8 de abril de 2010

Ressurreição em Nós

A Ressurreição do Verdadeiro Amor

A ressurreição é um ato redencional de Deus, por meio do qual o Pai estabelece o reinado do Filho, que passa a governar o Universo, tendo seu principal foco na restauração do povo do pacto: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm. 8.18). Isso torna a ressurreição o princípio de um mundo transformado pela vida que vem do trono de Deus.

Não obstante compreendermos que a ressurreição implica em mudança redencional para o povo do pacto de Deus, falta-nos conhecer as transformações práticas que se deve esperar deste povo, uma vez que a expectativa de restauração da humanidade em Cristo não pode ser considerada como uma realidade apenas para a vida “por vir” (celestial ou nova-terreal).

A implicação mais direta da ressurreição tem a ver com o estado dos crentes em Cristo; Pois, com a morte e ressurreição de Jesus, todos passam a ser considerados “vivos para Deus”.

Essa nova vida, que recebemos na ressurreição de Cristo, nos transforma em cidadãos do Reino do Filho do amor de Deus (Cl.1.13). O que se configura como um cumprimento de diversas profecias do velho testamento, que apontam para mudanças significativas não somente em nosso estado em relação a Deus, mas também em transformações comportamentais que se devem evidenciar em nossa consciência e prática da nova vida em Cristo Jesus.

Dentre as grandiosas transformações que se operam e esperam nos crentes, o “viver para amar” é aquela que principalmente precisamos perseguir, uma vez que a que melhor evidencia nossa ligação com Cristo (Jo.13.35),

Amar a Deus e ao próximo é o principal ponto de ajustamento da nossa natureza humana ao novo padrão da sociedade redencional do Reino de Jesus. Isto implica em que tal comportamento de amor deve ser considerado indispensável para que o cristão demonstre seu novo estado em relação a Deus.

Concluímos, então, que o verdadeiro cristão deve procurar com todas as forças o desenvolvimento dos hábitos de amor que o aproximem de Deus e do seu próximo. Afinal, Deus nos deu vida para amar.

A Ressurreição da Perseverança

Perseverar é permanecer em uma vereda com insistência, não se importando com as dificuldades do caminho. Na Bíblia o termo é fruto da tradução das palavras “Hupomoneh” (constância - carregando um peso sobre as costas) e “Steréoma” (firmeza e resistência contra uma ação contrária).

Os conceitos exarados nestes termos propõem duas maneiras de encarar o ato de perseverar. No primeiro vocábulo, podemos compreender a perseverança como algo ativo, uma ação de prosseguir. No segundo, a perseverança é vista do ponto de vista reativo, ou seja, o modo como suportamos aquelas coisas que desejam nos afastar do caminho.

De muitas formas, estes dois modos de compreender o que é perseverar tem a ver conosco. Muitas vezes, em nossa vida com Deus somos tentados a pensar que o caminho é duro demais, outras tantas, achamos que a ação contrária será mais poderosa do que a nossa capacidade de resistir e nos manter firmes.

Este é um momento delicado da vida de todo crente. Pois, quando a nossa perseverança está ameaçada, de alguma forma, dentro de nosso coração a esperança e nossa fé em Deus ficam doentes. A perseverança não é apenas uma recomendação bíblica, mas uma ferramenta eficiente para o combate ao pecado que ainda habita em nós. Por isso, asseverou Jesus: "de todos sereis odiados por causa do meu nome. Contudo, não se perderá um só fio de cabelo da vossa cabeça. É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma" (Lucas 21.17 a 19).

A ressurreição de Jesus é a mola mestra de toda a perseverança cristã. Ao ressuscistar, Jesus concedeu a todos os seus irmãos e irmãs a confirmação de todas as promessas de Deus aos pais, desde Adão, quando o Senhor prometeu nos resgatar.

Todas as vezes que nossa capacidade para perseverar se vê diminuida, devemos recorrer à escritura na busca de fazê-la reacender em nosso coração. Isso é o que percebo, aconteceu certa feita, quando Jesus encontrou dois dos seus discípulos que haviam desistido da caminhada cristã.

Quando Jesus Cristo foi crucificado, muitos dos seus primeiros discípulos tomaram aquele acontecimento como uma “ducha de água fria” em seus planos. A morte “prematura” de Jesus colocara fim nos anseios messiânicos deles e muitos resolveram dar novo rumo às suas vidas.

Um bom exemplo podemos encontrar em Lucas 24.13 a 35, que fala dos dois discípulos que caminhavam na direção de Emaús. Eles tiveram um encontro maravilhoso com Jesus e viram renascer em seus corações as forças que nos fazem perseverar.

Destaco, nesse texto, três necessidades básicas de quem deseja perseverar na fé em Cristo. A primeira é que quem deseja perseverar até o fim é, considerar o que está perdendo ao desistir.

Jesus, se aproxima daqueles homens e lhes questiona sobre o que eles estão falando e os provoca a recontar a história que esperavam que se realizasse: “...nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel” (Vs 21a). Dessa forma, Jesus provê à mente desses irmãos, a memória de sua esperança. Quando repensamos o que verdadeiramente a vida cristã espera, começaremos a reagir para perseverar.

Logo após esse primeiro ponto da conversa, Jesus lhes dirige uma dura exortação: “Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram...” (vs.25). A perseverança cristã é o resultado de uma completa e total confiança na Palavra de Deus. Perseverar é seguir no Caminho que Deus nos mandou seguir. Desistir da jornada cristã é uma maneira tosca de se dizer: A Palavra de Deus não é tão confiável.

Por fim, a perseverança cristã depende diretamente de uma constante comunhão com o Salvador. A última parte do texto nos mostra a insistência deles para que Jesus continuasse em sua companhia. Depois que Jesus parte o pão, perceberam finalmente quem era aquele viajante e seus corações foram renovados em esperança e decidiram voltar imediatamente ao caminho, à vereda da fé: “Então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram...” (vs 31).

Quando temos inclinação a desistir, precisamos nos lembrar da ressurreição e que ela é a nossa maior razão para continuar.

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