4 de novembro de 2018

Salmo 78.65-72

A Gloria do Governo Pastoral de Cristo
Salmo 78.65-72


Introdução
Conforme já vimos em algumas oportunidades anteriores, o Salmo 78 tem como propósito central construir uma nova mentalidade sobre como viver debaixo do governo de Davi, o ungido do Senhor (o Cristo). Notamos e enfatizamos que este Salmo apresenta a Palavra de Deus como o fator de educação, cuja força seria a de nortear as gerações futuras a viverem como súditos do reino eterno, que havia se estabelecido na pessoa e obra de Davi, que era um tipo do próprio Reino Eterno de Cristo. 
Contudo, o Salmo constrói essa mentalidade apontando ao povo a dificuldade que havia de se submeter à autoridade e governo de Deus. Vários versos mostram estes ciclos de rebeldia do povo e da demonstração da misericórdia e graça de Deus em sempre salvar os seus. 
Por fim, esta última porção, parece nos mostrar um movimento definitivo. Asafe, o autor do Salmo, indica um ato redentivo poderoso e final: a chegada do Rei Davi. Ele está refletindo a sua própria história quando viu a arca da aliança finalmente entrando em Jerusalém, no dia em que o próprio Davi a havia conduzido para dentro da cidade. 
Nestes versos finais, ele reflete sobre a natureza daquele santo governo que estava se instalando sob o poder e autoridade do Altíssimo. Assim, este Salmo é concluído com uma palavra sobre a natureza pastoral deste governo. A premissa é simples: somos um povo rebelde, mas nosso Senhor, nos conduz a si mesmo como um pastor cuidando de um rebanho. 
Eu os convido a refletirem muito sobre o modo como Cristo estabelece o seu governo em nossa vida e as reações que Deus espera que tenhamos sob o seu pastoreio e governo. Lembrando que o Salmo realça a nossa dificuldade em nos submeter a Deus, devemos ouvir este trecho do Salmo e nos permitir submeter à direção que ele nos dá em Cristo.

O Governo Pastoral de Cristo Manifesta Sua Glória na Força Que Ele Está Disposto a Empregar Para Nos Livrar de Tudo Que Interfere na Nossa Comunhão Com Ele
A cláusula final do Salmo é introduzida como uma conclusão da história, um ponto alto e culminante de tudo o que está sendo avaliado na história do povo de Israel. Nos versos anteriores, ele mostrou como poderosamente os livrou do Egito, mas eles se rebelaram contra Deus no deserto; como ele os introduziu em Canaã e venceu poderosamente os seus inimigos e eles acabaram se envolvendo com a idolatria da terra e por fim, Deus se indignou contra eles e os abandonou, levando a força da arca da aliança para uma terra estranha. 
Por isso, abandonou o tabernáculo de Silo, a tenda da sua morada entre os homens, e passou a arca da sua força ao cativeiro, e a sua glória, à mão do seu adversário (Salmo 78.61). 
Desta forma, Asafe está reconstruindo os movimentos de Deus na história e as lições, isto é, as parábolas enigmáticas da história, por meio das quais Deus educaria o seu povo para o amar. Até que a partir do verso 65, ele conclui: 
Então, o Senhor despertou como de um sono, como um valente que grita excitado pelo vinho; fez recuar a golpes os seus adversários e lhes cominou perpétuo desprezo (Salmo 78.65-66). 
Então – Primeiramente, a cláusula de conclusão final que introduz o último texto, nos mostra que Asafe pronto a falar sobre um passo definitivo e conclusivo da história, do que realmente Deus pretende. Isso aponta para a importância do governo messiânico de Davi, como o ato final de como Deus quer conquistar o coração do seu povo.   
Despertou como de um sono – como valente excitado pelo vinho– este despertamento de Deus é como ele deseja que o povo perceba o agir de Deus, as mudanças que ele provoca repentinas e poderosas. Por isso a ideia de que alguém que desperta de um sono rapidamente e o faz com a força de um homem encorajado para a batalha, com o entusiasmo. 
Fez recuar a golpes os adversários– ele não encontra resistência por que o seu agir é podoreso. Os seus golpes são muito superiores a tudo o que os seus opositores podem oferecer de resistência, porque ele não está medindo forças, mas realizando a sua vontade para libertar o seu povo. 
Lhes cominou perpétuo desprezo– Ele usa aqui uma linguagem jurídica de lhes penalizar, ou determinar a pena de perpétuo desprezo. A palavra perpétuo aqui é a ideia de que os inimigos da nossa comunhão com Deus serão para sempre (olam) lançados para a sua perdição e o seu desprezo, sendo esquecidos na sua derrota. 
Meus irmãos, a linguagem que antecipa estes versos, assim como a linguagem destes dois versos é uma tentativa de mostrar que o governo de Cristo será implacável no sentido de nos livrar de nossos inimigos. O novo testamento adorna esta realidade, especialmente em Apocalipse que nos informa que Cristo era o Rei vitorioso, o Vencedor que saiu para vencer, o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores, como está escrito em sua coxa. Ele nos livrará com poderosa mão de todos os nossos inimigos. O cetro de Judá é um cetro de ferro! 
Precisamos valorizar o que realmente Cristo fez por nós. Sua morte na cruz não foi apenas a sua demonstração de entrega humilde, mas a Cruz e a Ressurreição, como vamos nos lembrar hoje na ceia é a sua maior demonstração de força, porque na Cruz ele impõe a vitória e a vergonha sobre os nossos inimigos, especialmente a morte e o Diabo. 
E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz (Colossenses 2.13-15). 
Eu e você precisamos ser menos tolos ao considerar o que Deus fez por nós e nos submeter mais ao governo de Cristo, uma vez que o maior poder do universo foi usado por Cristo na cruz para nos salvar. Essa nossa falta de consideração a isso é um dos fatores que interfere em nosso serviço dedicado ao Reino. Precisamos compreender que não temos nem o direito e nem o poder de viver sem servir e nos submeter a Ele, que é poderoso.

O Governo Pastoral de Cristo Manifesta Sua Glória no Fato de Que Ele Não Segue o Nosso Padrão Mas Usa dos Seus Próprios Meios Para Nos Guiar
Um dos problemas com as ovelhas é que elas são animais não só indefesos, mas pouco inteligentes. Elas não conseguem perceber que seus inimigos estão prontos para as devorar e se aventuram no seu caminho. Os leões possuem suas garras, os antílopes sua velocidade para fugir, até os gatos arrepiam os seus pelos e empunham suas garras, os cães latem e mostram os dentes, mas as ovelhas, ficam lá olhando para o lobo, com um olhar parado, comendo calmamente a sua grama, como se nada estivesse errado. Ela se acha forte e intocável, embora seja uma presa fácil. 
Além disso, rejeitou a tenda de José e não elegeu a tribo de Efraim. Escolheu antes a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amava (Salmo 78.68). 
Rejeitou a tenda de José a Tribo de Efraim e escolheu Judá– Aqui Asafe está fazendo uma referência ao fato de que a Arca da Aliança havia permanecido por um tempo em Siló, que ficava na tribo de Efraim e ele mostrou que as coisas de Deus funcionam do jeito de Deus e não do homem. Então, o que Deus esperava era cumprir aquilo que estava no seu coração e não o que o homem aceitava como razoável. Não se mostrou adapatável aos planos humanos, mas buscava sempre a sua vontade e a vontade de Deus era que o seu trono fosse em Sião e não em Siló, seu governo seria por meio de Judá e não de Efraim. 
A quem amava– não pense na leitura de salvação como a que fazemos hoje. Deus não estava rejeitando a salvação da tribo de Efraim ou declarando que não os amava. Apenas está nos mostrando que ele havia escolhido um caminho melhor para seguir e não aquele que a história havia escolhido, quando a arca foi conduzida a Canaã por mão dos filhos de Efraim. 
Quem introduziu o povo na terra de Canaã foi um general efraimita e a arca permaneceu no seio desta tribo, a tribo de Josué. Mas Deus havia escolhido um outro modo de guiar o seu povo. Asafe está refletindo sobre isto e concluindo que Deus havia escolhido um outro caminho e não aquele que Israel tinha seguido, por sua própria força. 
Mais tarde, no reino dividido, Efraim se tornará o centro do reino do norte a quem seguirão outras 9 tribos e as Escrituras mostrarão que este foi um dos grandes reinos do norte, que nunca deveria ter se afastado de Judá e de Jerusalém. 
E construiu o seu santuário durável como os céus e firme como a terra que fundou para sempre (Salmo 78.69). 
O Seu santuário durável e firme– aqui, em contraste com Siló, a tenda móvel, Deus proveu para si em Jerusalém uma morada que não se movia. Mais tarde com Salomão, essa morada se tornará ainda mais firme, com a construção definitiva do Templo. Devemos compreender essa ideia de que o caminho de Deus é seguro e firme, enquanto o nosso é vacilante e provisório. 
Precisamos considerar com cuidado este ponto sobre o governo de Cristo na nossa vida. Não é ele quem deve nos seguir, mas nós devemos segui-lo. Não podemos fazer daquilo que amamos o centro da vontade de Deus, mas o contrário, devemos fazer daquilo que Deus ama o centro da nossa vontade. Precisamos como ovelhas, preferir o que ele prefere e desejar o que ele deseja para nós, para vencermos a nossa fraqueza, precisamos confiar na força dele. 

O Governo Pastoral de Cristo se Manifesta na Eternidade e na Integridade do Rei
Nestes versos finais a personagem principal é o próprio Rei Davi. No versos 69, ele apresenta a adoração superior e eterna que ele deseja do seu povo e, em seguida, como se estivesse dizendo como nós chegaremos a este estado de adoração eterna, ele fala sobre o pastor que nos conduzirá a Deus: Davi. Ele é apresentado como o resultado prático da vontade de Deus e no final, é descrito em termos de como é o seu coração diante de Deus, integro.
Também escolheu a Davi, seu servo, e o tomou dos redis das ovelhas; tirou-o do cuidado das ovelhas e suas crias, para ser o pastor de Jacó, seu povo, e de Israel, sua herança (Salmo 78.70-71). 
Escolheu Davi seu servo– a história mostrou claramente o infortúnio do governo de Saul, o benjamita, cuja escolha de Deus serviu para mostrar ao povo que o homem que Deus aprovava não tinha força em si. Ele era um improvável rei aos olhos humanos, mas aos olhos de Deus suficiente. 
O tomou das ovelhas– Davi era só um pastor de ovelhas, um trabalho entregue aos filhos mais novos, não tão aptos para a guerra como os filhos mais velhos. Ele o tirou de detrás do rebanho, onde passava os seus dias no anonimato, longe das atenções dos homens. Contudo, de onde ninguém poderia imaginar, Deus suscitou o seu verdadeiro pastor. A história de Jesus, de Nazaré é muito semelhante, você sabe disto. 
Para ser o pastor do seu povo– o povo precisava aprender com essa parábola enigmática da história. Deus nos guia pelo seu próprio método e escolhe o modo e a pessoa para fazê-lo. O mais improvável dos filhos de Jessé é o escolhido de Deus para apascentar seu povo. Isso é uma lição importante que precisamos atentar para aprender. Deus escolhe como irá nos conduzir e não somos nós que dizemos para Deus como queremos ser pastoreados. Essa lição é fundamental! 
E ele os apascentou consoante a integridade do seu coração e os dirigiu com mãos precavidas (Salmo 78.72). 
A Integridade do Coração de Davi– Obviamente, Asafe estava pensando na integridade do Rei Davi e no modo como ele amava verdadeiramente a Deus e estava disposto a ser o modelo para todo o Israel neste sentido. A vitória dele sobre Golias, enfatizou este amor e zelo a Deus. 
Os dirigiu com a palma das mãos -  Aqui, Asafe está dizendo que Davi era um homem que tinha habilidade detalhista para conduzir o seu povo. As mãos em concha, indicam o cuidado e a delicadeza deste trabalho, feito com força para vencer os inimigos mas com amor no que tange ele se manifestar em nosso favor. 
A glória do governo de Deus se revela no seu amor por nós e nos detalhes impressionantes de seu cuidado zeloso, de seu amor generoso por nós. Isso aponta para o fato de que a glória de Deus é mais e mais vivida e desfrutada quando estamos atentos para como Deus nos ama e cuida de nós na jornada, levando-nos pelo lugar certo. 

Conclusão

Meus irmãos, precisamos atentar para o fato de que Deus nos ensina pelo modo como o seu pastorei se manifesta na nossa vida. Ele nos chama a nos submeter com mais amor e dedicação ao seu pastoreio e governo sobre nós. 
Desfrutar da glória de Deus é o nosso alvo existêncial e a melhor maneira de apreciar isso é aprender a saborear o seu pastoreio, isso é, como Jesus Cristo nos conduz pela vida e nos faz viver no estado de adoração eterna. 
Irmãos, precisamos de mais disposição de alma para lutar e reconhecer o seu poder agindo em nosso favor na sua morte e na sua vitória sobre o pecado em nosso favor. Também precisamos considerar que este amor tem seu caminho soberano e precisamos ser mais submissos e submetidos à sua vontade. 
Volto a dizer: Não podemos fazer daquilo que amamos o centro da vontade de Deus, mas o contrário, devemos fazer daquilo que Deus ama o centro da nossa vontade. Precisamos como ovelhas, preferir o que ele prefere e desejar o que ele deseja para nós, para vencermos a nossa fraqueza, precisamos confiar na força dele.
Por fim, saiba que o coração de Jesus é íntegro, isto é, ele não se desvia do seu propósito e ele é o nosso modelo fundamental. Doutra sorte, devemos considerar que este seu amor a Deus nos é mostrado quando ele nos ama. 
Piedade é viver para desfrutar deste amor, percebendo-o na história todos os dias e submetendo-se a ele para nosso próprio bem. 

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