Lições do Batismo de Jesus
O Amor Forjando Uma Íntima e Verdadeira Comunhão
Com Deus
O indiscutível amor de Jesus
pelo Pai produziu um tipo de vida que o conduziu a viver em plena comunhão com
Ele. Este texto, quando visto deste ponto de vista, nos incita a imitar Jesus
para ter a plena comunhão com o Pai. Procuraremos no texto as marcas da vida de
Jesus que o levaram a tal comunhão e a partir delas procurar viver para agradar
a Deus.
INTRODUÇÃO
O ministério de João Batista
tinha como objetivo endireitar as veredas para a chegada do Messias e, com
certeza, o dia mais impressionante da vida de João Batista deve ter sido aquele
descrito neste texto, quando Jesus Cristo se apresenta diante de João para ser
batizado.
Mateus nos mostra a hesitação
de João naquele momento em que disse para Jesus que era ele, João, que deveria
ser batizado. Certamente, João não estava mais pensando em água, mas no batismo
com o Espírito Santo.
Entretanto, Jesus insistiu em
que João o batizasse com a finalidade de cumprir toda a justiça da Lei e, no
momento em que Jesus saiu da água, os céus se abriram e a voz do Pai ecoou
afirmando o amor do Pai por Jesus e o Espírito Santo veio sobre o Senhor em
forma de pomba.
Naquele momento, uma
declaração gloriosa estava sendo feita, a declaração da plena comunhão entre o
Pai e o Filho e da plena comunhão entre o Filho e o Espírito. Naquele momento
estava sendo testemunhado para todos que Jesus Cristo era o Messias prometido,
conforme predito pelos profetas.
A comunhão de Jesus com o Pai
não surge apenas porque Ele é o Filho de Deus. Mas, como homem, ele aprendeu a
viver para a glória do Pai. Ele cresceu diante do Pai, como nos diz Lucas no
seu relato sobre a infância de Jesus. Devemos aprender que as atitudes de Jesus
como homem são parâmetros para a nossa imitação. Elas revelam um caminho para a
comunhão que Deus deseja ter com todos os seus filhos.
João, o discípulos, escreveu
em sua primeira carta que ele escrevia sobre Jesus e a vida com Cristo para que
todos tivessem comunhão com Ele, com o Pai e uns com os outros. Então, acredito
que a imitação de Cristo é a mais perfeita estrada para a comunhão com Deus.
Nossa comunhão com o Pai se
dá em duas etapas. A primeira tem uma característica forense e se dá no momento
em que nossos pecados são pagos na cruz. Ali, Cristo restaura a nossa comunhão
com o Pai em termos de nosso estado.
O segundo momento da nossa
comunhão com Deus se dá em um processo de crescimento e amadurecimento da nossa
fé, ou se você quiser, em nosso processo de santificação, quando vamos nos
tornando cada vez mais parecidos com Jesus e, por isso, cada vez mais próximos
do Pai.
Hoje quero falar sobre este
segundo aspecto que deve ser trabalhado em nossa vida. Até porque, o primeiro
momento da nossa santificação, para aqueles que depositam em Jesus sua fé, já
foi dado uma vez por todas. O segundo momento é o da imitação do modo de vida
de Jesus e este é um dos mais importantes passos da vida de qualquer pessoa.
Portanto, se você deseja um
nível de comunhão elevada com o Senhor. Eu quero lhe convidar a olhar para
Jesus e imitá-lo.
QUEM DESEJA VIVER UMA ÍNTIMA E VERDADEIRA COMUNHÃO
COM DEUS NÃO PODE SER DOMINADO PELO AUTOAMOR
Já mencionei este ponto em
uma mensagem anterior quando focamos o comportamento daqueles fariseus e saduceus
que procuraram João para serem batizados.
Eles, inadvertidamente,
tinham um autoamor tão elevado que julgavam que sua condição de descendentes de
Abraão estava acima de seus pecados. Seus corações não poderiam ser curados da
chaga do pecado, porque não poderia produzir fruto de arrependimento.
Simplesmente porque o seu autoamor não os permitia ver com realidade sua
condição e necessidade de homens caídos.
No texto de hoje, veremos
este mesmo ponto de outra forma. O veremos no comportamento de Jesus que
caminhava na direção contrária do comportamento dos fariseus e saduceus.
Jesus também se apresentou
para ser batizado por João, assim como aqueles homens. Contudo, Jesus não
poderia ser incluído de forma dura, como João fez com aqueles, no grupo da raça
das víboras. Jesus não tinha pecados, ele não somente era digno de ser
batizado, mas como o próprio João admite, não precisava ser batizado.
Eu é que
preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?
João está completamente certo
no que está dizendo. Jesus era maior que João, como o texto anterior nos
revela. João não era digno de carregar as sandálias dele. Ele era mais
poderoso, Jesus era o Cristo! João está completamente certo no que está
dizendo, Jesus ir até ele para o batismo de arrependimento é um contracenso.
Contudo, é importante que
aprendamos uma lição aqui. Jesus sabia que era o filho de Deus. Jesus sabia
também que não tinha pecados e Jesus sabia que era o Messias e que não
precisava do batismo nos mesmos termos que os outros homens. A resposta que
Jesus dá indica este conhecimento. Ele diz “por enquanto”... isto é, neste
momento João, isto é necessário.
O autoamor de Jesus jamais o
controlou. Ele jamais pensou de si mesmo além do que convinha e jamais procurou
viver para satisfazer a si mesmo. Neste momento, ele revela que apesar de ser o
Filho de Deus e o Messias prometido, esta condição não carregava em seu coração
puro nenhuma inclinação para a vanglória ou a autoglorificação.
Você pode perceber esta
atitude no texto? E agora, o mais importante, você pode pensar em você e em
como você tem decidido as coisas da sua vida, especialmente nos momentos em que
está em uma condição de superioridade? Como reagimos nestes momentos.
Estamos em uma sociedade que
valoriza a imponência e o poder. Em nosso meio social os grandes é que são
considerados os melhores e as pessoas lutam para mostrar sua supremacia sobre
as outras.
Quando o autoamor nos domina,
tendemos a expor nossa força e buscar superar os outros. Não é uma questão de
arrogância ou de ser arrogante, mas trata-se de uma simples inclinação do
autoamor que tende a nos inclinar para a autovalorização e buscar a admiração
das outras pessoas. A questão é que isto ocorre tanto com aqueles que vivem
circunstâncias maiores dentro de um grupo social maior, quanto para os pequenos
círculos, às vezes, dentro da própria família, no relacionamento conjugal.
Outras vezes, dentro dos limites da vida cristã, da igreja, dos ministérios.
Por
isso, se queremos ter comunhão com o Pai precisamos aprender a não viver
dominado pelo autoamor.
QUEM DESEJA VIVER UMA ÍNTIMA E VERDADEIRA COMUNHÃO
COM DEUS DEVE DESENVOLVER O ESPÍRITO DE OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO
Uma moeda tem dois lados,
contudo os lados são diferentes entre si e possuem características próprias. Pode
parecer que diremos o mesmo que foi dito no passo anterior, mas eu garanto que
estamos falando de coisas diferentes aqui.
Neste ponto, quero observar
que o complemento do que pontuamos acima é o desenvolvimento do que pontuaremos
aqui, contudo, nem sempre, as pessoas que dispõem do primeiro padrão de
imitação, conseguem seguir neste segundo padrão. Uma coisa é não viver para a
vanglória e dominado pelo autoamor, outra bem diferente é se dispor à obediência e à submissão. O que no fundo,
apenas revela que o primeiro padrão é incompleto de quem tem a dificuldade do
segundo passo.
Acho que posso ir além e
afirmar o seguinte: este segundo padrão
da imitação de Cristo é o grande teste para saber que já temos o primeiro. Em
outras palavras, as situações em que somos expostos a decidir sobre a
obediência e a submissão são os grandes testes a respeito do poder de dominação
do autoamor sobre a nossa vida.
Quando Jesus Cristo
estabeleceu o padrão “negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz e siga-me”
estava propondo estes dois passos aos seus discípulos. Estava apresentando uma
dupla atitude que ele mesmo mostrou em muitas e muitas ocasiões, principalmente
na sua crucificação é claro, mas que também fica evidente aqui, no início do
seu ministério no momento do seu batismo.
Veja que João o interpela e a
resposta de Jesus é a seguinte:
Deixa por
enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça.
Não sei se você parou pensar
sobre isto, mas aqui, Jesus está se propondo a ser batizado por João, o que era
determinado para pessoas em rebeldia diante de Deus, que viviam em pecado e que
se sentiam ameaçadas pela ira vindoura. Mas Jesus não tinha nenhuma destas
coisas contra si.
A motivação de sua entrega ao
batismo de arrependimento de João é um ato voluntário de diminuição e entrega,
por amor aos outros. Você consegue perceber isto aqui?
Eu diria que a vida de Jesus
inteira foi um ato de voluntária submissão, humilhação e entrega obediente. Eu
me pergunto se por acaso ele precisaria passar fome, ser tentado, ser acusado
de blasfemo, ser odiado para ser o filho de Deus. Contudo, ele se submeteu às
exigências que a Lei estabelecia para pecadores, mesmo sem ter nenhum pecado.
Jesus não era controlado pelo
autoamor, mas se deixava mover por um amor voluntário a Deus e ao próximo. Por
isso, era capaz de se submeter obedientemente às exigências da Lei.
Este ponto é um dos pontos
mais difíceis da jornada de qualquer cristão. Trata-se daqueles pontos da nossa
vida em que precisamos caminhar uma estrada escura e cheia de pedregulhos por
amor ao próximo, mesmo que não tenhamos necessidade alguma de estar ali.
Eu penso em muitas discussões
e divisões dentro do contexto das igrejas cristãs se dão em virtude de que
ninguém deseja se submeter a pensamentos que julga serem menos interessantes ou
inteligentes que os seus. Quantas vezes somos levados a ouvir frases do tipo:
se for deste jeito, então não faço!
A grande prova do quanto
aprendemos a não sermos dominados nosso autoamor é a o desenvolvimento da nossa
capacidade de carregarmos cargas que não são nossas e fazer delas nossa própria
cruz. Quando estivermos prontos para trilhar caminhos que exijam a nossa
humilhação, ou mesmo que simplesmente exijam que olhemos para o outro mais que
para nós mesmos, então estaremos apresentando os dois padrões da imitação de
Cristo, conforme temos falado nesta pequena meditação.
QUEM DESEJA VIVER UMA ÍNTIMA E VERDADEIRA COMUNHÃO
COM DEUS DEVE SE DISPOR A VIVER A AGRADAR A DEUS
Quem é dominado pelo autoamor
não pode alcançar a graça de viver para agradar a Deus. Primeiramente não
alcança essa graça por que, na verdade, vive para agradar a si mesmo, portanto,
Deus é apenas um instrumento da sua vida e não a finalidade da mesma.
O primeiro sinal da vida que
agrada a Deus é a manifestação da presença do Espírito Santo em nossa vida.
Muitas vezes me perguntei sobre o motivo do Espírito Santo aparecer de forma
tão evidente no batismo do Espírito Santo.
Em primeiro lugar, creio que
isto aconteceu para testemunhar claramente que Jesus era o Cristo. Portanto, a
descida do Espírito Santo em forma de pomba, somada ao ressoar da voz do Pai,
eram importantes para a creditação da autoridade de Jesus Cristo como o Messias
prometido.
Não obstante essa creditação,
devemos considerar que ela não ocorrera apenas porque Jesus era o Messias, ele
de fato tinha uma vida de proximidade com o Espírito Santo. Ele se dispôs a
esta busca e se dispôs a viver para agradar a seu Pai.
A presença do Espírito Santo
em forma corpórea era apenas um sinal do que já acontecia no interior do
coração de Jesus Cristo, pois era homem cheio do Espírito Santo.
A voz do Pai ressoou em uma
palavra de grande amor e felicidade na vida do seu Filho:
Este é o meu
filho amado, em que me comprazo.
O pai declara o seu amor e
afirma que tem prazer em seu filho. O amor de Jesus pelo Pai o levou a viver
para agradá-lo. Jesus Cristo enfrentou decisões difíceis em sua caminhada na
terra, mas sempre a vontade do Pai e o fazê-lo satisfeito era o seu prazer e a
sua alegria, o maior combustível para a sua vida.
Certa feita, Jesus afirmou
que a sua comida e a sua bebida era fazer a vontade de seu Pai. Assim, podemos
aprender desta declaração de amor de Deus que ela é o resultado direto do fato
de que o Amor de Jesus Cristo pelo Pai o levou a viver um padrão comprometido
com a intencionalidade de agradar a Deus em tudo.
Quando crentes como eu e você
decidem deliberadamente que sua vida refletirá o padrão de vida comprometido
com a alegria de Deus, muita coisa muda no modo como passamos pelos nossos
dias.
Quando a nossa comida for
fazer a vontade do Pai e agradá-lo tornar-se a manifestação do Amor a Deus
sobre todas as coisas, então, acredito que a Igreja de Cristo terá novamente
forças para impactar este mundo tão egocêntrico.
Pessoas movidas pelo seu amor
a Deus e a vontade de alegrar a Deus acima de tudo têm força moral, ética e
espiritual para mostrar ao mundo o Reino de Deus.
Conclusão
Acredito que perdemos muito
em nossos dias por termos nos distanciado dos padrões elevados mostrados nas
Escrituras Bíblicas. Perdemos muito por termos tornado a vida de Cristo apenas
um referencial teórico da nossa fé.
Um mundo afundado no autoamor
como mecanismo básico do pensamento geral precisa urgentemente redescobrir o
valor de uma fé centrada em Deus.
Jesus Cristo é o maior
exemplo bíblico, por isso a imitação de sua vida é um passo mais que necessário
para aqueles discípulos que servirão como janelas vivas do Reino de Deus. Por
meio dos quais o mundo conhecerá a força do amor a Deus e a força da fé
Cristocêntrica.
Neste texto três padrões de
imitação são apresentados: Não viver dominado pelo autoamor, viver decidido
prontamente a obedecer e se submeter a Deus e sua vontade e a mola mestra
destes dois: o amor profundo a Deus que nos leva a viver deliberadamente para
agradá-lo.
Pense bastante sobre estes
três aspectos da vida cristã e se autoavalie. Procure sinceramente conversar
com Deus sobre as grandes pretensões do seu coração em servi-lo e vê-lo
agradar-se de você e de estar perto em comunhão plena com Ele.
De fato, você não verá o
Espírito Santo descendo sobre você em forma de pomba, também não ouvirá a voz
do Pai, ecoando audivelmente, mas, estará vivendo em comunhão com Deus, será
cheio da presença do Espírito Santo o que é tudo o que precisamos nesta vida.
Aplicação para a Igreja
Presbiteriana de Vila Formosa
Meus queridos irmãos, membros
e frequentadores da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa. Passarmos os anos sem
um motivo maior a nos mover até este lugar para o viver eclesiástico pode ser
considerada uma grande perda de tempo.
Acredito que o Evangelho do
Reino que foi pregado a nós, no qual cremos, tem algo muito maior a nos
apresentar. Creio que fomos chamados para anunciar Cristo de uma maneira
diferente, com compromisso com a Vontade e a Alegria de Deus.
O que é necessário para isso?
Que haja entre nós um número considerável de irmãos que estejam dispostos a
fazer da vida de Cristo um referencial prático para sua própria vida.
Hoje, extraímos de um texto
apenas algumas características que abordava o modo como Jesus vivia e tomava as
suas decisões. Há tantos outros para aprendermos. Por isso, é muitíssimo
importante que estejamos dispostos a crescer no conhecimento do Filho de Deus.
Para que a IPBVF se torne uma
janela viva do Reino de Deus é a vida dos crentes que deve se mover e se
transformar. São os jovens, as mulheres, os homens, as crianças, os idosos
testemunhando com a própria vida no modo como fazem suas escolhas, como
trabalham para ao Senhor, como amam o próximo e valorizam o outro, na
disposição de servir e viver o Evangelho, bem como aprender de Cristo. Esse
tipo de atitude é que fará a IPBVF ser uma janela do Reino de Deus.
Quero compartilhar essa visão
e essa preocupação com todos os irmãos. Acredito que muitos aqui tem um
profundo amor por Deus, mas este amor não os está movendo a frutificar. Para
mim, ainda são controlados pelo autoamor, mais que pelo amor a Deus.
Sei que os irmãos tem
condições de refletir seriamente sobre esta situação e peço a vocês que o façam
com muita seriedade diante de Deus e dos homens. Caso você precise de ajuda,
procure-me... vamos falar com Deus e encontrar um modo de fazê-lo feliz com sua
vida.
Em Cristo e no temor do
Supremo