28 de abril de 2013

Mateus 28.18


A autoridade de Cristo, o Motivo da Nossa Missão

(Mensagem entregue à IP Aliança de São Paulo no dia 28 de abril de 2013)
Introdução
“Exousia” (autoridade) é a palavra usada por Jesus para definir o seu novo status pós ressurreto. O tema da autoridade é recorrente no Evangelho de Mateus. Logo ao final do Sermão da Montanha, Mateus registra:
Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas (Mateus 7.28 e 29).
Seguindo a esteira desta afirmação, assim que desceu do monte onde proferiu o Sermão da Montanha, onde estabeleceu os princípios fundamentais do Reino que estava estabelecendo, encontrou um centurião romano na entrada da Cidade de Cafarnaum que lhe implorou que curasse um criado seu, que estava paralítico. .
Jesus fez menção de ir à casa do centurião e este disse que não era digno de que Jesus fosse à sua casa e falou da seguinte maneira a Jesus:
Pois também sou homem sujeito à autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz (Mateus 8.9).
Jesus por sua vez, diante desta palavra de confiança na sua autoridade exclamou: “Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta” (Mateus 8.10) - e ordenou e o criado fora curado naquela mesma hora.
Que tal ver o modo como Mateus relata a ordem que Jesus dá aos ventos para cessem de soprar e ao mar para que se aquiete?
E maravilharam-se os homens, dizendo: Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem? (Mateus 8.27).
Ainda, pensando neste tema, ele é repetido no capítulo 9.6 a 8, quando novamente cura um paralítico; no envio dos setenta, do capítulo 10 e em muitas outras circunstâncias em que fica evidente que Jesus é Senhor.
A discussão da autoridade de Jesus no Evangelho de Mateus é apresentada até mesmo no capítulo 21, pouco antes de ser preso para ser crucificado, logo depois de entrar triunfalmente em Jerusalém, quando os principais sacerdotes e anciãos lhe perguntaram, a respeito da sua autoridade, contudo Jesus negou-lhes a informação:
Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu essa autoridade? (Mateus 21.23). E Jesus lhes respondeu: eu também vos farei uma pergunta; se me responderdes, também vos direi com que autoridade faço estas coisas. Donde era o batismo de João, do céu ou dos homens? E discorriam entre si: se dissermos do céu, ele nos dirá: Então por que não acreditastes nele? Se dissermos dos homens, é para temer o povo, porque todos consideram João como profeta. Então responderam a Jesus: Não sabemos. E ele, por sua vez: nem eu vos direi com que autoridade faço estas coisas (Mateus 21.23 a 27).
A questão é: POR QUE O TEMA DA AUTORIDADE É TÃO SIGNIFICATIVO PARA MATEUS? Por que constrói em seu evangelho todo um argumento para encerrá-lo dizendo que Jesus tem toda autoridade no céu e na terra?
Esta é uma questão que importava para Mateus pois a Igreja estava sendo convocada por Jesus para espalhar o Reino. Nos dias de Mateus, a Igreja estava receosa. Cristo havia morrido e subido aos céus e eles estavam na terra enfrentando muitas dificuldades, perseguições.
Muitas perguntas estavam confundindo a Igreja. Especialmente, o fato de que as lideranças judaicas trabalhavam para incriminar, difamar e acabar com a fé cristã inicial.
Mateus escreve o seu evangelho fortalecendo a fé da Igreja que precisa compreender exatamente qual era o momento da história da redenção que estavam vivendo e sob qual autoridade deveriam caminhar.
Meus caros irmãos, todas as vezes que a Igreja de Cristo perde a ousadia de agir neste mundo como a mensageira do Reino, como a propagadora das boas novas de salvação, anunciando o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, ela precisa novamente olhar para o alto e perceber o que está acontecendo e rever o princípio fundamental da sua ação neste mundo.
Creio que a autoridade de Cristo é o motivo central da missão da Igreja, pois é baseado nesta autoridade que agimos como mensageiros da verdade e baseados nela é que nos estimulamos a viver para a glória de Deus.
Quero, nesta manhã, meditar com os irmãos à respeito da autoridade de Cristo e dizer que a Igreja deve viver debaixo desta autoridade para exercer o seu papel neste mundo.
Em um tempo em que muitas vezes, os homens reivindicam autoridade espiritual para si mesmos declarando-se a voz profética, ou os únicos com autoridade sobre os demônios ou enfermidades, a verdadeira igreja do Senhor deve reafirmar que vive sob a autoridade de Cristo.

A Autoridade de Cristo é Um Privilégio Compartilhado Somente Com a Sua Igreja
Comecemos percebendo que o texto se inicia com a afirmação de que Jesus, aproximando-se, falou aos discípulos.
Pode ser que muitas vezes pensemos que estas palavras são meramente incidentais. Apenas uma construção fraseológica do evangelho, mas não são!
Mateus, por algumas vezes, nos momentos em que relatou que Jesus explicava as parábolas em particular para os seus discípulos, usou este recurso. O mesmo aconteceu no Sermão da Montanha quando disse que assentou-se e falou aos seus discípulos.
Precisamos recuperar a noção clara da ligação vital e única entre Cristo e a Igreja. Nenhum outro corpo doutrinário, nenhuma outra instituição na face da terra tem esta unidade, esta ligação com Cristo. SOMENTE A IGREJA PODE DIZER-SE: VIVEMOS SOB A AUTORIDADE DO REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES.
 Aproximando-se – A palavra que Mateus propõe como forma de observar esta relação, tem origem no verbo “proserchomai”. Se voltarmos ao verso anterior, veremos que os discípulos estavam cheios de dúvidas, ainda que o estivessem dispostos a vencê-las adorando-o.
Jesus, então, se coloca ao lado deles, entre eles, como um pai que se ajoelha para perto de seu pequeno filho para consolar-lhe em um momento de choro, de medo, em que se exige cuidado.
Mateus nos revela que a autoridade de Jesus não é algo distante apenas para ser admirada ao longe, mas é algo que ele compartilha intimamente com a sua Igreja. É algo que a Igreja deve sentir no profundo do seu coração.
NÓS NÃO PRECISAMOS TEMER O MUNDO, NEM O ADVERSÁRIO DAS NOSSAS ALMAS, NÃO PRECISAMOS TEMER OS DESAFIOS QUE TEMOS, POIS VIVEMOS SOB A AUTORIDADE DE CRISTO E SOBRE ESTA AUTORIDADE É QUE CUMPRIMOS A NOSSA MISSÃO.

A Autoridade de Cristo é Um Direito Legítimo Dele
Algumas vezes, os líderes se revestem de autoridade de forma indevida. Esta é uma discussão nova em nosso país. Vemos os poderes da união discutindo sobre quem tem a autoridade final para definir a respeito do que é constitucional.
Há países em que o poder foi assumido por meio de um golpe de estado ilegítimo. E outros exercem autoridade sobre as liberdades básicas dos outros, como o direito de expressão e de ir e vir, como vimos há poucos meses, a respeito daquela blogueira cubana que esteve no Brasil.
O pecado é um governante intruso. O pecado não ganhou o direito de governar o coração dos homens de forma legítima, foi um poder usurpado. Jesus Cristo disse que é assim que age o ladrão, ele não entra pela porta, porque ele não tem direitos, ele usurpa.
Nenhuma autoridade é legítima se ela decorre de uma rebelião contra Deus. Nenhuma lei é legítima neste sentido. Mas este é um tema para um outro momento. Jesus se submeteu à autoridade de Pilatos para ser crucificado afirmando que ele não teria autoridade se não tivesse vindo do alto.
Jesus não usurpou o trono de Deus para ter autoridade, ela lhe foi dada. Ele é legitimamente Rei, ele é o herdeiro legítimo de todas as coisas de Deus. Jesus está replicando o que o velho testamento já havia anunciado a seu respeito:
Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; e o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído (Daniel 7.13 e 14).
O reino intruso será destruído, mas o legítimo é eterno. Porque o legislador o instala verdadeiramente e o seu direito é legítimo, por isso o seu poder é total.
Originalmente o verso começa dizendo: “me foi dada”, mas ao final completa “toda autoridade”. A ênfase na legitimidade é completada pela afirmação da força desta autoridade “toda autoridade”.
Caros irmãos, temos, como IGREJA QUE VIVE SOB A AUTORIDADE DE CRISTO de dizer a este mundo tudo sobre o REINO DE DEUS. Não devemos e não podemos nos calar. Esta autoridade não nos é conferida pela lei dos homens, apesar de louvarmos a Deus pela liberdade religiosa que temos em nosso país, mas ainda que não a tivéssemos temos esta autoridade dada a Cristo e compartilhada exclusivamente a nós, à Igreja de Cristo.
A Autoridade de Cristo é em Todas as Esferas da Existência
O outro aspecto desta autoridade que eu gostaria de destacar é que ela é dada por Deus a Cristo, compartilhada com a sua Igreja e diz respeito a todas as esferas da existência.
O grande primeiro ministro da Holanda Abraão Kuiper afirmou: não há um único centímetro quadrado de todos os domínios da existência humana que Cristo não possa dizer: é meu!
No céu e na terra – Jesus Cristo é Rei dos reis e Senhor dos senhores. Seu reino é celestial e terreal. Sob as incontáveis hostes celestiais e sobre todos os homens, sobre todo o mundo. É um reino das coisas invisíveis e das visíveis. Os mais poderosos seres celestiais se inclinam ante sua face e, assim como todas as criaturas, das mais pequenas criadas no mundo material obedecem a sua voz.
A Igreja de Cristo precisa lembrar que sua missão é anunciar que Cristo Reina sobre todas as esferas da existência humana. Ele tem esta autoridade legítima. Ele é o Senhor do casamento, Ele é o senhor do comércio, Ele é o Senhor do meio ambiente, Ele é Senhor da iGREJA, isto precisa ficar muito claro para todos nós.
Todas as esferas da nossa vida devem ser reguladas pela vontade de Cristo. Não se submeter a este governo, nas menores coisas que seja, é uma atitude temerária e insensata.
Devemos nos submeter a Ele e não temer nada, pois toda a nossa ação em nome de Cristo, que seja de acordo com suas ordenanças de amor a Deus e aos homens é um ação segundo a legitimidade da abrangência do seu poder sobre todas as coisas.
Ouranos e aion – Com estas palavras, Mateus deixa claro que o seu domínio da autoridade de Cristo é sobre todos os valores ligados às coisas invisíveis e visíveis da forma mais ampla que existe para dizer isto. Os discípulos estavam compreendo muito bem que Cristo tem poder sobre tudo, como o próprio Daniel antecipou em sua profecia.

Conclusão
Desejo concluir esta mensagem reafirmando a necessidade de que a Igreja caminhe nesta fé. Com este espírito combativo e com esta expressão de confiança em Cristo.
Sentimos falta deste modo de agir da Igreja. Às vezes, sentimos que os filhos de Deus estão como os do tempo de Mateus receosos, temerários. Alguns estão se perguntando: a igreja não vai se queimar se fizer isto ou aquilo?
Será que a nossa falta de ousadia também não é falta de percepção da autoridade que foi dada a Cristo e compartilhada conosco. Será que não percebemos a legitimidade da nossa palavra nas esferas da existência humana? Temos sim direito de nos manifestar quanto ao casamento, a família, a política, os direitos humanos, as questões ambientais, a inflação.
Mas, sobretudo, a mensagem proclamadora do Reino, será que esta não tem sofrido com a nossa pouca percepção da autoridade de Cristo.
Bem, meus amados irmãos, a cada vez que você decidir que irá enfrentar os seus medos, seus receios e limitações para atravessar o rio da desesperança dos homens e anunciar-lhes a vida que há Cristo, estarão fazendo isto sob a autoridade de Cristo.
O crente precisa retomar este princípio e a Igreja precisa viver sob a autoridade de Cristo. Contudo, devemos apenas nos cuidar para não confundir o que é viver sob a autoridade de Cristo e criar a nossa própria autoridade.
A autoridade de Cristo só é manifesta na Igreja quando esta vive segundo a Palavra de Deus. Vós sois meus discípulos se fizerdes o que eu vos mando. Então, este é o cuidado da Igreja, por isso é que devemos ensinar o que ele mandou e não o que nós achamos.
Eu conclamo a esta Igreja a crer e viver sob esta autoridade. Com ousadia e esperança em Cristo. 

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