23 de abril de 2010

Fidelidade - Um Preço a Pagar

Marcos 16.14 a 20


"Finalmente, apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado.


E disse-lhes: Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem , porém não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enferemos eles ficarão curados.

De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus. E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a apalavra por meio de sinais que se seguiam".







INTRODUÇÃO TEMÁTICA





Estamos acostumados a pagar pelas coisas que precisamos e sabemos que se queremos algo de valor, haveremos de pagar um bom preço por isso. Ainda que procuremos coisas no menor preço, sabemos que sempre haverá um preço mínimo a ser pago. Algumas vezes chegamos mesmo a descartar preços menores, com medo de que o produto oferecido não seja de qualidade, um bom exemplo disto é quando procuramos um posto de gasolina para abastecer o nosso carro. Se em todos os postos a gasolina está R$ 2,49 e você passa em frente a um posto de gasolina com a placa: gasolina - R$ 2,00, tenho certeza absoluta, que você irá se perguntar: será que é boa?





Eu tenho visto e ouvido as pessoas na igreja falando sobre vida com Deus. Muitos dizem que precisam de Deus e querem ter mais da manifestação da presença de Deus, que desejam ter mais comunhão com ele, e muitos dizem esperar que Deus faça uma obra em suas vidas. Mas, a maioria absoluta destas pessoas, não estão dispostas a pagar o preço por uma vida de tão grande valor.





Se você deseja seguir a Jesus e ter uma vida que agrada a Deus e viver a expectativa positiva para o dia da volta de Cristo Jesus, você deve saber: HÁ UM PREÇO A SER PAGO! A salvação é uma obra da graça, pois sequer seríamos capazes de pagar por ela, mas quando a ser discípulo de Jesus e viver como seu embaixador e ter vida suprida pela presença de comunhão do Espírito Santo, sentir-se filho de Deus e desfrutar de todas as bem-aventuranças da graça que nos foi concedida no Amado, isto requererá de você um preço.





Tão acostumados estamos a tratar a vida com Deus como um produto de segunda categoria, ou quem sabe terceira, que temos pago muito pouco por isso. Não é de se admirar que tantos crentes se contentem com uma vida tão miserável na fé, que sequer podem compartilhar seus dons e receber dos outros aquilo que eles têm à compartilhar. Preferindo suas vidas vazias de Deus e cheias de si mesmos, a pagarem o preço de uma total entrega ao Senhor da Vida.





CONTEXTO DA PASSAGEM





Os versos finais do evangelho de Marcos são contestados por muitas pessoas se de fato estariam inclusos no texto original do evangelho. Algumas das argumentações são bem convincentes de que, Marcos não teria escrito os versos 9 a 20 e que os mesmos teriam sido incluídos por algum irmão, com a finalidade de dar um desfecho mais adequado ao evangelho que parecia uma obra inacabada. Por outro lado, há também aqueles que crêem que, por se tratar de um livro escrito não em forma de papiro, mas em forma de códice, isto é, várias páginas separadas, por algum tempo esta última parte teria se extraviado e foi depois inclusa novamente na leitura deste evangelho.


Talvez jamais saibamos a resposta verdadeira para estas questões quanto ao final do Evangelho de Marcos. Particularmente, prefiro adotar a posição da Igreja antiga, que, apesar de compreender que havia alguma dúvida sobre este final, adotou-o como sendo parte do evangelho, mesmo que tivesse sido incluso mais tarde por um irmão, pois os dizeres dos versos finais, não são conflitantes com o restando do conteúdo bíblico e se harmoniza em parte, com a passagem do capítulo final de Mateus.



Como os outros evangelhos, Marcos também retrata a incredulidade dos discípulos após a ressurreição de Jesus. Quando Maria Madalena conta aos discípulos que Jesus havia ressuscitado, diz o texto: ...não acreditaram (Mc.16.11). Quando os dois que caminhavam para Emaús, chegaram de volta à Jerusalém e encontraram aos discípulos e lhes contaram como fora o seu encontro com Jesus, diz o texto: ...também a estes dois não deram crédito (Mc.16.13).
A incredulidade é a resposta do coração humano à revelação de Deus, quando o homem não está disposto a pagar o preço de abrir mão de si mesmo para seguir a Cristo. Há pessoas que até acham que o caminho do fé é interessante, mas tem valores demais para abrir mão, por isso, preferem a resposta da incredulidade.


Mas, os discípulos já haviam deixado tudo para seguir a Cristo Jesus, por que então não creram. Não seria mais lógico que viessem crer, já que a vida deles havia girado em torno de Jesus? Aparentemente, a incredulidade deles teria uma outra explicação, quem sabe, os homens que viram os pães e os peixes se multiplicarem, mortos ressurgindo, coxos, cegos, mudos, surdos, endemoninhados sendo curados... ainda não teriam fé o suficiente para crer na ressurreição, que aliás já era uma doutrina que os próprios judeus, em sua maioria, cria.



A Escritura nos diz que a incredulidade deles, nascia da dificuldade que tinham de dar crédito à Palavra de Deus, por isso, Lucas diz que somente depois, quando entenderam as Escrituras é que creram. Essa falta de fé na Palavra de Deus é também o motivo porque muitos crentes preferem viver a distância de qualquer comprometimento sua vida cristã.








Se você observar o texto que separamos, não terá dificuldade em perceber que ele está dividido em três partes. A primeira, Jesus censura os discípulos por sua incredulidade (verso 14); a segunda, o comissionamento deles a pregar com as observações sobre os sinais que haveriam de seguir os que crêem (versos 15 a 18); e a última, uma nota editorial de Marcos, afirmando que de fato, depois de Jesus subir aos céus e assumir a autoridade do trono celestial, aqueles sinais acompanharam os seus discípulos.








Minha intenção não é abordar o tema nas três partes, mas abordar inicialmente a terceira e a primeira, para depois explorar os meus argumentos sobre o PREÇO DA FIDELIDADE nos versos 15 a 18.








De Incrédulos e Descompromissados a Homens de Fidelidade Sem Igual

(versos 14, 19 e 20)





Em sua nota editorial, Marcos está mais ou menos nos dizendo assim: "de fato, depois que Cristo subiu ao céu e assentou-se no trono de sua glória, os discípulos saíram pelo mundo para pregar o evangelho e o Senhor ia com eles, como havia prometido, e os sinais da presença de Cristo os acompanhava".


O texto do Comissionamento Para Evangelização, é introduzido por Marcos dentro de um contexto de descomprometimento e incredulidade. A palavra grega que definia a sua incredulidade é "apistian", sendo esta proveniente da raiz: "pistis" - fé. Na verdade, o que Jesus está dizendo é que eles eram incrédulos, não "pistós", isto é, não crentes, lhes faltava "fé". Nesta mesma raiz encontraremos a palavra "fidelidade".

Fidelidade é a fé em sua obra prática. Fidelidade é a expressão do conteúdo da nossa fé, por isso, podemos encontrar na Escritura, textos como o de Tiago que dizem: a fé sem obras é morta. Em outras palavras, o modo como transformo o meu conhecimento de Cristo e sua obra em algo palpável é a minha entrega a Ele, em termos da minha fidelidade.


Eu insisto em dizer que um dos nossos problemas neste tema é quanto a questão: o que é fideldiade? Quando o Senhor Jesus, na parábola que contou sobre os trabalhadores que receberam talentos e termina com aquela terrível palavra para aquele homem que tinha apenas um talento e o enterrou, eu fico apavorado! Mas, certamente, a fidelidade que o Senhor exige de nós não pode ser confundida com a absoluta impecabilidade, isso seria o mesmo que condenar-nos a todos. A parábola não trata de uma competição pelo exercício dos dons, nem ressalta a nossa capacidade total de administrar as coisas de Deus. Creio que o ponto central da fidelidade se distingue na idéia: A QUEM SERVIMOS? PARA QUEM VIVEMOS? QUAL DEVE SER O NOSSO MAIOR INTERESSE ENQUANTO SERVOS?


Um escravo, no tempo dos apóstolos era considerado fiel não se fosse perfeito e fizesse tudo direito, mas se tivesse a mentalidade de entrega e pertencimento, isto é, sou escravo do senhor tal. Creio que a fidelidade que Deus exigirá de nós tem a ver com essa idéia geral: VIVEMOS E PERTENCEMOS AO SENHOR?


Para alcançar essa graça da FIDELIDADE, a fé em prática, precisamos nos dispor a pagar o preço de uma vida assim. Quero fazer uma avaliação dos versos 15 a 18 e depois 19 e 20 a guiza de conclusão, partindo desse pressuposto homilético: JESUS APRESENTA O PREÇO DA FIDELIDADE DO DISCÍPULO.


FIDELIDADE - PAGUE O PREÇO DE UMA VIDA PEREGRINA


Ide por todo o mundo


O texto apresenta aos discípulo o desafio de desaraigar-se do lugar onde viviam. Na verdade, a Escritura nos mostra, como o próprio Marcos (ou o autor do trecho) destaca, de fato os discípulos foram e pregaram em toda a parte.


Uma das coisas que mostrarão nossa fidelidade é a nossa capacidade de desaigar nossas paixões por este mundo. Uma das coisas que mais nos incomoda não somente no passado, mas sobretudo nos dias atuais são as nossas posses, em particular nossa moradia.


Lembrando uma das passagens dos evangelhos, quando alguns discípulos disseram que queriam seguir a Jesus, ele lhes disse: As raposas tem os seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do HOmem não tem onde reclinar a cabeça (Mt.8.20).


Para muitos isso é coisa de missionário, para Jesus, o desapêgo das coisas temporais é um preço a ser pago por todos os que desejam segui-lo. Tomo como ilustração uma passagem de 1 Coríntios 7.29 a 34a.


FIDELIDADE - PAGUE O PREÇO DE UMA VIDA DE TESTEMUNHO PARA A SALVAÇÃO DE ALMAS


Pregai o evangelho a toda criatura


Anunciar que Cristo é o Senhor pela vida e pala Palavra, esse é o compromisso que fazemos quando nos tornamos membros da Igreja. Muitos se acomodam em ouvir a Palavra e sua fidelidade não pode ser demonstrada apenas porque você aceita a verdade, mas sua fé se torna prática, quando você compartilha a verdade que você aceita e você se interessa em que outros também a conheçam e creiam nela.


Há pessoas na Igreja que não tem disposição de pregar o evangelho por simples acomodação e já estão na vida cristã há 20, 30 anos e nunca, vou repetir NUNCA falaram de Jesus com segurança, ou compartilharam sua fé com convicção, quer por simples comodismo, quer por medo... tomo mais uma vez Paulo por exemplo: ai de mim se não pregar o evangelho.


FIDELIDADE - PAGUE O PREÇO DE SER ACEITO OU NÃO


Quem crer e for batizado será salvo, porém, quem não crer será condenado


Eu sei que nós queremos gastar tiro com a caça certa. Por isso, esperamos somente aquela presa fácil, aquela que demonstra que nossa empreitada será facilitada. Alguns irmãos, querem ser fiéis ao SENHOR, mas desejam que sua fidelidade seja provada sempre na certeza absoluta de que serão compreendidas e bem recebidas sempre. Não pensam que a fidadelidade a Deus será mais evidente quando recebermos oposição ou quando nossa conquista, empreender lutas.



FIDELIDADE - PAGUE O PREÇO DE CORRER RISCOS



Estes sinais hão de acompanhar os que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão em novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados.


A maior parte dos crentes lêem esses versos com uma ênfase fundamental na grandiosa descrição das capacitações dadas aos crêem. Eu, particularmente, faço uma leitura bem diferente. Baseado no modo como o evangelho, ao longo de seu percurso nos ensina sobre o preço do discípulado e que o próprio Jesus sofreu a injustiça da morte na cruz, eu prefiro ler o evangelho do ponto de vista dos sofrimentos que só seriam suplantados por uma ação sobrenatural de Deus no meio da comunidade dos que crêem.

Somente que viveu intensamente ministérios reais de expulsão de demônios, ou missionários que tentaram comunicar verdades a povos de linguas diferentes sabem, quanto é cansativo e de uma poder depressivo expor nossa alma a tamanha luta espiritual.



FIDELIDADE - ESTE É O PREÇO DA CERTEZA DA COMUNHÃO COM O SENHOR.


E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o SENHOR e confirmando a palavra por meio de sinais que se seguiam..



Este é o ganho da FIDELIDADE: a Comunhão do SEnhor, a manifestação de sua presença ao nosso lado. Portanto, a FIDELIDADE é o preço para esta segurança.

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