O Glorioso Dia da Reconciliação do Coração dos Filhos aos Pais
Malaquias 4.1-6
(IP Tatuapé – Novembro 2019 – Culto da Noite)
Introdução
O capítulo 4 do livro de Malaquias, o Mensageiro de Yahweh, é um texto bastante enigmático. Ele encerra o Cânon do Velho Testamento com uma promessa: A PROMESSA DE UM DIA EM QUE O CORAÇÃO DOS FILHOS SE CONVERTERÃO AOS PAIS E VICE VERSA.
Ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição (Ml 4.6).
Há uma clara referência ao tema da Lei de Moisés, em especial, ao quinto mandamento. Este mandamento funciona como uma espécie de ligação entre os deveres do homem para com Deus e para com o próximo. Ele parece ser um termômetro de equilíbrio entre o AMOR A DEUS e o AMOR AO PRÓXIMO. Afinal na prática do quinto mandamento, estaremos aprendendo AMAR A DEUS, quando aprendemos a honrar e amar nossos pais, como superiores e nossos genitores do mesmo modo como Deus é para nós e devemos honrá-Lo. Por outro lado, também aprendemos a AMAR o PRÓXIMO, aprendendo a amar pessoas semelhantes a nós, que vivem e desfrutam das mesmas fraquezas e natureza que nós. Outra evidência da referência ao quinto mandamento é justamente o fato de que o QUINTO MANDAMENTO, é o único que é dado com uma promessa, que está ligada ao desfrute da vida na terra e aqui, em Malaquias, Deus diz que no dia da reconciliação, Deus queria ver essas atitudes entre pais e filhos para que não tivesse de vir ferir a terra.
A profecia de Malaquias começa também com uma referência clara a este mandamento. NO capítulo 1, estes diálogos desafiadores entre Deus e o povo começa exatamente com uma exortação à essa relação entre Deus e os filhos de Israel:
O filho honra ao pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? (Ml 1.6).
Caros irmãos, o Velho Testamento fecha com uma promessa focada na mudança de comportamento em relação à Lei de Deus. Uma promessa de dias em que Deus agiria no coração e os levaria ao cumprimento da Lei, permitindo uma profunda reconciliação do coração do Pai Celestial aos seus filhos e dos filhos de Deus ao seu Pai Celestial. Estes dias, sabemos que foram os dias da vinda de Cristo Jesus. Contudo, aquele dia foi o início de uma era, de um tempo em que Deus trabalharia o coração dos seus filhos para eles viessem a cumprir a Lei com um coração circuncidado e reconciliado com Deus.
Devemos compreender o nosso dever para com a vinda de Jesus, que é o dever de considerar esta era de reconciliação como um dever pessoal e coletivo diante de Deus. A Igreja precisa esforçar-se para se tornar este povo reconciliado e praticar esse ministério da reconciliação que nos foi dado para que o mundo aprenda a viver de acordo com a Lei de Deus.
Para que cumpramos coerentemente este MINISTÉRIO e viver esta ERA DE RECONCILIAÇÃO, precisamos considerar alguns significados da VINDA DE JESUS E SUAS IMPLICAÇÕES SOBRE A NOSSA VIDA. Para isso, eu peço a Deus que o texto da Escritura nos mostre o CAMINHO e que este trecho seja luz para todos nós nesta noite.
O DIA DA RECONCILIAÇÃO SERÁ O INÍCIO DE UMA ERA DE QUEBRANTAMENTO DA ALTIVEZ E REBELDIA HUMANA.
O profeta Isaías começa a sua profecia com uma palavra dura contra os filhos de Israel:
Criei filhos e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim (Is 1.2).
Meus amados irmãos, não podemos desprezar a importância do fato de Deus ser o Pai daqueles que escolheu fazer seus filhos eternos em Cristo Jesus. As Escritura nos incentivam a cultivar essa relação de filhos com Deus.
Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam, mas todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos FILHOS DE DEUS, a saber, os que crêem no seu Nome (Jo 1.11-12).
Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio dos sofrimentos, o Auto da salvação deles (Hb 2.10).
O Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.16).
Essa relação não é baseada em uma simples consideração do tribunal de Deus, mas em uma profunda transformação que acontecerá no coração do homem. Deus produzirá uma relação de amor em nosso coração, que levará o coração dos homens a vivenciarem essa vida como FILHOS DE DEUS.
Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como restolho; o dia que bem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo (Ml 4.1).
Todos os soberbos e perversos serão restolho – o problema que o profeta Malaquias está lidando é que as resistências e as inconsistências do povo de Deus estavam confundindo até os homens que realmente temiam a Deus. Chegou um ponto em que os justos estavam perdidos na sua relação com Deus, achando que os soberbos, que resistem a Deus e não o honram como Pai é que são felizes.
Ora, pois, nós reputamos por felizes os soberbos; também os que cometem impiedade prosperam, sim, eles tentam ao Senhor e escapam (Ml 3.15).
Diante deste quadro de confusão até para os retos, a Palavra de Deus por meio do seu Mensageiro é que os homens que vivem numa relação de filhos com Deus deveriam se lembrar que Deus sabe a diferença entre o justo e ímpio, entre o que serve a Deus e o que não o serve.
Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a deus e o que não o serve (Ml 3.18).
Enquanto que o capítulo 3.17 a promessa e de poupar os servos de Deus, no capítulo 4 é a de exterminar a arrogância dos soberbos. Por isso, meus amados irmãos, precisamos lembrar que a ERA DA RECONCILIAÇÃO É UMA ERA EM QUE DEUS ESTÁ QUEBRANTANDO O CORAÇÃO DOS HOMENS QUE SÃO SEUS E CERTAMENTE ENDURECIMENTO NO CORAÇÃO DOS SOBERBOS.
Por isso, o livro de Apocalipse, parece trabalhar com dois tipos de homens, os injustos que crescem e se fortalecem na injustiça, os quais serão destruídos; e os justos, que crescem e se fortalecem na prática da justiça. NÃO PODEMOS NOS ESQUECER DE QUE OS FILHOS DE DEUS DEVEM VIVER NESTE TEMPO COM CORAÇÕES QUEBRANTADOS.
Pois, sem dúvida, uma das coisas que mais interferem na nossa relação de FILHOS COM O PAI CELESTIAL é a altivez do coração.
O DIA DA RECONCILIAÇÃO SERÁ O INÍCIO DE UMA ERA DE LIBERDADE E ALEGRIA PARA QUEM EXPERIMENTA O AMOR DO PAI
O verso 2, do capítulo 4 de Malaquias, é um contraponto ao verso 1, do mesmo capítulo. Ele inicia com uma chamada adversativa, propondo uma reflexão que completa o pensamento: Deus pisará e destruirá os soberbos, mas a vós, filhos, de coração quebrantado e humilde diante de Deus ele dará outra experiência.
Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos na estrebaria (Ml 4.2).
Para vós que temeis o meu nome – Sem dúvida o contexto do capítulo 3 está na mente do autor aqui. Trata-se do contraste do tratamento de Deus em relação aos seus filhos e o modo como Ele seriamente tratará os soberbos. O ponto é que os filhos que temem o Senhor deverão também aprender a viver estes dias, esta era de reconciliação de forma livre e alegre diante de Deus. Há muita confusão entre os filhos de Deus sobre o que é a vida cristã e muitos têm uma visão estranha do Evangelho, como se o nosso dever fosse o de uma vida triste e profundamente amargurada, penitenciando a cada momento, afligindo a nossa alma. Ao contrário disto, a verdadeira vida Cristã deve ser a de desfrutar e experimentar a alegria do amor de Deus.
Nascerá o sol da justiça trazendo salvação – claro que a razão para esta alegria incontida é a justiça de Deus que desce dos céus sobre nós, levando o homem pecador e inimigo de Deus à experiência da PAZ COM DEUS e da JUSTIFICAÇÃO.
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1).
A experiência cristã mais maravilhosa é de que vivemos numa era de RECONCILIAÇÃO em que Deus não está mais irado contra nós. Ainda que nossos pecados sejam uma indesejada presença, eles não são mais uma presença bloqueadora da nossa relação com o Pai. Ainda que o Pai nos corrija, ele jamais nos rejeitará, a saber, aqueles que foram, em Cristo, feitos filhos de Deus por meio da fé.
Essa expressão “sol da justiça” é o modo do profeta mostrar como essa justiça que seria realizada na OBRA JUSTIFICADORA DE CRISTO, tiraria o homem das trevas da perdição e o levaria para o lugar da luz da salvação. Lucas insere o mesmo conceito, ao falar de João Batista, como predecessor do Messias:
Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados, graças à entranhável misericórdia de nosso Deus pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz (Lc 1.76-79).
Saireis e saltareis como bezerros soltos – a alegria desta era é a alegria da liberdade dos que não estão mais subjugados pelo pecado. A imagem que o profeta parece enfatizar é a da simplicidade com que bezerros tratariam a estrebaria, uam espécie de ATITUDE DE LIBERDADE SEM MALDADE. Soltos no lugar onde há alimento para sua vida. Um lugar de desfrute pleno da salvação. Essa imagem precisa se impregnar na mente dos filhos de Deus que são os filhos dessa liberdade que Cristo nos dá.
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.
Pisareis os perversos – o outro lado desta alegria e da figura da liberdade dos filhos de Deus (Rm 8.20-21) é a força que a FÉ CRISTÃ terá sobre as MENTIRAS DO MUNDO. Os que não temem a Deus serão humilhados diante da vida que os cristãos desfrutarão. Não é possível para IMPIO desfrutar da liberdade dos filhos de Deus e essa é a nossa maior força, a nossa fé, vence o mundo. O PROFETA ESTÁ MOSTRANDO AOS FILHOS DE DEUS QUE SEJAM FIÉIS, PORQUE A VIDA QUE TEMOS PRODUZ MAIOR PESO DE ALEGRIA QUE QUALQUER ALEGRIA QUE O MUNDO POSSA DAR AO ÍMPIO. É assim que a nossa experiência pisa a experiência dos ímpios, até aquele dia final, quando o próprio Cristo dará a cada um segundo as suas obras.
O DIA DA RECONCILIAÇÃO SERÁ O INÍCIO DE UMA ERA DE REAVIVAMENTO DO AMOR SEGUNDO A LEI DE DEUS
Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual lhes prescrevi em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos. Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor, ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos aos pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição (Ml 4.4-6).
Sem dúvida alguma, a relação que já mencionamos anteriormente está na mente de Malaquias durante esta mensagem. Deus conduz o seu profeta e entregar uma promessa: A RESTAURAÇÃO DA LEI NOS CORAÇÕES DOS HOMENS.
A Lei de Deus é o AIO QUE NOS LEVA A CRISTO e nos leva a viver para Deus. Na semana passada, nosso pastor Eber trouxe uma mensagem baseada nos versos iniciais do capítulo 3, lembro-me dele fazer referência entre a Lei e a Graça naquele dia. Sim, Malaquias parece prever que a ERA DA RECONCILIAÇÃO seria uma ERA em que a LEI SERIA CUMPRIDA NA VIDA HUMANA POR OBRA DA GRAÇA DE DEUS. Este foi um tema dos profetas:
Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis (Ez 36.26-27).
Lembrai-vos da lei de Moisés – O ponto é que a Lei deveria estar na mente dos filhos de Israel nessa hora. Deus estava preparando o coração dos seus filhos para um grande tempo de espera. O que eles deveriam esperar? Eles deveriam esperar o dia em que os homens voltariam à prática da Lei, observando-a para a glória de Deus, um tempo de paz e justiça, baseada na Lei de Deus. Não um tempo da restauração legalista dos fariseus do tempo de Jesus, mas da restauração espiritual que ocorreria nos corações, conforme profetizaram os profetas.
Eis que vos enviarei Elias – o sinal que teriam e que deixaria claro para todos o tempo desta restauração seria o enviar de um Mensageiro. NO capítulo 3, a figura de Elias é evocada e para nós, que sabemos da vinda de João Batista sabemos que ele também está implicitamente citado nestas palavras: A VOZ DO QUE CLAMA NO DESERTO, do livro de Isaías, que PREPARA O CAMINHO DO SENHOR.
Os homens deveriam esperar este tempo, por isso, Lucas ao registrar estes pontos da história de João Batista está tão pronto a identifica-lo como o cumprimento das promessas, dos que aguardavam a restauração do coração dos homens, filhos de Deus.
O terrível Dia do Senhor – terrível dia para os ímpios, terrível dia para os que resistem à Lei de Deus, terrível dia para os que não se deixam advertir pela Palavra.
Ele converterá o coração dos pais e dos filhos – já mencionamos em nossa introdução a respeito do significado e do lugar do quinto mandamento nesta passagem e no próprio decálogo. Aqui, fica a lembrança de que é uma obra ESPIRITUAL NO CORAÇÃO, uma obra da Graça e não da vontade do homem. UMA OBRA DE DEUS NO CORAÇÃO DOS HOMENS, por isso, um REAVIVAMENTO.
Para que não fira a terra – havendo justos na terra, Deus há de preservar o lugar. Como nas orações de Abraão, como no Sermão da Montanha, em que os justos são O SAL DA TERRA E A LUZ DO MUNDO. A vida de todos está diretamente ligada à necessidade de um povo que viva no temor do Senhor, em amor ao Pai e em amor uns para com os outros.
Eis aqui o desafio dos FILHOS DE DEUS: vivenciar esta ERA DE MODO A VIVER DE ACORDO COM ESTA PROMESSA, A DE QUE NO MUNDO SEMPRE HAVERÁ QUEM VIVA DE ACORDO COM A VONTADE DE DEUS.
Conclusão
O compromisso da Igreja neste mundo não é o de operar o milagre da salvação e da mudança das vidas, mas o de espelhar o verdadeiro milagre que a vinda de Jesus faz: ELE VEIO PARA NOS DAR A SUA LUZ.
Quando você nega o viver segundo este padrão há só duas possiblidades: VOCÊ ESTÁ NEGLIGENCIANDO SUA MISSÃO OU VOCÊ AINDA NÃO NASCEU DE NOVO PARA DEUS E ESTÁ SOB O JUÍZO DE DEUS.
Se você está negligenciando esse ministério da reconciliação, lembre-se de que você é o Atalaia de Deus, aquele que Ele irá usar para avisar ao mundo. Você, neste caso, de alguma maneira, cumpre o mesmo papel que Elias, e João Batista, chamando os homens para viver a RECONCILIAÇÃO COM O PAI CELESTIAL. Negligenciar isso é se tornar um cúmplice da perdição dos homens. Quantas vezes, nós preferimos nos tornar cúmplices da queda, do desvio dos homens, deixando as nossas ações, muito mais produzir divisões e quebras da Lei. Quantas vezes deixamos de usar a PALAVRA TEMPERADA PARA UNIR, e usamos da amargura para destruir. Isso é negligência e grande pecado contra o Senhor e contra a missão da Igreja.
Por outro lado, se você é alguém que ainda não viu este nascer de novo no coração. Lembre-se de que esta é a era da RECONCILIAÇÃO e tome uma decisão hoje, de viver com Deus e se tornar um daqueles que terão o coração convertido ao Pai.
Ele te chama para viver como FILHO e como FILHO ele promete te fazer parecido com o Pai, por meio do exemplo e da obra do nosso IRMÃO MAIS VELHO, que veio ao mundo justamente para fazer isto: FAZER DE VOCÊ UM FILHO DE DEUS.