A
Missão de Amar
MATEUS 5.21 a 26
FCD – o texto nos fala da
integralidade da vida humana, o que relaciona a sobrenaturalidade de nossa
relação com Deus e a naturalidade da nossa relação com o próximo. Fazer uma
dissociação, ou separação destas duas esferas é o erro que a Escritura corrige.
Viver, tendo o foco na unidade destas duas esferas, é o mesmo que “cumprir a
Lei”, como Jesus disse que viria fazer.
Introdução
Eu não vim
revogar a lei e sim cumprir
- Jesus Cristo veio cumprir a Lei e o que isto significa? Quem viola os
mandamentos e mínimo no reino dos céus, mas o que observa é grande. Como é que
isso realmente funciona? Para o apóstolo Paulo, o cumprimento da Lei é o amor.
Afinal, a Lei se resume no amor a Deus, que se torna evidente e materializa no
amor ao próximo. Como estas coisas podem e devem ser relacionadas?
O
texto que nos guia na mensagem desta noite é uma espécie de ilustração do que
Jesus quis dizer com: ser mínimo quando quebramos a lei e ser grande quando a
cumprimos. O ponto mais importante que precisamos estabelecer para entender
isto é que a Lei de Deus é a ferramenta do Pai para fazer a importante conexão
entre o céu e a terra. Entre o celestial e o terreal, entre a vida natural e
sobrenatural.
A
Palavra de Deus é a revelação que aponta para o fato de que toda a nossa vida
tem uma relação com Deus e, portanto, homens que se aproximam de Deus, estão
mais próximos de realmente entender a vida e todas as coisas que a compõem.
Por
isso, Jesus toma como exemplo o nosso relacionamento e estabelece uma conexão
direta entre a nossa adoração, isto é, a relação com o espectro sobrenatural da
vida, e a nossa relação com as pessoas, nosso espectro natural da vida.
Reconcilia com o
teu irmão depois entrega a tua oferta
- A entrega de um culto que esteja desconectada da nossa realidade enquanto,
pais, mães, vizinhos, irmãos de fé etc... nossos compromissos existências em
todas as suas esferas, não é adoração de fato. Para uma adoração plena, leia no
salmo 15, implica em “não emprestar dinheiro com usura, não falar mal do
próximo etc”.,e aqui, em Mateus, implica em uma relação de harmonia com as
pessoas e com a própria vida, representada aqui no exemplo do perdão que
devemos dar e receber uns dos outros.
Para
Tornar Consistente a Nossa Missão de Amar Precisamos Considerar Que a Nossa Realidade
Natural Está Conectada à Nossa Realidade Espiritual ou Sobrenatural
Muitos foram os efeitos do
pecado na vida humana e na sua relação com a realidade. O mais danoso destes
efeitos, na minha opinião, foi o encobrimento da totalidade da realidade na
qual vivemos.
Deixe-me explicar um pouco
mais. O apóstolo Paulo, falou que os
homens, mortos em seus delitos e pecados, vivem de forma “alheia” a Deus. Ou
seja, o pecado causa uma alienação e passamos a vivenciar a nossa realidade
como se Deus não existisse.
Este tipo de percepção da
realidade, que afasta o homem da realidade de Deus, é chamado nas Escrituras de
“viver em trevas”. Tento exemplificar isto com uma pessoa que entrou em um
quarto escuro, que ele não consegue enxergar nada e alguém diz para ele que
aquele lugar é um parque de diversões. Ele encontra um objeto que julga ser o carrinho
de uma montanha russa e começa a sentir a sensação de subir e descer da montanha
russa.
De repente, alguém acende a luz
e percebe que está nas instalações de uma mina abandonada e que o carrinho que
ele agora está sentado é um daqueles carrinhos de mina que está caminhando para
o mais profundo abismo das escavações. Bem, com certeza, o desfrute e a
sensação desta nova realidade é muito diferente da primeira.
Quando uma pessoa vive no mundo
sem a realidade de Deus, pode até desfrutar do ato de existir, mas não tem a
noção completa do que é. Por isso, é que muitas vezes, o viver é difícil e
cheio de problemas insolúveis, porque estamos vivendo uma realidade parcial.
Ouvistes o que foi dito aos
antigos: Não matarás; e Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos
digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão, estará sujeito a
julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento
de tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo (Mateus
5.21-22).
Não
matarás –
Jesus está tomando como ponto de partida para o seu argumento a própria Lei.
Aqui, ele não está só propondo um aprofundamento da interpretação da Lei, como
em geral nós tratamos neste texto. Acredito que Jesus está propondo uma reorientação
da mentalidade dos seus discípulos para entender que a Lei aponta e desvela uma
realidade superior que todos precisamos enxergar: ela une a realidade natural
com a sobrenatural.
Julgamento
– Julgamento de Tribunal – Inferno de Fogo – Existe nestas palavras uma certa progressão de
conceitos. Ele começa com uma ideia mais leve de justiça para uma crescente construção
até chegar ao ponto do inferno de fogo. Ou seja, ele está mostrando que existe
uma relação entre os valores que regulam nossas relações nas esferas humanas e
horizontais com aqueles valores que regulam a nossa relação com Deus.
Curiosamente, propositadamente, Jesus une estes conceitos crescentes de justiça
com os conceitos decrescentes de males: Irar
– insultar – chamar tolo. Assim ele nos faz perceber o quanto importante é
fazer uma relação entre a nossa realidade natural e a nossa realidade
sobrenatural, o que fazemos em relação ao próximo e o que isso representa na
nossa relação com Deus. O detalhe desta inversão de importâncias entre a falta
e o julgamento é que, ao chegar no ponto da realidade espiritual, ou sobrenatural
mais evidenciada, a atitude de menor poder ofensivo é considerada importante.
Precisamos discernir que a
nossa realidade material é também uma realidade espiritual, que a nossa nossa
vida natural tem uma relação direta com a nossa vida sobrenatural.
Para
Tornar consistente a nossa percepção de que amar é uma missão, precisamos
começar a perceber que as nossas relações naturais estão ligadas à nossa
relação com Deus.
Para
Tornar Consistente a Nossa Missão de Amar Precisamos Considerar Que Deus Só
Pode Ser Completamente Amado, Quando Amamos ao Nosso Próximo
As
Escrituras tratam a relação entre o amor a Deus e o amor ao próximo como uma decorrência
mútua. João propôs a mais importante reflexão a este respeito quando declarou: Como podemos dizer que amamos a Deus a quem
não vemos, se não amamos ao irmão a quem vemos?
Seu
irmão tem algo contra você – Lembre-se
que nos versos anteriores, Jesus apontou sobre coisas que fazemos uns contra os
outros, por causa das quais somos levados às instâncias de julgamento, inclusive,
lembrando que a menor ação é julgada no
maior tribunal. Partindo deste princípio, agora, Jesus chama à consciência do
crente para outra realidade, de que devemos nos lembrar de que se estivermos em
falha com o próximo, essa própria pessoa é nossa adversária e acusadora. A
realidade do que fazemos é a prova contra nós.
Deixa
a tua oferta no altar
– Você não perde o interesse da oferta, mas você precisa trabalhar sua vida
como um todo. A ideia não é deixar de oferecer culto a Deus, mas de saber que
ele só se completa na ação de amar o outro de forma completa. A ideia que este
verso nos passa é de uma construção de adoração que se inicia nos alicerces da
vida natural e da relação com o próximo e se completa na relação com Deus.
Primeiro
reconciliar depois adorar
– A construção da nossa vida com Deus começa na construção da nossa visão de
mundo conectada com Deus. Toda a realidade que nos cerca fala sobre Deus e
aponta para ele. Contudo, isso acontece de forma muito especial com todos os
seres humanos que nos cercam, afinal, todos os homens, além de serem criados
por Deus, são a imagem e semelhança do seu Criador.
Note o processo que Jesus
propõe: você se aproxima de Deus
primeiro. Vem ao altar e traz a sua oferta. Contudo, você contempla a Deus
e pensa sobre a sua vida e a relação que tem com as outras pessoas e percebe se
sua vida tem acusações contra você. Então
vai ao próximo – O ato de deixar a oferta e ir na direção do próximo é
parte do ato de adoração inicial, que começou em uma percepção do próprio
pecado.
Depois
volta e faz a oferta – Ao
final do processo, a reconciliação entre o amor a Deus e ao próximo é o
conjunto da integridade da adoração.
Quando
você começar a perceber essa relação direta do amor a Deus e ao próximo e
começar a exercitar isto, você começará a pensar no AMOR COMO UMA MISSÃO.
Imagine pessoas que não se
importam se estão ou não se relacionando bem com Deus, mas que querem adorar a
Deus, o quanto a sua quebra da Lei está evidenciando a separação entre
realidade material e espiritual e o quanto estão em processo de empobrecimento
espiritual. A correção disto é a reconstrução do caminho para Deus usando o
seguinte trajeto: DEUS-PROXIMO-DEUS.
Para
Tornar Consistente a Nossa Missão de Amar
Precisamos
Considerar Que o Amor é a Chave Para Uma Liberdade Eterna
Embora
tenhamos que trabalhar os mesmos conceitos já postos nos pontos anteriores, nos
versos, 25-26 temos uma consideração sobre a urgência desta obra e o perigo de
não realizá-la.
O tema da justiça está presente
em toda esta passagem e já estava nos versículos anteriores, quando Jesus disse
que a justiça dos discípulos deve ser maior que a dos fariseus. Até porque, o
ponto de discussão é a Lei de Deus, portanto, o conceito de justiça tem de
estar presente.
Entra
em acordo sem demora
– literalmente podemos dizer: corra e faça amizade com o teu adversário. A
ideia de urgência está ligada, claramente à ideia fuga do julgamento, mas
sobretudo de importância do ato. A urgência de se entrar em acordo com o
adversário não é pelo medo de ser julgado somente, mas pela importância de
entregar a oferta.
Enquanto
está com ele a caminho
- parece apontar para o tempo em que a
oportunidade está dentro do que seria uma reconciliação amigável. Acredito que
o conceito é o mesmo que está em Isaías 55.7: Buscai a Deus enquanto se pode achar.
Antes
de ser entregue ao juiz
- claro que o julgamento de Deus sobre
os nossos pecados está no horizonte da nossa urgência e mais uma vez há uma
noção de progressão: juiz – oficial de
justiça – prisão.
Por este verso, podemos dizer
que a missão de amar é uma prioridade absoluta e para ela devemos estar
muitíssimo atentos. O ponto crucial desta prioridade é que o amor ao próximo é
a parte fundamental do nosso amor a Deus e não amar a Deus é não perceber o
real e não perceber a realidade de Deus na existência é viver sob condenação.
Não
sairá enquanto não pagar
– irmãos, precisamos conceber em nossa mente que enquanto vivermos alheios a
esta realidade de Deus e da necessidade de servi-lo integralmente por meio do
amor, seremos pessoas sempre incompletas e jamais libertas. O pecado, que nos
afasta da realidade de Deus é uma prisão e precisamos ficar livres dela com
urgência.
Você
dará grau elevado de consciência à sua missão de amar, quando notar que sem
isto, é impossível realmente ser livre. Deus não está tratando de uma questão social de
nossa convivência e Jesus Cristo não está só criando uma regra para que a
igreja consiga conviver. O que está em jogo é a nossa própria percepção da
realidade, é o viver livre, que significa, conseguir ver Deus em todas as dinâmicas
da vida, mesmo e até no relacionamento com os inimigos.
Conclusão
Claro que temos muita
dificuldade para a amar o próximo. Jesus, porém, propõe que sejamos guiados
pela Lei e o que ela significa. Ou seja, que possamos ver e ter como referência
a relação que a vida natural, o cotidiano tem com o empreendimento de uma
relação com Deus.
Jesus toma um exemplo de que
como o cumprimento da Lei é libertador e provoca a integridade de nossa fé e
vida. Entrar no Reino é vivê-lo agora e não somente ter esperança dele no
futuro.
Somos a luz de Cristo e podemos
desfrutar desta luz já agora.
Aplicações Para a IPBVF
Caros irmãos, entre as coisas
que mais atrapalham uma igreja como a nossa a ser uma agência de reprodução de
um evangelho transformador é a nossa resistência em enxergar a realidade dividida
que vivemos em muitas circunstâncias.
Há muitos que preferem fazer de
conta que o evangelho que vivem é pleno, mas sabem, no fundo sabem que está
errado. Sabem que precisam perdoar, viver bem com o outro, entrar em acordo e
que não estão praticando a verdadeira vida cristã.
Algumas vezes nos alegramos em
atrapalhar a vida dos outros com Deus, semeando dúvidas, acusando pessoas por
meio da maledicência e de outros processos que só diminuem nossa confiança uns
nos outros.
Claro que não somos perfeitos e
que temos muitos defeitos! Será que alguém duvida desta realidade? Claro que
não fazemos a obra do Senhor do jeito que tem de ser, porque somos pecadores e
nos desviamos para cuidar mais de nossos interesses que dos interesses de Deus!
Mas, uma coisa é certa. É nesse
esparramar de defeitos e pecados, que somos chamados a amar e servir a Deus,
servindo uns aos outros. A realidade de que Deus existe e que deve ser amado e
servido se torna evidente do grande desafio que temos de nos aproximar uns dos
outros com amor e compaixão.
Três lembretes antes que você
ouça este sermão e volte para a sua vida como se Deus estivesse aqui falando
contigo:
1)
Sua
realidade espiritual está concectada ao modo como vive sua vida natural, então
seja sábio.
2)
Não
é possível amar a Deus completamente e permanecer dividido em relação ao
próximo
3)
Você
não sentirá a liberdade dos filhos de Deus enquanto não amar.
PORTANTO,
ASSUMA O AMOR COMO UMA MISSÃO PARA VOCÊ
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Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!