8 de março de 2020

1 Pedro 2.18-25

Efeitos Sociais da Salvação em Cristo Jesus
1 Pedro 2.18-25

Introdução
Logo que começou a sua carta, Pedro advertiu os crentes que a jornada neste mundo, na expectativa da volta de Cristo e a recepção de nossa herança celestial exigiria da nossa peregrinação o desenvolvimento de uma fé paciente em meio a várias provações: 
Nisto exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado no fogo, redundo em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo (1Pe 1.6-7).  
O viver cristão neste mundo envolve o enfrentamento das mazelas sociais geradas pelo pecado e isto principalmente se revela na maldade e no egoísmo humano. A injustiça dos homens são uma espécie de fogo que Deus usa quando nos depura e nos sacode como a peneira do aluvião, procurando lavar as impurezas que nos cercam, para revelar nossa nova natureza em Cristo Jesus. 
Precisamos compreender a sociedade ao nosso redor e todas as suas injustiças do ponto de vista deste que exerce seu poder depurador em nós. Pedro nos convoca a um viver corajoso, ousado e paciente. Na vida social, exemplificada pelo mundo do trabalho nesta passagem, precisamos de uma fé que se fortalece, se desenvolve e se torna firme como o aço para seguir adiante e agradar a Deus. 
Sobretudo, nosso chamado aqui é para tirar do nosso coração quaisquer amores e dedica-lo totalmente a Deus, que nos amou em Cristo Jesus. Neste texto, somos chamados, portanto, ao enfrentamento complexos da vida social para revelar quem somos em Cristo Jesus.     

Os Enfrentamentos Complexos da Vida Social Promovem o Desenvolvimento de Nossa Fé Aumentando a Nossa Consciência da Salvação em Cristo Jesus

Servos, sede submissos, com todo temor ao vosso senhor, não somente se for bom e cordato, mas também ao perverso, porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus (1Pe 2.18-19)

Servos sede submissos com todo temor ao vosso senhor – Pedro toma para exemplo de vida em meio à sociedade, o exemplo de muitos irmãos convertidos a Cristo, mas que eram “servos” ou “escravos” em casas romanas e deviam obrigações para com os seus senhores. Ele os convoca a cumprirem as suas obrigações dentro do estamento social de forma exemplar. 
Não somente se for bom e cordato, mas também ao perverso – claro, ele se vale da pior condições dentro desta relação social, isto é a condição de ser servo de um homem que age com perversidade. Portanto, ele já começa ensinando que nossa jornada neste mundo e o cumprimento de nossas tarefas neste mundo, não podem ser dirigidas pelo mundo, ou pelas circunstâncias. Não se trata de fazer o bem quando tudo é favorável, mas também de fazê-lo quando as circunstâncias e as relações complexas da vida social não forem favoráveis a nós. 
Porque isto é grato – que alguém suporte tristeza sofrendo injustamente – por motivo de sua consciência para com Deus – para Pedro o fundamento da vida social é a nossa consciência para com Deus. Ela é a mestra do nosso agir e a força que nos leva a suportar qualquer situação. Os enfrentamentos complexos da vida social, isto é, aqueles que nos levam a sofrer injustamente, são apenas circunstâncias no meio das quais nós desenvolvemos nossa consciência de vida com Deus, nossa fé. Quando mais ficar claro para nossa consciência de que existimos para Deus e vivemos para Ele, mais nossa fé se agigantará diante deste mundo caído e mais agradaremos a Deus antes de tudo. 
Sem dúvida alguma, é um desafio. Nossa natureza humana, criada para resistir em dias maus, tenta fugir da dor. O egoísmo de achar que a nós só cabe a beleza, a bondade, a generosidade como pagamentos nesta vida, pode nos enganar e nos levar a uma postura incorreta, diante da maldade e nos tornar maus também como forma de defesa. Ao contrário, aqui, Pedro nos chama às piores condições e nos exorta a viver para Deus nelas. Esta é uma tarefa para os que realmente vivem neste mundo como servos de Deus e não dos homens. Pedro desenvolve ainda mais este ponto nos versos seguintes.

Os Enfrentamentos Complexos da Vida Social
Promovem o Desenvolvimento de Nossa Fé Pelo Exercício de Nossa Paciente Imitação de Cristo

Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteado por isso, o suportais com paciência? SE, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus. Portanto, para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos o exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos a justiça; por suas chagas, fostes sarados (1Pe 2.20-24).

Isto é grato a Deus - Pedro parece repetir o ponto anterior no verso 20, frisando mais uma vez que essa resistência diante da maldade agrada a Deus. Viver para agradar a Deus como a ferramenta de controle de nossas ações é o ponto de partida da vida cristã, diante das complexas relações sociais, especialmente em meio à maldade dos homens. Mas, como veremos a seguir, Pedro convoca nossa mente a ser reforçada neste caminho, pensando no próprio Cristo Jesus como exemplo para nós. 
Para isto fostes chamados pois Cristo também sofreu em vosso lugar – fomos chamados à fé na morte de Jesus e a própria morte de Jesus já mostra que não pertencemos a nós e às nossas circunstâncias, mas a Deus. Pedro concebe que o nosso chamado para a luta contra o mal, praticando o bem e sofrendo injustiças com paciência e perseverança é um chamado que estabelece um ponto de conexão com o fato de que isto começa com o sofrimento do próprio Cristo em nosso lugar.
Deixando o exemplo para seguirdes os seus passos – nossa mente precisa ser fortalecida para enfrentar a vida complexa neste mundo caído olhando para Cristo e tomando-o como modelo. Para que o bem de nossa alma fosse alcançado, Cristo precisou viver sob a injustiça deste mundo e sofre-la com paciente fé. Nós, agora, somente seguimos os seus passos para deixar para este mundo o mesmo exemplo, para o bem da própria humanidade que nos persegue. 
Ele não cometeu pecado – não houve dolo em sua boca – não revidou o mau com mau – os exemplos práticos que são levantados por Pedro nos devem fazer pensar sobre nossas palavras, sobre nossas atitudes e nossa cede de justiça, que é tornada em vingança e até em prática do mal. 
Entregava-se a quem julga retamente – este é o ponto que sustentou Jesus e deve nos sustentar. Não andamos em um mundo sem o controle de Deus, mas numa realidade que nasce da vontade eterna do Pai e se traduz em bem, quando sabemos esperar por Ele. Devemos entregar a nossa vida para esta consciência, ele escolhe retamente o que irá fazer e sabe a diferença entre os seus filhos e os filhos do maligno. 
A Cruz é o motivo maior da nossa vida justa – no verso 24, Pedro vai ao clímax do seu argumento nesta parte, mostrando que a morte de Jesus na Cruz tem como propósito nos conceder vida e força para que, mesmo fustigados pela maldade, não pratiquemos a maldade, mas vivamos a justiça. As feridas de Cristo sara as nossas feridas. 
O contrário é muito sério. Isto é, o crente que, em nome de uma falsa ideia de justiça, pratica o mal, revidando ao mundo, se esquecendo de seu compromisso vital com Deus, isto profundamente desagrada a Deus e torna impossível o reconhecimento dos efeitos da Cruz neste mundo. Nosso dever de viver retamente, mesmo em meio a injustiça se deve ao fato de que é assim que revelamos ao mundo que pertencemos a Deus como servos dele e não dos homens, nem das circunstâncias.

Os Enfrentamentos Complexos da Vida Social
Promovem o Desenvolvimento de Nossa Fé Pela  Nossa União Vital Com Cristo

Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo de vossa alma (1Pe 2.25).
A grande diferença entre o homem que serve a Deus e o que não o serve é a comunhão que o homem de Deus tem com Cristo Jesus. Sua vida está atrelada à de Cristo indissoluvelmente.
Estáveis desgarrados – ovelhas desagarradas não têm direção, se perdem no caminho, fazendo as coisas mais naturais. Elas não percebem o perigo de comer longe da proteção do bom pastor, pois se tornam presas do predador e vulneráveis às armadilhas da realidade. 
Agora, porém vos convertestes – Pedro chama a atenção para o fato de que nossa vida não pode seguir qualquer curso, nosso padrão e nossa referência está em Cristo, na nossa nova vida que temos nEle. Pedro está dizendo a todos que o motivo real de nosso enfrentamento diante dos complexos relacionamentos sociais no mundo caído é o próprio fato de que nos dirigimos a outro caminho e somos guiados noutra direção. Portanto, não estamos mais perdidos neste mundo. 
Pastor e Bispo de vossa alma – primeiro quero chamar a atenção que ele prefere usar a expressão “psique” (alma) a falar da nossa “bios” (vida). Ele está destacando a realidade espiritual que se sobrepõe à mera realidade material da nossa existência. Ele está nos mostrando que estamos, desta forma vivendo, nos preparando para algo muito mais importante. Pastor e Bispo (poimém e epíscopos) – Pedro destaca dois aspectos da realidade pastoral de Cristo na nossa vida: ele é aquele que cuida, que nos protege, mas também é aquele que organiza, que administra a nossa caminhada. A Ele é que nos apegamos de forma vital e é por isso, que nossa vida neste mundo de enfrentamento das realidades complexas da vida social, tem uma marca distinta e totalmente justa. 
Essa consciência de relação vital com Cristo é o ponto fundamental de tudo o que fazemos e do modo como vivemos. Você já errou muito, esquecendo isto e desconstruiu muito da sua vida por este motivo. Pedro compreende que é hora de surgir uma igreja que se compromete profundamente com Cristo, pois não somos pessoas perdidas, mas guiadas pelo Supremo Pastor e Bispo de nossas almas. 


Conclusão

Não tenho dúvidas de que este é um grande desafio para os cristãos verdadeiros. Não tenho dúvidas também que aqueles que ainda não amadureceram na fé, estão neste momento pensado ser essa uma UTOPIA. Mas, por fim, não tenho dúvidas de que se hoje, você tomar a decisão de olhar para a Cruz de Cristo e fazer dela o seu ponto de partida, mas também o seu ponto de chegada, você conquistará uma consciência tranquila diante de Deus.
Deus não nos deixará em paz de consciência, enquanto não aprendermos a descansar em suas poderosas mãos e seguir o seu caminho. Um senso de falta sempre nos acometerá. Este é o ponto de virada que você precisa buscar hoje! 
Que sua consciência de vida com Deus te controle e não as circunstâncias. 
Que o exemplo de Cristo seja o seu alvo e não a vida segundo os padrões do mundo.
Que Deus cuide e administre o seu andar. 

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