29 de janeiro de 2017

Mateus 5.1-12

Uma Vida Formosa
MATEUS 5.1-12
(Pregado no Culto de Ações de Graças pelo 58º da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa)

Nos anos que vivo nesta igreja, mesmo antes de ser seu pastor, vivi coisas impressionantes. A meninice, adolescência, juventude que construí aqui me deram ferramentas que levarei para sempre no núcleo do meu ser. Acredito que esta seja minha maior virtude como pastor da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa, mas também meu maior obstáculo.
Pois, por um lado, sei muito bem o que é ser um filho de Vila Formosa e como as coisas foram e são construídas aqui. Claro, muita coisa mudou, a nossa Igreja não é a mesma de 20, 30 ou 58 anos atrás. Mas, tem muita coisa que está aqui, vivendo e sobrevivendo nestes anos.
O lado ruim disto é que os defeitos, trejeitos, vícios de ser um filho de Vila Formosa estão em mim. Claro também, fui lapidado, não sou o mesmo, como a igreja não é, e muitos outros que vieram depois nos ajudaram a mudar e a corrigir muita coisa.
O ponto aonde quero chegar é este: a função de um pastor não é manter a igreja como está, mas trabalhar para leva-la o mais perto de Cristo. A nossa história não é tudo, afinal é só a história de um grupo de pecadores que se juntou para caminhar. Com certeza, temos muito que transformar em nós mesmos para sermos realmente uma igreja FORMOSA para Cristo.
O ser humano é capaz de viver ideais. Diferentemente dos outros animais, que existem para satisfazer seus instintos, o ser humano é capaz de amar e, por isto, mais que seguir instintos, ele é capaz de viver ideais. O que são ideais? São aquelas mentalizações da realidade que, ainda que não existam de fato, apontam para algo desejável e melhor do que o que se pode encontrar no presente.
A falta de ideais está tornando os cristãos um povo apático, domingueiro e incapaz de agir pela causa, senão quando os seus interesses estão em jogo. Um homem sem ideais, é um ser que tende à paralisia. Ele passa os seus dias sem a perspectiva do futuro e, por isso, não sabe o que é esperança. E, infelizmente, isto pode ser dito de muitos cristãos que estão tão desmotivados que sejam a praticar um evangelho vergonhosamente descomprometido.
Mas qual é o motivo de nos sentirmos inspirados para seguir um ideal? O que nos motiva é o amor. É o amor por uma causa nos moverá a lutar por ela, é o nosso amor por um ideal que nos moverá a trabalhar por sua concretização.
O ideal capaz de dar aos discípulos uma disposição totalmente voltada à Deus é o amor e eles viram isto em Jesus. O ideal que viram em Jesus é mais que uma história de vitória no final ou um sonho possível como disse um dia Martin Luther King e fez pessoas marcharem numa mesma direção. Os discípulos viram o seu ideal em Cristo. Sim, aquele homem de Nazaré e o seu modo de viver, sua retidão pessoal, seu  apego à Palavra de Deus, seu desejo de ver pessoas restauradas, etc.. Tudo o que eles viram em Jesus se lhes tornou alvo. Eles mantiveram os seus olhos fitos nele, quando o viram transfigurado e não se contiveram quando o viram confiante enquanto o mar se agitava. O apóstolo Paulo, um nascido fora do tempo, andou com Jesus e disse: NÃO SOU EU QUEM VIVE, MAS CRISTO VIVE EM MIM.
A VIDA FORMOSA de que estamos falando é o ideal de parecermos com Jesus, o que só pode ser alcançado mediante uma decisão dupla: deixar o velho homem e se revestir de uma nova vida em Cristo. Isso só acontece quando estamos dispostos a caminhar na direção certa.
O início do Sermão da Montanha é uma série de famosas afirmações de Jesus que podem resumir o que realmente significa essa nova vida formosa que podemos alcançar se andarmos na direção certa. Ali, pelas famosas “Bem-Aventuranças”, Jesus estipula o caminho fundamental para quem deseja viver para ser o Sal da Terra e a Luz do Mundo.
Vamos explorar estes versículos como blocos e não porções individuais, o que eu tenho certeza de que também seria uma grande bênção, contudo, faremos isto noutro momento, em pequenos grupos que podem se reunir nas casas para se aprofundar. Hoje, vamos nos deter nos blocos de versículos que conseguimos identificar nesta primeira porção do Sermão da Montanha, dos versos 1 a 12, do capítulo 5.
Vamos dividir este texto em quatro blocos de versos (1-2; 3-6; 7-10; 11-12) e vamos procurar discernir os elementos fundamentais para uma VIDA FORMOSA, isto é, para um preenchimento da alma com tudo o que pode nos transformar e aproximar do ideal visualizado em Cristo, em tudo o que ele era.

QUANDO VOCÊ BUSCA UMA VIDA FORMOSA É FUNDAMENTAL A DISPOSIÇÃO DE APRENDÊ-LA COM CRISTO
Quando o apóstolo Paulo precisou explicitar a origem de sua percepção de fé e do modo como se conduzia no Evangelho, ele afirmou sem nenhum receio:
Falo-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não ´segundo o homem, porque não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo (Gl 1.11-12).
Claro que Paulo é um caso excepcional! Claro que não acontecerá exatamente assim conosco. Mas a fé que está em nosso coração é que toda a vez que abrimos a Palavra de Deus e Ela fala conosco, o que está acontecendo é mais do que simplesmente ouvir algo sobre Jesus, mas poderemos começar a desfrutar da Palavra como a voz do próprio Jesus. Porque a Palavra de Deus é viva!! O próprio Deus nos fala.
O Sermão da Montanha começa, nos versos 1 e 2 com uma espetacular figura quando descreve a aproximação dos discípulos junto a Jesus e ele passou a ensiná-los.
Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los dizendo (Mt 5.1-2).
Vendo Jesus as multidões – o primeiro movimento desta passagem nos mostra que o ensino sobre a vida é uma obra que começa na percepção do Mestre e não dos discípulos. Ele decide subir ao monte para ensinar por que notou a nossa própria carência. Portanto, o movimento de mudança para uma VIDA FORMOSA é um movimento que começa com nosso Senhor e não em nosso coração. Ele sabe que precisamos aprender o seu modo de vida e se dispõe a atender esta necessidade.
Jesus já estava em plena prática de seu ministério, curando multidões. Isso podemos ver nos versos anteriores. O verso 25, enfatiza que numerosas multidões o seguiam. Jesus notou as nossas enfermidades e certamente percebeu que o nosso problema ia além das enfermidades do corpo, mas estava aprofundado no coração. O conteúdo do Sermão da Montanha vai revelar isto, basta ver como ele fala sobre o que é matar e adulterar, ou mesmo sobre o que é orar e falar com Deus.
Jesus sabe que você precisa e está disposto a atender a necessidade de mudança de vida que você precisa e que, nem sempre sabe que precisa. Este é o ponto! Nem todos sabem que precisam!! Mas Jesus sabe, por isso, ele pacientemente, como um mestre das escolas peripatéticas, se dirige ao Monte, se assenta e passa a ensinar.
Aproximaram-se os seus discípulos – O segundo movimento deste ato de mudança tem a ver com a atitude dos discípulos. E vemos nesta expressão que um grupo de homens se aproximou deles. Note que é possível fazer uma distinção entre dois grupos: a multidão e os discípulos. Jesus viu a necessidade da MULTIDÃO, mas quem se aproximou dele? OS SEUS DISCÍPULOS.
Num outro momento, em Mateus 9.35-38, Jesus vai novamente fazer menção destes dois grupos: ele vê as multidões e as identifica como sendo a SEARA e vê os seus discípulos como os TRABALHADORES de Deus na seara.
O discípulo é aquele que decide sair da multidão para aprender a VIDA FORMOSA COM CRISTO. Você precisa deixar de buscar sua fé no mundo, em si mesmo e nas coisas que faz por aí. Você precisa começar a subir aonde Cristo está disposto para te ensinar.
Não haverá VIDA FORMOSA enquanto o seu movimento for tentar aprender a viver em outras escolas. Muitos serão os mestres que tentarão conquistar a sua mente, mas só um pode te TRANSFORMAR O CORAÇÃO, somente UM PODE TE DAR UMA NOVA VIDA e somente UM PODE TE ENSINAR O QUE É SER NOVA CRIATURA.

QUANDO VOCÊ BUSCA UMA VIDA FORMOSA É FUNDAMENTAL A DISPOSIÇÃO DE SUBIR A MONTANHA NA DIREÇÃO DE DEUS
Vamos agora para o que eu considero ser o segundo bloco de versículos deste trecho. Os versos 3 a 12, são chamados de “As Bem-aventuranças”. Contudo eu prefiro separar os versos 11-12, como uma espécie de aplicação prática do que é apresentado nos versos anteriores e vamos trabalhar assim, hoje.
Facilmente você nota que existe uma estrutura repetida nos versos 3 a 12:
1) A declaração de “bem-aventurança”;
2) A condição do bem-aventurado;
3) A explicação do “porque” desta esperança de felicidade.
Cada afirmação destas pode ser estudada e aprofundada, e como eu disse, podemos fazer isto em um outro momento. Hoje, entretanto, vamos separar este trecho em três blocos, sendo os dois primeiros uma espécie de movimento de subida e descida de uma montanha.
Neste segundo bloco, os versos 3 a 6 eu identifico a parte da subida da montanha. Imaginando que o caráter de Deus é elevado e que o pecador está numa condição inferior, caminhar da direção de Deus é o mesmo que subir uma Montanha.
As bem-aventuranças dos versos 3 a 6 tem uma relação direta com o nosso caráter e a transformação que ele pode sofrer se caminharmos na direção certa. Por isso, digo que esta é a parte da subida.
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos (Mt 5.3-6).
Tentando identificar algo comum entre estas bem-aventuranças, eu percebi que elas estão ligadas à percepções que temos de nós mesmos. 
Humildes de Espírito – Ou simplesmente, como diz outra tradução “os pobres de espírito”, é um indicativo não de uma virtude, mas do encontrar de uma fragilidade. Os humildes de espírito são aqueles que conseguiram perceber que nada possuem diante de Deus que lhes possa garantir qualquer segurança ou alegria. Eles são bem-aventurados porque percebem sua pobreza pessoal.
Os que choram – como uma consequencia da primeira percepção de si mesmos, o choro aqui não é um indicativo de sofrimento com o que outras pessoas fazem contra nós, mas uma percepção clara de que o fato de nada terem diante de Deus, senão a pobreza de uma alma pecadora, acentua a consciência de perdição. Estes choram por causa de sua condição e não por outros motivos.
Os mansos (praeis) – muitas vezes tentei entender de que maneira esta descrição se encaixava com as outras e pensei em Moisés, o homem mais manso do mundo. A palavra grega é usada para definir mansidão é usada para falar de alguém que sabe reconhecer o momento em que vive, sabe se reconhecer e se colocar no seu lugar sem planejar ser mais do que é. Jesus é manso e humilde, embora seja o Rei da Glória, mas ele sabe que é o Filho e não o Pai. A pessoa da bem-aventurança, neste momento da subida do monte em direção a Deus, tudo o que sabe é o seu lugar.
Os que tem fome e sede de justiça – como uma corrente, em que cada elo se une ao seguinte, esta bem-aventurança é a consequencia natural das outras três: o que se reconhece pobre diante de Deus, perdido e se coloca em seu lugar, sabe que tudo o que precisa é ser mais justo, por isso, almeja ser diferente.
Desculpe me delongar nestas explicações, embora haja muito a ser dito sobre cada uma destas características. Mas quando vistas de forma conjunta, o que identificamos aqui é um homem que aprende sua condição e busca caminhar na direção de ser alguém melhor.
Este é o ponto que leva você a uma VIDA FORMOSA, caminhar não na direção de seu pobre coração pecador, mas na direção daquele que pode lhe dar novas ferramentas para uma vida mais justa, mais parecida com Jesus.

QUANDO VOCÊ BUSCA UMA VIDA FORMOSA É FUNDAMENTAL A DISPOSIÇÃO DE DESCER A MONTANHA NA DIREÇÃO DO SEU PRÓXIMO
Quando Jesus ensinou a respeito do que é a verdadeira obediência, ele apontou para os mandamentos de Deus. Aprender a viver com Jesus, isto é, aprender dele o que é A VIDA FORMOSA, é, em resumo, aprender duas coisas centrais: AMAR A DEUS E AO PRÓXIMO, foi assim que ele resumiu a Lei e a obediência.
Quando um crente sobe a Montanha na direção de Deus e aprende a respeito de suas próprias fragilidades e a necessidade de ser mais reto diante do Senhor, logo ele consegue conviver melhor com as pessoas. Em geral, posso dizer o seguinte: a nossa dificuldade de conviver com as pessoas tem uma forte relação com uma fragilidade na nossa aproximação com Deus.
Bem-aventurado os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus (Mt 5.7-10).
Estou com coceiras nos dedos para dar mais detalhes sobre estas afirmações, mas vou evitar agora. Mais uma vez, vou tentar identificar o que há em comum nestes versos e o que eu identifico é que eles revelam uma forte relação entre o bem-aventurado e outras pessoas.
As Escrituras traçam uma forte relação entre o nosso amor a Deus e o nosso relacionamento com as outras pessoas, o nosso próximo. João fala muito de amar a Deus e o próximo nas suas cartas. Aqui no Sermão da Montanha, no capítulo 5 mesmo temos essa forte relação nos versos 23-24:
Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, e, então, voltando, faze a tua oferta (Mt 5.23-24).
Essa relação não pode ser negada na Escritura e nós não podemos negá-la no nosso dia a dia e no processo que temos em nosso horizonte espiritual: UMA VIDA FORMOSA. Em nosso trecho, temos o caminho numa direção do próximo.
Os misericordiosos (Elehmones) -  A misericórdia é um ato que está relacionado à condição do outro. Eléos – a palavra grega usada por Mateus para raíz desta bem-aventurança indica que o discípulos precisa ter uma atitude positiva diante da ação negativa do outro. Porque, ninguém precisa ser misericordioso com quem acerta, mas com quem erra. Meu professor de grego, REv. João Alves, escreveu em uma das minhas provas: “eléos” (em grego, é claro), porque havia considerado alguns pontos que, normalmente, ele consideraria um erro.
Os limpos de coração (Katharoi tei Kardia) - Os limpos de coração são pessoas que caminham sem pesos guardados dentro de si. Eles são capazes de ver Deus, mesmo em momentos difíceis e este é o referencial que lhes guia o coração. No nosso contexto, estes são aqueles que estão abertos para o próximo e se voltam aos homens sem preocupação do que irão encontrar, eles não carregam mágoas e não se relacionam a partir de feridas. Acho que estamos falando de gente que subiu a montanha primeiro, com certeza.
Os pacificadores – Os pacificadores se destacam em tempos de guerra. Portanto, a missão destes que sobem a montanha é descer para encontrar um mundo em guerra. Sempre que caminhamos na direção do próximo, devemos lembrar que estamos caminhando na direção da guerra. Mas, o homem de VIDA FORMOSA não focaliza a guerra, mas em como ele pode trazer a PAZ. Filhos de Deus não podem ser os responsáveis pelas guerras. Você já notou como é comum que as pessoas estejam tão armadas umas contra as outras. Pois bem, aqui, mais uma vez, o que vemos é que aqueles que sobem na direção de Deus mostram uma VIDA FORMOSA, quando caminham na direção do outro levando a paz.
Os perseguidos por causa da justiça – Agora, o tema da justiça vem duma outra forma. Na primeira parte, a ênfase era na falta de justiça pessoal que percebemos em nós. Agora, porém, é descrito aqueles que são perseguidos por causa da falta de justiça dos outros. Afinal, UMA VIDA FORMOSA EM UM MUNDO EM GUERRA não é uma vida fácil. Mas, estes tais que são capazes de ter fome e sede de justiça, são capazes também de saber que o mundo odeia a justiça de Deus, mas eles precisam mostrar o reino de Deus para as outras pessoas e o jeito de fazer isto é: viver a justiça do reino, custe o que custar.
Em todas estas bem-aventuranças, os bem-aventurados são pessoas que estão deixando a sua vida ser usada por Deus para abençoar o PRÓXIMO. UMA VIDA FORMOSA é aquela que é forte e capaz de viver o padrão de DEUS em meio ao caos da humanidade.

QUANDO VOCÊ BUSCA UMA VIDA FORMOSA É FUNDAMENTAL A DISPOSIÇÃO DE PERDER O QUE FOR NECESSÁRIO PARA TER O MELHOR
Jesus apresentou o conceito de “perder para ganhar” quando afirmou que é preciso aprender a perder a si mesmo para ganhar a Cristo.
Portanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a vida por minha causa achá-la-á (Mt 16.25).
O ponto central desta afirmação é o conhecimento de nosso apego a coisas deste mundo que aprisionam a nossa vida em uma condição muito distante e inferior àquela que podemos ter em Cristo. Vivemos presos e precisamos da liberdade de quem realmente conhece a Deus e busca essa elevação de alma.
No Sermão da Montanha, o que Jesus propõe é um modelo de vida em bases diferentes destas que se desfazem com o tempo, uma VIDA FORMOSA, firmada na Rocha, estabelecida em valores que não se degeneram e não se desfazem (Mt 7.22-24).
Portanto, subir a Montanha e perceber a grandeza da vida com dirigida à Deus e ser desafiado a vive-la no mundo caótico da guerra da alma humana (John Bunyan) exigirá a coragem de saber que há possibilidades de perdas e estar disposto a enfrenta-las com coragem.
Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós (Mt 5.11-12).
Ter um alvo de vida elevada, VIDA FORMOSA, implica em ter uma percepção clara do que realmente importa no ato de viver. Hoje, eu ouvi um poeta português que fez a seguinte afirmação poética: o verbo viver é um verbo que tem tamanho, pois ele é extenso e elevado.
A vida a que somos chamados exige uma percepção do verdadeiro valor da vida. Aqui, Jesus conclama seus discípulos a enfrentarem a vida com coragem, desprendimento e alegria, não importando as consequências.
Quando por minha causa – Este é um indicativo da busca de uma elevada maneira de viver que causa uma aparente disfunção entre o discípulo e o mundo, mas que o discípulo deve ter coragem para encarar, porque luta não por si mesmo, mas por Cristo. Em outro lugar, Jesus disse que o MUNDO ODEIA OS SEUS DISCIPULOS PORQUE ODIOU A ELE PRÓPRIO.
Regozijai-vos e exultai porque é grande o seu galardão nos céus – A VIDA FORMOSA é uma consequência natural de um olhar elevado sobre o que é viver para Deus e que realmente somos seus filhos e cidadãos do Reino dos Céus. As mais preciosas expectativas do povo de Deus residem em uma grandiosa noção de que pertence a Deus e a uma outra natureza de vida. Sem essa percepção tudo o que fazemos é quase sempre fraco e pouco expressivo de nossa fé. A nossa própria presença no mundo é sem graça e sem grandes diferenças com o os outros homens.
Bem-aventurados sois – meus irmãos, ao longo deste trecho há uma coisa que não comentei, mas que me chama a atenção. As bem-aventuranças são propostas não somente para indivíduos, mas para uma coletividade de discípulos. Note que todas estão propondo reflexões no plural. Isso é importante, porque, no final das contas, uma das coisas que irão nos sustentar é o  nosso conceito de caminhada e luta coletiva. Não somos um exército “Branca Leone” (o filme que retratava o exército de um homem só), somos um CORPO, uma IGREJA, um POVO, que luta uma luta comum.  

CONCLUSÃO
Eu disse no início irmãos que o que nos move na direção de um ideal é o AMOR. O meu trabalho e dos pastores, assim como é o papel dos pais, dos líderes dos departamentos da igreja, como é o trabalho de todo verdadeiro crente, não é viver a vida dos outros. O TRABALHO PASTORAL QUE TODOS EXERCEMOS EM ALGUMA MEDIDA TEM A VER COM A PROMOÇÃO DE UM VERDADEIRO AMOR A DEUS QUE SE TORNA EM UMA CLARA PERCEPÇÃO DA NECESSIDADE DO PRÓXIMO.
Quando Jesus notou nossa necessidade e decidiu nos ensinar o que é a VIDA FORMOSA, ele propôs a todos os que o seguiam, os seus discípulos, duas grandes necessidades que precisamos considerar seriamente hoje: PRECISAMOS SUBIR NA DIREÇÃO DE DEUS E DEPOIS DESCER A MONTANHA NA DIREÇÃO DO PRÓXIMO.
Quando aprendermos estes dois movimentos: subida e descida e o fizermos sem medo das perdas que podem se apresentar e queremos o que realmente é o melhor, então estaremos sendo a IGREJA FORMOSA e vivendo a VIDA FORMOSA que Deus tem para nos dar.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Hoje, completamos 58 anos como igreja organizada. Isso tem um valor enorme, mas pode não significar nada se a sua vida não está caminhando na direção certa.
O que queremos como igreja é que cada um de nós seja mais parecido com Jesus Cristo. Esse é o verdadeiro compromisso! Mas, não exija de nós que sejamos perfeitos, porque afinal, estamos todos caminhando. Não exija de nós que viva o que você precisa viver, não seja tão infantil e não trate a sua fé de forma tão displicente.
Igreja Presbiteriana de Vila Formosa! Vamos subir juntos esta montanha na direção de Deus. Saberemos que andamos bem quando o nosso olhar para o próximo nos fizer descer na direção certa e a dar valor maior ao que realmente importa. Nenhum preço que Deus exigir será alto demais, se o que tivermos em nosso coração se chamar AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO.
Parabéns a todos da IPBVF e, particularmente, parabéns àqueles que desejam oferecer como presente a Deus sua vida e fazer um compromisso de UMA VIDA MAIS FORMOSA.

QUÃO FORMOSA É TUA IGREJA JESUS!!


Em Cristo e no temor do Supremo

Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno


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