27 de outubro de 2019

Hebreus 12.25-29

Cuidados Especiais Para Quem Crê na Palavra
(IP Tatuapé – Outubro 2019 – Culto da Manhã)
Hebreus 12.25-29

Introdução
Tende Cuidado (Blepete) – A Carta aos Hebreus é um precioso alerta, uma chamada aos crentes para cuidarem de si mesmo e da doutrina, para permanecerem na fé, não sendo enganados pelo próprio coração. Alertas deste tipo estão presentes em toda a Escritura, como Tiago, irmão do Senhor nos disse: NÃO VOS ENGANEIS A VÓS MESMOS. 
A expressão “Tende Cuidado” é a tradução de um termo grego que muitas vezes é também traduzido por “Ver”, como se o autor quisesse dizer assim: “veja”, “perceba o que está diante de ti. Este é um ponto importante que precisamos considerar, isto é, diante de nós está a vida cristã e esta, muitas vezes não é percebida por nós com o devido cuidado, atenção. Pode ser que você pense nela de maneira inteiramente natural. O autor aos Hebreus percebeu este perigo na vida dos crentes de origem judaica que se espalhavam em todos os lugares e o quanto essa falta de consciência tornou a sua fé tão empobrecida, falha, displicente e PERIGOSA.
Tende Cuidado – é uma expressão de ALERTA CONTRA UM PERIGO. Eis outro ponto a considerar. O fato de tratarmos a vida cristã de uma maneira comum e não atentarmos coerentemente para o seu significado, não nos deixa perceber o RISCO envolvido nessa atitude displicente. Mais uma vez, este autor está pronto a nos fazer perceber o RISCO ENVOLVIDO em viver a Fé em Cristo de qualquer forma. 
Por isso, nesta manhã, vamos a este texto com os nossos corações alertas, prontos para buscar este entendimento e descobrir o que o Senhor quer que façamos da nossa relação com Ele, a fim de que nossa vida não se desvie e nossa fé não se enfraqueça e se perca no caminho.  

Os Que Crêem na Palavra-Cristo Precisam Tomar Cuidado Para Não se Colocarem no Caminho Oposto Àquele Que Pensam Estar 

O autor desta carta estava percebendo como os crentes que deveriam considerar a excelência e superioridade de Cristo, haviam dado à sua fé uma proporção comum e pouco valorizada. Eles haviam tornado a sua relação com Cristo mais um componente da sua vida, sem, contudo, dar a esta relação a devida atenção e prioridade. 
Desde o começo da carta ele exalta Cristo como sendo aquele que fala, aqueles que é o porta voz da mensagem divina. Ele, primeiramente e seus apóstolos após ele, todos envolvidos em anunciar o Reino de Deus e as virtudes da vida com Deus. Entretanto, a Igreja havia perdido a dimensão da importância do significa viver para Cristo. 
Não recuseis ao que fala – essa expressão só pode ser compreendida à luz do contexto imediato anterior. No verso 18, o autor começa um argumento falando aos crentes que eles deveriam considerar a sua realidade, a partir de um exemplo do passado. 
O exemplo que ele usa é o de Moisés e o povo que o acompanhava ao pé do Monte Sinai, na expectativa da entrega da Lei. No verso 18, ele pede a eles que reflitam sobre o que aqueles irmãos dos dias de Moisés passaram nesta expectativa ao sopé da montanha de Deus.
Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao clangor de trombeta, e ao som de palavras tais, que quantos o ouviram suplicaram que não se lhes falasse mais. Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo, que Moisés disse: sinto-me aterrado e trêmulo! (Hebreus 12.18-21).   
Era necessário considerar o fato de que a aproximação com Deus não poderia ser tratada com tanta leviandade, como o autor aos Hebreus estava identificando nos seus dias. Ele os convoca a considerar que o próprio Moisés, o homem de Deus que era como o chamavam, estava consciente e, por isso, trêmulo, temente da Deus. Ele sabia que estava tratando de coisas eternas e de valor inestimável para a raça humana.
Claro, há sempre os que pensam que depois de Cristo, a vida dos filhos de Deus ficou mais leve e mais fácil, afinal, não precisamos mais de relâmpagos, e apedrejamentos contra os que não se comportam bem. Para o autor da Carta aos Hebreus há um erro muito perigoso nessa forma de pensar. Esse erro é derivado de uma visão equivocada e pequena de Cristo. 
Mas tendes chegado ao monte Sião, à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel (Hebreus 12.22-24). 
Aqui, ele faz o comparativo e procurar mostrar que não é possível uma relação correta com Deus sem considerar o fato de que o Monte Sinais era apenas uma sombra e aqueles crentes do Sinai estavam aterrados apenas ao ver as sombras. Ele conclama os crentes em Cristo a perceberem que a glória da situação atual é muito superior e precisa, de um temor ainda mais intenso e superior ao que era vivido na antiga aliança. 
Não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente os advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos daquele que dos céus nos adverte (Hebreus 12.25). 
Não escaparam eles – muito menos nós - Era Moisés quem descia do Monte com as tábuas em suas mãos e o rosto iluminado, e o povo pedia para não olhar ao seu rosto. É o Cristo que sobe a Montanha para cumprir e satisfazer a Lei e todos escondem dele o rosto. Moisés desceu do morro pecador, que precisa ser remido, Jesus desce do morro santificado e o santificador do povo de Deus para subir ao céu. A comparação que o autor deseja que eles considerem e atentem é a de que Jesus é muito superior a Moisés e o que Ele fala é superior ao que Moisés falou, pois aquilo que Moisés falou alcança seu verdadeiro e mais profundo sentido em Cristo. 
Não recuseis ao que fala – nós que nos desviamos – essas duas expressões parecem se explicar. Este é o ponto que o autor quer nos fazer considerar neste verso. Que Jesus nos fala em um patamar superior e deveríamos ser mais cuidadosos em ouvi-lo. Os homens que recusaram ouvir Moisés foram devidamente punidos, alguns com a terra se abrindo e os engolindo vivos. Achamos estes relatos terríveis, mas não percebemos que, estamos em condição muito mais arriscada, porque lidamos diretamente com o Juiz de Todos. O Evangelho é aroma de morte para que o recusam e o golpe fatal contra os que se recusam a ouvir.          
QUEM FALA É CRISTO – Recusar a Palavra de Cristo, o Filho, por meio do qual Deus fala é recusar a Deus. Precisamos de um forte quebrantamento do nosso coração, que tende a resistir à voz do Senhor, que tende a construir suas próprias estradas. Cristo nos chamou à santidade, ao serviço, ao amor, à paz, à santidade... todas as vezes que negligenciarmos estas coisas, recusamos a voz de Cristo. Não se trata apenas dos ímpios, que vivem como se Cristo não fosse o filho de Deus e desacreditam, trata-se da Igreja, daqueles que chegaram à vida com Cristo, mas estão se deixando levar para longe dele, por causa das lutas da vida, das suas ganâncias ou simplesmente da sua imaturidade cristã. 

Os Que Crêem na Palavra-Cristo Precisam Tomar Cuidado Para Não se Colocarem no Caminho Que Poderá Ser Abalado

O autor continua o seu argumento, agora, entretanto, falando sobre o poder de Cristo, especialmente se referindo ao fato de que Ele está no controle de todas as coisas e um dia trará juízo e limpará o mundo das coisas mortas, ou abaladas (saleuo - derribar). 
O templo - Aqui temos uma imagem ligada ao templo: a primeira em Ageu, na qual o profeta Ageu diz que Deus puniria as nações e o próprio povo de Israel pelo descaso para com o seu templo, isto é, a busca da sua presença. A segunda, a imagem do próprio Cristo falando do templo de Jerusalém, dizendo que todas aquelas pedras seriam derrubadas para que uma nova casa fosse construída no seu lugar. A antiga aliança de pedras e madeiras, seria substituída por uma casa espiritual e os crentes precisavam compreender a superior condição da Igreja. 
Aquele cuja voz abalou a terra – O cumprimento da profecia de Ageu e a Palavra de Cristo foi o que ele trouxe à realidade, quando destruiu o edifício de pedras e edificou a sua casa no coração dos crentes. A vida do crente precisa compreender o seu novo status, o crente precisa se conscientizar de que não pode e não tem o direito de fazer o que bem entende, ele precisa se submeter àquele que abalou o mundo para fazer na sua vida uma casa espiritual. A voz do Senhor é poderosa e é pelo poder da pregação do evangelho que ele mudou todas as coisas, portanto, foi o Evangelho que construiu a Igreja e nunca o contrário. A igreja deriva do Evangelho e não o Evangelho da Igreja; A igreja depende do Evangelho e não o contrário. A Igreja precisa ouvir e praticar o Evangelho e não pode se esquecer desta palavra que é a sua vida, o Evangelho foi o que nos deu vida! 
Mais uma vez a remoção das coisas abaladas – o autor propõe que o mesmo Cristo que com seu Evangelho destruiu o templo de Pedras dos Judeus em Jerusalém, é o mesmo que não quer que os corações dos crentes se tornem em pedra, mas está pronto para abalar tudo novamente e renovar novamente a face da terra. Constantemente o poder do Senhor virá à nós até que nos limpe inteiramente. Ele não nos deixará viver no Caminho abalado.
Para que as que não são abaladas permaneçam – Até que você e eu estamos prontos para a Eternidade, adaptados à vida que permanece, até que em nós as virtudes daquele que nos chamou das trevas para luz marquem a nossa vida e todos possam vê-lo em nós. Até que sejamos uma casa que esteja apropriada para a glória do Senhor. 
Meu irmão, nada que seja abalado, morto, deve permanecer na nossa vida. Precisamos lutar para nos santificar e nos aperfeiçoar para Ele, para que sejamos dignos de sermos seus irmãos e Filhos de Deus. 

Os Que Crêem na Palavra-Cristo Precisam Tomar Cuidado Para Não se Colocarem no Caminho Daqueles Que Vivem Sob o Juízo de Deus

Toda a obra de Jesus tem um alvo, a nossa vida para Cristo e para agradar a Deus. Essa é a direção que precisamos dar à nossa vida, qualquer outro foco, qualquer outro propósito é um erro. Podemos viver a vida natural e partilhar das aspirações naturais como qualquer pessoa normal, mas todas as nossas aspirações precisam ser construídas no temor de que VIVEMOS PARA NOSSO DEUS. 
Recebemos um reino inabalável – as bênçãos que recebemos no Evangelho foi a construção de uma vida que não perece, a doação de dons que não morrerão, que não serão desfeitos, mas que nos acompanharão pela eternidade. Não podemos nos esquecer deste patamar elevado ao qual fomos levantados, temos uma responsabilidade com isso.
Retenhamos a graça pela qual sirvamos (latreomen) a Deus de modo agradável – obviamente a responsabilidade que é dada ao povo de Deus, que ouviu o Evangelho de Cristo e creu nele exige que saibamos viver para o agrado de Deus. Servir a Deus implica em ser um adorador – latreio. Em outras palavras, o autor compreende que o crente deve ser as implicações de que sua vida seja um ATO DE ADORAÇÃO AGRADÁVEL A DEUS. Deus deseja aspirar o aroma de nossas palavras, de nossos pensamentos, de nossas atitudes, de nossos sentimentos COMO UM AROMA AGRADÁVEL, como incenso perfeito, segundo o seu querer, segundo as suas orientações através do ensino, da Palavra de Cristo. 
Porque nosso Deus é fogo consumidor – essa é a advertência final e a mais importante. Não podemos esquecer de que o CAMINHO DO ÍMPIO PERECERÁ. Portanto, não recusemos o CAMINHO QUE NOS ESTÁ PROPOSTO. Não deixemos que nossos pés se desviem, porque não será possível escapar daquele que nos adverte, que nos ensina a TER CUIDADO. 
TENDE CUIDADO! Você compreende que precisa empreender uma caminhada que exige mudanças de vocês, que exige um compromisso profundo em sua mente, um direcionamento para toda a sua vida, uma nova maneira de viver, de existir, de experimentar e vivenciar as realidades, todas as realidades. Tudo um dia será provado na balança do juiz. Essa verdade inexorável não pode ser esquecida e não pode ser diminuída em nossa vida. 

Conclusão

Uma igreja comprada com o Sangue de Cristo, tornada santa pela palavra que nos foi pregada, santificada, mas a caminho dessa total restauração. Irmãos, não nos esqueçamos de que temos uma enorme responsabilidade. Somos uma nova geração desta igreja, outros que estiveram conosco e honraram o Evangelho nos legaram essa tarefa, eles sem nós não serão perfeitos, como o autor disse no capítulo 11. Contudo, somos nós, que temos o dever de viver para o inteiro agrado de Deus. 
O trabalho do pastorado da igreja é pregar a Palavra, é alertar o crente, mas não é viver a sua vida e a tarefa da Igreja é se lembrar de Cristo, ouvir a Palavra e praticar. Precisamos constantemente nos lembrar que estamos aqui para algo muito maior, para uma vida eterna que virá sobre nós, logo que o Supremo Pastor se manifestar. Portanto, vivamos para ele e FIQUEMOS SEMPRE ATENTOS E CUIDADOSOS COM A NOSSA VIDA!  

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