1 de março de 2020

1 Pedro 2.11-17

Dando Passos No Mundo Para Honra do Rei
1 Pedro 2.11-17

Introdução
No verso 17, temos um conjunto de expressões que selam o trecho: 
TRATAI TODOS COM HONRA! AMAI OS IRMÃOS, TEMEI A DEUS, HONRAI O REI! Os comentaristas apontam quase todos a pensarmos nesta última expressão HONRAI O REI como se referindo ao Imperador Romano. O contexto da passagem favorece sim, essa interpretação. Contudo, quero chamar a atenção de todos para o fato de que, até mesmo neste ato de HONRA AO IMPERADOR, o que o de fato Pedro quer conduzir a sua Igreja é a VIVER DE UM MODO QUE O REI DOS REIS SEJA HONRADO.
Este é um desafio da nossa jornada neste mundo: que o nosso comportamento entre os homens, bons e maus, seja de tal maneira justo, que honre o nosso Rei. O alvo do crente não é a construção de sua própria honra. Na busca de honra pessoal entre os homens, muitos se perdem. Vivemos para a glória de Deus e isto é de extrema importância para que não vivamos de qualquer maneira, nem tracemos uma trajetória equivocada para nossa caminhada de fé. 
Nesta manhã, quero me aproximar deste texto como quem pede orientações para a uma longa jornada. Orientações sobre a bagagem a ser levada na viagem, como enfrentar os momentos difíceis da estrada, quando houver dúvidas sobre o caminho, o que fazer... 


Como Trilhar a Estrada da Fé Honrando Nosso Rei?
Primeiro: Jamais Esquecendo Que Nosso Reino Não é Deste Mundo 

Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra alma (1Pe 2.11)

Umas das coisas mais importantes para o crente é saber que ele caminha neste mundo, sem pertencer a este mundo. O Reino do qual participamos é mais elevado, é o Reino de Deus. O que construímos neste mundo é apenas a estrada da honra do nosso Deus, ele que está nos trazendo a nossa herança que está guardada nos céus. Foi assim que Pedro começou a sua carta: 
Para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros, que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo (1Pe 1.4-5). 
Nosso Reino não é deste mundo e não podemos nos esquecer disto. Por isso, Pedro reforça neste verso inicial da perícope uma descrição que aponta para essa realidade: 
Amados exorto-vos como peregrinos e forasteiros que sois – Em primeiro plano é preciso que eles se lembrem do fato de que os filhos de Deus foram amados antes da fundação do mundo e esta é uma condição básica sobre quem somos diante de Deus. Em segundo plano, a exortação que ele nos faz é para que pensemos como “peregrinos e como forasteiros”. Essas duas palavras tem significados distintos, ou explicações distintas para o mesmo fato: PAROIKOS (peregrinos) – aqueles que caminham em direção a uma casa, eles possuem direção, não estão perdidos, mas não estão em casa ainda. PAREPIDEMOS (forasteiros – caminhantes) – aqueles que não param em sua jornada, eles são qualificados pela jornada que fazem. 
Isto é importante, porque Pedro está nos mostrando que devemos ter consciência destes dois aspectos de nossa jornada de fé. Não podemos parar de caminhar, mas não caminhamos aleatoriamente, caminhamos com um rumo certo. 
Vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma – claramente, o que Pedro pede é que o coração deles não esteja neste mundo, porque o amor ao mundo é inimigo de Deus. Essa máxima foi muito usada no final do primeiro século, porque era uma mensagem que precisava ser repetida aos crentes, que julgavam a promessa de Deus demorada e que, por isso, estavam desistindo de caminhar com as armas celestiais e decidiram viver para este mundo. As paixões e os apegos a este mundo fazem guerra contra a alma, e nos fazem amar quem não nos ama. 
Este é um ponto de partida importante: SABER AONDE ESTAMOS INDO E SABER QUE NÃO SOMOS DESTE MUNDO, MAS PERTENCEMOS A DEUS E AO SEU REINO QUE VEM SOBRE NÓS.  

Como Trilhar a Estrada da Fé Honrando Nosso Rei?
Segundo: Jamais Esquecendo Que Nosso Dever é Mostrar ao Mundo Quem é o Nosso Deus Por meio da Nossa Vida 

Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação (1Pe 2.12).
Este verso é um grande desafio para o homem temente a Deus e que deseja viver para a glória de Deus. O modo como Pedro apresenta isto é interessante, porque ele não esconde que há uma indisposição dos não crentes para com a nossa fé, mas ele insiste em nos dizer que não somos determinado pelos sentimentos deles, mas por nosso desejo de glorificar a Deus. Na verdade, precisamos que nosso modo de vida mostre ao mundo o Deus para quem vivemos.
Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios – (kalen anastrophen) Isto é o mesmo que dizer: manter bonita a vossa jornada entre os homens. Como um andar elegante em meio à multidão. Pedro está recomendando que a nossa jornada entre os homens seja exemplar, seja vista de forma positiva. 
Para que mesmo falando contra vos, observando vossas boas obras – glorifiquem a Deus – o que Pedro quer é que os crentes compreendam de fato o que significa a nossa permanência nesta terra, onde somos peregrinos, onde não está o nosso lar. Vivemos aqui para revelar a glória do nosso Deus, em meio aos que não nos amam e não amam a Deus. Somos como o perfume de Cristo, que se não os transformar em seguidores e discípulos de Jesus, irá julgá-los no dia final. 
O dia da visitação – os crentes precisam lembrar que existe um dia final, um dia em que a verdade será revelada, um dia em que terá valido a pena ter vivido com Cristo, mesmo em meio a muitas dificuldades. Os crentes precisamos saber que vivemos neste mundo com nossa mente no mundo que irá se iniciar neste dia da visitação.
Para que tenhamos estímulo e o pensamento fechado em nossa mente de honrar o Rei, precisamos nos lembrar deste dia e do nosso compromisso neste mundo, olhando para este dia de juízo sobre todos.

Como Trilhar a Estrada da Fé Honrando Nosso Rei?
Terceiro: Vivendo Com a Máxima Humildade Entre os Homens 

Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviados por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos; como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malicia, mas vivendo como servos de Deus (1Pe 2.13-16).
Quando aprendermos o valor da humildade como instrumento da glória de Deus, talvez estejamos começando a compreender o Evangelho e o próprio Senhor Jesus Cristo. Ele é o maior exemplo de alguém que andou desta forma como Pedro, aqui, nos diz que deve ser o modo de andar entre os homens. 
Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor – claro que o centro desta passagem está na expressão: POR CAUSA DO SENHOR. Ele é a razão desta submissão. No final do verso 16, ele diz: VIVENDO COMO SERVOS DE DEUS. Sim este é o ponto: POR CAUSA DE DEUS é que vivemos, para Ele é que andamos por fé neste mundo. Aqui ele está dizendo que toda a instituição humana é o nosso desafio de sujeição. 
Rei, como soberano, autoridades como enviados para castigo mal e louvor do bem – a estrutura natural dos governos são as bênçãos comuns de Deus aos homens para que haja o mínimo de possibilidade de vida entre os homens caídos. Por causa deste amor geral de Deus e em honra a Ele, somos chamados a nos submeter áqueles a quem Ele conferiu autoridade, para cumprirem seus propósitos neste mundo. Portanto, quando nos rebelamos contra autoridades justamente outorgadas em seus mandatos, nos rebelamos contra uma estrutura que nasce em Deus para o bem e para a repressão da maldade. 
A vontade de Deus que façais emudecer pela prática do bem – a prática do bem aqui é a sujeição às autoridades e Pedro compreende que se trata de um desafio aos crentes, por isso, ele aponta para a VONTADE DE DEUS como o ponto de partida. Deus é o motivo de enfrentarmos todas as lutas e a sua vontade para nós é que sejamos honrados e vivamos estes desafios segundo o seu querer, segundo a sua vontade. 
SE queremos viver e honrar nosso Rei temos de aceitar o desafio da vida humilde, da submissão e da ousada capacidade de se esvaziar para que Deus seja glorificado. 

Como Trilhar a Estrada da Fé Honrando Nosso Rei?
Quarto: Abençoando aos Irmãos e ao Mundo, Tendo Deus Como o Fiel Desta Balança 

Tratai a todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei (1Pe 2.17).
Crentes são chamados para este existir neste mundo trazendo luz ao jardim de Deus. Não podemos perder de vista de que todas as coisas e as pessoas que existem, são obras maravilhosas do Criador. Contudo, vivendo em um mundo caído pode nos levar a não perceber a glória de Deus, que fica escondida por detrás desta cortina do pecado e isso pode nos levar ao esquecimento de nossa verdadeira missão na terra: SER O REINO DE CRISTO ENTRE OS HOMENS E HONRAR O NOSSO REI.
Tratai a todos com honra – Pedro faz um pequeno resumo de tudo o que falou sobre nosso ato existencial peregrino. O elevado papel da vida cristã é levantar no mundo a bandeira da honra do Criador, especialmente na figura mais elevada da Criação: O SER HUMANO, CRIADO À IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS. Nossos comportamentos devem olhar nesta direção e devem buscar trazer ao mundo essa visão da humanidade, mesmo sob o véu do pecado. 
Amai os irmãos – temei a Deus – honrai o rei – aqui temos uma frase que une na mente dos cristãos dois mundos, que para muitos está separado, mas para Deus devem se juntar para ser o mundo do Reino de Cristo: A VIDA DE FÉ E VIDA EM SOCIEDADE. Pedro exorta os crentes, como peregrinos e forasteiros a não se esquecerem portanto da natureza separada a nossa caminhada no mundo, mas ao mesmo tempo, ele nos pede que olhemos para o mundo como o mundo de Deus.
Temei a Deus – o temor a Deus é o FIEL DESTA BALANÇA. É o nosso temor a Deus que equilibra a nossa relação como o mundo da fé e com o mundo da sociedade. Deus é quem dá o sentido e a unidade destas realidade que precisam ser um todo integrado em nossa mente, para que nossa jornada, de fato, seja rica e HONRE AO NOSSO REI.  
Quando ele nos convoca a AMAR O IRMÃO está nos fazendo perceber que é a nossa unidade como Reino de Sacerdotes, Povo de Propriedade Exclusiva, Nação Santa, que nos tornamos um poder que deixa marcas no mundo. E quanto ele nos convoca a honrar o rei, ele nos diz que a nossa marca é o trazer ao mundo caído o shalom, do qual somos ministros.  


Conclusão

Irmãos amados, caminhamos neste mundo com os nossos olhos postos na eternidade. Nosso caminho na terra não pode nos fazer amar mais o mundo que a Deus. Por outro lado, precisamos viver neste mundo com o compromisso de fazer da nossa vida um instrumento da paz de Deus neste mundo. Isso nos faz responsáveis mais elevados pelas condições culturais, sociais, políticas, educacionais, que constroem este mundo de Deus. 
Orar pelo povo e trabalhar pelo povo para o qual o Senhor nos enviou. Fazer isto de uma maneira coletiva, de uma maneira unida, planejada, construída com a sabedoria bíblica é a nossa tarefa enquanto peregrinos. 
Muitas vezes, cometemos o erro de abandonar o Jardim de Deus e cuidar apenas de nossas vidas espirituais, como se pudéssemos ser completos sem que nossa vida tenha significado também para o mundo de nosso Deus, no qual vivemos como filhos da Luz. 
Honrar ao Rei Jesus exige uma atitude e um compromisso elevados, com padrões elevados para o mundo caído. Precisamos desenvolver a sociedade ao nosso redor com nossas ações de amor e retidão, com nossa paixão por Cristo e nosso temor a Deus. 
Não podemos ficar somente na busca de nossos interesses. Ainda que o mundo não nos ame, é nosso dever viver e amar as pessoas deste mundo e a obra da Criação de nosso Deus. Que a nossa igreja consiga fazer isto pelo próximo, fazer isso uns pelos outros irmãos e fazer tudo isto para a glória de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.




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