SEGUNDO A MEDIDA DE
DEUS
Ezequiel
43.10-17
Introdução
O profeta Ezequiel viveu em um tempo bastante difícil da história do
povo de Israel, o exílio babilônico. A principal mensagem da sua profecia está
ligada ao tema da “glória de Jehovah” que havia abandonado o templo (Ez 10.18-20).
Esta visão foi a mais terrível que o sacerdote Ezequiel poderia ter tido,
porque ela indicava o mais alto grau de repúdio que Deus tinha para como os
pecados do seu povo, deixa-lo.
O mais significativo do exílio babilônico, portanto, não foi o fato de
serem deportados para uma terra estranha, mas o saberem que o seu Deus deixado
o lugar onde se revelava vazio. O Templo não somente foi destruído, mas tornado
completamente sem sentido e isto indicava que o próprio povo de Israel era um
povo vazio, uma videira estéril e inútil (Ez 15.1-8).
A segunda parte da profecia de Ezequiel, apontava para essa desolação e
isso está principalmente ilustrada no capítulo 37, na visão do “Vale de Ossos
Secos”. Deus quer que seu povo reconheça esse vazio e este sentimento de completa
impotência que a falta de Deus provoca em nossa vida. Neste ponto a profecia
sofre uma mudança de foco e caminha guiada por uma pergunta: “Filho do homem, acaso, poderão reviver
estes ossos?” (Ez 37.3).
A partir do capítulo 40, vinte anos após o início do exílio, o profeta
tem uma visão da “Restauração do Templo” e indica um tempo em que a comunhão
entre Deus e o seu povo seria completamente renovada. Uma descrição detalhada
das formas e medidas do templo foram dadas ao profeta até chegar ao ápice da profecia:
“A glória do Senhor entrou no templo,
pela porta que olha para o oriente (...) e eis que a glória do Senhor enchia o
templo” (Ez 43.4-5).
O ponto central desta visão era o altar do sacrifício. O lugar onde o
nome do Senhor era principalmente honrado com o seu povo, por meio da entrega
completa do mais puro sacrifício. Um detalhe deve ser destacado aqui: as
medidas do altar. As medidas do altar
dadas por Deus eram o padrão e a régua pela qual a vida do seu povo devia ser
medida: “Tu, pois, ó filho do homem,
mostra à casa de Israel este templo, para que ela se envergonhe de suas
iniquidades, e meça o modelo (...) Esta é a lei do templo (...) todo o seu
termo ao redor será santíssimo” (Ez 43.1012).
A Nossa Relação Com Deus é Balizada
Segundo o Padrão de Deus e Não o Nosso
Tu, pois, ó filho do homem, mostra à casa de Israel este templo, para que ela se envergonhe das suas iniquidades; e meça o modelo (Ezequiel 43.10).
Meus irmãos estamos com o
profeta Ezequiel olhando para dentro do interior do Templo, do lugar do
relacionamento de Deus com o seu povo. Agora, estamos olhando para o centro
desta relação, o lugar do grande holocausto, o lugar do sacrifício o altar
interior, o grande lugar onde a oferta que entregamos a Deus atinge o ponto
culminante do significado do nosso relacionamento com Deus.
O que temos diante de nós é uma
descrição do altar interno, mas devemos pensar além da ideia de uma descrição
de uma construção, para um símbolo do relacionamento de Yaweh com seus filhos,
uma ilustração do que Deus espera de nós.
Aqui, neste verso 10,
destacamos especialmente o fato de que Deus quer que Israel saiba qual é o seu
projeto e que o siga. Porque o relacionamento que Yahweh quer ter com seus filhos
não pode ser baseado na estética de seus filhos, mas no seu padrão.
Tu, pois, o filho do homem, mostra à casa de Israel este templo – Beith Habbayti – Templo – Literalmente, lugar da convivência,
lugar onde a família mora ou CASA DA MORADA, casa do relacionamento. O profeta
é convocado a tornar exposta a vontade de Yahweh e o padrão desta morada. Claro que Deus não
está preocupado com tamanho físico do templo, aliás, jamais esteve, Deus usou a
construção templo e todo os seus detalhamentos sempre como uma ilustração da
sua vontade para a vida do seu povo.
Para que ela se envergonhe de suas iniquidades – o templo era uma construção que tinha por finalidade expor, em sua
arquitetura, a polaridade díspare entre a “santidade de Deus” e a “pecaminosidade
humana”. Asafe percebe a santidade de Deus e a pecaminosidade do homem no salmo
73, quando ele atenta para a verdade quando é impactado pela construção do
templo.
Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim; até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim deles (Sl 73.16-17).
Deus precisa que atentemos para a
grandiosidade da sua santidade, se queremos que nosso relacionamento com ele
seja perfeito. Precisamos balizar nosso relacionamento com Deus pela santidade
dele e não pela nossa própria percepção de pureza. Porque a pureza de Deus é
absoluta e a sua simples presença revela nossas contaminações. Como naquelas
propagandas de alvejantes, que os autores das propagandas, apresentam uma roupa
branca e depois colocam uma alveja com o seu produto e você percebe que aquele
branco primeiro, não é tão branco assim! Yahweh está dizendo ao profeta, fala
para eles do meu templo para que reflitam sobre sua própria pecaminosidade.
Meça o modelo – de fato, tudo o que
precisamos pensar sobre nosso relacionamento com Deus precisa desta profunda
reflexão, que tem como medida a própria santidade de Deus. Irmãos, em geral
erramos muito, tendo como ponto de partida nós mesmos. Somos tão presunçosos!
Somos tão arrogantes!! Quase sempre estamos contentes conosco mesmos e tentamos
medir a vida com Deus por bases medíocres de nossa própria santidade. Por isso,
é que a Escritura nos acusa de cegueira e nudez.
Pois dizes: Estou rico e
abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim,
miserável, pobre, cego e nu (Ap 3.17).
O PROFETA CHAMA O POVO A PENSAR
NO SEU RELACIONAMENTO COM DEUS BALIZANDO-O PELAS MEDIDAS DO SENHOR E NÃO PELAS
SUAS PRÓPRIAS.
A Nossa Relação Com Deus
Estabelece Um Padrão Para o Modo Como Nos
Relacionamos Com Tudo ao Nosso Redor
Envergonhando-se eles de tudo quanto praticaram, faze-lhes saber a planta desta casa e o seu arranjo, as suas saídas, as suas entradas e todas as suas formas; todos os seus estatutos, todos os seus dispositivos e todas as suas leis; escreve isto na sua presença para que observem todas as suas instituições e todos os seus estatutos e os cumpram. Esta é a lei do templo; sobre o cume do monte, todo o seu termo ao redor será santíssimo; eis que esta é a base do altar (Ezequiel 43.11-12).
Nestes versos, ao profeta é
proposto uma outra atitude. Veja, no verso 10, eles deveriam tomar a medida de
Deus para perceber sua própria pequenez, sua falta diante de Deus, sua
carência... Aqui, nos versos 11 e 12, especialmente no 11, a proposta é
diferente. Eles deveriam partir de sua percepção e pequenez para uma atitude de
adequação.
Envergonhando-se eles de tudo quanto praticaram – (Nicklemu – calam) Serão envergonhados pelo que praticaram e
estarão aptos para olhar ao redor. Esta é a expectativa de Yahweh, que seu povo
seja conduzido para fora de si, percebendo-se tão sujo e desejem se adequar
para servir a Deus. Desta forma, o próximo passo é o conhecimento da
expectativa de Yahweh. Por isso, o profeta é conclamado a fazer conhecida a
planta do templo.
Faze-lhes saber a planta desta casa – Dar
conhecimento da planta, de toda a estrutura, todos os caminhos do templo, como
entrar, como sair, o que ele possuir de dispositivos para o seu uso – toda esta
linguagem arquitetônica é usada para falar do modo de relacionamento que o
Senhor quer desenvolver entre ele e seu povo. Por isso, estas descrições também
são dadas como uma “Torah” (Instrução – Lei).
Escreve isto para que observem e cumpram
– Esta linguagem é tomada do Pentateuco, do Deuteronômio e do livro de Êxodo e
Levítico... Uma linguagem de lei que fornece o padrão para a vida de
relacionamento com Yahweh. Irmãos, estamos diante de um texto não de descrição
física da construção o templo, mas de um chamado para adequar a vida ao padrão
de santidade de Yahweh. A GLÓRIA deixou o templo quando o pecado do povo se
agravou, ela agora volta ao templo nos seus termos e não nos termos dos homens.
Esta é a lei do templo todo o seu termo ao redor será santíssimo – Não existe relacionamento com Deus se ele não for estabelecido e
balizado pelas medidas de Deus, o sinal de que estamos vivendo com Deus é que
estamos dispostos a santificar tudo que está ao nosso redor.
Eis que esta é a lei do templo – nesta repetição,
podemos entender que ele esteja então apontando para o assunto que vem a
seguir, mas também podemos imaginar que o texto deseja reafirmar que este
padrão divino é sério e portanto, faz os leitores, compreenderem a seriedade do
que Deus está requerendo.
Tudo ao redor da vida do filho
de Yahweh precisa refletir e ser atingido pela santidade do nosso
relacionamento com o Pai. Lembre-se de Moisés, todas as vezes que descia do
Monte de Deus. Ele resplandecia e as pessoas sequer conseguiam olhar para o seu
rosto, porque a glória de Deus era vista fisicamente no brilho que ele
carregava deste contato com Yahweh. Obviamente não devemos pensar que a glória
de Deus possa ser vista fisicamente nos mesmos termos, mas a glória de Deus
precisa ser vista na santidade que permeia a vida do crente e tudo o que está
ao seu redor. O modo santo com que nos relacionamos com a vida, em tudo o que
fazemos e como vivemos.
Muitas vezes irmãos, a marca
que imprimimos na realidade que está ao nosso redor, revela muito mais a nossa
pecaminosidade que a glória santa do Deus a quem servimos. Isto é só um sinal
de que nosso relacionamento não está sendo vivido nos termos de Deus. Trata-se
de uma consequência natural, viva a vida nos termos de Deus e tudo o seu redor
será impregnado por isto! Pense muito sobre o que você vê a partir de como você
vive, quando não está aqui, onde supostamente sua vida é santa. Pense no que
está ao redor e pense sobre o que está no interior do seu coração.
A Nossa Relação Com Deus
Exige Uma Elevada Consciência de Entrega Total e Absoluta da Vida a ELE
São estas as medidas do altar, em côvados, sendo o côvado de côvado comum e quatro dedos; a base será de um côvado de altura e um côvado de largura, e a sua borda, em todo o seu contorno, de quadro dedos; está a base do altar. Da base, na linha da terra, até a fiada do fundo, dois côvados, e de largura, um côvado; da fiada pequena até à fiada grande, quatro côvados, e a largura um côvado. A lareira, de quatro côvados de altura; da lareira para cima se projetarão quatro chifres. A lareira terá doze côvados de comprimento e doze de largura, quadrada nos quatro lados. A fiada terá catorze côvados de comprimento e catorze de largura, nos seus quatro lados a borda ao redor dela, de meio côvado e a base ao redor do altar se projetará um côvado. (Ezequiel 43.13-17).
Nesta última parte do texto,
encontramos uma narrativa descritiva do altar. Até aqui, ele trabalhou
conceitualmente e agora passa a dar uma descrição da sua visão em termos
completamente práticos e narrativos. Isso nos confunde um pouco, porque em
geral, temos a tendência de considerar que estes textos não têm muita
importância, afinal, não vamos construir um altar, nem precisamos mais. Contudo,
esta descrição está carregada de significado importante e precisamos encontra-los.
Claro que em textos de natureza descritiva que precisam ser interpretados
conceitualmente, podemos perder alguma coisa pelo empobrecimento ou o exagero.
Vamos, portanto, atentar ao prático e o mais simples.
Côvados e altura – minha principal
preocupação não é com a medida em si, como disse, não pretendemos e não
precisamos construir este altar, então, não vou entrar no mérito sobre o que é
côvado, de côvado comum. Ele está apenas dizendo que a medida era a mais
simples que eles conheciam. O mais
importante deve ser visto no fato de que a construção do altar deve receber um
especial destaque, porque se trata de algo que deve ficar elevado e
centralizado.
Esta construção está em
destaque na arquitetura do prédio, ela nasce do chão e se eleva à quatro
côvados de altura. Ela é observada como algo importante, especial que deve chamar
a atenção. Esta construção central na entrada do templo é um ponto de passagem
que não pode passar despercebido, isto é o que texto indica descritivamente.
Esta é a intenção desta obra e de sua descrição.
Uma lareira para o sacrifício – Neste altar,
chama-se a atenção para o fato de que em destaque está a função de lareira do
altar e não tanto para a função de lugar da morte do animal. Lembrando que o
animal sacrificado era oferecido a seguir em holocausto, isto é, a oferta era
totalmente queimada. Ariel – isto é – Lareira de Deus, ou o Altar de Deus.
Nesta descrição, o que Yahweh primordialmente coloca em destaque é a entrega
total de seu povo a ele próprio.
O texto descritivo da Lareira
do Sacrifício aponta para a necessidade de um relacionamento centralizado na
entrega completa da vida a Deus. O profeta está nos conduzindo a pensar sobre o
fato de que somos filhos de Deus porque pertencemos a Ele. No Novo Testamento,
este entendimento se tornou ainda mais profundo pelo ensino de que Deus nos
comprou para si mesmo pelo derramamento do SANGUE DO CORDEIRO. Afinal, todas as
sombras que Ezequiel e Moisés descreveram sobre o templos, apontavam para um
verdadeiro templo, feito não de pedras e argamassa, mas de vidas compradas pelo
sangue de Jesus. Veja a união destes conceitos em 1 Coríntios 6.19-20:
Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo (1Co 6.20).
Isso me faz pensar no sermão
que ouvimos a semana passada, baseado em Romanos 12.1-2 – Ofereceis o vosso
corpo por sacrifício, vivo, santo e agradável a Deus.
ESTE É O PONTO, em sua visão,
Deus conduz Ezequiel a percorrer os caminhos da volta da sua glória ao templo e
diz que esta glória repousa sobre o relacionamento santo que ele quer ter com o
seu povo, segundo o seu padrão santo e impregnando tudo ao redor por esta
santidade. Mas isto, deve ser considerado a prioridade total, baseada em uma
entrega total da nossa vida.
NÃO PERTENCEMOS A NÓS MESMOS,
MAS SOMOS DELE E VIVEMOS PARA ELE.
Conclusão
Não sei o quanto você consegue
perceber a seriedade do que chamamos de VIDA COM DEUS e o quanto isto exige
compromisso de nós. Infelizmente, nossa medida de vida com Deus, quase sempre é
baseada em nossas percepções e intenções pessoais, quando deveriam ser
norteadas pelas instruções de Deus primordialmente.
Você precisa estar mais
disposto a OUVIR AS PRESCIÇÕES DE DEUS em lugar de ficar tentando impor a Deus
as suas vontades, pequenas, egocentradas e sujas na maior parte do templo. ESTA
É A LEI DO TEMPLO, está a LEI QUE COORDENA A VIDA DE QUEM PERTENCE A DEUS.
Os seus degraus olharão para o oriente –
Note, porém como é que o texto termina. Eles apontam para o Oriente e o que
isto significa? Bem, no capítulo 10, foi na direção do oriente que a GLÓRIA DE
DEUS DEIXOU O TEMPLO, no capitulo 40, é PELO ORIENTE É QUE A GLÓRIA RETORNA AO
TEMPLO. O lado oriente, em si, nada significa, senão que aqui no texto aponta
para os atos de Yahweh, isto é, tudo caminha, segundo a vontade de Yahweh.
Mas o Oriente tem um valor
profético e escatológico importante na Escritura: Jesus vem do Oriente. Todas
as promessa do Messias, dizem que ele viria do Oriente.
DO EGITO (ORIENTE) CHAMEI MEU
FILHO – Kadim – É O lugar de onde vem a Salvação. Você e eu não conseguimos ser
este altar de entrega, de santidade, de influencia, sem Cristo, por isso, o
ALTAR E SEUS DEGRAUS SÓ PODEM APONTAR PARA CRISTO, NOSSO ORIENTE.
Não há verdadeiro
relacionamento com Deus se as medidas que usamos para nos regular não forem as
de Deus. Se você insiste em viver segundo o seu padrão, o que você colherá é
que sua vida não será percebida no altar de Deus, ele não a receberá como um
sacrifício. As medidas do altar são de Deus, assim, também as medidas do
verdadeiro templo do Espírito Santo, que é a vida do crente, assim, o Senhor
nos será propício (Ez 43.27).
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