18 de janeiro de 2013

Mateus 3.13 a 17


Lições do Batismo de Jesus
O Amor Forjando Uma Íntima e Verdadeira Comunhão Com Deus

O indiscutível amor de Jesus pelo Pai produziu um tipo de vida que o conduziu a viver em plena comunhão com Ele. Este texto, quando visto deste ponto de vista, nos incita a imitar Jesus para ter a plena comunhão com o Pai. Procuraremos no texto as marcas da vida de Jesus que o levaram a tal comunhão e a partir delas procurar viver para agradar a Deus.


INTRODUÇÃO
O ministério de João Batista tinha como objetivo endireitar as veredas para a chegada do Messias e, com certeza, o dia mais impressionante da vida de João Batista deve ter sido aquele descrito neste texto, quando Jesus Cristo se apresenta diante de João para ser batizado.
Mateus nos mostra a hesitação de João naquele momento em que disse para Jesus que era ele, João, que deveria ser batizado. Certamente, João não estava mais pensando em água, mas no batismo com o Espírito Santo.
Entretanto, Jesus insistiu em que João o batizasse com a finalidade de cumprir toda a justiça da Lei e, no momento em que Jesus saiu da água, os céus se abriram e a voz do Pai ecoou afirmando o amor do Pai por Jesus e o Espírito Santo veio sobre o Senhor em forma de pomba.
Naquele momento, uma declaração gloriosa estava sendo feita, a declaração da plena comunhão entre o Pai e o Filho e da plena comunhão entre o Filho e o Espírito. Naquele momento estava sendo testemunhado para todos que Jesus Cristo era o Messias prometido, conforme predito pelos profetas.
A comunhão de Jesus com o Pai não surge apenas porque Ele é o Filho de Deus. Mas, como homem, ele aprendeu a viver para a glória do Pai. Ele cresceu diante do Pai, como nos diz Lucas no seu relato sobre a infância de Jesus. Devemos aprender que as atitudes de Jesus como homem são parâmetros para a nossa imitação. Elas revelam um caminho para a comunhão que Deus deseja ter com todos os seus filhos.
João, o discípulos, escreveu em sua primeira carta que ele escrevia sobre Jesus e a vida com Cristo para que todos tivessem comunhão com Ele, com o Pai e uns com os outros. Então, acredito que a imitação de Cristo é a mais perfeita estrada para a comunhão com Deus.
Nossa comunhão com o Pai se dá em duas etapas. A primeira tem uma característica forense e se dá no momento em que nossos pecados são pagos na cruz. Ali, Cristo restaura a nossa comunhão com o Pai em termos de nosso estado.
O segundo momento da nossa comunhão com Deus se dá em um processo de crescimento e amadurecimento da nossa fé, ou se você quiser, em nosso processo de santificação, quando vamos nos tornando cada vez mais parecidos com Jesus e, por isso, cada vez mais próximos do Pai.
Hoje quero falar sobre este segundo aspecto que deve ser trabalhado em nossa vida. Até porque, o primeiro momento da nossa santificação, para aqueles que depositam em Jesus sua fé, já foi dado uma vez por todas. O segundo momento é o da imitação do modo de vida de Jesus e este é um dos mais importantes passos da vida de qualquer pessoa.
Portanto, se você deseja um nível de comunhão elevada com o Senhor. Eu quero lhe convidar a olhar para Jesus e imitá-lo.

QUEM DESEJA VIVER UMA ÍNTIMA E VERDADEIRA COMUNHÃO COM DEUS NÃO PODE SER DOMINADO PELO AUTOAMOR
Já mencionei este ponto em uma mensagem anterior quando focamos o comportamento daqueles fariseus e saduceus que procuraram João para serem batizados.
Eles, inadvertidamente, tinham um autoamor tão elevado que julgavam que sua condição de descendentes de Abraão estava acima de seus pecados. Seus corações não poderiam ser curados da chaga do pecado, porque não poderia produzir fruto de arrependimento. Simplesmente porque o seu autoamor não os permitia ver com realidade sua condição e necessidade de homens caídos.
No texto de hoje, veremos este mesmo ponto de outra forma. O veremos no comportamento de Jesus que caminhava na direção contrária do comportamento dos fariseus e saduceus.
Jesus também se apresentou para ser batizado por João, assim como aqueles homens. Contudo, Jesus não poderia ser incluído de forma dura, como João fez com aqueles, no grupo da raça das víboras. Jesus não tinha pecados, ele não somente era digno de ser batizado, mas como o próprio João admite, não precisava ser batizado.

Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?

João está completamente certo no que está dizendo. Jesus era maior que João, como o texto anterior nos revela. João não era digno de carregar as sandálias dele. Ele era mais poderoso, Jesus era o Cristo! João está completamente certo no que está dizendo, Jesus ir até ele para o batismo de arrependimento é um contracenso.
Contudo, é importante que aprendamos uma lição aqui. Jesus sabia que era o filho de Deus. Jesus sabia também que não tinha pecados e Jesus sabia que era o Messias e que não precisava do batismo nos mesmos termos que os outros homens. A resposta que Jesus dá indica este conhecimento. Ele diz “por enquanto”... isto é, neste momento João, isto é necessário.
O autoamor de Jesus jamais o controlou. Ele jamais pensou de si mesmo além do que convinha e jamais procurou viver para satisfazer a si mesmo. Neste momento, ele revela que apesar de ser o Filho de Deus e o Messias prometido, esta condição não carregava em seu coração puro nenhuma inclinação para a vanglória ou a autoglorificação.
Você pode perceber esta atitude no texto? E agora, o mais importante, você pode pensar em você e em como você tem decidido as coisas da sua vida, especialmente nos momentos em que está em uma condição de superioridade? Como reagimos nestes momentos.
Estamos em uma sociedade que valoriza a imponência e o poder. Em nosso meio social os grandes é que são considerados os melhores e as pessoas lutam para mostrar sua supremacia sobre as outras.
Quando o autoamor nos domina, tendemos a expor nossa força e buscar superar os outros. Não é uma questão de arrogância ou de ser arrogante, mas trata-se de uma simples inclinação do autoamor que tende a nos inclinar para a autovalorização e buscar a admiração das outras pessoas. A questão é que isto ocorre tanto com aqueles que vivem circunstâncias maiores dentro de um grupo social maior, quanto para os pequenos círculos, às vezes, dentro da própria família, no relacionamento conjugal. Outras vezes, dentro dos limites da vida cristã, da igreja, dos ministérios.
Por isso, se queremos ter comunhão com o Pai precisamos aprender a não viver dominado pelo autoamor.


QUEM DESEJA VIVER UMA ÍNTIMA E VERDADEIRA COMUNHÃO COM DEUS DEVE DESENVOLVER O ESPÍRITO DE OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO

Uma moeda tem dois lados, contudo os lados são diferentes entre si e possuem características próprias. Pode parecer que diremos o mesmo que foi dito no passo anterior, mas eu garanto que estamos falando de coisas diferentes aqui.
Neste ponto, quero observar que o complemento do que pontuamos acima é o desenvolvimento do que pontuaremos aqui, contudo, nem sempre, as pessoas que dispõem do primeiro padrão de imitação, conseguem seguir neste segundo padrão. Uma coisa é não viver para a vanglória e dominado pelo autoamor, outra bem diferente é se dispor à  obediência e à submissão. O que no fundo, apenas revela que o primeiro padrão é incompleto de quem tem a dificuldade do segundo passo.
Acho que posso ir além e afirmar o seguinte: este segundo padrão da imitação de Cristo é o grande teste para saber que já temos o primeiro. Em outras palavras, as situações em que somos expostos a decidir sobre a obediência e a submissão são os grandes testes a respeito do poder de dominação do autoamor sobre a nossa vida.
Quando Jesus Cristo estabeleceu o padrão “negue-se a si mesmo,  tome a sua cruz e siga-me” estava propondo estes dois passos aos seus discípulos. Estava apresentando uma dupla atitude que ele mesmo mostrou em muitas e muitas ocasiões, principalmente na sua crucificação é claro, mas que também fica evidente aqui, no início do seu ministério no momento do seu batismo.
Veja que João o interpela e a resposta de Jesus é a seguinte:
Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça.
Não sei se você parou pensar sobre isto, mas aqui, Jesus está se propondo a ser batizado por João, o que era determinado para pessoas em rebeldia diante de Deus, que viviam em pecado e que se sentiam ameaçadas pela ira vindoura. Mas Jesus não tinha nenhuma destas coisas contra si.
A motivação de sua entrega ao batismo de arrependimento de João é um ato voluntário de diminuição e entrega, por amor aos outros. Você consegue perceber isto aqui?
Eu diria que a vida de Jesus inteira foi um ato de voluntária submissão, humilhação e entrega obediente. Eu me pergunto se por acaso ele precisaria passar fome, ser tentado, ser acusado de blasfemo, ser odiado para ser o filho de Deus. Contudo, ele se submeteu às exigências que a Lei estabelecia para pecadores, mesmo sem ter nenhum pecado.
Jesus não era controlado pelo autoamor, mas se deixava mover por um amor voluntário a Deus e ao próximo. Por isso, era capaz de se submeter obedientemente às exigências da Lei.
Este ponto é um dos pontos mais difíceis da jornada de qualquer cristão. Trata-se daqueles pontos da nossa vida em que precisamos caminhar uma estrada escura e cheia de pedregulhos por amor ao próximo, mesmo que não tenhamos necessidade alguma de estar ali.
Eu penso em muitas discussões e divisões dentro do contexto das igrejas cristãs se dão em virtude de que ninguém deseja se submeter a pensamentos que julga serem menos interessantes ou inteligentes que os seus. Quantas vezes somos levados a ouvir frases do tipo: se for deste jeito, então não faço!
A grande prova do quanto aprendemos a não sermos dominados nosso autoamor é a o desenvolvimento da nossa capacidade de carregarmos cargas que não são nossas e fazer delas nossa própria cruz. Quando estivermos prontos para trilhar caminhos que exijam a nossa humilhação, ou mesmo que simplesmente exijam que olhemos para o outro mais que para nós mesmos, então estaremos apresentando os dois padrões da imitação de Cristo, conforme temos falado nesta pequena meditação.

QUEM DESEJA VIVER UMA ÍNTIMA E VERDADEIRA COMUNHÃO COM DEUS DEVE SE DISPOR A VIVER A AGRADAR A DEUS
Quem é dominado pelo autoamor não pode alcançar a graça de viver para agradar a Deus. Primeiramente não alcança essa graça por que, na verdade, vive para agradar a si mesmo, portanto, Deus é apenas um instrumento da sua vida e não a finalidade da mesma.
O primeiro sinal da vida que agrada a Deus é a manifestação da presença do Espírito Santo em nossa vida. Muitas vezes me perguntei sobre o motivo do Espírito Santo aparecer de forma tão evidente no batismo do Espírito Santo.
Em primeiro lugar, creio que isto aconteceu para testemunhar claramente que Jesus era o Cristo. Portanto, a descida do Espírito Santo em forma de pomba, somada ao ressoar da voz do Pai, eram importantes para a creditação da autoridade de Jesus Cristo como o Messias prometido.
Não obstante essa creditação, devemos considerar que ela não ocorrera apenas porque Jesus era o Messias, ele de fato tinha uma vida de proximidade com o Espírito Santo. Ele se dispôs a esta busca e se dispôs a viver para agradar a seu Pai.
A presença do Espírito Santo em forma corpórea era apenas um sinal do que já acontecia no interior do coração de Jesus Cristo, pois era homem cheio do Espírito Santo.
A voz do Pai ressoou em uma palavra de grande amor e felicidade na vida do seu Filho:
Este é o meu filho amado, em que me comprazo.
O pai declara o seu amor e afirma que tem prazer em seu filho. O amor de Jesus pelo Pai o levou a viver para agradá-lo. Jesus Cristo enfrentou decisões difíceis em sua caminhada na terra, mas sempre a vontade do Pai e o fazê-lo satisfeito era o seu prazer e a sua alegria, o maior combustível para a sua vida.
Certa feita, Jesus afirmou que a sua comida e a sua bebida era fazer a vontade de seu Pai. Assim, podemos aprender desta declaração de amor de Deus que ela é o resultado direto do fato de que o Amor de Jesus Cristo pelo Pai o levou a viver um padrão comprometido com a intencionalidade de agradar a Deus em tudo.
Quando crentes como eu e você decidem deliberadamente que sua vida refletirá o padrão de vida comprometido com a alegria de Deus, muita coisa muda no modo como passamos pelos nossos dias.
Quando a nossa comida for fazer a vontade do Pai e agradá-lo tornar-se a manifestação do Amor a Deus sobre todas as coisas, então, acredito que a Igreja de Cristo terá novamente forças para impactar este mundo tão egocêntrico.
Pessoas movidas pelo seu amor a Deus e a vontade de alegrar a Deus acima de tudo têm força moral, ética e espiritual para mostrar ao mundo o Reino de Deus.

Conclusão
Acredito que perdemos muito em nossos dias por termos nos distanciado dos padrões elevados mostrados nas Escrituras Bíblicas. Perdemos muito por termos tornado a vida de Cristo apenas um referencial teórico da nossa fé.
Um mundo afundado no autoamor como mecanismo básico do pensamento geral precisa urgentemente redescobrir o valor de uma fé centrada em Deus.
Jesus Cristo é o maior exemplo bíblico, por isso a imitação de sua vida é um passo mais que necessário para aqueles discípulos que servirão como janelas vivas do Reino de Deus. Por meio dos quais o mundo conhecerá a força do amor a Deus e a força da fé Cristocêntrica.
Neste texto três padrões de imitação são apresentados: Não viver dominado pelo autoamor, viver decidido prontamente a obedecer e se submeter a Deus e sua vontade e a mola mestra destes dois: o amor profundo a Deus que nos leva a viver deliberadamente para agradá-lo.
Pense bastante sobre estes três aspectos da vida cristã e se autoavalie. Procure sinceramente conversar com Deus sobre as grandes pretensões do seu coração em servi-lo e vê-lo agradar-se de você e de estar perto em comunhão plena com Ele.
De fato, você não verá o Espírito Santo descendo sobre você em forma de pomba, também não ouvirá a voz do Pai, ecoando audivelmente, mas, estará vivendo em comunhão com Deus, será cheio da presença do Espírito Santo o que é tudo o que precisamos nesta vida.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Meus queridos irmãos, membros e frequentadores da Igreja Presbiteriana de Vila Formosa. Passarmos os anos sem um motivo maior a nos mover até este lugar para o viver eclesiástico pode ser considerada uma grande perda de tempo.
Acredito que o Evangelho do Reino que foi pregado a nós, no qual cremos, tem algo muito maior a nos apresentar. Creio que fomos chamados para anunciar Cristo de uma maneira diferente, com compromisso com a Vontade e a Alegria de Deus.
O que é necessário para isso? Que haja entre nós um número considerável de irmãos que estejam dispostos a fazer da vida de Cristo um referencial prático para sua própria vida.
Hoje, extraímos de um texto apenas algumas características que abordava o modo como Jesus vivia e tomava as suas decisões. Há tantos outros para aprendermos. Por isso, é muitíssimo importante que estejamos dispostos a crescer no conhecimento do Filho de Deus.
Para que a IPBVF se torne uma janela viva do Reino de Deus é a vida dos crentes que deve se mover e se transformar. São os jovens, as mulheres, os homens, as crianças, os idosos testemunhando com a própria vida no modo como fazem suas escolhas, como trabalham para ao Senhor, como amam o próximo e valorizam o outro, na disposição de servir e viver o Evangelho, bem como aprender de Cristo. Esse tipo de atitude é que fará a IPBVF ser uma janela do Reino de Deus.
Quero compartilhar essa visão e essa preocupação com todos os irmãos. Acredito que muitos aqui tem um profundo amor por Deus, mas este amor não os está movendo a frutificar. Para mim, ainda são controlados pelo autoamor, mais que pelo amor a Deus.
Sei que os irmãos tem condições de refletir seriamente sobre esta situação e peço a vocês que o façam com muita seriedade diante de Deus e dos homens. Caso você precise de ajuda, procure-me... vamos falar com Deus e encontrar um modo de fazê-lo feliz com sua vida.
Em Cristo e no temor do Supremo 

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