24 de fevereiro de 2013

Mateus 13.26 a 43


Joio No Meio do Trigal
MATEUS 13. 24 a 43

Um dos fenômenos religiosos do final dos tempos é a apostasia e as Escrituras, em muitos dos seus textos, nos falam dela. A apostasia é uma disposição que afetará muitos “chamados cristãos” e os levará a um comportamento completamente distante do padrão do Reino de Deus.
O problema mais sério com a apostasia está no fato de que, muitos afetados por esta inclinação sequer perceberão sua condição.
Ao contrário, muitos acharão suas escolhas as mais acertadas, ainda que implique em uma negação clara e obvia da fé.
Quando a Escritura nos apresenta o comportamento apóstata e o seu crescimento no final dos tempos, sua intenção não é apenas o de nos assustar ou somente informar sobre uma situação problemática. A Escritura, sendo a mente de Cristo deixada para nós, tem como prioridade nos preparar para cuidar de nós mesmos, a fim de que não sejamos, de modo algum, enganados e levados por este tipo de comportamento.
NO texto que estamos apreciando esta noite, Jesus Cristo nos deixou uma informação muitíssimo importante sobre a apostasia e os seus protagonistas. Ele os chamou de joio. Na verdade, o texto nos fala de uma planta chamada “cizânia”. Uma planta muito semelhante com o trigo. Alguns acham que é uma espécie de “trigo silvestre”. A qualidade mais conhecida do “joio” (como ficou conhecida nas nossas traduções)  é mesmo a sua semelhança com o trigo. Estas duas plantas se confundem e só podem ser distinguidas adequadamente no momento em que produzem suas sementes.
Enquanto que a parábola do semeador tem como objetivo fundamental nos convocar à trabalhar o nosso coração para a frutificação, portanto, olha para o campo no desejo de vê-lo produzindo, a parábola do joio completa esta ideia nos falando da má semeadura, daquela que é invasora e cujo objetivo é confundir.
Como devemos enfrentar essa situação? Como devemos nos guardar de sermos levados pelos falsos ensinos da má semeadura? O que devemos saber sobre isto para que nossa fé se mantenha firme?




Devemos Cuidar de Nós Mesmos
Considerando a Realidade das Estruturas Malignas Bem Próximos de Nós

Quando na sua explicação aos discípulos Jesus fala claramente de que, em meio aos filhos do reino está o joio, que são os filhos do maligno. Também quando diz que a semeadura do joio é uma obra do Diabo, ele está claramente levando os seus discípulos a caírem da ilusão de um mundo sem aflições.
Meus amados irmãos, um alerta como este nos é de grande importância substancial para que mantenhamos o nosso estado de atenção. Às maiores quedas espirituais nos acontecem quando baixamos o nosso estado de atenção.
A proximidade com a qual convivemos com as estruturas malignas deve nos fazer cuidar constantemente do nosso relacionamento com Deus. A Igreja deve manter continuo processo de frutificação para que nossas espigas manifestem nossa relação com Deus e seja possível então, ver o joio identificado e retirado do nosso meio.
Nossa sociedade contemporânea é altamente permissiva. Vivemos num estado moral em que vale tudo, a única coisa que não vale é dizer que o outro errou. Bem, um dos problemas mais comuns nas igrejas históricas é o momento de lidar com disciplina eclesiástica, com ordenanças sobre usos comuns e costumes. É evidente que não podemos simplesmente permitir que toda a permissividade do mundo penetre na Igreja, é obvio que precisamos cuidar para que em nosso ambiente, haja a possibilidade de se distinguir com mais facilidade entre o joio e o trigo.
Não podemos diminuir o estado de alerta e não podemos permitir que em nosso ambiente seja fácil se esconder o joio. Quando mais forte e mais bonito for o nosso trigal, quanto mais perfeita forem as plantas de trigo, mas claramente será possível identificar o joio.

Devemos Cuidar de Nós Mesmos
Considerando o Fato de Que Deus Nos Plantou Para Sermos Genuinamente Trigo e Somos Fruto da Sua Vontade Positiva

Um aspecto da explicação desta parábola que me chamou a atenção é que o fazendeiro, se propôs a semear o seu campo com “a boa semente”. Ele o fez para que fôssemos a semente do reino dos céus.
Para Mateus este é um conceito muitíssimo importante, o conceito de “Reino dos Céus”. Ele, que escreveu primordialmente para alcançar uma audiência judaica que precisava compreender a igreja de seu tempo. OU seja, quando Mateus se dispôs a produzir este Evangelho, possivelmente algumas perguntas estavam na mente das pessoas.
Talvez Mateus estivesse enfrentando a dificuldade de muitos crentes sobre o seu papel como continuadores do Reino de Cristo, afinal, depois de alguns anos de Igreja Cristã, muitos eram perseguidos, alguns escândalos (como podemos obter informações nas cartas e no livro de Atos) estavam confundindo os crentes e desestimulando-os na sua tarefa de continuar sendo o Reino dos Céus.
O Reino dos Céus, segundo Mateus, não é um mar de rosas nesta presente existência. Teremos de enfrentar as estruturas malignas que nos cercam e, infelizmente, também estão presentes entre nós. Mas, o texto de Mateus nos dá conta de que, embora este problema deva ser enfrentado, há algo a ser considerado: O REINO DOS CÉUS É GENUÍNO E É PARTE DO PROPÓSITO SANTO DE DEUS PARA A REDENÇÃO DO HOMEM.
O próprio Cristo chama a si a responsabilidade da genuinidade do Reino entre nós, quando diz: O que semeia a boa semente é o Filho do homem. Jesus Cristo diz que a IGREJA NÃO É UM ERRO É FRUTO DA SUA VONTADE POSITIVA.  Repito: A IGREJA NÃO É UM ERRO É FRUTO DA VONTADE POSITIVA DE DEUS.
A semente que foi semeada era a “boa semente”. Não precisamos de uma atitude negativa em relação aos nossos irmãos. Eu quero lhes chamar a atenção que, quando frutificamos e quando nos preparamos para servir a Deus, temos em nós um grande potencial para fazer toda a diferença.
As parábolas intermediárias entre a parábola do joio e a sua explicação, a do grão de mostarda e a do fermento nos fazem meditar sobre a nossa capacidade de crescimento, isto é, elas vêm o reino dos céus e suas boas sementes frutificando e crescendo, mostrando positivamente sua ligação com Deus, sua origem. Deus seja louvado por isto!
Então, quando cuidamos da Igreja, cuidamos das boas sementes e trabalhamos para que ela produza a cem, sessenta e trinta por um. Quando investimos dinheiro no reino, quando investimos tempo, amor, preocupação, interesse etc... estamos fazendo um investimento que realmente dará resultado.
Enquanto muito têm um atitude cética para com a Igreja, Cristo nos propõe uma parábola que nos reanima e nos faz pensar COMO É BOM SER UM FILHO DO REINO DOS CÉUS. Como é bom saber que Deus nos escolheu e nos fez genuinamente seus filhos.

Devemos Cuidar de Nós Mesmos
Considerando o Fato de Que Deus Se Encarregará de Retirar o Joio do Meio do Trigo

Meus queridos irmãos. Pode ser que você pense assim: mas, como ficam as coisas? Continuamos a nossa vida e as coisas ficam assim, o joio ficará aí atrapalhando, enquanto vivemos a nossa vida?
Quando olhamos para a explicação da parábola, no momento em que Jesus torna claro o que significa a colheita do trigo e do joio, haveremos de aprender uma das coisas mais importantes que a Escritura constantemente nos relata: Deus sabe fazer a diferença entre aquele que o serve e o que não serve. Deus sabe fazer a diferença entre o que o teme e o que não o teme, entre o que o ama e aquele que não o ama.
Não duvide do fato de que Deus está considerando cada um dos nossos atos e vendo atentamente os nossos frutos e que ele sabe quem realmente nós somos.
Medite comigo em alguns textos: Malaquias 3.13 a 15; Salmo 73. 1 a 4, 18; Salmo 1.6. Estes, entre outros, nos ensinam que podemos confiar no Senhor. Leia ainda Eclesiastes 12.13 e 14 e Apocalipse 22. 11 a 14. Eles nos ensinam que podemos confiar no Senhor e devemos continuar a ser o seu trigo amado, sua igreja querida, seus filhos do Reino.
Pois, assim como o joio é colhido e lançado no fogo, assim será na consumação do século. Mandará o filho do homem os seus anjos, que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade e os lançarão na fornalha acesa, ali haverá choro e ranger de dentes. Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Neste ponto, prefiro deixar claro algo para aqueles que Deus chamou para serem filhos do Reino. Meus caros irmãos, toda a luta pela fé neste mundo será grandemente recompensada.
A questão que deveria preocupar sobre o joio é colocada de lado para dar ênfase ao fato de que o propósito de Deus é tornar a sua lavoura amada a mais perfeita lavoura de todas.
Ele tirará do meio de nós todo o erro, todo o engano, toda planta venosa. Ele cuidará de nós. Eu só posso compreender que a própria presença do joio entre nós é um instrumento de Deus para nos fazer mais fortes.
Quero que você cuide de sua vida com Deus. Cuide dos frutos do trigal. Cuide para que valha a pena no final. Quando Cristo voltar, quando ele vier nos buscar, nos encontrará prontos.
Apenas tome um cuidado: NÃO SEJA VOCÊ O JOIO! VOCÊ ME ENTENDEU? CUIDADO, NÃO SEJA O JOIO!  Ele é muito parecido, mas não é o trigo. Ele não terá a mesma sorte do trigo. Portanto, de novo: NÃO SEJA O JOIO!

Conclusão
Como pudemos perceber, temos razão suficiente para investir em uma vida que frutifica, sem medo de ter sido “perda de tempo” ou “em vão”. Esta parábola nos trouxe a consciência do fato de que é muito bom ter sido escolhido para fazer parte da família de Deus.
Uma atitude positiva para com a Igreja é uma ação sábia da parte daqueles que foram chamados para serem do Reino de Cristo. Por isso, acredito que precisamos recuperar o que podemos chamar de “alegria de pertencer ao povo de Deus”.
Por outro lado, é importante não esquecer de que não podemos viver como se estivéssemos em um mundo livre de aflições. Um comportamento ingênuo como este é um erro. Devemos estar sempre alertas para os perigos de sermos enganados e levados pelas circunstâncias.
A parábola do joio, portanto, é um estímulo para que a igreja continue sendo fiel e sirva ao Senhor com alegria.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Na minha última mensagem à igreja eu terminei em tom bastante grave pedindo aos irmãos que invistam na sua vida pessoal, para que frutifique. Eu disse: “Aos líderes, em particular aos pastores e presbíteros, eu peço: Santifiquem-se! Aos pais, que sejam poderosos nas orações! Às mães que conduzam seus filhos aos pés do Senhor. Aos jovens que vivam com Evangelho no seu dia-a-dia! Às crianças, que sejam obedientes a seus pais e amem a Deus”.
Hoje eu quero lhes pedir que invistam na saúde do trigal. Que cuidem melhor para que em nosso meio a presença da estrutura do mal seja minizada, pouco seja percebida, tanto por meio da santificação e frutificação pessoal, quando no cuidado que todos nós devemos ter para o desenvolvimento saudável do trigal.
Deus pode te chamar para cuidar das nossas crianças, como um professor ou um mestre do culto infantil, um monitor etc. Deus pode te chamar para ocupar um oficialato da Igreja, Deus pode te chamar para receber os visitantes, cantar no coral, servir o cafezinho, ser secretário, presidente, orar pelas pessoas, visitar os enfermos etc. Nâo importa, cuide do trigal. Cuide do trigal.
Vamos trabalhar em nossa igreja para que seja um lugar de adoração, santificação, edificação. Vamos orar mais uns pelos outros, vamos pensar nos que estão afastados. Parem de falar mal uns dos outros, parem de apontar os defeitos, vamos nos estimular à prática das boas obras e do amor.
A Igreja Presbiteriana de Vila Formosa tem de ser saudável, um trigal maravilhoso que honre a Deus e exalte o seu nome. Oremos para que o Senhor esteja sempre limpando o seu trigal. E, se por acaso, para nos provar, ele deixar o joio entre nós. Lembre-se Ele é quem irá, da mesma forma, nos livrar do mal.

Em Cristo e no temor do Supremo
Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

17 de fevereiro de 2013

Mateus 13.1 a 23


Preparando o Coração Para
Frutificar
MATEUS 13.1 a 23

O conhecido texto da “Parábola do Semeador” é mais que uma passagem evangelística, que apela para que homens e mulheres estejam atentos ao modo como recebem a Palavra de Deus, este texto força-nos a uma reflexão profunda sobre aquelas coisas que nos impedem viver o Reino de Cristo em sua plenitude máxima.
Nesta meditação, quero lhes propor a leitura deste texto, observando um dos seus propósitos mais importantes, alertar para o fato de que aos Filhos do Reino é dado o privilégio de ouvir a voz de Deus. Partindo deste pressuposto, claro na estrutura do texto, devemos considerar o fato de que, mesmo os Filhos do Reino podem se tornar aqueles solos ruins onde a Palavra parece não frutificar mais.
Portanto, nossa meditação desta feita é uma proposta autorreflexiva. Exige coragem para encontrarmo-nos com o nosso “verdadeiro estado de coração” e penitentemente, segundo a Palavra de Deus, nos conduzirmos de volta à Cruz de Cristo. Muito melhor nos será sentir dores profundas para estar com Cristo, que viver em sossego de alma, caminhando para a margem oposta de onde Cristo está.

Um Coração Preparado Pela Palavra Recebe o Dom de Ouvir a Palavra de Deus e Praticá-la
Quero muito que você perceba que este texto de 23 versos tem uma estrutura relativamente simples. Então, considere o texto em si e note que podemos dividi-lo em três partes.
Do verso 1 a 9 – logo a pós uma pequena introdução, a parábola em si .
Do verso 10 a 17 – uma explicação sobre porque falou em parábolas
Do verso 18 a 23 – a explicação da parábola.
Se notarmos bem, veremos que muito deste belo texto foi dedicado ao ponto da discussão sobre o privilégio de ouvir a Palavra de Deus. Veremos que este propósito parece dominar o interesse de Mateus em vários pontos do seu Evangelho.
Desde o Sermão da Montanha, quando o desfecho era a comparação entre o homem prudente e o insensato, dizendo que a grande distinção estava no ouvir e praticar da Palavra. Até o capítulo 28, quando a Grande Comissão envolve o ato de anunciar e ensinar a Palavra, logo perceberemos que é central no pensamento de Mateus a importância do ouvir a Palavra de Deus e o fruto que ela produz em nós.
Comecemos com o verso que encerra este texto:
Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um (Mateus 13.23).
Algo me chamou a atenção neste texto em minha última leitura dele. Temos a tendência de ler o texto bipartidamente, separando a primeira frase da segunda. Então, admitimos uma compreensão completa na primeira parte do versículo e da mesma forma na segunda parte, isto seria o mesmo que dizer que a segunda parte não está intencionalmente unida à primeira.
Quando fazemos uma leitura unindo as duas partes, tornando-as complementares teremos uma compreensão diferente que eu posso o resumir da seguinte maneira: aquele que frutifica a cem, a sessenta e a trinta por um, este é o que ouviu e compreendeu a palavra que foi semeada no seu coração.
Esta perspectiva de leitura poderá causar um grande terror em muitos irmãos e irmãs que até então não tinham se dado conta de que sua vida cristã está morna, como a dos crentes de Laodicéia (Apocalipse 3).
Todo este texto é sobre a capacidade de ouvir e produzir frutos. Ele se refere ao fato de que muitos judeus, chamados para serem o povo da Aliança, tinham recebido os oráculos do Senhor e os guardavam sem absolutamente permitirem com que frutos de justiça brotassem em suas vidas, advindos do poder transformador da Palavra de Deus. Estes tornaram-se burocratas da fé.
Por isso, Jesus indica a profecia de Isaías como se cumprindo neles. O povo da Aliança, que não deu ouvidos à Palavra, tornou-se infrutífero e Deus os impediria de exercerem o seu papel, até que se convertessem de todo o seu coração (leia os versos 12 a 15).
Bem aventurados, porém, os vossos olhos, porque veem; e os vossos ouvidos porque ouvem (verso 16).
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça (verso 9).
Estes versos, compõem o pensamento de Mateus que é construído desde o capítulo 12, verso 33, onde faz menção que os frutos qualificam que tipo de árvore somos, ou ainda nos versos 46 a 50, onde afirma que sua família é a que faz a vontade de Deus.
A moldura se fecha com a parábola do trigo e do joio, onde a diferença será discernida no momento da colheita, quando os frutos de cada um forem considerados.
Enfim, é fácil perceber que não podemos nos considerar cristãos completos até que hajamos nos preocupado claramente com os frutos que temos produzidos.
John Piper, em um dos seus sermões sobre os versos 44 a 46 deste capítulo, considera que vivemos em um tempo em que milhares de cristãos vivem enganados quanto à sua fé.
We live in a superficially Christianized society where thousands of lost people think they do believe in Jesus – Nós vivemos em uma supercialmente cristianizada sociedade, onde milhares de pessoas perdidas pensam que creem em Jesus.
Não se engane sobre isto. Um coração preparado pela Palavra é capaz de ouvir e produzir bons frutos. Não refreie a sua alma quando ela pulsa por produzir bons frutos. Não permita com que os pensamentos do seu coração sufoquem a Palavra que está sendo fermentada dentro de você. Não impeça o seu crescimento.

Para Ter Um Coração Que Ouve, Compreende e Frutifica é Preciso Lutar Contra Forças Malignas
Não iremos nos deter em algumas explicações, que a maioria já ouviu e que o texto deixa bem claro, tais como, que a semente é a Palavra do Reino, que o semeador é o próprio Cristo, por meio dos seus instrumentos etc. Focaremos apenas em um detalhe: a força da malignidade como empecilho para levá-lo à frutificação.
Vem o Maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração.
Voltando ao sermão da Montanha, veremos que não podemos servir a dois senhores. Serviremos a Deus ou ao Maligno. Este ponto é central na Escritura: ou ouviremos a voz de Deus ou a do Maligno. Lembre-se da escolha de Eva no Éden e depois leia 2 Coríntios 11.1 a 6, e você verá esta guerra pela audiência do seu coração, que muito mais importante que a dos seus ouvidos.
Devemos notar que a parábola nos apresenta um quadro muito interessante, a semente foi arrebatada do coração, depois de ter sido efetivamente semeada. A falta de compreensão e frutificação não é explicada pela falta da verdadeira semeadura, mas do fato de que o Maligno agiu para arrebatar esta semente, os ensinos da Palavra de Deus.
Como isto pode ocorrer? Penso que podemos trabalhar com algumas hipóteses e deve haver outras. Primeiro, pense em uma pessoa que vive inserida em um sistema de vida pecaminoso. Um suposto cristão que se permite envolver em uma modelo pecaminoso. Talvez, alguém que se acerca de pessoas de hábitos mundanos, materialistas etc.
Há uma tendência grande de que o ambiente em que ele vive exerça grande influência sobre o que ele é e como pensa. O fato de se permitir viver assim, em lugar de fugir de toda a aparência do mal, o levará à estagnação espiritual diante dos ensinos da Palavra.
Talvez este seja um exemplo pequeno, mas ilustra muito bem, como muitas pessoas tornam-se infrutíferas, por menosprezarem a presença do mal e desprezarem os conselhos sábios da Palavra: Vigiai e orai para que não entreis em tentação... o vosso adversário anda em derredor rugindo como um leão... o mundo jaz no Maligno.
Não precisamos do ambiente para que o mal se manifeste na nossa vida. Na verdade, em nosso próprio coração podemos ter ainda muito enraizado modelos pecaminosos de vida, os quais ainda não tratamos, ou com os quais ainda enamoramos. Pense num crente que secretamente namora com a pornografia, com o adultério, com egoísmo etc.
Se queremos ter um coração que ouve, compreende e frutifica é preciso ter disposição de alma para lutar contra o Maligno, quer aquele que se localiza em nós, procurando constantemente a oração, o arrependimento, o quebrantamento, quanto aquele que está ao nosso redor, procurando fugir de toda aparência do mal, procurar mais a companhia dos santos e a santificação pessoal, quem sabe, se necessário, colocando-se em oposição aos que praticam maldades.

Para Ter Um Coração Que Ouve, Compreende e Frutifica é Preciso Lutar Contra a Imaturidade Espiritual
Alguém, creio que J.Parker, já disse que o cristianismo nos dias dos Puritanos  era como um pequeno lago bem profundo. Não era tão extenso, mas tinha grande distancia entre a superfície e o fundo do lago. A mesma pessoa disse que em nossos dias, o cristianismo é como imenso oceano de 10 cm de profundidade.
Você já percebeu como estamos rodeados de crentes imaturos? Pessoas que conhecem o Reino superficialmente e que se distraem facilmente com qualquer outra coisa, como as crianças se distraem? Pessoas que preferem ficar na fantasia da fé, a enfrentar as questões vitais da relação com Deus? Já Percebeu?
 O texto diz que estas pessoas “recebem a palavra logo, com alegria, mas não tem raiz em si mesmo, sendo antes de pouca duração”. Vocês devem conhecer alguém que lhe passou essa impressão! Eu posso dizer com muita certeza, não são poucos que preferem a imaturidade espiritual à tomar a decisão de um mergulhar profundo nas águas do Espírito Santo, isto é, na Palavra de Deus, o manancial de vida.
Volto a dizer o seguinte: o problema da falta de compreensão e frutificação não é por falha na semeadura. A semente foi semeada, a Palavra foi ouvida e foi recebida. Inclusive produziu o fruto inicial da alegria de ouvir a Palavra de Deus. O problema da falta de compreensão e frutificação foi a imaturidade que este coração continuou a sua jornada.
O traço mais característico deste tipo de coração infrutífero é o modo como ele enfrenta dificuldades e a perseguição. O texto diz que “em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza”. A palavra grega que deu origem ao verbo escandalizar é “eschandalizo” que carrega uma conatação de apostasia, distanciamento.
O Evangelho para essa pessoa não é uma pérola que se guarda com a vida. Tal pessoa imatura terá sempre o ego como o seu deus e servirá a ele antes que a Deus. Como as crianças, mais uma vez digo, que pensam mais em si mesmas que nos outros. É o amadurecimento que nos faz pensar no próximo e amar a Deus mais que nós mesmos.
Se desejamos um coração que ouve, compreende e frutifica precisamos usar todos os recursos disponíveis para o amadurecimento da nossa fé. Precisamos aprender com a vida e suas angústicas e não viver mais fugindo.
Para Ter Um Coração Que Ouve, Compreende e Frutifica é Preciso Lutar Contra a Impulso Natural de Se Viver Para Si Mesmo
Com certeza, mais uma vez, podemos afirmar que o problema não está nem no semeador, nem na semente, nem no processo da semeadura. O texto nos informa que o que foi semeado entre os espinhos, isto é, o homem que recebeu a palavra mas estava cercado destes espinhos, ouviu a palavra. A questão estava na sua relação com a vida material, mais que isso, no seu senso de propósito de todas as coisas.
Uma pessoa que compreende a Palavra de Deus frutificará o primeiro e mais valioso fruto que ela oferecerá a Deus é o morrer para si mesma e o viver para Deus.
Tenho guardado em meu coração um texto, para mim, muito importante. Este texto tem me ajudado a vencer grandes tentações. Também, quando eu caio, este texto me trás de volta a ficar em pé:
Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos e, se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor (Romanos 14.7 e 8).
Não que você deva perder qualquer vontade de ter isto ou aquilo, alcançar isto ou aquilo. O ponto não é este, como se Cristo quisesse que vivêssemos sem nenhuma perspectiva pessoal de progresso.
O ponto que Jesus está questionando sobre os corações que não compreendem a Palavra e, portanto, não frutificam é que eles estão concentrados em si mesmos. Portanto, Deus não é o fim de sua existência, mas um instrumento.
Este é um impulso natural, alguns chamam de senso de autopreservação. É verdade, mas é preciso lembrar aqui que, ainda somos muitíssimo dominados por uma inclinação natural ao pecado.
Na parábola temos as seguintes colocações: “porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera”. Minha experiência pastoral nem é tão grande, apenas 13 anos, depois de formado e alguns anos servindo como seminarista. Não obstante, já posso lhes dizer que muitas vezes, chorei, ainda que não externamente, tive o coração cheio de dor, por perceber que neste ponto, Jesus está falando sobre muitos dos crentes que conheci.
Quando compreendermos a Palavra morreremos, de fato, para nossos interesses e veremos que o Reino do Amor de Deus é tudo o que realmente importa. Até lá, ainda veremos tantos se impressionarem com o Evangelho da Prosperidade, com as orações materialistas e com os grandes investimentos nas coisas deste mundo e os parcos investimentos nas coisas eternas.
Se desejas um coração que ouve, compreende e frutifica reveja o seu conceito de significado da sua existência e reprima o impulso na natural de viver para si mesmo.

Conclusão
Você precisa ter coragem, como eu disse no início para fazer essa autorreflexão e encontrar o verdadeiro estado do seu coração. Não minta para si mesmo, não minta para ninguém, isto não lhe ajudará.
Você está satisfeito com os frutos que tem dado? Acha que pode dizer de si mesmo que está de consciência tranquila diante de Deus. Se sim, louvado seja Deus por que sua vida está guardada, bendiga ao Senhor por que lhe deu ouvidos para ouvir.
Mas, se por outro lado, você está incomodado com a sua participação no Reino, você pode falar a verdade com Deus. Diga que você tem recebido a Palavra, mas não tem reagido adequadamente. Fale com o Senhor.
Peça a Ele eu lhe dê ouvidos novos e um coração novo para compreender e praticar a Palavra. Rogue a Ele que a Cruz de Cristo realmente exerça toda  a sua influência sobre você e o sangue derramado ali, tenha um significado existencial novo para a sua vida. Não será vergonha alguma se você se reconhecer longe do ideal e voltar para Deus. A dureza de coração, junto com a idolatria é um dos pecados mais condenados na Escritura e, por incrível que pareça, Deus, muitas vezes, a apontou no contexto do seu próprio povo. Não obstante, Deus, muitas e muitas vezes disse que restauraria o seu povo se ele o buscasse de todo o seu coração.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Que posso dizer a vocês irmãos queridos da IP Vila Formosa. Depois de tantos anos em sua companhia, vocês conhecem muito de perto minha vida e minhas falhas. Primeiro, eu lhes peço que não esmoreçam se eu sou fraco. Segundo, eu lhes peço que, como vocês sabem do meu interesse pelo progresso da sua fé, que vocês se voltem a Deus e persigam o ideal de ser uma Igreja engajada na obra da construção do Reino.
Eu apelo a vocês que não se deixem dominar pelo espírito deste mundo, nem se permitam ser tão imaturos que vivam na superfície da fé. Eu, sou limitado, mas me esforço para apresentar-lhes um Evangelho vivo e com sinceridade, diante de Deus o faço.
Aqueles que têm negligenciado grandemente o crescimento espiritual de suas almas e fugido de momentos como Escola Dominical, reuniões de oração e estudos bíblicos eu conclamo que revejam este grande erro que estão cometendo contra si mesmos.
Àqueles que fogem da comunhão com os irmãos e com frequência se ausentam da adoração, eu rogo que não precipitem suas almas na lama de uma fé nominal apenas. Aproximem-se! Não sejam tão insensatos, esperando uma igreja perfeita para depois servir a Deus, isto não será possível aqui.
Aos líderes, em particular aos pastores e presbíteros, eu peço: Santifiquem-se! Aos pais, que sejam poderosos nas orações! Às mães que conduzam seus filhos aos pés do Senhor. Aos jovens que vivam com Evangelho no seu dia-a-dia! Às crianças, que sejam obedientes a seus pais e amem a Deus.
A Deus eu peço: Aviva a tua obra, ó Senhor!


Em Cristo e no temor do Supremo
Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno

3 de fevereiro de 2013

Mateus 4.18 a 22


O Chamado do Amor
MATEUS 4.18 a 22

O ser humano é capaz de viver ideais. Diferentemente dos outros animais, que existem para satisfazer seus instintos, o ser humano é capaz de amar e, por isto, mais que seguir instintos, ele é capaz de viver ideais. O que são ideais? São aquelas mentalizações da realidade que, ainda que não existam de fato, apontam para algo desejável e melhor do que o que se pode encontrar no presente.
A falta de ideais está tornando os cristãos um povo apático, domingueiro e incapaz de agir pela causa, senão quando os seus interesses estão em jogo. Um homem sem ideais, é um ser que tende à paralisia. Ele passa os seus dias sem a perspectiva do futuro e, por isso, não sabe o que é esperança. E, infelizmente, isto pode ser dito de muitos cristãos que estão tão desmotivados que sejam a praticar um evangelho vergonhosamente descomprometido.
Ideais podem ser inspirados em nosso coração, por meio de uma manifestação de um novo conhecimento, que pode ser instilado em um livro, por uma pessoa, ou grupo de pessoas.
Há uma frase popular do mundo corporativo que diz: pessoas motivam pessoas. Por isso, os cartazes de propagandas usam a figura humana como instrumento de motivação. Eu agora, pretendo parafrasear esta matéria dizendo: pessoas, inspiram pessoas.
Mas qual é o motivo de nos sentirmos inspirados para seguir um ideal? O que nos motiva é o amor. É o amor por uma causa nos moverá a lutar por ela, é o nosso amor por um ideal que nos moverá a trabalhar por sua concretização.
Olhando o nosso texto, eu me pergunto: o que foi que motivou aos irmãos André e Pedro, João e Tiago a deixarem tudo imediatamente e seguirem a Jesus? Qual foi o ideal que os contagiou e conquistou o seu coração e os tornou discípulos de Jesus?
O ideal capaz de dar aos discípulos uma disposição totalmente voltada à Deus é o amor e eles viram isto em Jesus.
Quando você e eu aprendermos a amar idealmente a Jesus, então, nosso coração estará pronto para o serviço total. Como posso me contagiar pelo ideal de vida proposto por Cristo? O texto de Mateus nos mostra os discípulos “deixando imediatamente tudo” para viver com Cristo e, as características desse chamado podem ser o ponto de reflexão para que também nós nos vejamos envolvidos pelo ideal de viver com Cristo.

O Contagiante Chamado de Cristo Revela o Amor
Por que é Um Chamado Para Viver Pessoalmente Com Ele
O texto nos informa que Jesus, caminhando junto ao Mar da Galiléia “viu” dois irmãos, André e Pedro. O texto também nos diz que da mesma forma “Viu” Tiago e João.
Há algo de valor e significado nessa maneira como Jesus se aproximou dos seus discípulos. Na verdade, este é um dos pontos mais preciosos de toda a vida cristã: O Bom pastor conhece as suas ovelhas e as chama pelo nome.
Jesus Cristo não nos trata apenas como um número, ou uma força de trabalho impessoal, uma massa de manobra. Jesus Cristo nos propõe um relacionamento pessoal com Ele.
Quando Mateus nos diz que Jesus viu os irmãos, está nos dizendo mais que simplesmente bateu os olhos naqueles homens à beira do mar, mexendo nas redes e trabalhando no barco, está pontuando que colocou o olhar sobre eles, destacou-os de todos os demais que estavam ao seu redor.
Colocar os olhos sobre os discípulos é comprometer-se pessoalmente com eles, envolver-se pessoalmente com eles. Isto é o que acontece quando o Senhor morre na cruz por nós, ele estabelece um envolvimento pessoal conosco, pois ele morre por você, é a você, pessoalmente que ele concede vida eterna. Por isto, é impressionante que o modo como Deus resolveu firmar este pacto tem como ilustração o “por o seu nome no livro da vida”.

O Contagiante Chamado de Cristo Revela o Amor
Por que é Um Chamado Que Considera Quem Somos
Quando Jesus se aproximou das duplas de irmãos, duas referências nos chamam a atenção. Eles eram pescadores e, no caso de André e Pedro, estavam lançando as redes, no caso de Tiago e João, estavam atarefados no barco de seu pai, consertando as redes.
No verso 19, temos a frase que indica que Jesus partiu do que eles eram para transformá-los: Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens. Além de ser uma maneira muito clara de apresentar àqueles pescadores o seu projeto de transformação de vida, esta maneira de os conclamar a segui-lo mostra que Jesus os conhecia e partia do que eles eram para transformá-los.
Além de Jesus nos chamar pessoalmente, ele nos chama como somos, como estamos. Ele não despreza nossa história pessoal, ainda que venha para nos transformar. Às vezes, nos transformar por completo como no caso de Zaqueu, o publicano. Não obstante, era a partir do que somos que ele começou a trabalhar a nossa vida.

O Contagiante Chamado de Cristo Revela o Amor
Por que é Um Chamado Para Uma Vida de Comunhão
O texto nos informa que a reação dos irmãos foi o deixar tudo e seguir a Jesus. A maneira como esta frase é registrada por Mateus nos dá conta de que eles o seguiram e continuaram seguindo, um tempo do verbo grego que denota a durabilidade e continuidade da ação verbal.
De fato, foi isto o que aconteceu por todo o tempo que estiveram estes discípulos com Jesus. Eles viveram muito próximos de Jesus e com ele dividiram as mais intensas experiências: o mar se aquietar, a cãotiplicação dos pães, inúmeras curas, a água transformada em vinho, o sermão da montanha e tantos outros momentos com Jesus numa vida de intensa comunhão.
Isto era tão significativo para Mateus que fez questão de terminar o seu Evangelho mostrando como esta comunhão na vida cristã era plena e se plenificaria dia após dia, mesmo depois da morte de Jesus: Eis eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos.

Conclusão
Será que a falta de comprometimento por parte de muitos dos discípulos Jesus seja diretamente relacionada à sua pouco compreensão do que significa o chamado do amor de Cristo?
Talvez uma falta de compreensão mais abrangente do que significa a ligação com o Altíssimo que eu e você temos, por causa da cruz, nos torne ignorantes demais para nos estimular a viver o ideal cristão de entrega e comprometimento.
Somente pessoas que abrigam no seu coração a vida cristã como um ideal, alcançarão forças para um comprometimento intenso com o Reino de Cristo Jesus.
Esta é a história que Mateus está nos mostrando aqui, a história de homens que viram em Jesus um motivo de inspiração para crer no ideal de amor e entrega a Deus e ao próximo. Estas eram as marcas do Reino, pelo qual eles lutaram, pelo qual eles deixaram tudo.
Causa-me espanto que crentes, que têm recebido tudo do Senhor nada tenham a oferecer senão o resto ou uma vida divida entre dois reinos, o seu próprio e um pouco do reino de Cristo.
Reveja suas opções e revisite no seu coração o conceito que você tem de Cristo. Proponha-se a pensar em quanto amor Jesus dedicou a você e repense se isto não é um motivo para o levar a abraçar a causa de Cristo com mais amor.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Da mesma forma é isto que temos de fazer aqui na IPBVF.  Nossa história abençoada até aqui não pode ser o fim de nossa trajetória. O amor idealista de muitos irmãos do passado não foi em vão. Pois esperamos que muitos se levantem para seguir adiante e servir a Cristo com o mesmo amor idealista.
Desejamos ser edificados em um amor comprometido com o Reino, pronto para deixar tudo e servir a Jesus. Ele nos chama pessoalmente a fazer esta obra aqui. Não há razão para que pensemos diferentemente.
Ele nos conclama a oferecer o que temos em nossas mãos para o trabalho. Ele quer nos fazer pescadores de homens. Compromissados não com o mundo, ou com nossa vida apenas, mas com a salvação de almas e o seu resgate.
Parabéns a todos da IPBVF e, particularmente, parabéns àqueles que desejam oferecer como presente a Deus sua vida e seu comprometimento.

Em Cristo e no temor do Supremo
Rev. José Mauricio Passos Nepomuceno