Aprendendo a Viver Com
a Glória de Deus
Ezequiel
44.1-27
Introdução
Mais uma vez, o profeta Ezequiel é um desafio para nós na pregação. O
capítulo 44 dá um outro salto na dinâmica desta grande visão do Templo. No
capítulo 43, o passeio conduzido pelo Homem de Bronze mostrou o coração do
relacionamento com Deus que é o “lugar do sacrifício o altar”, revelando a sua
santidade. Depois, o próprio Yahweh fala sobre como realizar este altar, apontando
para o “ato de relacionar-se com Deus”, buscando a pureza deste ato,
especialmente mostrando o primordial interesse do próprio Deus em se relacionar
com o seu povo.
Agora, no entanto, o capítulo 44 continua o passeio pelo Templo,
visualizando a atitude humana e a postura que precisamos assumir quando
desejamos ter uma vida de intimidade com a Glória de Deus. Evidentemente há
muitos e importantes detalhes que uma só mensagem não consegue cobrir, por
isso, vamos nos deter esta noite em três princípios para aprendermos a nos
relacionar com Deus, baseados nas posturas das principais figuras deste capítulo.
Será sempre muito bom que os irmãos consigam separar tempo para estudar
estas profecias e procurar nos seus detalhes, mais e mais, nuances sobre como
Deus deseja manifestar sua presença gloriosa entre nós, o Templo do Senhor.
A Atitude Pecaminosa
Impenitente Impede a Possibilidade de Um Verdadeiro Relacionamento com Deus
Irmãos, precisamos considerar
com muita seriedade o fato de que a pureza absoluta de Deus é quem deve
determinar o padrão do nosso relacionamento com Ele. Infelizmente, parece que
nos tornamos um povo que não tem apreço pela santidade de Deus e a tratamos
como apenas um conceito e não compreendemos realmente diante de quem nós
estamos: estamos diante do Senhor, isto tem de fazer toda a diferença.
Lembre-se de Isaías ou mesmo o
apóstolo João, ambos, diante de Deus não suportaram a beleza da santidade do
Senhor, ambos sentiram o terror da sua santidade, porque perceberam o completo
peso e a responsabilidade negativa que os seus pecados causavam:
Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! (Is 6.5).
Esta percepção é encorajada
novamente em Ezequiel no capítulo 44:
Depois, o homem me levou pela porta do norte, diante da casa; olhei, e eis que a glória do Senhor enchia a Casa do Senhor; então, caí rosto em terra (Ez.44.4).
O Homem de Bronze, o guia da
visão de Ezequiel pelo templo o levou a perceber algumas coisas sobre a glória
de Deus. Logo no verso 2, ele falou de uma grande porta fechada, a porta
oriental por onde a Glória do Senhor havia entrado, ela estava fechada e
ninguém poderia mais entrar por ela, porque a Glória de Deus havia entrado ali.
O que ele está pontuando é que
este relacionamento com Deus precisa que saibamos exatamente qual o nosso lugar
e qual o lugar de Deus no comando deste relacionamento. Não somos nós quem
dirigimos o culto ou comandamos as coisas quando estamos na presença de Deus,
deve ser Deus.
O temor é uma virtude que nosso
modelo extremamente intimista, emocionalista não quer admitir. Nós confundimos
a comunhão com Deus com permissividade. Hoje o culto pode ser muito mais
invadido pela sujeira da humanidade que ser um lugar de pureza divina.
Veja como esta percepção é
construída no capítulo. Nos versos 5 a 14, infelizmente não os veremos com
muitos detalhes, só um sobrevoo, percebemos que o profeta recebe instruções
sobre quem pode permanecer e quem deve ser excluído da presença de Deus.
Filho do homem, nota bem, e vê
com os próprios olhos tudo quanto eu te disser de todas as determinações a
respeito da Casa do Senhor e de todas as leis dela; nota bem quem pode entrar
no templo e quem deve ser excluído do santuário (Ez 44.5).
Numa primeira parte, ele fala
de um grupo de pessoas que eram abomináveis e estavam servindo a Deus, ele
deixa claro que não quer que tal adoração aconteça na sua presença, por isso,
determina que todo o estrangeiro seja excluído.
O culto profano deve ser excluído (versos 6-9) – Uma leitura rápida destes versos nos dirá que Deus não aceita ser
adorado segundo qualquer princípio mundano, de qualquer forma. Não existe um
Deus que por nos amar se adequa a quem somos, o Deus da Bíblia insiste em que
sejamos transformados para servi-lo. Ele recebe pecadores sim, mas não os
recebe nos termos dos pecadores, mas sim, Ele recebe a todos os pecadores que
ouvem a sua voz e se prostram perante ele para aprender a andar em retidão. Este
tipo de culto que a pessoa tenta forçar Deus aos seus termos pessoais é
abominável porque não considera a santidade de Deus e o torna semelhante a
homem.
Aqui ele está dizendo que é
inexistente a adoração do homem que adultera a sua alma, que aparente uma
coisa, mas no profundo do seu ser é outra. Aqui, o que temos é que Deus exclui
do templo esse tipo de pessoa. Não há nenhum pudor em dizer que Deus não tolera
comportamento pecaminoso associado à ajuntamento solene.
Assim diz o Senhor Deus: Nenhum
estrangeiro que se encontra no meio dos filhos de Israel, incircunciso de
coração ou incircunciso de carne, entrará no meu santuário (Ez 44.9).
Evidentemente, dentro de um contexto
judaico, estas palavras foram compreendidas de um modo, no Novo Testamento, a
verdadeira circuncisão está no coração e só pode ser vista pela fé. Mas o que
Deus está estabelecendo é uma regra: você
pode até tentar, mas não conseguirá realmente entrar em relacionamento com Deus
se tiver uma vida falsa e espiritualmente vazia.
A Nossa Incosistência
Espiritual Limita Nossa Relação Com Deus
Um segundo grupo é o foco do
tratamento do capítulo. Este grupo era não de estranhos, mas de filhos de Deus
que haviam se corrompido e tinham uma atitude espiritual inconsistente com sua condição
e filhos de Deus. Este é o grupo tratado nos versos 10 a 14.
Eram sacerdotes mas viviam de forma ímpia – infelizmente este é um grupo que temos de aprender a reconhecer,
que são pessoas que não fazem da saúde espiritual um alvo de vida. Eles
preferem viver duplamente sua fé. O problema deste tipo de comportamento é que
eles não conseguem desfrutar da plenitude de alegria que há na santidade de
Deus. O salmista dizia: na tua presença há plenitude de alegria! Claramente
este grupo de crentes inconsistentes não conseguem se alegrar.
Os levitas que se apartaram para longe de mim, quando Israel andava errado, que andavam transviados, desviados de mim, para irem atrás de seus ídolos, bem levarão sobre si a sua iniquidade (Ez 44.10).
Deus limita o culto dos seus filhos de acordo com o amadurecimento
da sua santidade (versos 10 a 14) - Mais uma vez eu
recorro ao modelo permissivo que deixamos ser construído em nossas práticas
cúlticas e de como temos dificuldade para compreender que temos de ser mais
cuidadosos com o nosso culto. Basta vermos que na maior parte das vezes, sequer
oramos e nos preparamos para o culto a Deus, andamos meio desavisados, muitas
vezes, estamos completamente despreparados para a vida com Deus.
Nestes versos, o texto fala de
filhos de Deus, sacerdotes, que haviam pecado contra Deus e andavam desviados
do Senhor. Eles deverão perceber que seus pecados causavam grande influencia
sobre o relacionamento com Deus. Eles são autorizados a participar da vida com
Deus, mas ficaram limitados em suas tarefas e relacionamento com Deus. No caso
deles, poderiam viver próximo ao templo, mas lhes foram destinadas tarefas de
cuidado com a guarda do local.
Não se chegarão a mim, para me servirem no sacerdócio, nem se achegarão a nenhuma de todas as minhas coisas sagradas, que são santíssimas, mas levarão sobre si a sua vergonha e as suas abominações que cometeram. Contudo, eu os encarregarei da guarda do templo, e de todo o serviço, e de tudo que se fizer nele (Ez 44.13-14).
Irmãos precisamos considerar
atentamente que o nosso relacionamento com Deus deve fazer com que a percepção
e a consciência da santidade de Deus determine nossa vida. O fato verdadeiro de
que Deus é misericordioso e nos ama não pode nos levar a achar que então ele
simplesmente se vê obrigado a aceitar qualquer coisa das nossas mãos. Deus não
se compraz em menos que um filho santo como o próprio Jesus é por isso que as
instruções bíblicas para que busquemos deixar o pecado são tão importantes e
significativas. Não haverá puro e verdadeiro relacionamento com Deus enquanto
você se deixar moldar por um tipo de fé, inconstante e mais parecida com você
que com Deus.
A Fidelidade do Crente Tem Uma
Especial Recompensa No Relacionamento Com Deus
Nos versos 15 a 27 são
dedicados a um terceiro grupo de assistentes, os completamente fiéis. Estes são
chamados de fiéis, pessoas que apesar de muitos se desviarem, escolheram
dedicar a vida com Deus como uma prioridade, mesmo em meio à pressões contrárias.
Aqui estes são descritos como
sendo da linhagem de Zadoque. Este simboliza aqueles sacerdotes que ficaram
fiéis à Casa de Davi quando este foi perseguido por Absalão ou mesmo quando
houve a divisão dos dois povos e os filhos do Norte seguiram à casa de Jeroboão.
Mas os sacerdotes levitas, os filhos de Zadoque, que cumpriram as prescrições do meu santuário, quando os filhos de Israel se extraviaram de mim, eles se chegarão a mim, para me servirem, e estarão diante de mim, para me oferecerem a gordura e o sangue, diz o Senhor Deus. Eles entrarão no meu santuário, e se chegarão à minha mesa, para me servirem, e cumprirão as minhas prescrições (Ez 44.15-16).
Todo este trecho é para tratar
destes homens e de como sua plenitude de fé os levarão a experiências valiosíssimas
na presença de Deus. Algumas vezes, nós perdemos de vista a incrível riqueza
que nos é proposta na vida com Deus. Isto, irmãos, precisa ser recuperado!
Em nossas famílias era comum
ver avós, filhos, pais, mães, alguma tia ou parente completamente fiel a Deus e
nós estamos perdendo isto. Antigamente, era possível considerar uma grande
quantidade de crentes realmente piedosos e capazes de dar sua vida a Cristo,
eles eram colunas para nossa fé, mas se tornaram escassos os casos.
Deus os abençoa especialmente – o texto
fala em vestes de linho, tiaras de linho cobrindo-os completamente. Haverá um
especial lugar para sua vida com Deus e o gozo e riqueza deste relacionamento
os coroará.
Deus os conduz em atitudes cada vez mais santas – eles ouvirão preceitos de Deus e os compreenderão de forma mais
profunda, terão uma completa intimidade com Deus a ponto de sua vida se
distinguir do comum e corriqueiro.
Deus os usará para ensinar seu povo –
Deus os escolherá para serem os servos que irão apresentar a todos o que Deus
quer de seus filhos e serão mestres com sua vida.
Acredito que este é um retrato
de um homem ou uma mulher, um jovem, uma criança ou um adulto experiente, não
importa, que se empenha em viver, acima de tudo, para a glória de Deus.
Estamos falando de pessoas que
estão dispostas a andar na contramão da cultura se necessário, a viver um padrão
elevado de vida e apresentar ao mundo a Glória de Deus. Estes poderão viver na
plenitude da alegria que há na presença de Deus. Estes desfrutarão do profundo
sabor da vida com Deus.
Há muito tempo eu ouvi uma
ilustração. Ela falava de um homem que escalava uma montanha e da sua
experiência como alpinista. No ato da escalada havia muita luta, muita força
era preciso fazer para se manter agarrado a cada pequena fresta e não se
desprender. Os equipamentos deviam ser sempre bem cuidados para que não caísse,
por um descuido ou pela imprecisão do gesto ou estragar de um equipamento.
Conforme o dia passa, o
alpinista vai se cansando, suas forças no empenho de subir a montanha vão se
acabando e vai ficando mais difícil. Na parte mais alta da montanha, há menos
auxílios, porque muito poucos outros alpinistas estiveram por lá e não há
muitas marcas, como nas partes iniciais, portanto, as escolhas certas são mais
difíceis. Mas o alpinista sobe e sobe até o topo. Enfim, quando alcança a parte
mais alta da montanha há um gozo e um esplendor que ele pode contar, mas
ninguém poderá viver se não subir também ao lugar. A vista é linda, pode ser
descrita, mas a emoção e o impacto dela sobre a mente não pode ser realmente
compartilhado. Estes, os homens que subirem até ao topo, terão um privilégio
que não conseguirão repartir, senão apenas estimular os outros a fazerem a
mesma caminhada.
No dia em que ele entrar no lugar santo, no átrio interior, para ministrar no lugar santo, apresentará a sua oferta pelo pecado, diz o Senhor Deus (Ez 44.27)
Isto é aqui é uma descrição de
um homem que chegou ao coração do templo, ao lugar mais santo, ao ponto onde a
relação com Deus é a mais íntima. Este é um homem que realmente alcançou o
maior de todos os privilégios e contempla glória de Deus que enche o templo e
queima o altar.
Conclusão
Este trecho é um chamamento à
uma realidade que precisamos com mais atenção considerar. Esta realidade é a
condição espiritual da nossa vida e da nossa relação com Deus.
Infelizmente, há muitos
tentando se enganar e vivendo falsamente sua vida com Deus. Podem ser recebidos
por nós, mas não o são por Deus e isto em que lhes acrescenta? Também infelizmente
precisamos admitir que há muitos crentes que se contentam, como Pedro, buscarem
a Deus de longe, vivem pouco para Deus e se dedicam pouco. Eles não conseguem
usufruir da plenitude de vida que há em Cristo Jesus.
Considero que este capítulo era
um estimulo ao profeta para que ele soubesse que Deus ainda possui homens
fiéis, que sabem e querem viver para Deus. O profeta Ezequiel é acalentado em
saber que Deus ainda distribui da sua intimidade para os que se aproximam dele
e lhes dá a conhecer a sua aliança.
Persiga um ideal de uma vida
mais plena com Deus. Pense em dar prioridade à essa busca na sua vida. Não
limite sua vida à si mesmo, mas redescubra a felicidade plena da presença de
Deus.
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