21 de outubro de 2018

Salmo 78.21-29


Incredulidade Humana e Generosidade Divina Uma Relação de Aprendizado Difícil

Introdução

Dentro do pensamento de que devemos discernir os enigmas da história de Israel, como a história fosse uma parábola para a construção de nossa mentalidade de serviço ao Rei, diante deste texto, precisamos discernir de que forma Deus está proporcionando aprendizado e trazendo ao coração dos seus filhos os ensinos sobre como amar e confiar em Deus.
Sem dúvida alguma, um ponto central do salmo 78 é a incredulidade e nestes versos que temos em destaque, essa incredulidade está sendo testada diante da providência divina que alimenta e cuida dos seus filhos, apesar da dureza do seu coração.
Depois de fazer manar água da rocha e saciar a sede do seu povo, eles se voltaram de forma ingrata e insana e propõe uma pergunta que revelam sua rebeldia, desprezo e incredulidade:
Pode ele dar-nos pão também? OU fornecer carne par ao seu povo? (Sl 78.20b).
Essa atitude incredulidade é o ponto de partida do nosso texto que começa com a indignação de Deus e o claro surgir de sua ira contra o seu povo.

Deus Deseja Que Aprendamos Que Ele é Providente e Espera Que Isso Produza em Nós Um Senso de Equilíbrio e Moderação


A generosidade de Deus não pode ser respondida com uma postura de insaciedade, isto é, temos de aprender a controlar o nosso impulso de sempre querer mais.
Pode ele dar-nos carne para o povo?
Ouvindo isto, o Senhor ficou indignado; acendeu-se o fogo contra Jacó, e também se levantou o seu furor contra Israel; porque não creram em Deus, nem confiaram na sua salvação (Salmo 78.20c-22).
Ouvindo isto – ficou Indignado – acendeu-se o fogo – levantou-se o furor -  Algumas vezes, meus amados irmãos, lidamos com Deus como se fosse um divino babá de nós, suas crianças mimadas e desenvolvemos um tipo de vida com Deus, que se baseia em nossa insaciável ganancia. Isto, segundo o que avaliou na história Asafe, fez com Deus se relacionasse com ira contra o seu povo. Em outras palavras, eles estavam provocando a indignação do seu Deus sem nenhuma percepção da sua falta de equilíbrio e modéstia.
Por que não creram, nem confiaram – a origem desta insensata disposição de insaciedade é a falta de fé. Eles propõem um desafio para Deus, será ele capaz de nos dar carne, ou o máximo que faz é dar água? Eles estavam tentando extorquir de Deus suas bênçãos e esse é um sinal de grande incredulidade, porque, tentam garantir coisas de Deus, como se não fossem capaz de descansar realmente de que Ele irá cuidar deles em toda aquela caminhada.
Nada obstante, ordenou às alturas e abriu as portas dos céus; fez chover maná sobre eles, para alimentá-los, e lhes deu cereal do céu. Comeu cada qual o pão dos anjos, enviou-lhes ele comida a fartar (Salmo 78.23-25).
Nada obstante – a indignação de Deus não faz o coração do Criador tratar o seu povo segundo a sua iniquidade e Asafe está admirado desta disposição de amor de Deus, fazendo uma comparação da incredulidade do homem com o modo como Deus age – não obstante.
Ordenou as alturas e abriu as portas dos céus – fez chover maná – a descrição do modo como Deus cuidou do seu povo é que ele deu aos seus filhos algo que eles não seriam capazes de imaginar que é possível existir. Deus interviu sobrenaturalmente nas estruturas da criação e trouxe do céu uma comida de excepecional valor – cereal do céu – pão dos anjos – comida a fartar – em uma abundância inimaginável no deserto.
Fez soprar no céu o vento do Oriente e pelo seu poder conduziu o vento do Sul. Também fez chover sobre eles carne como poeira e voláteis como areia dos mares. Fê-los cair no meio do arraial deles ao redor de suas tendas. Então, comeram e se fartaram a valer, pois lhes fez o que desejaram. Porém não reprimiram o apetite (Salmo 78. 26-30a).
Fez soprar o vento – fez chover carne – fez cair sobre o arraial – Deus conduz os atos de cuidado do seu povo e a ênfase é que Deus conduziu estes acontecimentos com seu poder soberano em favor dos seus filhos.
Se fartaram a valer – Asafe destaca que quando Deus lhes mandou as cordonizes, que ele o fez com grande abundância, por isso se fartaram a valer. Ele está pronto para mostrar que na história do Senhor, muitas vezes a abundância nos faz desviar o olhar para onde deve estar focado, isto é em Deus e colocamos toda a nossa atenção na nossa sede de bênçãos.
Porém não reprimiram o apetite – Este é o ponto que Asafe está enfatizando no Salmo neste trecho. O que ele quer nos mostrar é que precisamos aprender a ter mais moderação e equilíbrio na nossa relação com as bênçãos de Deus. As coisas que Deus nos dá, em lugar de fazer suscitar o nosso amor a Deus, muitas vezes, se tornam uma armadilha que nos prende longe de Deus.
Este é um dos pontos centrais para nosso aprendizado, que nos levará a viver numa relação adequada com nosso Rei Jesus, em seu governo providente sobre a nossa vida, que é a ideia de que precisamos ter equilíbrio e moderação na nossa relação com as coisas que recebemos de Deus.

Deus Deseja Que Aprendamos Que Ele é Quem Controla a Nossa Vida e Espera Que Isso Produz Temor em Nosso Coração


Diante desta imatura e insana falta de equilíbrio do povo de Deus, Asafe conclui ainda um outro elemento de aprendizado, que aponta para o fato de que não somente Deus é quem nos dá as bênçãos por meio da sua generosa providência. Ele agora, dá sequência na sua análise da história, nos mostrando que Deus trouxe morte sobre o seu povo em resposta a essa imatura ganância.
Porém não reprimiram o apetite...
Tinham ainda na boca o alimento, quando se elevou contra eles a ira de Deus e entre os seus mais robustos, semeou a morte e prostrou os jovens de Israel (Salmo 78.30-31).
A generosidade divina deveria servir para nos tornar moderados, mas, muitas vezes, a generosidade de Deus parece ser usada imaturamente para gerar em nós uma postura de insatisfação com a abundância que vem de Deus.
Se elevou a ira contra os mais robustos e semeou a morte prostrando os jovens – para Asafe era necessário ver que mais que abundância das coisas, Deus era também aquele que guardava a nossa vida. Ele nos chama a perceber o valor ainda maior da própria vida que Deus nos dá. Aqui é um contraste entre o que receberam para se alimentar e não foram capazes de vivenciar aquilo de forma modesta e se deixaram levar por uma insana ganância. O contraste é que enquanto eles valorizaram o pão passageiro do maná e a comida passageira das cordonizes, com o fato de que Deus não era senhor que apenas dava comida, mas que também é quem dava a vida.
Sem embargo disso, continuaram a pecar e não creram em suas maravilhas
Mesmo com essa evidência - Não creram - Meus irmãos, precisamos meditar sobre este fato de que a nossa consciência de que Deus é quem comanda a nossa vida, deve produzir fé e temor, mas aqui, Asafe revela que temos o coração duro que nos desvia de Deus apesar do fato de ficar tão claro que Deus é o Senhor da vida. Em outras palavras, devemos considerar a seriedade do fato de que deixamos de perceber a generosa dádiva da vida e ter uma vida humilde diante daquele que nos dá a vida e escolhemos viver como se fossemos os senhores da nossa vida, sem crer nas maravilhas do Senhor.
Por isso, ele fez que os seus dias se dissipassem num sopro e os seus anos, em súbito terror.
Dissipou os seus dias – Deus os disciplinou com rigor, estabelecendo com eles uma relação de juízo contra a sua vida. Moisés, escrevendo sobre estas intensas mortes que foram vivenciadas no deserto disse no seu Salmo 90: ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos um coração sábio.
Este é o ponto que precisamos discernir sobre estes versos, que precisamos olhar com muito cuidado o valor que estamos dando à vida e como estamos percebendo o discorrer dos nossos dias. Devemos considerar em voltar para Deus o nosso coração e aprender a temer a Deus, que nos dá os nossos dias.
Mas me parece que ainda mantemos muita insensatez e nossa conduta com a própria vida, uma vez que sequer cuidamos da nossa própria saúde, ou deixamos de dar o valor a cada um dos nossos dias que Deus dá como um grande ato diário de generosidade e misericordiosa providência.

Deus Deseja Que Aprendamos Que Ele é Misericordioso e Paciente e Espera Que Isso Produza Um Espírito de Louvor em Nossa Conduta


A generosidade de Deus não pode ser respondida com uma postura de insaciedade, isto é, temos de aprender a controlar o nosso impulso de sempre Entre os temas mais controversos das Sagradas Escrituras está a origem da maldade humana e a autoria final do pecado. Este ponto é tratado de forma bastante segura na CFW. Na verdade, no capítulo que tratou dos decretos este já foi um tema abordado, especialmente no parágrafo 8, quando tratou da predestinação.
A doutrina deste alto mistério de predestinação deve ser tratada com especial prudência e cuidado, a fim de que os homens, atendendo à vontade revelada em sua Palavra e prestando obediência a ela, possam, pela evidência de sua vocação eficaz, certificar-se de sua eterna eleição (CFW, III, 8a).
Assim os teólogos da CFW nos uma clara noção da dificuldade do homem de desfrutar de forma reta e moral da realidade existencial do cosmos e de si mesmo. Pois, apesar da bondade, santidade e poder divino estarem disponíveis à compreensão do homem por meio do funcionamento natural das coisas, a capacidade do homem de reconhecer sua maravilhosa graça seria aperfeiçoada pelo exercício final da bondade de Deus que, permite a queda ao homem e depois o resgata com um amor soberano e supremo.
A onipotência, a sabedoria inescrutável e a bondade infinita de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até à primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprio e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, regula e governa com múltipla dispensação; mas essa permissão é tal, que a pecaminosidde dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado e nem pode aprová-lo (CFW, Cap.V-IV).
Percebe-se neste parágrafo que a vontade proposital é a ainda a revelação da gloriosa sabedoria e bondade divinas e que a queda faz parte de uma plano santo, poderoso e sábio de dar a conhecer as virtudes divinas. Este plano se vale da queda e dos pecados cotidianos com a finalidade de revelar ao homem a sua maldade, adquirida na queda, em contraste com a bondade providente de Deus que maior e infalivelmente se manifesta na sua salvação.

Conclusão
O resultado pretendido pelos teólogos de Westminster é o que o crente confie no amor eterno de Deus e busque, por meio de um relacionamento de fé experimentar e certificar-se de sua eleição eterna. Esta percepção deveria causar admiração, amor, reverência a Deus, bem como atitude de humildade, obediência e conforto no coração dos eleitos.
Assim todos os que sinceramente obedecem ao Evangelho, esta doutrina fornece motivo de louvor, reverência, e admiração a Deus, bem como de humildade, diligencia e abundante consolação (CFW III, 8b).


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