A OFERTA DA VIDA VEM DO
CORAÇÃO
Malaquias
3.6-12
Introdução
Uma das palavras chave da
profecia de Malaquias é a palavra oferta. Ela aparece cerca de nove vezes no
livro. Ela aparece como oferta mentirosa, oferta falsa no capítulo primeiro e
Deus questiona se deveria receber essa oferta das mãos daqueles homens falsos,
que não honravam a Deus como pai, nem como Senhor.
A palavra oferta aparece como
um desejo de Deus de fazer grande o seu nome entre as nações e receber ofertas
puras dos homens que nem o conheciam. Ela também aparece sendo rejeitada nas mãos
dos sacerdotes porque eram ofertas pecaminosas.
A palavra aparece no capítulo
3, sendo transformadas por meio do ministério de Jesus, o Messias, que haveria
de purificar o seu povo e fazer o seu povo trazer ofertas justas. Essa
promessa, essa profecia é a profecia central de toda a Escritura.
Oferta é portanto um conceito
de entrega de vida que percorre toda a profecia. Ela passa pelo ideal de que
Deus quer construir uma nação de homens que vivam a partir do paradigma de dar
antes de receber.
Sobre essa oferta e o coração
do homem é que vamos falar esta noite. Sobre a nossa dificuldade de crer que se
vivermos este modelo alcançaremos um padrão elevado e positivo de vida.
Irmãos, muitas vezes precisamos
falar para a os crentes de sua obrigação espiritual de sustentar a obra do Senhor
com seus dízimos e suas ofertas. Outras tantas vezes, precisamos lembrar de
como Deus é generoso e recompensa aquele que atentam para essa
responsabilidade. Há muito desvio e muito pecado neste meio e nesta relação da
igreja com os dízimos. Pecados dos homens que dirigem e dos membros. Com
certeza, o problema não está em Deus!
Mas esta noite, preciso que
você perceba que precisamos falar de algo muito maior que apenas você sustentar
a igreja. O texto de Malaquias é um texto sobre uma mentalidade diferente de
vida, uma mentalidade que serve para transformar o mundo e a sua maneira de
viver.
A oferta que deve nascer no
coração é um modelo de vida que se permite confiar em Deus tão plenamente que
não há espaço para transformar o EGO como o ponto de partida para a vida. A
vida gira em torno da glória do nome de Deus.
Oferta de Vida EXIGE Sensibilidade
Espiritual
Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não soi consumidos (Malaquias 3.6).
O profeta começa a mensagem
colocando como ponto de partida uma certeza que precisava estar clara para
todos os que o ouviam: DEUS ERA A BASE DA RELAÇÃO PACTUAL ENTRE DEUS E O SEU
POVO.
Porque eu, Jehovah não mudo - precisamos considerar o fato de que se dependesse
de nossa fidelidade, há muito a nossa relação com Deus haveria se desfeito e
jamais teríamos qualquer tipo de segurança nessa possibilidade. Aqui o profeta
enfatiza o ser de Deus como o ponto de partida, a base sólida e confiável desta
relação. O ponto não é que Deus deseje censurar o seu povo com essa palavra, ou
enfatizar os erros de Israel, ao contrário, o efeito que ele espera com essa
palavra é o de oferecer aos seus filhos uma palavra de segurança e certeza de
que realmente serão recebidos, de que podem confiar no valor e na permanência
do amor de Deus sobre eles.
Isto aqui soa como se Deus
estivesse dizendo: podem voltar e vocês
serão recebidos porque eu sou o Senhor, isto é, ou sou o que sempre fui, o “Yahweh”.
Ó Filhos de Jacó – o profeta prefere
mostrar aos filhos de Israel sua origem no usurpador e deixar claro que o
caráter do seu povo não poderia ser a base do relacionamento pactual. Ao contrário,
no verso 2, ele deixa claro que sempre houve no seu povo rebeldia, mas ao mesmo
tempo sempre houve a possibilidade de voltarem ao seu pai.
Desde os dias de vossos pais,
vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos para mim, e
eu me tornarei para vós outros, diz o Senhor dos Exércitos (Malaquias 3.7).
Tornai-vos para mim e eu me tornarei para vós – essa era a base da relação entre Deus e seu povo, a garantia de
que YAWEH haveria de sempre receber o seu povo e se voltar para ele, porque ELE
ERA YAWEH, o Deus que não muda, o Deus que ama seus filhos e não os rejeita,
mesmo que eles sejam os filhos de Jacó.
Mas o problema que o profeta
enfrenta aqui é muito grave! O problema está no fato de que o povo não percebe
que está longe de Deus, não percebe que está vivendo sem Deus, não consegue
enxergar sua própria miséria.
Mas vós dizeis: em que havemos
de tornar? (Malaquias 3.7b).
Veja que o problema não está na
disposição de Deus de viver em aliança com o seu povo, mas no fato de que seu
povo não sabe o que é viver em aliança e não sabe viver a bênção de um
relacionamento vivo com o seu Deus. Eles estão longe e nem sabem, estão doentes
e perdidos e não sentem nenhum sintoma de sua doença e não sabem o quão
distantes estão.
Eles haviam perdido a
sensibilidade espiritual e a capacidade de perceber sua própria condição
espiritual. Por isso, sempre insistiam em algum tipo de discussão e tinham
tantas indagações irônicas para com Deus: EM QUE HAVEMOS TE DEPREZADO? EM QUE
HAVEMOS DE TORNAR?
Eles simplesmente haviam
perdido todo tipo de consciência e percepção da sua realidade espiritual.
Viviam como auto-enganadores e preferiam pensar que estava tudo bem, mesmo que
só houvesse neles chagas da cabeça aos pés.
Este é um ponto que precisamos
considerar abertamente se queremos viver com Deus, a ideia de uma percepção
espiritual não enganada, não forjada na falta de sensibilidade espiritual, mas
construída na sinceridade e na verdadeira condição de nosso compromisso como
filhos de Deus.
Oferta de Vida se Evidencia
em Atos Práticos e Visíveis
Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda (Malaquias 3.8-9).
O conceito que está por detrás
destes versos é que Israel havia perdido o sentido prático da ideia de fazer de
Deus a sua prioridade. Desde os dias de Moisés, quando Deus estabeleceu a
prática de ofertar, o Senhor teve o cuidado de ensinar que oferta era uma
entrega que se fazia a partir do coração.
Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o mover para isso, dele recebereis a minha oferta (Êxodo 25.2).
O conceito por detrás dos
dízimos e das ofertas está a capacidade de dar a Deus a prioridade de atenção
em sua vida. TErumáh – oferta não era apenas uma forma de financiar a obra de
Deus, mas a prática pedagógica de fazer a vida girar em torno de Deus e de sua
aliança. Eles roubavam a Deus não porque deixavam de pagar o dinheiro de Deus,
mas porque negavam a Deus a centralidade de sua própria vida.
Dizimos e ofertas – o centro da vida
religiosa era o templo e o sacerdórcio colocado por Deus para guiar o povo.
Deixar de cuidar disto e não atentar para isto era o mesmo que dizer que
descartava Deus como o seu norte orientador. Os dízimos era a como se chamava a
contribuição para a manutenção do templo e oferta o modo como todo filho de
Israel cuidava de fazer haver abundância para suprimento na casa de Deus.
Estamos falando aqui em algo
mais importante que somente o sustento do templo ou dos sacerdotes, estamos
falando da priorização da ideia de que Deus é o nosso sustento, de que ele é a
coisa mais importante, que a busca da sua face é a real necessidade diária.
Estamos roubando de Deus a glória, estamos diminuindo a sua importância. De
fato, o que toda a profecia trabalha o tempo todo é esta dimuição do valor de
Deus na vida da pessoa como o grande e grave problema a ser enfrentado.
Falsa Oferta - Engano e Maldição –
existem alguns conceitos que estão guiando esta profecia. Uma das palavras
chave dela é a palavra OFERTA e o conceito chave desta palavra na profecia é
que eles estavam desprezando a Deus fazendo uma oferta falsa, isto é,
mentirosa, pois diziam amar a Deus, mas o desprezavam e isso se revelava na sua
forma equivocada de ofertar. O ponto é que este era um processo de auto-engano
e Deus havia dito que o enganador, aquele que constrói este tipo de relação
enganosa com Deus deveria ser amaldiçoado (Ml 1.14; 2.1-2).
Sois amaldiçoados porque me roubais – a maldição
retorna aqui conceitualmente novamente no contexto desta oferta falsa, isto é,
desta construção equivocada de um relacionamento mentiroso com Deus. Esta
maldição indica que Deus haveria de deixar vazio a sua vida e fazê-los perceber
a ausência do Senhor. Suas orações não seriam ouvidas, suas necessidades não
seriam atendidas e eles perceberiam como é ruim viver sem Deus.
Uma vida amaldiçoada não é só
uma vida de falta de bens, mas uma vida com a falta do maior de todos os bens,
a falta de Deus. Este é o tipo de vida que muitos estão permitindo ser
construída em sua relação com Deus. Um tipo de fé de um Deus que não se
relaciona. Preferem o engano, a construção de uma imagem de vida com Deus e não
sentem que estão vivendo sem Deus.
Quando Deus perde o lugar
central em nosso relacionamento, simplesmente estamos roubando dele e de nós
mesmos a alegria de uma vida de oferta a Ele. Uma vida em que nos sentimos
entregues, dependentes, completamente necessitados e amparados por ele. Sem ele
a vida fica vazia, com ele, o vazio de muitas coisas não nos incomoda.
Oferta de Vida Preenche dá à
Luz a Uma Mentalidade Transformadora
Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênçãos sem medida. Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. Todas as nações vos chamarão felizes, porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos (Malaquias 3.10-12).
Paulo, exortando os crentes, em
especial os presbíteros de Éfeso, mostrou sua vida de entrega a Deus e encerrou
parte de sua exortação lembrando o ensino de Jesus Cristo que havia dito que “dar
é melhor que receber” (Atos 20.35). Este é um conceito revolucionário! Imaginem
um mundo onde as pessoas estivessem ocupadas em repartir e dividir com os que
precisam aquilo que possuem. Parece ser uma utopia, um mundo onde o “EU” não é
a prioridade de ninguém, mas o “OUTRO”.
Esse tipo de mentalidade de
ENTREGA é o que o profeta Malaquias reclama para o seu povo e pede ao seu povo
que perceba que foi para isso que eles foram chamados, para transformar o mundo
de uma mentalidade caída de EGOCENTRISMO para um mundo de OFERTA DE CORAÇÃO.
Sei que é muito difícil confiar
que isso seja realmente possível. Talvez seja isto o que está passando pela sua
cabeça agora. Talvez você esteja pensando que isto é só um sonho e só cabe na
pregação e não na vida. Eu entendo porque você pensa assim! Você e eu pensamos
assim quando a gente não consegue realmente pensar que existe um Deus maior que
tudo que é capaz de algo assim tão grandioso.
O profeta Malaquias convida o
povo à FÉ e a CRER que é possível transformar o mundo. Para isso, ele os
conclama à SENSIBILIDADE ESPIRITUAL E À UMA PRATICA ESPIRITUAL TRANSFORMADORA.
Trazei todos os dízimos à casa do TEsouro – esse era o desafio, ou seja, eles enfrentarem a própria
increduilidade e insensibilidade espiritual para Deus e seu poder e começar a
viver segundo este modelo transformador. Ele usa a palavra técnica que lembrava
o compromisso de sustento do sacerdócio – ESSER – a décima parte. Ele está
dizendo que há uma estrutura organizada por Deus para fazer funcionar o modo
como a abundância irá se tornar conhecida, isto é, será conhecida a partir da
CASA DO TESOURO.
Irmãos precisamos parar para
pensar sobre este conceito. Deus está dizendo que a abundância a maneira como
ela se manifestará não será a apartir da bondade particular de uma pessoa, ou
de um grupo de pessoas, mas de Deus ou da casa o que aponta para ELE. O cuidado
das nações não virá da sua bondade pessoal, mas de Deus que usa você para se
revelar ao mundo e neste sentido que você é um mensageiro somente.
Para que haja mantimento na minha casa –
Na verdade, o que Deus queria era que o seu nome fosse exaltado e por isso, a
partir da CASA onde ele se revelava é que o suprimento viria para todos.
Existem muitas pessoas que desejam se tornar as benfeitoras dos pobres, querem
que os reconheçamos como pessoas boas, mas esse não é o projeto de Deus, que os
homens nos reconheçam benfeitores, mas que reconheçam a ELE COMO O BENFEITOR DE
TODOS.
Há muitos que tentam roubar
para si a beleza da obra de suprir e não desejam que Deus ganhe este crédito,
então preferem fazer isto sozinhos, querem aparecer. Desculpe, nisto estão
realmente ROUBANDO A DEUS.
Provai-me nisto – Sem dúvida alguma é
uma mudança que precisa acontecer com uma decisão de Fé e este é o convite do
profeta. Eles os conclama a viver esta realidade e perceber como Deus é bom e
como é bom viver para que ELE APAREÇA.
Abrir as janelas e derramar benção sobre vós – Viver a entrega de coração a Deus é se permitir a viver a mesma
realidade que você é instrumento para realizar. Ou seja, você viver para deixar
a sua riqueza ser usada para a glória de Deus, na medida em que Deus abastece
outros com ela. Mas, você é também alvo desta mesma bênção. Note que o texto
diz que as janelas do céu serão abertas sobre vós e as bênçãos derramadas sobre
vós. Ele está dizendo que algo divino acontecerá, algo surpreendente, que a
abundancia que eu ajudo a construir para outros, Deus faz com que me alcance.
Você conhece e sabe muito bem
de muitos relatos de pessoas que experimentaram e viram na prática isto
acontecer. Conheci ontem um homem que frequentando uma igreja por algum tempo
percebeu que o salão social da igreja era de cimento batido. Ele economizou por
um ano e resolveu doar todos os pisos para que aquela igreja revestisse o
salão. Na mesma semana em que comprou os pisos, recebeu uma carta do governo
para que fosse sacar um valor que estava retido de suas aposentadorias
atrasadas, que ele nem sabia. Isso é pouco, porque o que Deus quer que
experimentemos é a estrutura de bem e bênçãos que ele planejou que funcionasse no
ato de dar e não de receber.
Repreenderei o devorador – sua vide não será estéril – Os infortúnios causados pelas causas morais ou naturais, todas
estão sob o controle de Deus. No mundo da estrutura que Deus orquestrou para
abençoar, ele controla todas estas circunstâncias para que tudo funcione
perfeitamente e nada traga infelicidades. Precisamos redescobrir o valor de
CRER QUE ELE É DEUS E SENHOR DE TUDO.
Todas as nações vos chamarão felizes – terra deleitosa – Há uma chamada para que Israel ocupe o lugar dele como nação
sacerdotal, mensageira de uma nova maneira de viver a vida para Deus. Todas as
nações era o compromisso de Israel de abençoar todas as famílias da terra. Eles
seriam o suprimento de Deus para todos os povos, eles apresentariam Deus e a
bênçãos de Deus para todos. Eles seriam a terra onde há abundancia e deleite,
para a glória de Deus.
HÁ UMA MENTALIDADE
TRASNFORMADORA neste chamado de Deus para nossa vida de ENTREGA de OFERTA.
Acredito que somos chamados para este desafio!
Conclusão
Talvez você esteja pensando
sobre quem irá começar, porque começar em você não é uma boa ideia. Alguém
deveria fazer este desafio para quem sabe eu ir atrás dele. Então, quero lhe
fazer notar que Deus foi quem deu o primeiro e maior exemplo deste tipo de
entrega, ele DEU SEU FILHO.
O profeta Isaías diz que o
próprio SENHOR ficaria feliz ao ver a sua vida sendo entregue como OFERTA em
nosso lugar. Uma OFERTA QUE PRODUZ A VIDA PARA OUTROS. Este é o tipo de modelo
que Jesus é para nós, isto é o que Deus espera do seu povo para o mundo.
Quando as pessoas souberem
através da nossa VIDA DE ENTREGA que existe um Deus bom que ama e cuida dos
seus, elas quererão viver para este Deus. AS pessoas precisam ver isto em nós.
Um jovem adentrou com uma
metralhadora na mão a reunião de uma igreja em Bagdá. Ele apontou a arma para
um senhor que estava orando e disse pare de orar e negue este seu Deus. O homem
continuou as suas orações, ele chamou a atenção do ancião e ordenou ainda mais
ferozmente, pare de orar e negue este seu Deus! Como o ancião não parava de
orar, ele apontou a arma para a filha do ancião e disse, como você não ama a
sua vida, talvez você ame a vida de sua filha. Pare de orar senão ela morre e
pôs a arma na cabeça da menina. O ancião parou e disse: você quer me matar
porque eu amo o meu Deus, pode matar, você quer matar minha filha porque eu amo
ao meu Deus, pode matar, porque o meu Deus é a nossa maio riqueza, minha e
desta minha filha, nem eu nem ela merecemos viver se deixarmos de amar a Deus.
O jovem olhou bem nos olhos daquele ancião e disse: eu quero ser cristão
também, porque eu só quero viver para um Deus que seja capaz de me fazer amar
neste padrão, o de perder tudo e dar tudo por amor a Ele.
Essa não é uma história
verídica é só uma maneira que eu encontrei para ilustrar esta conclusão. Mas eu
acredito que ela seja bem possível de ser real, afinal, quando as pessoas virem
em nós o que somos capazes de dar a Deus, por amor a Ele, verão que temos uma
riqueza que não se pode medir.
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Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!