2 de julho de 2017

Gálatas 2.1-10

A Unidade da Graça no Evangelho
Gálatas 2.1-10


Introdução
Paulo estava determinado a combater um falso evangelho que estava pervertendo a fé dos Gálatas, mas estava também disposto a ir mais longe e vencer a si mesmo, ou ao orgulho dos irmãos, para fazer vencer o Evangelho de Cristo na vida da Igreja.
Com certeza, precisamos de muita coragem para enfrentar os inimigos da fé e de coragem ainda maior para conduzir os amigos à verdade, tendo de enfrentar suas certezas equivocadas.
Não estamos diante da luta de Paulo para fazer prevalecer a sua opinião, mas a importante luta para que a Igreja não se deixasse seduzir por uma ideia errada de falsa piedade. Por isso, este texto é altamente desafiador, porque ele nos expõe e nos revela a possibilidade de que nossas certezas podem ser mais fruto da nossa arrogância e orgulho que provenientes da Verdade.
O resultado que podemos colher depois de um texto como este é o quebrantamento e uma maior capacidade de tolerar e receber pessoas para andar conosco. Não tenho dúvidas de que estamos diante de um desafio e que precisamos nos preparar para ouvir a voz de Deus e deixar que o Espírito nos conduza à Verdade.
A unidade produzida pela Graça é fundamentada na Verdade e a Verdade tem de ser maior que o orgulho pessoal. Para que você consiga vencer o orgulho e receber irmãos pela obra da unidade da Graça no Evangelho você precisa lutar. Este texto é a apresentação desta luta e uma convocação para a luta, prepare-se...

Prepare-se Para Submeter a Sua Reputação Para Servir à Verdade do Evangelho
Em toda a sessão anterior, o que nós vimos foi uma forte afirmação de Paulo: recebi o Evangelho não de homens mas de Deus. Na verdade, a ênfase de Paulo não é nele próprio e na sua particular condição privilegiada, mas na peculiar origem do Evangelho. O EVANGELHO NÃO PERTENCE A HOMENS E NÃO É UMA VERDADE GUIADA, CRIADA E CONDUZIDA POR HOMENS. O EVANGELHO É DE DEUS.
A boa notícia que Paulo apregoava agora com a sua vida tinha uma origem divina e não podia ser manipulada pela vontade humana. Os homens é que devem servir ao EVANGELHO e não o Evangelho aos homens.
Meus irmãos, Paulo, apesar desta consciência da origem divina do Evangelho, compreendia que o Evangelho não lhe pertencia e nem podia ser vivido somente segundo os pensamentos de Paulo. Ele, por isso, se submete pessoalmente aos outros apóstolos. Ele, como fica claro neste texto que lemos, não o faz para pedir alguma permissão, mas para que ao expor o Evangelho, os outros irmãos lhe ofereçam a destra de companhia, não porque gostaram de Paulo ou o compreenderam, mas porque viram que o seu Evangelho é genuíno e não outro.
Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também a Tito. Subi em obediência a uma revelação, e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam ser de maio influência, para que, de algum modo, não correr ou ter corrido em vão. Contudo, bem nem mesmo Tito, que estava coigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se. E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão; aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós. E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outra, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescentaram (Gl 2.1-6).
Este texto precisa ser lido com muita atenção porque pode ser complexo para nosso entendimento. Mas devemos notar algumas coisas aqui e como Paulo está usando esta palavra para ensinar aos Gálatas.
Note que Paulo está se reportando ao passado do seu relacionamento inicial com os principais apóstolos no que diz respeito à questão da circuncisão de Tito e ao fato de que alguns falsos mestres estavam tentando perverter a igreja acrescentando ao Evangelho outras práticas, como por exemplo a observação da circuncisão, como se a morte de Cristo não fosse suficiente para expiar os pecados e nos fazer justificados diante de Deus.
Então, Paulo está dizendo que mesmo naquela época em que o Evangelho estava sendo inicialmente pregado aos gentios, os apóstolos já haviam dado seu consentimento. Eles diz que estes homens respeitados, apesar do seu grande respeito, respeito maior tiveram para com o Evangelho.
Expus o Evangelho que prego – Paulo nos diz que o ponto central da decisão dos grandes de Jerusalém, entre os principais estavam os primeiros apóstolos, não foi que eles se convenceram por causa da pessoa de Paulo ou de Barnabé, mas o foco de sua decisão foi o Evangelho. Este é um ponto importante! O que Paulo tem em mente é mostrar aos crentes que todos estamos a serviço do Evangelho e não o contrário. Paulo não prega o Evangelho de Paulo, mas o Evangelho de Deus e de Cristo Jesus, Nosso Senhor. A boa nova não é uma mensagem que se adequa ao que Paulo mais gosta ou o que Pedro mais gosta, mas é a mensagem de Cristo.
Aos que pareciam de maior influência – Paulo diz que naquela ocasião, eles se apresentaram aos homens que tinham mais força e maior poder de decisão e o texto, depois de uma pequena explicação, completa que estes de maior influencia nada lhe acrescentaram. Isto é, eles não precisaram corrigir nada, nem tirar ou acrescentar parte alguma, senão uma recomendação quanto ao trato com os pobres (verso 10). Paulo está nos dizendo que a grandeza daqueles homens, daqueles nomes pouco importava, o que importava realmente era a VERDADE DO EVANGELHO. Eles submeteram seu prestígio, influência, peso de decisão humildemente ao Evangelho.
Para que a verdade do Evangelho permanecesse entre vós – meus irmãos, Paulo faz uma pequena explicação dos seus motivos nos versos 4 e 5. Ele diz que ele subiu à Jerusalém sem antes circuncidar a Tito por uma razão, para que os falsos mestres não usassem isto para falar contra o Evangelho. Vale lembrar que noutra ocasião, Paulo pediu a Timóteo que se ciruncidasse para não causar escândalo. Na verdade, Paulo sabia muito bem que nem a circuncisão ou a incircuncisão tem algum valor, mas neste caso, ele via a necessidade de manter uma posição mais firme, porque havia gente tentando perverter a mensagem e desviar as igrejas. Paulo diz que sua decisão era para que a VERDADE DO EVANGELHO FOSSE PRESERVADA. Notem que importante coisa e esta: Paulo não está tentando fazer amigos ou trabalhar com diplomacia, ou agradar pessoas, mas vivendo e gastando a sua vida pela VERDADE DO EVANGELHO. Devemos submeter a nossa vida, a nossa reputação, qualquer grandeza pessoal ao EVANGELHO E NUNCA O CONTRÁRIO. A MENSAGEM DO EVANGELHO, A VERDADE QUE ELA APRESENTA SOBRE A VIDA E O RELACIONAMENTO COM DEUS NÃO PODE SER ESCRAVA DA NOSSA VONTADE, MAS O CONTRÁRIO, NÓS SOMOS ESCRAVOS DA VERDADE DE DEUS E SEUS SERVOS.
Você realmente só está vivendo para o Evangelho quando você está vivendo para servir ao Evangelho. Portanto, algumas vezes, a verdade do evangelho pode te incomodar e você é quem tem de se adaptar a ela e nunca o contrário.

Prepare-se Para Submeter a Sua Reputação Para Servir ao Senhor Que Opera na Vida Pelo Evangelho
Nos versos 7 a 9, Paulo diz que aqueles homens de grande reputação se submeteram ao Evangelho, porque reconheceram que o Dono do Evangelho é o Senhor e não a Igreja. E que, portanto, todos os que estão à serviço do Evangelho, estão na verdade à serviço de Deus.
Antes, pelo contrário, quando viram que o Evangelho da incircucisão me fora cofiado, como a Pedro o da circuncisão (pois aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, também operou eficazmente em mim para com os gentios) e, quando conheceram a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam a mim e a Barnabé, a destra de comunhão  (Gl 2.7-9).
Quando tentamos manter o Evangelho aprisionado por nossa vontade, o que estamos fazendo e resistindo à Deus e não servindo ao Evangelho. Temos de lidar com muito cuidado para não nos tornarmos senhores do Evangelho, resistindo a Deus. Isso foi exatamente o ponto central do conselho de Gamaliael no Sinédrio.
Agora, vos digo: dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus. E concordaram com ele (At 5.38-39).
A mesma atitude foi a de Pedro, quando viu que deus havia dado aos gentios de Cesaréia, na casa de Cornélio, o mesmo Espírito que aos judeus de Jerusalém:
Pois, se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós nos outorgou quando cremos no Senhor Jesus, quem era eu para que pudesse resistir a Deus? E, ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para a vida (At 11.17-18).
O Evangelho me fora confiado o mesmo que a Pedro – O que precisamos considerar nestes versos é que eles estão concentrados em perceber a VERDADE e o conteúdo que Paulo prega e notam que é o mesmo que Pedro pregava aos judeus. Eles estão submissos à verdade. Paulo usa a expressão: Pepisteumai euangelion – me foi dado a crer – isto é como se Paulo estivesse enfatizando que o Evangelho que ele estava anunciando era fruto de uma revelação e não fruto de sua imaginação e isso é o que eles tinham identificado na mensagem que Paulo pregava e no modo como pregava.
O mesmo que operou eficazmente em Pedro, operou eficazmente em mim (energuesas) – agora Paulo chama a atenção para as obras que Deus operou através da pregação de Pedro e dele. Em fim, ele diz que aqueles homens, as colunas da fé, notaram que não podiam resistir a Deus, porque só poderia ser de Deus a obra que fosse tão eficaz para transformar vidas, como, por exemplo a de Tito ou a do próprio Paulo.
Não se trata de pragmatismo, de submissão a Deus e este é um ponto importante. A verdade do Evangelho não está à serviço da Igreja, mas a Igreja à serviço da Verdade do Evangelho. Deus não trabalha para a Igreja, mas a Igreja para Deus. Precisamos ter a humildade de nos submeter a Deus, mesmo que para isto, precisemos dizer não a nós mesmos.
Devemos estar bem preparados quando a obra de Deus nos exigir obedecer a Deus, antes de satisfazer os nossos gostos pessoais. Neste momento, somente os verdadeiros servos de Deus conseguem se submeter.

Prepare-se Para Submeter a Sua Reputação e Cumprir os Seus Deveres Sem Negligência e em Unidade da Graça
O ponto de Paulo é questionar porque os crentes da Galácia se deixaram persuadir por um evangelho falso, mentiroso, um outro evangelho que deveriam considerar maldito e porque, agora, estavam a serviço de si mesmos e não de Deus. Para isto, o que ele propõe é que vejam o que Deus já havia feito e como os próprios Tiago, Pedro e João, que deveriam, aparentemente, defender aquele retorno ao judaísmo haviam aprovado o Evangelho pregado por Paulo e reconhecia sua autoridade vinda de Deus.
NO ponto final, ele mostra como o trabalho dos judeus e dos gentios era exatamente o mesmo e como cada um deveria ser esforçar para cumprir a sua parte. Aqui temos um grande aprendizado e precisamos ponderar grandemente sobre isto para não pecarmos: CADA PESSOA TEM O SEU TRABALHO E DEVE FAZER A SUA PARTE, CONFORME DEUS LHE DÁ, DE MANEIRA COMPLETA, DEDICADA E UNIDADE.
Quando conheceram a graça que me foi dada – meus irmãos, um ponto primordial para este tipo de submissão do serviço a Deus é a capacidade espiritual de perceber que Deus está operando. Algumas vezes, nos tornamos cegos para as obras de Deus e não conseguimos ver Deus agindo. Sei muito bem do perigo do pragmatismo, mas devo também considerar o perigo do ceticismo. Precisamos de uma percepção aguçada e submissa à Deus. O que lhes preencheu de certeza para dar apoio à Paulo e Barnabé não foi somente um assentimento intelectual à mensagem, ou seja ao conteúdo da verdade, mas ao fato de que a VERDADE ESTAVA SENDO PROVADA PELA OBRA DA GRAÇA E ESTA ERA UMA PERCEPÇÃO VINDA DE DEUS.
Uns para os judeus outros para os gentios – ministérios diferentes, todos eles de Deus e para a sua glória. Irmãos, agora o que havia era uma só obra de evangelização em várias frentes, mas um só Senhor no comando de tudo e de toda a sua igreja. Umas das lições que CS Lewis parece nos dar em “O Príncipe Caspian” é que Deus pode ser servido por alguém, que tendo nascido no meio do povo inimigo, o caso um telmarino, Deus resolveu escolher para fazer a sua obra e que o mesmo ASlan que ajuda Luci, Pedro, Suzana e Edmundo, é o que ajuda Caspian a restaurar a paz em Nárnia.
Bem, irmãos, o que Paulo está nos dizendo é que ele, Barnabé e Tito estão à serviço do mesmo Deus e na mesma obra que Tiago, Pedro e João. Precisamos compreender esta unidade na graça, que a obra da graça revela. Quando a verdade é preservada e Deus faz a sua vida vir ao mundo, não importa quem faça, mas todos devemos fazer isto com diligência.
A destra de comunhão – apoio incondicional e intencional no trabalho. A destra de companhia sinaliza para intenção positiva em favor daquela obra. Os líderes dos apóstolos estavam unidos à Paulo e seus companheiros no obra de alcançar os gentios. Não se trata de uma delimitação de áreas de trabalho, até porque, ficaria claro que o Evangelho foi pregado por Pedro também a gentios e Paulo, por onde passava, sempre primeiramente falava a judeus piedosos. O fato aqui a ser destacado era que Paulo enfatizava que o Evangelho não está à serviço de uma raça ou prefenrência pessoal, mas a serviço de Deus, o Senhor o Evangelho e os trabalhadores servem ao mesmo Senhor.
Recomendação – a recomendação não é uma reparação, mas uma necessária ênfase e dinâmica muito particular daquele período. A igreja de Jerusalém, em particular, vira o Evangelho crescer e a necessidade de repartir as riquezas como uma forma visível do Evangelho se manifestar. Então, recomendam que as mesmas marcas do Evangelho sejam visíveis em todo lugar onde é anunciado, onde a fragrância da boa nova é sentida, deve ser sentida também marcantemente as suas primordiais características, entre elas, o AMOR.
A unidade no trabalho deve ser um empreendimento do Evangelho e por isso o amor é sua marca. Esta e uma luta que exigirá um preparo grande da parte de qualquer servo do altíssimo. Porque o trabalho em comunhão é uma marca do Evangelho, a unidade da graça é o sinal da presença do Espírito entr4e nós. Por isso, precisamos de muito cuidado com a ideia de equilíbrio entre a Verdade que defendemos contra os falsos mestres e o Evangelho e sua pureza que defendemos de nós mesmos e nossos gostos pessoais.


Conclusão
Meus irmãos, precisamos pensar seriamente sobre o perigo que corremos em nossos dias, especialmente neste ano de comemoração de 500 anos da Reforma Protestante. Diante dos grandes desafios que temos com mensagens de Evangelho falso, também somos surpreendidos quando somos tentados a proteger nossos interesses pessoais e, com isso, errar também nos afastando de irmãos tendo como desculpa nossa chamada pureza.
Claro que devemos ter em mente a VERDADE DO EVANGELHO E JAMAIS NEGOCIÁ-LA, mas também temos de  tomar o mesmo cuidado com nossas próprias posturas. Temos que muitas vezes estejamos nos servindo do Evangelho para fazer prevalecer nossas perspectivas e DEIXANDO DE SERVIR A DEUS.
Como identificar isto, então? Este texto parece indicar caminhos de humilde submissão ao Evangelho e à sua Verdade. Crescer na percepção da graça e desenvolver uma visão que nos permita olhar para Deus e submetermo-os a Ele e nunca tentar fazer o contrário.
Ao final, é preciso que sejamos mais capazes de andar juntos com pessoas com missões diferentes do que lutar uns contra os outros. A carta aos Gálatas parecem identificar essa necessidade, especialmente a de lutar juntos pela VERDFADE até que Deus seja tudo em todos.
Que Deus nos conceda a sabedoria para estas percepções de sua graça e presença em nosso meio!!



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