5 de novembro de 2017

Malaquias 3.6-12

A OFERTA DA VIDA VEM DO CORAÇÃO
Malaquias 3.6-12

Introdução
Uma das palavras chave da profecia de Malaquias é a palavra oferta. Ela aparece cerca de nove vezes no livro. Ela aparece como oferta mentirosa, oferta falsa no capítulo primeiro e Deus questiona se deveria receber essa oferta das mãos daqueles homens falsos, que não honravam a Deus como pai, nem como Senhor.
A palavra oferta aparece como um desejo de Deus de fazer grande o seu nome entre as nações e receber ofertas puras dos homens que nem o conheciam. Ela também aparece sendo rejeitada nas mãos dos sacerdotes porque eram ofertas pecaminosas.
A palavra aparece no capítulo 3, sendo transformadas por meio do ministério de Jesus, o Messias, que haveria de purificar o seu povo e fazer o seu povo trazer ofertas justas. Essa promessa, essa profecia é a profecia central de toda a Escritura.
Oferta é portanto um conceito de entrega de vida que percorre toda a profecia. Ela passa pelo ideal de que Deus quer construir uma nação de homens que vivam a partir do paradigma de dar antes de receber.
Sobre essa oferta e o coração do homem é que vamos falar esta noite. Sobre a nossa dificuldade de crer que se vivermos este modelo alcançaremos um padrão elevado e positivo de vida.
Irmãos, muitas vezes precisamos falar para a os crentes de sua obrigação espiritual de sustentar a obra do Senhor com seus dízimos e suas ofertas. Outras tantas vezes, precisamos lembrar de como Deus é generoso e recompensa aquele que atentam para essa responsabilidade. Há muito desvio e muito pecado neste meio e nesta relação da igreja com os dízimos. Pecados dos homens que dirigem e dos membros. Com certeza, o problema não está em Deus!
Mas esta noite, preciso que você perceba que precisamos falar de algo muito maior que apenas você sustentar a igreja. O texto de Malaquias é um texto sobre uma mentalidade diferente de vida, uma mentalidade que serve para transformar o mundo e a sua maneira de viver.
A oferta que deve nascer no coração é um modelo de vida que se permite confiar em Deus tão plenamente que não há espaço para transformar o EGO como o ponto de partida para a vida. A vida gira em torno da glória do nome de Deus.

Oferta de Vida EXIGE Sensibilidade Espiritual
Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não soi consumidos (Malaquias 3.6).
O profeta começa a mensagem colocando como ponto de partida uma certeza que precisava estar clara para todos os que o ouviam: DEUS ERA A BASE DA RELAÇÃO PACTUAL ENTRE DEUS E O SEU POVO.
Porque eu, Jehovah não mudo -  precisamos considerar o fato de que se dependesse de nossa fidelidade, há muito a nossa relação com Deus haveria se desfeito e jamais teríamos qualquer tipo de segurança nessa possibilidade. Aqui o profeta enfatiza o ser de Deus como o ponto de partida, a base sólida e confiável desta relação. O ponto não é que Deus deseje censurar o seu povo com essa palavra, ou enfatizar os erros de Israel, ao contrário, o efeito que ele espera com essa palavra é o de oferecer aos seus filhos uma palavra de segurança e certeza de que realmente serão recebidos, de que podem confiar no valor e na permanência do amor de Deus sobre eles.
Isto aqui soa como se Deus estivesse dizendo: podem voltar e vocês serão recebidos porque eu sou o Senhor, isto é, ou sou o que sempre fui, o “Yahweh”.

Ó Filhos de Jacó – o profeta prefere mostrar aos filhos de Israel sua origem no usurpador e deixar claro que o caráter do seu povo não poderia ser a base do relacionamento pactual. Ao contrário, no verso 2, ele deixa claro que sempre houve no seu povo rebeldia, mas ao mesmo tempo sempre houve a possibilidade de voltarem ao seu pai.
Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o Senhor dos Exércitos (Malaquias 3.7).
Tornai-vos para mim e eu me tornarei para vós – essa era a base da relação entre Deus e seu povo, a garantia de que YAWEH haveria de sempre receber o seu povo e se voltar para ele, porque ELE ERA YAWEH, o Deus que não muda, o Deus que ama seus filhos e não os rejeita, mesmo que eles sejam os filhos de Jacó.
Mas o problema que o profeta enfrenta aqui é muito grave! O problema está no fato de que o povo não percebe que está longe de Deus, não percebe que está vivendo sem Deus, não consegue enxergar sua própria miséria.
Mas vós dizeis: em que havemos de tornar? (Malaquias 3.7b).
Veja que o problema não está na disposição de Deus de viver em aliança com o seu povo, mas no fato de que seu povo não sabe o que é viver em aliança e não sabe viver a bênção de um relacionamento vivo com o seu Deus. Eles estão longe e nem sabem, estão doentes e perdidos e não sentem nenhum sintoma de sua doença e não sabem o quão distantes estão.
Eles haviam perdido a sensibilidade espiritual e a capacidade de perceber sua própria condição espiritual. Por isso, sempre insistiam em algum tipo de discussão e tinham tantas indagações irônicas para com Deus: EM QUE HAVEMOS TE DEPREZADO? EM QUE HAVEMOS DE TORNAR?
Eles simplesmente haviam perdido todo tipo de consciência e percepção da sua realidade espiritual. Viviam como auto-enganadores e preferiam pensar que estava tudo bem, mesmo que só houvesse neles chagas da cabeça aos pés.
Este é um ponto que precisamos considerar abertamente se queremos viver com Deus, a ideia de uma percepção espiritual não enganada, não forjada na falta de sensibilidade espiritual, mas construída na sinceridade e na verdadeira condição de nosso compromisso como filhos de Deus.

Oferta de Vida se Evidencia em Atos Práticos e Visíveis
Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda  (Malaquias 3.8-9).
O conceito que está por detrás destes versos é que Israel havia perdido o sentido prático da ideia de fazer de Deus a sua prioridade. Desde os dias de Moisés, quando Deus estabeleceu a prática de ofertar, o Senhor teve o cuidado de ensinar que oferta era uma entrega que se fazia a partir do coração.
Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o mover para isso, dele recebereis a minha oferta (Êxodo 25.2).
O conceito por detrás dos dízimos e das ofertas está a capacidade de dar a Deus a prioridade de atenção em sua vida. TErumáh – oferta não era apenas uma forma de financiar a obra de Deus, mas a prática pedagógica de fazer a vida girar em torno de Deus e de sua aliança. Eles roubavam a Deus não porque deixavam de pagar o dinheiro de Deus, mas porque negavam a Deus a centralidade de sua própria vida.
Dizimos e ofertas – o centro da vida religiosa era o templo e o sacerdórcio colocado por Deus para guiar o povo. Deixar de cuidar disto e não atentar para isto era o mesmo que dizer que descartava Deus como o seu norte orientador. Os dízimos era a como se chamava a contribuição para a manutenção do templo e oferta o modo como todo filho de Israel cuidava de fazer haver abundância para suprimento na casa de Deus.
Estamos falando aqui em algo mais importante que somente o sustento do templo ou dos sacerdotes, estamos falando da priorização da ideia de que Deus é o nosso sustento, de que ele é a coisa mais importante, que a busca da sua face é a real necessidade diária. Estamos roubando de Deus a glória, estamos diminuindo a sua importância. De fato, o que toda a profecia trabalha o tempo todo é esta dimuição do valor de Deus na vida da pessoa como o grande e grave problema a ser enfrentado.
Falsa Oferta - Engano e Maldição – existem alguns conceitos que estão guiando esta profecia. Uma das palavras chave dela é a palavra OFERTA e o conceito chave desta palavra na profecia é que eles estavam desprezando a Deus fazendo uma oferta falsa, isto é, mentirosa, pois diziam amar a Deus, mas o desprezavam e isso se revelava na sua forma equivocada de ofertar. O ponto é que este era um processo de auto-engano e Deus havia dito que o enganador, aquele que constrói este tipo de relação enganosa com Deus deveria ser amaldiçoado (Ml 1.14; 2.1-2).
Sois amaldiçoados porque me roubais – a maldição retorna aqui conceitualmente novamente no contexto desta oferta falsa, isto é, desta construção equivocada de um relacionamento mentiroso com Deus. Esta maldição indica que Deus haveria de deixar vazio a sua vida e fazê-los perceber a ausência do Senhor. Suas orações não seriam ouvidas, suas necessidades não seriam atendidas e eles perceberiam como é ruim viver sem Deus.
Uma vida amaldiçoada não é só uma vida de falta de bens, mas uma vida com a falta do maior de todos os bens, a falta de Deus. Este é o tipo de vida que muitos estão permitindo ser construída em sua relação com Deus. Um tipo de fé de um Deus que não se relaciona. Preferem o engano, a construção de uma imagem de vida com Deus e não sentem que estão vivendo sem Deus.
Quando Deus perde o lugar central em nosso relacionamento, simplesmente estamos roubando dele e de nós mesmos a alegria de uma vida de oferta a Ele. Uma vida em que nos sentimos entregues, dependentes, completamente necessitados e amparados por ele. Sem ele a vida fica vazia, com ele, o vazio de muitas coisas não nos incomoda.

Oferta de Vida Preenche dá à Luz a Uma Mentalidade Transformadora
Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênçãos sem medida. Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. Todas as nações vos chamarão felizes, porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos (Malaquias 3.10-12).
Paulo, exortando os crentes, em especial os presbíteros de Éfeso, mostrou sua vida de entrega a Deus e encerrou parte de sua exortação lembrando o ensino de Jesus Cristo que havia dito que “dar é melhor que receber” (Atos 20.35). Este é um conceito revolucionário! Imaginem um mundo onde as pessoas estivessem ocupadas em repartir e dividir com os que precisam aquilo que possuem. Parece ser uma utopia, um mundo onde o “EU” não é a prioridade de ninguém, mas o “OUTRO”.
Esse tipo de mentalidade de ENTREGA é o que o profeta Malaquias reclama para o seu povo e pede ao seu povo que perceba que foi para isso que eles foram chamados, para transformar o mundo de uma mentalidade caída de EGOCENTRISMO para um mundo de OFERTA DE CORAÇÃO.
Sei que é muito difícil confiar que isso seja realmente possível. Talvez seja isto o que está passando pela sua cabeça agora. Talvez você esteja pensando que isto é só um sonho e só cabe na pregação e não na vida. Eu entendo porque você pensa assim! Você e eu pensamos assim quando a gente não consegue realmente pensar que existe um Deus maior que tudo que é capaz de algo assim tão grandioso.
O profeta Malaquias convida o povo à FÉ e a CRER que é possível transformar o mundo. Para isso, ele os conclama à SENSIBILIDADE ESPIRITUAL E À UMA PRATICA ESPIRITUAL TRANSFORMADORA.
Trazei todos os dízimos à casa do TEsouro – esse era o desafio, ou seja, eles enfrentarem a própria increduilidade e insensibilidade espiritual para Deus e seu poder e começar a viver segundo este modelo transformador. Ele usa a palavra técnica que lembrava o compromisso de sustento do sacerdócio – ESSER – a décima parte. Ele está dizendo que há uma estrutura organizada por Deus para fazer funcionar o modo como a abundância irá se tornar conhecida, isto é, será conhecida a partir da CASA DO TESOURO.
Irmãos precisamos parar para pensar sobre este conceito. Deus está dizendo que a abundância a maneira como ela se manifestará não será a apartir da bondade particular de uma pessoa, ou de um grupo de pessoas, mas de Deus ou da casa o que aponta para ELE. O cuidado das nações não virá da sua bondade pessoal, mas de Deus que usa você para se revelar ao mundo e neste sentido que você é um mensageiro somente.
Para que haja mantimento na minha casa – Na verdade, o que Deus queria era que o seu nome fosse exaltado e por isso, a partir da CASA onde ele se revelava é que o suprimento viria para todos. Existem muitas pessoas que desejam se tornar as benfeitoras dos pobres, querem que os reconheçamos como pessoas boas, mas esse não é o projeto de Deus, que os homens nos reconheçam benfeitores, mas que reconheçam a ELE COMO O BENFEITOR DE TODOS.
Há muitos que tentam roubar para si a beleza da obra de suprir e não desejam que Deus ganhe este crédito, então preferem fazer isto sozinhos, querem aparecer. Desculpe, nisto estão realmente ROUBANDO A DEUS.
Provai-me nisto – Sem dúvida alguma é uma mudança que precisa acontecer com uma decisão de Fé e este é o convite do profeta. Eles os conclama a viver esta realidade e perceber como Deus é bom e como é bom viver para que ELE APAREÇA.
Abrir as janelas e derramar benção sobre vós – Viver a entrega de coração a Deus é se permitir a viver a mesma realidade que você é instrumento para realizar. Ou seja, você viver para deixar a sua riqueza ser usada para a glória de Deus, na medida em que Deus abastece outros com ela. Mas, você é também alvo desta mesma bênção. Note que o texto diz que as janelas do céu serão abertas sobre vós e as bênçãos derramadas sobre vós. Ele está dizendo que algo divino acontecerá, algo surpreendente, que a abundancia que eu ajudo a construir para outros, Deus faz com que me alcance.
Você conhece e sabe muito bem de muitos relatos de pessoas que experimentaram e viram na prática isto acontecer. Conheci ontem um homem que frequentando uma igreja por algum tempo percebeu que o salão social da igreja era de cimento batido. Ele economizou por um ano e resolveu doar todos os pisos para que aquela igreja revestisse o salão. Na mesma semana em que comprou os pisos, recebeu uma carta do governo para que fosse sacar um valor que estava retido de suas aposentadorias atrasadas, que ele nem sabia. Isso é pouco, porque o que Deus quer que experimentemos é a estrutura de bem e bênçãos que ele planejou que funcionasse no ato de dar e não de receber.
Repreenderei o devorador – sua vide não será estéril – Os infortúnios causados pelas causas morais ou naturais, todas estão sob o controle de Deus. No mundo da estrutura que Deus orquestrou para abençoar, ele controla todas estas circunstâncias para que tudo funcione perfeitamente e nada traga infelicidades. Precisamos redescobrir o valor de CRER QUE ELE É DEUS E SENHOR DE TUDO.
Todas as nações vos chamarão felizes – terra deleitosa – Há uma chamada para que Israel ocupe o lugar dele como nação sacerdotal, mensageira de uma nova maneira de viver a vida para Deus. Todas as nações era o compromisso de Israel de abençoar todas as famílias da terra. Eles seriam o suprimento de Deus para todos os povos, eles apresentariam Deus e a bênçãos de Deus para todos. Eles seriam a terra onde há abundancia e deleite, para a glória de Deus.
HÁ UMA MENTALIDADE TRASNFORMADORA neste chamado de Deus para nossa vida de ENTREGA de OFERTA. Acredito que somos chamados para este desafio!


Conclusão
Talvez você esteja pensando sobre quem irá começar, porque começar em você não é uma boa ideia. Alguém deveria fazer este desafio para quem sabe eu ir atrás dele. Então, quero lhe fazer notar que Deus foi quem deu o primeiro e maior exemplo deste tipo de entrega, ele DEU SEU FILHO.
O profeta Isaías diz que o próprio SENHOR ficaria feliz ao ver a sua vida sendo entregue como OFERTA em nosso lugar. Uma OFERTA QUE PRODUZ A VIDA PARA OUTROS. Este é o tipo de modelo que Jesus é para nós, isto é o que Deus espera do seu povo para o mundo.
Quando as pessoas souberem através da nossa VIDA DE ENTREGA que existe um Deus bom que ama e cuida dos seus, elas quererão viver para este Deus. AS pessoas precisam ver isto em nós.
Um jovem adentrou com uma metralhadora na mão a reunião de uma igreja em Bagdá. Ele apontou a arma para um senhor que estava orando e disse pare de orar e negue este seu Deus. O homem continuou as suas orações, ele chamou a atenção do ancião e ordenou ainda mais ferozmente, pare de orar e negue este seu Deus! Como o ancião não parava de orar, ele apontou a arma para a filha do ancião e disse, como você não ama a sua vida, talvez você ame a vida de sua filha. Pare de orar senão ela morre e pôs a arma na cabeça da menina. O ancião parou e disse: você quer me matar porque eu amo o meu Deus, pode matar, você quer matar minha filha porque eu amo ao meu Deus, pode matar, porque o meu Deus é a nossa maio riqueza, minha e desta minha filha, nem eu nem ela merecemos viver se deixarmos de amar a Deus. O jovem olhou bem nos olhos daquele ancião e disse: eu quero ser cristão também, porque eu só quero viver para um Deus que seja capaz de me fazer amar neste padrão, o de perder tudo e dar tudo por amor a Ele.
Essa não é uma história verídica é só uma maneira que eu encontrei para ilustrar esta conclusão. Mas eu acredito que ela seja bem possível de ser real, afinal, quando as pessoas virem em nós o que somos capazes de dar a Deus, por amor a Ele, verão que temos uma riqueza que não se pode medir.


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