Uma Vida Formosa
MATEUS
5.1-12
(Pregado
no Culto de Ações de Graças pelo 58º da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa)
Nos anos que vivo nesta igreja,
mesmo antes de ser seu pastor, vivi coisas impressionantes. A meninice,
adolescência, juventude que construí aqui me deram ferramentas que levarei para
sempre no núcleo do meu ser. Acredito que esta seja minha maior virtude como
pastor da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa, mas também meu maior obstáculo.
Pois, por um lado, sei muito
bem o que é ser um filho de Vila Formosa e como as coisas foram e são
construídas aqui. Claro, muita coisa mudou, a nossa Igreja não é a mesma de 20,
30 ou 58 anos atrás. Mas, tem muita coisa que está aqui, vivendo e sobrevivendo
nestes anos.
O lado ruim disto é que os
defeitos, trejeitos, vícios de ser um filho de Vila Formosa estão em mim. Claro
também, fui lapidado, não sou o mesmo, como a igreja não é, e muitos outros que
vieram depois nos ajudaram a mudar e a corrigir muita coisa.
O ponto aonde quero chegar é
este: a função de um pastor não é manter a igreja como está, mas trabalhar para
leva-la o mais perto de Cristo. A nossa história não é tudo, afinal é só a
história de um grupo de pecadores que se juntou para caminhar. Com certeza,
temos muito que transformar em nós mesmos para sermos realmente uma igreja
FORMOSA para Cristo.
O ser humano é capaz de viver
ideais. Diferentemente dos outros animais, que existem para satisfazer seus
instintos, o ser humano é capaz de amar e, por isto, mais que seguir instintos,
ele é capaz de viver ideais. O que são ideais? São aquelas mentalizações da
realidade que, ainda que não existam de fato, apontam para algo desejável e
melhor do que o que se pode encontrar no presente.
A falta de ideais está tornando
os cristãos um povo apático, domingueiro e incapaz de agir pela causa, senão
quando os seus interesses estão em jogo. Um homem sem ideais, é um ser que
tende à paralisia. Ele passa os seus dias sem a perspectiva do futuro e, por
isso, não sabe o que é esperança. E, infelizmente, isto pode ser dito de muitos
cristãos que estão tão desmotivados que sejam a praticar um evangelho vergonhosamente
descomprometido.
Mas qual é o motivo de nos
sentirmos inspirados para seguir um ideal? O que nos motiva é o amor. É o amor
por uma causa nos moverá a lutar por ela, é o nosso amor por um ideal que nos
moverá a trabalhar por sua concretização.
O ideal capaz de dar aos
discípulos uma disposição totalmente voltada à Deus é o amor e eles viram isto
em Jesus. O ideal que viram em Jesus é mais que uma história de vitória no
final ou um sonho possível como disse um dia Martin Luther King e fez pessoas
marcharem numa mesma direção. Os
discípulos viram o seu ideal em Cristo. Sim, aquele homem de Nazaré e o seu
modo de viver, sua retidão pessoal, seu
apego à Palavra de Deus, seu desejo de ver pessoas restauradas, etc..
Tudo o que eles viram em Jesus se lhes tornou alvo. Eles mantiveram os seus
olhos fitos nele, quando o viram transfigurado e não se contiveram quando o
viram confiante enquanto o mar se agitava. O apóstolo Paulo, um nascido fora do
tempo, andou com Jesus e disse: NÃO SOU EU QUEM VIVE, MAS CRISTO VIVE EM MIM.
A VIDA FORMOSA de que estamos
falando é o ideal de parecermos com Jesus, o que só pode ser alcançado mediante
uma decisão dupla: deixar o velho homem e se revestir de uma nova vida em
Cristo. Isso só acontece quando estamos dispostos a caminhar na direção certa.
O início do Sermão da Montanha
é uma série de famosas afirmações de Jesus que podem resumir o que realmente
significa essa nova vida formosa que podemos alcançar se andarmos na direção
certa. Ali, pelas famosas “Bem-Aventuranças”, Jesus estipula o caminho
fundamental para quem deseja viver para ser o Sal da Terra e a Luz do Mundo.
Vamos explorar estes versículos
como blocos e não porções individuais, o que eu tenho certeza de que também
seria uma grande bênção, contudo, faremos isto noutro momento, em pequenos
grupos que podem se reunir nas casas para se aprofundar. Hoje, vamos nos deter
nos blocos de versículos que conseguimos identificar nesta primeira porção do
Sermão da Montanha, dos versos 1 a 12, do capítulo 5.
Vamos dividir este texto em
quatro blocos de versos (1-2; 3-6; 7-10; 11-12) e vamos procurar discernir os
elementos fundamentais para uma VIDA FORMOSA, isto é, para um preenchimento da
alma com tudo o que pode nos transformar e aproximar do ideal visualizado em
Cristo, em tudo o que ele era.
QUANDO VOCÊ BUSCA UMA VIDA FORMOSA É FUNDAMENTAL A
DISPOSIÇÃO DE APRENDÊ-LA COM CRISTO
Quando o apóstolo Paulo
precisou explicitar a origem de sua percepção de fé e do modo como se conduzia
no Evangelho, ele afirmou sem nenhum receio:
Falo-vos,
porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não ´segundo o homem,
porque não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de
Jesus Cristo (Gl 1.11-12).
Claro que Paulo é um caso
excepcional! Claro que não acontecerá exatamente assim conosco. Mas a fé que
está em nosso coração é que toda a vez que abrimos a Palavra de Deus e Ela fala
conosco, o que está acontecendo é mais do que simplesmente ouvir algo sobre
Jesus, mas poderemos começar a desfrutar da Palavra como a voz do próprio
Jesus. Porque a Palavra de Deus é viva!! O próprio Deus nos fala.
O Sermão da Montanha começa,
nos versos 1 e 2 com uma espetacular figura quando descreve a aproximação dos
discípulos junto a Jesus e ele passou a ensiná-los.
Vendo
Jesus as multidões, subiu ao monte, e como se assentasse, aproximaram-se os
seus discípulos; e ele passou a ensiná-los dizendo (Mt 5.1-2).
Vendo
Jesus as multidões – o
primeiro movimento desta passagem nos mostra que o ensino sobre a vida é uma
obra que começa na percepção do Mestre e não dos discípulos. Ele decide subir
ao monte para ensinar por que notou a nossa própria carência. Portanto, o
movimento de mudança para uma VIDA FORMOSA é um movimento que começa com nosso
Senhor e não em nosso coração. Ele sabe que precisamos aprender o seu modo de
vida e se dispõe a atender esta necessidade.
Jesus já estava em plena
prática de seu ministério, curando multidões. Isso podemos ver nos versos
anteriores. O verso 25, enfatiza que numerosas multidões o seguiam. Jesus notou
as nossas enfermidades e certamente percebeu que o nosso problema ia além das
enfermidades do corpo, mas estava aprofundado no coração. O conteúdo do Sermão
da Montanha vai revelar isto, basta ver como ele fala sobre o que é matar e
adulterar, ou mesmo sobre o que é orar e falar com Deus.
Jesus sabe que você precisa e
está disposto a atender a necessidade de mudança de vida que você precisa e
que, nem sempre sabe que precisa. Este é o ponto! Nem todos sabem que
precisam!! Mas Jesus sabe, por isso, ele pacientemente, como um mestre das
escolas peripatéticas, se dirige ao Monte, se assenta e passa a ensinar.
Aproximaram-se
os seus discípulos – O
segundo movimento deste ato de mudança tem a ver com a atitude dos discípulos.
E vemos nesta expressão que um grupo de homens se aproximou deles. Note que é
possível fazer uma distinção entre dois grupos: a multidão e os discípulos.
Jesus viu a necessidade da MULTIDÃO, mas quem se aproximou dele? OS SEUS
DISCÍPULOS.
Num outro momento, em Mateus
9.35-38, Jesus vai novamente fazer menção destes dois grupos: ele vê as
multidões e as identifica como sendo a SEARA e vê os seus discípulos como os
TRABALHADORES de Deus na seara.
O discípulo é aquele que decide
sair da multidão para aprender a VIDA FORMOSA COM CRISTO. Você precisa deixar
de buscar sua fé no mundo, em si mesmo e nas coisas que faz por aí. Você
precisa começar a subir aonde Cristo está disposto para te ensinar.
Não haverá VIDA FORMOSA
enquanto o seu movimento for tentar aprender a viver em outras escolas. Muitos
serão os mestres que tentarão conquistar a sua mente, mas só um pode te
TRANSFORMAR O CORAÇÃO, somente UM PODE TE DAR UMA NOVA VIDA e somente UM PODE
TE ENSINAR O QUE É SER NOVA CRIATURA.
QUANDO VOCÊ BUSCA UMA VIDA FORMOSA É FUNDAMENTAL A
DISPOSIÇÃO DE SUBIR A MONTANHA NA DIREÇÃO DE DEUS
Vamos agora para o que eu
considero ser o segundo bloco de versículos deste trecho. Os versos 3 a 12, são
chamados de “As Bem-aventuranças”. Contudo eu prefiro separar os versos 11-12,
como uma espécie de aplicação prática do que é apresentado nos versos
anteriores e vamos trabalhar assim, hoje.
Facilmente você nota que existe
uma estrutura repetida nos versos 3 a 12:
1) A declaração de
“bem-aventurança”;
2) A condição do
bem-aventurado;
3) A explicação do “porque”
desta esperança de felicidade.
Cada afirmação destas pode ser
estudada e aprofundada, e como eu disse, podemos fazer isto em um outro
momento. Hoje, entretanto, vamos separar este trecho em três blocos, sendo os
dois primeiros uma espécie de movimento de subida e descida de uma montanha.
Neste segundo bloco, os versos
3 a 6 eu identifico a parte da subida da montanha. Imaginando que o caráter de
Deus é elevado e que o pecador está numa condição inferior, caminhar da direção
de Deus é o mesmo que subir uma Montanha.
As bem-aventuranças dos versos
3 a 6 tem uma relação direta com o nosso caráter e a transformação que ele pode
sofrer se caminharmos na direção certa. Por isso, digo que esta é a parte da
subida.
Bem-aventurados
os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os
que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão
a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos
(Mt 5.3-6).
Tentando identificar algo comum
entre estas bem-aventuranças, eu percebi que elas estão ligadas à percepções
que temos de nós mesmos.
Humildes
de Espírito – Ou
simplesmente, como diz outra tradução “os pobres de espírito”, é um indicativo
não de uma virtude, mas do encontrar de uma fragilidade. Os humildes de
espírito são aqueles que conseguiram perceber que nada possuem diante de Deus
que lhes possa garantir qualquer segurança ou alegria. Eles são bem-aventurados
porque percebem sua pobreza pessoal.
Os
que choram –
como uma consequencia da primeira percepção de si mesmos, o choro aqui não é um
indicativo de sofrimento com o que outras pessoas fazem contra nós, mas uma
percepção clara de que o fato de nada terem diante de Deus, senão a pobreza de
uma alma pecadora, acentua a consciência de perdição. Estes choram por causa de
sua condição e não por outros motivos.
Os
mansos (praeis)
– muitas vezes tentei entender de que maneira esta descrição se encaixava com
as outras e pensei em Moisés, o homem mais manso do mundo. A palavra grega é
usada para definir mansidão é usada para falar de alguém que sabe reconhecer o
momento em que vive, sabe se reconhecer e se colocar no seu lugar sem planejar
ser mais do que é. Jesus é manso e humilde, embora seja o Rei da Glória, mas
ele sabe que é o Filho e não o Pai. A pessoa da bem-aventurança, neste momento
da subida do monte em direção a Deus, tudo o que sabe é o seu lugar.
Os
que tem fome e sede de justiça
– como uma corrente, em que cada elo se une ao seguinte, esta bem-aventurança é
a consequencia natural das outras três: o que se reconhece pobre diante de
Deus, perdido e se coloca em seu lugar, sabe que tudo o que precisa é ser mais
justo, por isso, almeja ser diferente.
Desculpe me delongar nestas
explicações, embora haja muito a ser dito sobre cada uma destas
características. Mas quando vistas de forma conjunta, o que identificamos aqui
é um homem que aprende sua condição e busca caminhar na direção de ser alguém
melhor.
Este é o ponto que leva você a
uma VIDA FORMOSA, caminhar não na direção de seu pobre coração pecador, mas na
direção daquele que pode lhe dar novas ferramentas para uma vida mais justa,
mais parecida com Jesus.
QUANDO VOCÊ BUSCA UMA VIDA FORMOSA É FUNDAMENTAL A
DISPOSIÇÃO DE DESCER A MONTANHA NA DIREÇÃO DO SEU PRÓXIMO
Quando Jesus ensinou a respeito
do que é a verdadeira obediência, ele apontou para os mandamentos de Deus.
Aprender a viver com Jesus, isto é, aprender dele o que é A VIDA FORMOSA, é, em
resumo, aprender duas coisas centrais: AMAR A DEUS E AO PRÓXIMO, foi assim que
ele resumiu a Lei e a obediência.
Quando um crente sobe a
Montanha na direção de Deus e aprende a respeito de suas próprias fragilidades
e a necessidade de ser mais reto diante do Senhor, logo ele consegue conviver
melhor com as pessoas. Em geral, posso dizer o seguinte: a nossa dificuldade de conviver com as pessoas tem uma forte relação
com uma fragilidade na nossa aproximação com Deus.
Bem-aventurado
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos
de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão
chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça,
porque deles é o reino dos céus (Mt 5.7-10).
Estou com coceiras nos dedos
para dar mais detalhes sobre estas afirmações, mas vou evitar agora. Mais uma
vez, vou tentar identificar o que há em comum nestes versos e o que eu
identifico é que eles revelam uma forte relação entre o bem-aventurado e outras
pessoas.
As Escrituras traçam uma forte
relação entre o nosso amor a Deus e o nosso relacionamento com as outras
pessoas, o nosso próximo. João fala muito de amar a Deus e o próximo nas suas
cartas. Aqui no Sermão da Montanha, no capítulo 5 mesmo temos essa forte
relação nos versos 23-24:
Se,
pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem
alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão, e, então, voltando, faze a tua oferta (Mt
5.23-24).
Essa relação não pode ser
negada na Escritura e nós não podemos negá-la no nosso dia a dia e no processo
que temos em nosso horizonte espiritual: UMA VIDA FORMOSA. Em nosso trecho,
temos o caminho numa direção do próximo.
Os
misericordiosos (Elehmones)
- A misericórdia é um ato que está
relacionado à condição do outro. Eléos – a palavra grega usada por Mateus para
raíz desta bem-aventurança indica que o discípulos precisa ter uma atitude
positiva diante da ação negativa do outro. Porque, ninguém precisa ser
misericordioso com quem acerta, mas com quem erra. Meu professor de grego, REv.
João Alves, escreveu em uma das minhas provas: “eléos” (em grego, é claro),
porque havia considerado alguns pontos que, normalmente, ele consideraria um
erro.
Os
limpos de coração
(Katharoi tei Kardia) - Os limpos de coração são pessoas que caminham sem pesos
guardados dentro de si. Eles são capazes de ver Deus, mesmo em momentos
difíceis e este é o referencial que lhes guia o coração. No nosso contexto,
estes são aqueles que estão abertos para o próximo e se voltam aos homens sem
preocupação do que irão encontrar, eles não carregam mágoas e não se relacionam
a partir de feridas. Acho que estamos falando de gente que subiu a montanha primeiro,
com certeza.
Os
pacificadores
– Os pacificadores se destacam em tempos de guerra. Portanto, a missão destes
que sobem a montanha é descer para encontrar um mundo em guerra. Sempre que
caminhamos na direção do próximo, devemos lembrar que estamos caminhando na
direção da guerra. Mas, o homem de VIDA FORMOSA não focaliza a guerra, mas em
como ele pode trazer a PAZ. Filhos de Deus não podem ser os responsáveis pelas
guerras. Você já notou como é comum que as pessoas estejam tão armadas umas
contra as outras. Pois bem, aqui, mais uma vez, o que vemos é que aqueles que
sobem na direção de Deus mostram uma VIDA FORMOSA, quando caminham na direção
do outro levando a paz.
Os
perseguidos por causa da justiça
– Agora, o tema da justiça vem duma outra forma. Na primeira parte, a ênfase
era na falta de justiça pessoal que percebemos em nós. Agora, porém, é descrito
aqueles que são perseguidos por causa da falta de justiça dos outros. Afinal,
UMA VIDA FORMOSA EM UM MUNDO EM GUERRA não é uma vida fácil. Mas, estes tais
que são capazes de ter fome e sede de justiça, são capazes também de saber que
o mundo odeia a justiça de Deus, mas eles precisam mostrar o reino de Deus para
as outras pessoas e o jeito de fazer isto é: viver a justiça do reino, custe o
que custar.
Em todas estas
bem-aventuranças, os bem-aventurados são pessoas que estão deixando a sua vida
ser usada por Deus para abençoar o PRÓXIMO. UMA VIDA FORMOSA é aquela que é
forte e capaz de viver o padrão de DEUS em meio ao caos da humanidade.
QUANDO VOCÊ BUSCA UMA VIDA FORMOSA É FUNDAMENTAL A
DISPOSIÇÃO DE PERDER O QUE FOR NECESSÁRIO PARA TER O MELHOR
Jesus apresentou o conceito de “perder
para ganhar” quando afirmou que é preciso aprender a perder a si mesmo para
ganhar a Cristo.
Portanto,
quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a vida por minha causa achá-la-á
(Mt 16.25).
O ponto central desta afirmação
é o conhecimento de nosso apego a coisas deste mundo que aprisionam a nossa
vida em uma condição muito distante e inferior àquela que podemos ter em
Cristo. Vivemos presos e precisamos da liberdade de quem realmente conhece a
Deus e busca essa elevação de alma.
No Sermão da Montanha, o que
Jesus propõe é um modelo de vida em bases diferentes destas que se desfazem com
o tempo, uma VIDA FORMOSA, firmada na Rocha, estabelecida em valores que não se
degeneram e não se desfazem (Mt 7.22-24).
Portanto, subir a Montanha e
perceber a grandeza da vida com dirigida à Deus e ser desafiado a vive-la no
mundo caótico da guerra da alma humana (John Bunyan) exigirá a coragem de saber
que há possibilidades de perdas e estar disposto a enfrenta-las com coragem.
Bem-aventurados
sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo,
disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso
galardão nos céus, pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós
(Mt 5.11-12).
Ter um alvo de vida elevada,
VIDA FORMOSA, implica em ter uma percepção clara do que realmente importa no
ato de viver. Hoje, eu ouvi um poeta português que fez a seguinte afirmação
poética: o verbo viver é um verbo que
tem tamanho, pois ele é extenso e elevado.
A vida a que somos chamados
exige uma percepção do verdadeiro valor da vida. Aqui, Jesus conclama seus
discípulos a enfrentarem a vida com coragem, desprendimento e alegria, não
importando as consequências.
Quando
por minha causa
– Este é um indicativo da busca de uma elevada maneira de viver que causa uma
aparente disfunção entre o discípulo e o mundo, mas que o discípulo deve ter
coragem para encarar, porque luta não por si mesmo, mas por Cristo. Em outro
lugar, Jesus disse que o MUNDO ODEIA OS SEUS DISCIPULOS PORQUE ODIOU A ELE
PRÓPRIO.
Regozijai-vos
e exultai porque é grande o seu galardão nos céus – A VIDA FORMOSA é uma
consequência natural de um olhar elevado sobre o que é viver para Deus e que
realmente somos seus filhos e cidadãos do Reino dos Céus. As mais preciosas
expectativas do povo de Deus residem em uma grandiosa noção de que pertence a
Deus e a uma outra natureza de vida. Sem essa percepção tudo o que fazemos é
quase sempre fraco e pouco expressivo de nossa fé. A nossa própria presença no
mundo é sem graça e sem grandes diferenças com o os outros homens.
Bem-aventurados
sois – meus irmãos,
ao longo deste trecho há uma coisa que não comentei, mas que me chama a
atenção. As bem-aventuranças são propostas não somente para indivíduos, mas
para uma coletividade de discípulos. Note que todas estão propondo reflexões no
plural. Isso é importante, porque, no final das contas, uma das coisas que irão
nos sustentar é o nosso conceito de caminhada
e luta coletiva. Não somos um exército “Branca Leone” (o filme que retratava o
exército de um homem só), somos um CORPO, uma IGREJA, um POVO, que luta uma
luta comum.
CONCLUSÃO
Eu disse no início irmãos que o
que nos move na direção de um ideal é o AMOR. O meu trabalho e dos pastores,
assim como é o papel dos pais, dos líderes dos departamentos da igreja, como é
o trabalho de todo verdadeiro crente, não é viver a vida dos outros. O TRABALHO
PASTORAL QUE TODOS EXERCEMOS EM ALGUMA MEDIDA TEM A VER COM A PROMOÇÃO DE UM
VERDADEIRO AMOR A DEUS QUE SE TORNA EM UMA CLARA PERCEPÇÃO DA NECESSIDADE DO PRÓXIMO.
Quando Jesus notou nossa
necessidade e decidiu nos ensinar o que é a VIDA FORMOSA, ele propôs a todos os
que o seguiam, os seus discípulos, duas grandes necessidades que precisamos
considerar seriamente hoje: PRECISAMOS SUBIR NA DIREÇÃO DE DEUS E DEPOIS DESCER
A MONTANHA NA DIREÇÃO DO PRÓXIMO.
Quando aprendermos estes dois
movimentos: subida e descida e o fizermos sem medo das perdas que podem se
apresentar e queremos o que realmente é o melhor, então estaremos sendo a
IGREJA FORMOSA e vivendo a VIDA FORMOSA que Deus tem para nos dar.
Aplicação para a Igreja
Presbiteriana de Vila Formosa
Hoje, completamos 58 anos como
igreja organizada. Isso tem um valor enorme, mas pode não significar nada se a
sua vida não está caminhando na direção certa.
O que queremos como igreja é
que cada um de nós seja mais parecido com Jesus Cristo. Esse é o verdadeiro
compromisso! Mas, não exija de nós que sejamos perfeitos, porque afinal,
estamos todos caminhando. Não exija de nós que viva o que você precisa viver,
não seja tão infantil e não trate a sua fé de forma tão displicente.
Igreja Presbiteriana de Vila
Formosa! Vamos subir juntos esta montanha na direção de Deus. Saberemos que
andamos bem quando o nosso olhar para o próximo nos fizer descer na direção
certa e a dar valor maior ao que realmente importa. Nenhum preço que Deus
exigir será alto demais, se o que tivermos em nosso coração se chamar AMOR A
DEUS E AO PRÓXIMO.
Parabéns a todos da IPBVF e,
particularmente, parabéns àqueles que desejam oferecer como presente a Deus sua
vida e fazer um compromisso de UMA VIDA MAIS FORMOSA.
QUÃO FORMOSA É TUA IGREJA
JESUS!!
Em Cristo e no temor do Supremo
Rev. José Mauricio Passos
Nepomuceno
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Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!