O
Alto Preço Para Um Coração Leal ao Senhor
Mateus 5.27-32
Introdução
Em geral, sempre que pensamos
na nossa relação com Deus, estamos diante do dilema de pensar sobre o que
realmente significa “amar a Deus”. Como temos visto aqui no Sermão da Montanha,
o amor a Deus é explicitado na vida do cristão quando este demonstra amor para
o outro.
Depois de suas palavras de
abertura sobre as bem-aventuranças e as exortações sobre o erro de esconder a
fé, sob qualquer que seja o pretexto, Jesus passou a ilustrar sua mensagem
sobre ser sal e luz, com atitudes práticas. Ele começou com a adoração e o amor
ao próximo. Agora, entretanto, Jesus passou a falar sobre a lealdade dos filhos
ao seu Pai.
Ele toma o sétimo mandamento
como ponto de partida e o padrão geral para o comportamento dos servos de Deus.
Não adulterarás. O adultério é
condenado na Lei Moral de Deus e em várias ocasiões, o texto sagrado enfrenta
este tema no contexto do casamento do homem com sua mulher.
O adultério é o tema do
mandamento, mas o mesmo está propondo muito mais que somente uma reflexão sobre
o casamento e a sua estabilidade. Jesus está promovendo a discussão sobre a
lealdade das pessoas a Deus.
A acusação primordial do
capítulo 2 de Malaquias é a deslealdade do seu povo, que só se ilustrava na
deslealdade que se manifestava em suas opções morais na relação conjugal.
Judá tem sido desleal,
e abominação tem cometido em Israel e em Jerusalém... E perguntais: por quê? Porque
o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a
qual tu foste desleal, sento a tua companheira e a mulher da tua aliança
(Malaquias 2.11-14).
O ponto que a Escritura
levanta é que nossos comportamentos humanos são resultados de nossa relação com
Deus e o adultério é um sintoma de nossa falta de lealdade à Deus. Por isso,
quando nos voltamos para a mensagem de Jesus no sermão da Montanha, podemos pensar
que estamos diante da ideia de que a Lei de Deus é o estabelecimento de uma
relação sadia com o Senhor e a sua quebra é o sinal do contrário.
O que precisamos ver neste texto
é que a lealdade a Deus, representada pelo comportamento da capacidade de
demonstrar lealdade ao matrimônio, precisa ser buscada por cada um de nós, mas
que isso tem um preço e resultados.
Para Ter um Coração Leal a Deus,
Precisamos Pagar o Preço de Dominar os Impulsos Impuros do Coração.
Quando nos detemos com
honestidade para investigar as profundezas de nossa alma, com certeza,
reconhecemos que há senões de nossa interioridade que seriam, facilmente
condenáveis pela lei de Deus. Seja aquela inveja secreta, a raiva contida,
egoísmos etc, todas estas coisas são males que descobrimos dentro de nós, quando
nos perguntamos honestamente sobre quem realmente nós somos.
Jesus toma o sétimo mandamento
para nos ensinar sobre o que é ser luz. Ele próprio faz uma relação entre o
adultério e a vida espiritual, quando afirma que é melhor perder um membro do
corpo que ir ao inferno.
Eu, porém, vos digo:
qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura no coração, já adulterou
com ela (Mateus 5.27).
O que Jesus diz aqui é que a
lealdade do homem exige um esforço para reter e dominar os seus impulsos
impuros do coração.
Enquanto muitas pessoas pensam
que a lealdade é um elemento que corresponde apenas aos fatores visíveis e
tangíveis, mas no fundo, a lealdade verdadeira deve ser um compromisso da
profundidade do nosso ser.
O texto de Malaquias aponta
para Deus dizendo que o povo, apesar de estar sendo desleal, ainda perguntava: “por
quê?” e faziam isto porque achavam que a deslealdade só era provada se houvesse
uma prova física.
Jesus está nos dizendo que
nossa lealdade começa no coração e exige o preço de dominar os impulsos impuros
do coração. Este preço pode parecer pequeno, mas quando somos chamados a isso,
nos arcanos mais escuros da nossa alma, temos de enfrentar desejos
controladores do maligno que se impregnou ao nosso coração.
Quando você tiver de
contrariar estes impulsos pecaminosos do coração, você enfrentará o pior de
você, que é o você impulsivo, dominador e que irá fazer de tudo para se
justificar. Mas, não se esqueça, este é um preço a ser pago para ser leal a
Deus.
Para Ter um Coração Leal a Deus,
Precisamos Pagar o Preço de Dominar os Elementos Que Claramente Nos Influenciam
Para o Mal.
O apóstolo Paulo orientou
Timóteo a fugir de toda a aparência do mal. Pedro, por sua vez, determinou que
é preciso ter uma postura de vigilância diante do Diabo que está ao redor de
nós como um leão pronto a tragar. Jesus também nos disse para vigiar e a orar
para não entrar em tentação.
Um dos ensinos bíblicos mais
claros sobre o modo como lutaríamos contra o pecado é nos afastar dos elementos
que nos empurram para a vida pecaminosa. Um homem que tenha fortes impulsos
impuros do coração para pecados sexuais, não pode se demorar noite à dentro
diante de uma tela de computador a um toque do teclado de um site de
pornografia.
SE o teu olho direito te faz tropeçar
arranca-o e lança-o de ti; pois convém que se perca um dos teus membros, e não
seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz
tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus
membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno (Mateus 5.29-30).
SE
o teu olho te faz tropeçar – se a tua mão te faz tropeçar –
Irmãos os elementos que Jesus levanta como sendo as pedras de tropeço para a
nossa vida tem uma característica comum: são coisas nossas. Jesus está falando
de nós mesmos e não do que é externo a nós.
Em geral, pensamos que os
elementos de tentação são sempre externos a nós. Lembro-me que antigamente,
quando as revistas de pornografia começaram a sair dos fundos das bancas de
jornais e ocupar as paletas de exposição pública, éramos orientados a não
passar pela banca e se passar não olhar.
Mas o que Jesus está dizendo
que o que realmente é ferramenta de tentação é algo em mim, sou eu mesmo: se o
teu olho, ou a tua mão, te faz tropeçar. O que te faz tropeçar não é a moça
bonita, ou o homem que oferece vantagem corrupta a você: o que realmente te
leva a pecar é você.
Arranca
e lança de ti – o pensamento de Jesus aponta para o fato de
que a lealdade a Deus exigirá a capacidade de agir de forma radical contra si
mesmo. Mateus registrou a força do ensino de Jesus com um tipo de verbo que
indica uma ação intensa e decisiva.
Melhor
perder que ir para o inferno – a atitude que se exige é
radical porque ela é fruto de uma percepção da importância de que está em jogo
a eternidade. Por isso, é importante que percebamos que a lealdade que está
sendo discutida aqui tem a ver com o adultério do homem e da mulher, mas sob os
auspícios da nossa lealdade ao próprio Deus.
Sem dúvida, você não irá só
enfrentar inimigos que estejam fora de você, mas terá de enfrentar a si mesmo e
ter um atitude radical de auto domínio para ter um coração leal a Deus.
Para Ter um Coração Leal a Deus,
Precisamos Pagar o Preço de Dominar o Impulso de Esquecer Que a Vida Espiritual
de Outras Pessoas Dependem da Nossa
O ponto trabalhado ainda é o
mesmo, o adultério. Mas, aqui, Jesus propõe uma outra questão: A carta divórcio
existe para ser concedida, mas ao conceder não podemos nos esquecer de que
nossa decisão tem a ver com o outro e não somente conosco.
A relação com o próximo,
claramente mais aprofundada na relação conjugal, não é uma relação
espiritualmente neutra. Ao contrário, como cuidamos do outro, pode refletir uma
intimidade com Deus ou um distanciamento.
Também foi dito: Aquele
que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a
tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério (Mateus
5.31-32).
A nossa lealdade para com Deus
está diretamente interligada à nossa capacidade de revelar lealdade espiritual
também para com as pessoas que estão à nossa volta.
A
expõe a tornar-se adúltera - A carta de divórcio, dada em razão de
um simples deslealdade, produz uma condição negativa para a pessoa repudiada.
Em geral, pensamos em tomar decisões e deixar que as outras pessoas se virem
com as consequências que lhe dizem respeito. No entanto, o homem que ilumina o
mundo ao seu redor e aponta para Deus, nunca age sem medir com cuidado o fato
de que seus atos influenciam a vida de outras pessoas.
A
mulher e o outro – no caso do exemplo de Cristo, duas pessoas
são tomadas como sendo os prejudicados por uma atitude impensada: a própria
mulher e o outro. Em outras palavras, parece que nãos somos responsáveis em
sermos leais apenas para com as pessoas que estão próximas de nós, mas com
todos os que de uma maneira ou de outra poderão ser atingidas com o nosso erro.
A lealdade a Deus é resultado
de um forte pensamento sobre o que pode ou não pode acontecer com outros se nos
tornarmos impuros e reprováveis. Precisamos nos dominar porque este é um preço
que precisamos considerar com todas as nossas forças da alma.
Conclusão
Meus irmãos, ainda que seja
muito importante tratar da questão pontual do adultério, acho que precisamos
olhar bem além da superfície deste texto e perceber que a discussão de Jesus
não é só sobre casamento, mas sobre a importante condição que nos foi dada de
sermos luz para os que estão ao nosso redor.
Nossa lealdade a Deus está
diretamente ligada à uma profunda preocupação com o que está ao nosso redor.
Então, com certeza precisamos ter muito maior cuidado sobre o modo como estamos
vivendo, sobre as decisões que tomamos e o que resolvemos fazer nesta vida.
Esta noite, nosso texto nos
falou sobre o preço que precisamos pagar para ter um coração leal:
Um coração leal luta
fortemente contra os impulsos pecaminosos da nossa natureza carnal.
Um coração leal luta
fortemente contra todas as coisas que nos conduzem a agir de forma maligna
Um coração leal luta
fortemente contra a falta de amor para com o próximo.