirituais, pois carrega escondida atrás da sua falta de lealdade a
Deus um idolatria fortemente baseada no egocentrismo que nos move.
Olhando
para o texto de hoje, veremos como a obediência de José lhe rendeu a graça de
participara do maravilhoso plano divino para salvar a humanidade. Sem dúvida,
José foi servo do Senhor e conseguiu submeter a sua própria vontade para ser
obediente ao chamado de Deus e participar dos seus atos redentivos.
A
grande questão que todos precisamos enfrentar é sobre o preço que a obediência
exige e o quanto estamos dispostos a submeter nosso coração egocentrado à
vontade soberana do Senhor. Pergunte a si mesmo o que é necessário para ter
tanta força para poder seguir o projeto de vida baseado na obediência a Deus
como rota principal do agir.
Nossa
Obediência é Serva da Soberania Salvadora de Deus Quando Estamos Prontos a
Sacrificar Nosso Orgulho Egocêntrico Para Sermos Instrumentos de Deus
Estou
com Calvino quando comenta que precisamos olhar com atenção a atitude de José
nos versos 18 e19.
Ora, o nascimento de Jesus
Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem
antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo,
sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixa-la secretamente (Mateus
1.18-19).
O Nascimento de Jesus
– o tema central de Mateus nestes capítulos é Jesus e o seu nascimento. No
entanto, a questão de Mateus não é descrever a dificuldade de se encontrar um
lugar para o Rei, tampouco, a questão da manjedoura, a viagem para Belém.
Mateus sequer dá muita atenção para o papel de Maria, como no caso de Lucas,
ele está disposto a olhar mais para outras pessoas que estão gravitando em
torno deste acontecimento. Em particular, aqui, ele olhará para José e como ele
reagiu ao nascimento de Jesus.
Maria estava desposada
com José – José seu esposo – Mateus constrói uma imagem que
precisa ser considerada. A relação de José com Maria não era a de um mero compromisso, mas um
casamento já havia acontecido, segundo os costumes de sua época. Maria já era
mulher de José e o ponto de Mateus é claro, ele deseja que percebamos o quanto
a situação de saber que Maria estava grávida, sem que José tivesse tido
qualquer contato íntimo com ela, era importante para o que José tenciona fazer.
José sendo justo
– Como disse, Calvino pede que olhemos para o ato de José de duas formas. Com
certeza ele foi generoso em procurar não infamar Maria, a quem já havia tomado
para ser sua esposa. No entanto, ele não estaria disposto a desposá-la
livremente, porque a julgava culpada. Por isso, Mateus enfatiza que sua atitude
levou em consideração o que a Lei dizia: sendo
justo, aponta justamente para a ideia de que ele seguia a justiça da lei.
Não querendo
infamá-la – aqui
está o outro lado da atitude de José. Pela Lei, José tinha o direito de
arrastar Maria a um lugar público e renunciar o casamento, por caso de
adultério, expondo-a publicamente ao desprezo. Um texto que pode nos ajudar a
entender a força do verbo “daigmátizo” é Colossenses 2.15. No entanto, José tem
algo em sua mente, ele simplesmente a deixará à sua própria sorte. Ele não quer
ser o executor desta situação. Todos, mais tarde saberiam o que tinha
acontecido e a justiça se faria de qualquer forma.
Sei
que às vezes, temos a tendência para romantizar a atitude de José. Ele não foi
um romântico protetor, embora não tenha desejado ser um justiceiro e usar
completamente o seu direito. Ele estava ferido e não assumiria o pecado de
Maria. José tinha sido ferido em seu orgulho e não iria prosseguir com um
casamento se sua mulher lhe era infiel.
Para que sua
obediência fosse serva do plano redentivo de Deus, José precisou submeter seu
orgulho à vontade de Deus.
Caros
irmãos, a lição que José nos deixa é de extrema importância. Porque, não poucas
vezes, é o orgulho que nos impede seguir adiante e fazer aquilo que mais agrada
a Deus. Parece-me que Deus tem um certo método de trabalho e que este método
envolve colocar o nosso orgulho contra a parede.
Ele
fez isso com Uzias, quando pediu ao bem sucedido rei que não pecasse contra o
templo, desejando oferecer o que não era da sua alçada oferecer a Deus; ele fez
isto com o povo de Israel tirando-o da sua terra e levando-o para o exílio; ele
fez isto com Davi, apontando o seu pecado de forma vergonhosa, por meio do
profeta GAde etc.
Deus nunca pôs o seu
orgulho contra a parede? Você nunca percebeu isto?
Se
não percebeu, você não tem sensibilidade para o agir de Deus, porque este é um
método necessário, porque é o orgulho que precede a nossa queda.
Deus
poderia ter feito o contrário, mandado o anjo ir antes avisar a José de que
Maria ficaria grávida do ESpírito Santo. Maria, quando o soube, só guardou a
mensagem no coração, certamente nada falou a José, mas Deus queria colocar o orgulho de José contra a parede.
Para que nossa
obediência seja serva da soberania salvadora de Deus precisamos sacrificar
nosso orgulho egocêntrico e nos render a Deus e à sua vontade.
Não
dá para servir a Deus e servir a si mesmo. Esse não é o método de Deus. Hipócrita aquele que
orgulhosamente faz de conta que está à serviço de Deus, mas faz apenas
aquilo que sua própria vontade quer. O
problema deste comportamento é que ele é oposto ao método de Deus de nos tornar
seus filhos e servos.
Nossa
Obediência é Serva da Soberania Salvadora de Deus Quando Somos Guiados Pela Fé
e Não Pela Nossa Intuição
Temos,
em geral, uma ideia de que viver por fé, é viver controlado por uma certa dose
de intuição. Bem, a intuição é aquele senso de possibilidade que traz um certo
convencimento ao nosso coração de que as coisas devem caminhar de um
determinado modo e que esse é o caminho certo.
Bem,
com certeza, você pode dizer que é difícil distinguir a “fé” da “intuição”.
Talvez seja mesmo. Mas a fé tem um ingrediente diferente da intuição, porque a
fé é baseada em Deus e não em nós, na Palavra de Deus e não na nossa.
Quando
José toma a decisão de ouvir o que anjo está dizendo, ele está rejeitando o que
o seu coração tinha intuído, com base nos fatos. O coração de José já havia
pensado em um modo de fazer as coisas acontecerem, mas agora, sua atitude final
é controlada pela fé, que se baseou na mensagem que ouviu da parte do Anjo.
Enquanto ponderava nestas
coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho
de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do
Espírito Santo (Mateus 1.20).
Enquanto ponderava o
anjo lhe apareceu em sonho – note que o processo de intuição do
coração de José estava em pleno exercício de seu plano e avaliação, quando um
novo elemento, vindo de Deus, interfere neste processo.
Não temas
– quando o anjo inicia sua palavra, ele vai ao ponto que está motivando a
ponderação de José: ele tinha medo de sua própria vergonha. Ele tinha muito
orgulho de ser um homem bom e estava agora planejando o que fazer. O anjo, tem
uma mensagem direta que confronta a insegurança de José: NÃO TEMAS, RECEBER
MARIA TUA MULHER.
Porque o que nela foi
gerado é do Espírito Santo – O elemento que
definiu a ação de José não foi a sua intuição pessoal, mas um coração que
desenvolveu fé na palavra que lhe foi anunciada. José renunciava, agora, sua
própria decisão anterior, baseado na palavra que ouvira.
Irmãos,
o que José está fazendo é deixando que a sua fé, moldasse a sua decisão e
obediência. Ele estava agora decidindo ser guiado pela sua fé e não pela sua
percepção ou intuição da vida. Ele não poderia mais dar conta da sua vida,
apenas caminhando segundo o seu coração. Ele precisou renunciar suas certezas
pessoais para viver pela fé.
NOSSA
OBEDIÊNCIA SERÁ SERVA DA SOBERNIA SALVADORA DE DEUS QUANDO DECIDIRMOS QUE VIVER
POR FÉ É O MÉTODO FUNDAMENTAL PARA GUIAR AS NOSSAS AÇÕES.
Não
vamos nos deter em falar muito sobre o conceito de VIVER POR FÉ. Mas, vale a
pena, você caminhar até Hebreus 11 e fazer uma leitura atenta sobre tudo o que
ali é dito sobre o que é ser movido pela fé.
Nossa
Obediência é Serva da Soberania Salvadora de Deus Quando Estivermos Prontos a
Pagar o Preço de Viver Dentro do Centro da Vontade de Deus
Quando
o pastor Caio Fábio popularizou essa expressão: centro da vontade de Deus, tenho de confessar que eu não gostei
muito. Achei que se tratava de retórica e não conseguia ver muita consistência
prática nela.
O
que aconteceu com José foi exatamente isto, ou seja, ele não valorizou um
projeto pessoal em detrimento do projeto de Deus. José identificou o núcleo da
ação divina: a redenção do seu povo; ele resolveu viver neste “centro da
vontade de Deus”.
Ela dará à luz um filho e
lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta:
Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome
de Emanuel, que quer dizer Deus conosco (Mateus 1.21-23).
José
tinha sim seu drama pessoal a ser resolvido, afinal ele estaria desposando uma
mulher que todos saberiam ter um filho que não era dele. Mas, sua percepção da
vida muda quando ele descobre que Deus tem um núcleo de ação e este núcleo não
tem nada a ver com os seus planos de autopreservação.
Ela dará luz um filho
e lhe porás o nome de Jesus – Deus não pergunta a José se ele quer,
se o nome lhe agrada, o que ele acha. A
ordem divina, obviamente é um comando que leva o coração de José a perceber
quem é que está à frente do negócio de
se casar com Maria: DEUS.
Porque ele salvará o
seu povo dos pecados dele – José percebeu que viver é um ato de
existir dentro de uma vontade soberana e superior, a de Deus. Os planos de Deus
são mais elevados que os nossos como disse o profeta Isaías e o profeta
Jeremias. Precisamos grandemente entender essa lógica da existência.
José
está mudando sua perspectiva. Ele suspendeu seu projeto, porque está vendo e
percebendo o projeto redentivo de Deus. Precisamos começar a ter olhos
centrados no núcleo da vontade de Deus para nós, para nossa família, para o
mundo ao nosso redor e como nos encaixamos neste projeto.
PRECISAMOS
APRENDER A PAGAR O PREÇO PARA QUE NOSSA OBEDIENCIA SEJA SERVA DA SOBERANA
VONTADE REDENTIVA DE DEUS.
Este
é o ponto: precisamos nos dispor a caminhar na estrada da obediência e ela é
mais pedregosa, sem dúvida. A diferença da estrada da obediência a Deus e da
obediência ao nosso coração, a suprema diferença entre elas é que ao final, a
da obediência a Deus nos leva a Deus.
Para que se cumprisse
o que fora dito pelo profeta – José lastrava sua
decisão de seguir o caminho de Deus não baseado em um mero sentimento, ou como
já disse, uma intuição. O que está guiando o coração de José a obedecer é A
PALAVRA DE DEUS. Ele lastreia sua certeza de seguir nesta direção porque o anjo
está lhe dizendo que a PALAVRA DE DEUS CAMINHA NESTA DIREÇÃO. Isto é o
suficiente para José tomar uma decisão de obediência.
Note
como é importante considerar a seriedade do ato de obedecer. Porque obedecer é
caminhar na direção da palavra de Deus, não é à toa que o salmista diz que ela
é lâmpada para os pés e luz para os caminhos e que o jovem guardaria puro o seu
caminho se o observasse segundo a palavra de Deus.
Bem...
José está caminhando segundo a Palavra e o resultado é um: OBEDIENCIA.
SE
DESEJAMOS QUE NOSSA OBEDIÊNCIA SEJA SERVA DA SOBERANIA SALVADORA DE DEUS,
PRECISAMOS PAGAR O PREÇO PARA VIVER NO CENTRO DA VONTADE DE DEUS.
Conclusão
Certo
dia, Josué se posicionou diante de todo o povo e inquiriu-lhes sobre a quem
dariam a sua lealdade e obediência: a Deus ou aos deuses? Irmãos, num certo
sentido é isso que este texto fala conosco esta noite: a quem vamos dar a nossa
lealdade e obediência: a Deus ou aos deuses que controlam o nosso coração?
Precisamos
encontrar razões em Deus para obedecê-lo, porque a estrada da obediência
envolve o drama de pagar o preço, e ser posto contra a parede. Precisamos
aprender a sacrificar o nosso orgulho egocêntrico e buscar na palavra de Deus a
resposta necessária. O QUE DEUS DIZ TEM DE DETERMINAR O QUE FAZEMOS.
Por
fim, precisamos escolher a quem realmente amamos e servimos. José, resolveu
pagar o preço e escolheu caminhar com Deus e obedecê-lo.
Despertado José do sono,
fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. Contudo, não a
conheceu, enquanto ela não deu a luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus
(Mateus 1.24-25).
A
Bíblia fala muito pouco deste homem, ele realmente não é um dos grande
protagonistas das Escrituras. Mas este homem cumpriu o seu papel e fez o que
Deus preparou para que ele fizesse. José cuidou de Maria, ela foi a sua
prioridade, Jesus, o menino, foi a sua prioridade. Ele não se preocupava mais
com o que o que ele ganharia com um casamento, mas em fazer a vontade de Deus.
José
cuidou de Maria e quando os magos avisaram que corria risco o menino, ele
deixou tudo e foi para o Egito. Depois, quando podia retornar, deixou tudo em
Belém e foi morar na pior região do país, a Galiléia, a mais distante... porque
José é um homem que vive para Deus e morre para Deus e foi a assim sua vida e
sua morte.
Aqui,
somos humilhados, porque somos pessoas egocêntricas e que impomos limites que
nos fazem parecer crianças mimadas, cheias de quereres insanos de fazer só a
nossa vontade. Aqui, DESCOBRIMOS QUE PRECISAMOS PEDIR PERDÃO A DEUS E SEGUIR
NOUTRA DIREÇÃO.
Aplicação para IP
Vila Formosa
Meus
irmãos, nossa igreja tem toda a possibilidade de ser uma igreja que honra a
Deus. Temos muitas virtudes, muitos dons, somos, de muitas formas, uma boa igreja.
Mas temos um defeito que precisamos claramente corrigir: AINDA SOMOS UM POVO
QUE NÃO SE DOA AO SERVIÇO DE DEUS COMO TODO O NOSSO CORAÇÃO.
Muitos
de nós, ainda são pessoas que vivem à margem da obediência total. Procuram
manter um padrão de vida cristã, mas não se entregam completamente à Deus.
Ainda precisamos nos voltar para Deus para o servir de todo o nosso coração,
forças, entendimento e alma.
Vamos
orar, durantes estes dias que antecedem o final deste ano e vamos clamar que o
Senhor conquiste os nossos corações, como prometeu pelo profeta Ezequiel e nos
dê um coração da carne, em lugar de pedras endurecidas dentro de nós. Clamemos
ao Senhor que coloque em nós a sua palavra, e por seu Espírito nos faz andar
nas suas leis e a lhe obedecer e amar plenamente.
Um
dos maiores testes é o dia de amanhã. Porque podemos estar como José, em um
sono, no qual ouvimos a voz de Deus a falar ao nosso coração. Mas, vamos sair
deste lugar e vamos acordar. A questão é: vamos obedecer?
Oração
Senhor
Deus, conceda ao seu povo um coração quebrantado e disposto a obedecer. Um
coração igual ao do teu Filho que foi até o fim e pagou o preço para estar no
centro de tua vontade soberana e salvadora. Ajuda-nos, porque precisamos de Ti.
Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!