Cumprindo a Missão Com
Autoridade
Mateus 28. 19 e 20
(Mensagem entregue à IP Aliança de São Paulo no
dia 28 de abril de 2013 – por ocasião do culto vespertino)
Introdução
Já
pudemos meditar no verso 18 e verificar a importância da consciência da
autoridade de Cristo para a caminhada vitoriosa da Igreja. Agora, voltamos ao
texto, nos versos que se sucedem para verificar a Missão da Igreja debaixo
destes princípio de autoridade.
Voltamos
a insistir nos tópicos relacionados anteriormente, ou seja, que a Igreja deve
ter esta clara noção do compartilhamento da autoridade de Cristo com a sua
Igreja, como Jesus havia feito no capítulo 10 de Mateus quando chamou os
discípulos e os enviou com instruções de pregar o evangelho ao povo de Israel:
Tendo
chamado os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre espírito imundo para
os expelir e para curar toda sorte de doenças e efermidades (Mateus 10.1).
Esta
ligação entre Jesus e os discípulos enviados era significativa, por isto, é que
foram os discípulos, mais tarde, chamados também de “apóstolos”. Afinal, Jesus
contundentemente afirmou que receber um deles é o mesmo que recebê-lo e receber
ao próprio Pai.
Quem vos
recebe a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou (Mateus
10.40).
Da
mesma sorte, os apóstolos entenderam que a missão da Igreja era continuar e
representar o ministério de Cristo na terra, vivendo sob sua autoridade. Assim,
eles ilustraram essa nossa representatividade com algumas palavras: despenseiros de Cristo, embaixadores de Deus,
família de Deus, irmãos de Cristo etc.
Nestes
versos 19 e 20 procuraremos tratar de forma mais prática a questão de como
viver sob a autoridade de Cristo. De que forma a Igreja, primordialmente fará
este trabalho de representação de Cristo no mundo e apresentará os interesses
do Reino Celestial entre os homens.
A Igreja Que Vive Sob a
Autoridade de Cristo Existe Para Fazer Discípulos
O
que a Igreja faz sob a autoridade de Cristo? Esta é uma pergunta crucial.
Muitos crentes parecem que creem que a atividade da Igreja é a da espera. Eles
estão certos, a Igreja é uma comunidade que aguarda com expectativa a volta de
Jesus. Contudo, a Igreja não existe para uma expectação passiva e inerte.
Mateus
propõe que a Igreja do seu templo reflita sobre a melhor resposta a autoridade
que compartilha de Jesus. Ele conclui que a melhor resposta à esta autoridade
da qual a Igreja compartilha é a atitude de seguir em frente e fazer
discípulos.
Meus
caros irmãos, o texto parece ser bastante claro na ligação que uma coisa tem a
ver com a outra. O texto se inicia com uma palavra de ligação: IDE - PORTANTO.
Na
expressão bíblica do IDE, o indo, como o texto indica. A palavra “portanto”
liga todo o conteúdo a ser aplicado neste verso ao fato de que Cristo tem toda
a autoridade. Era como se Mateus estivesse nos dizendo: Por que Cristo tem toda
a autoridade no céu e na terra é que devemos ir e fazer discípulos.
Ide, portanto, fazei discípulos – W. Hendriksen diz que a palavra ir, embora
não esteja grafada no imperativo, ela se completa no afirmativo do fazer, dando
a toda esta expressão o tom imperativo, como uma necessidade.
O
fazer discípulos é, portanto, uma necessidade existencial da Igreja que se
realiza pelo fato de que o fazemos sob a autoridade de Cristo. A missão da Igreja
é fazer discípulos é se tornar a agência de chamado à fé.
Outros
autores preferem fazer a seguinte distinção: INDO, FAÇAM discípulos. Estes preferem dizer que a Igreja faz
discípulos também pelo seu modo de vida, por aquilo que apregoa sem palavras,
na medida em que existe e vive sob a autoridade de Cristo.
Eu,
sem querer me colocar em cima do muro, prefiro a somatória destes dois modos de
ler o texto. Acredito, como Hendirksem que o Ide dever ser tão ativo como o
fazer, ou que se torna mais claro que fomos, quando fazemos discípulos.
Ou
seja, deve ser uma atitude deliberada da Igreja a busca de novos discípulos. O
desejo de vê-los nascer, como o apóstolo Paulo que se dizia sob a obrigação de
pregar o Evangelho para, de uma ou de outra forma salvar alguns.
Fiz-me fraco
para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos, Fiz-me tudo para com todos,
com o fim de, por todos os modos, salvar alguns (1 Coríntios 9.22).
A
posição de Paulo era a de um evangelista deliberado. Alguém que buscava a
cooperação como Evangelho. Ele não deixava Cristo fazer o trabalho sozinho, se
me entendem. Ele entendia que o evangelismo era uma opção que tinha de ser
deliberada da Igreja.
Por
outro lado, acredito também que é verdade que o evangelismo também se faz de
forma natural no nosso modo de vida e que não devemos ser tão inventivos em
nossas estratégias. Ou seja, viver sob a autoridade de Cristo não é achar que o
Evangelho é um domínio nosso e que as coisas vão se realizar porque nós é que
somos os responsáveis.
Uma
mescla entre o nosso agir e o agir de Cristo é que é o ponto central a definir
como a Igreja cumpre a sua missão de fazer discípulos. Contudo, devemos nos lembrar sempre: A IGREJA QUE VIVE SOB A AUTORIDADE DE CRISTO NÃO PODE SE ESQUECER DE
QUE ELA EXISTE PARA FAZER DISCÍPULOS.
A Igreja Que Vive Sob a
Autoridade de Cristo Foi Comissionada Para Ser Uma Agência em Prol de todas as
Nações
John
Wesley, o pai do Metodismo, dizia: O
MUNDO É A MINHA PARÓQUIA. Dele também é a frase: “Dêem-me cem homens que a nada mais temam senão o
pecado e a nada mais desejem senão a Deus, e não importará se eles são clérigos
ou leigos, garanto-lhe que sacudirão as portas do inferno e edificarão o Reino
de Deus sobre a terra.”
A
ousadia que deve dominar o coração da Igreja é que ela foi chamada para
realizar a obra de tornar o NOME DE CRISTO CONHECIDO EM TODAS AS NAÇÕES. Esta
ousadia deve ser baseada na autoridade que Cristo tem sobre toda a carne, como
ele mesmo disse na sua oração sacerdotal:
Assim com
lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda vida
terena a todos os que lhe deste (João 17.2).
Uma
mudança significativa estava tendo curso naquele momento. A proposta de Jesus,
e Mateus a entendeu muito bem, era revolucionária. O amor de Deus alcançaria
pessoas de todas as nações. A autoridade de Cristo era fundamental para isto.
NO
capítulo 10, Jesus os enviou e disse que não deveriam aos gentios, senão às
ovelhas perdidas da casa de Israel, contudo, agora, a perspectiva é outra,
barreiras foram rompidas, o Evangelho atravessou as fronteiras e agora a
paróquia dos cristãos era o mundo, até os confins da terra. Ou como diz um
missionário, muito querido meu: hasta lo
último de La tierra (Rev. Giancarlo Wagner da Costa).
Uma
mentalidade nova é colocada sobre a Igreja e ela deve exercer isto debaixo da
autoridade de Cristo. O Evangelho romperá os mais duros corações, porque o
Evangelho, sob a autoridade de Cristo é o poder de Deus para a salvação, tanto
de judeus como de gregos.
O
envolvimento da Igreja com missões locais e mundiais é um dever, uma
necessidade implantada no DNA de quem vive sob a autoridade de Cristo.
Por
isso, a questão missionária não deve nunca ser uma agenda secundária, ao
contrário, devemos incluir, dentro do nosso dever constante a preocupação com o
alcance de todos as nações e daqueles que estão ao nosso redor.
A
busca de fazer discípulos, vencendo as barreiras étnicas era uma mudança
fundamental do Evangelho naqueles dias. Os primeiros discípulos conseguiram
transpor o rio que os afastava dos outros homens, semelhantemente, nós
precisamos vencer esta dificuldade que temos de concentrar-nos de forma
teocêntrica e vivermos para alcançar vidas par ao Reino.
A Igreja Que Vive Sob a
Autoridade de Cristo Foi Comissionada Para Ser Um Lugar de Educação Sob os
Princípios do Reino
A
questão do evangelismo logo se funde com uma outra questão de suma importância.
A Igreja é também um local de discipulado. Onde os discípulos nascem, crescem e
amadurecem a ponto de produzir novos discípulos. A Igreja tem uma missão
educadora.
Jesus
Cristo propõe que, em NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, batizemos os
novos discípulos do Senhor. Ele propõe que a Igreja inclua, baseada na
autoridade da Trindade Santíssima, os novos discípulos no corpo.
O
batismo era o rito de purificação judaico mais básico, assim como João Batista
também o utilizava. Aqui, ele se tornará o sacramento mais básico na vida
cristã. Como um passo a uma nova condição. A igreja não batiza em seu nome
próprio, porque ela precisa fazer com que todos os discípulos do Senhor saibam
que é a autoridade de Cristo que lhes oferece essa condição. Só a Igreja de
Cristo, aquela que vive segundo exclusivamente segundo a Palavra de Cristo é
que pode batizar em Nome do Pai do Filho e do Espírito Santo.
Esse
batismo não é um rito para constranger Deus a incluir uma pessoa, ele serve ao
crente e ao corpo da Igreja para que esta compreenda que somos Igreja debaixo
da autoridade de Cristo, em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Esta
Igreja deve conduzir este discípulos incluído entre as fileiras do Reino à
maturidade espiritual. Aqui enfrentamos dois problemas:
O primeiro problema é com os
crentes que se recusam a este crescimento – A
discípulos do Senhor que se recusam a crescer na sua fé. Adotaram modelos
personalistas de fé e se apegaram tanto a eles que se tornaram impermeáveis ao
amadurecimento das Escrituras.
Eles
se ausentam, não estudam a Palavra, vivem debaixo de filosofias pessoais,
apegados ao seu coração imaturo e, com isso, não se deixam amadurecer pelo
trabalho da Igreja. Estão sempre prontos a dizer que a Igreja não lhes pode
ajudar.
Entre
estes é que se encontravam os crentes de Corinto, aos quais Paulo disse que não
lhes pode chamar de espirituais, mas de crianças na fé, que só poderiam beber
leite. Estavam tão auto-centrados que se tornaram impermeáveis ao saber e
resistiam aprender com o apóstolo. Infelizmente eles não são poucos.
O segundo problema é com a
Igreja que se recusa a ser uma agência de ensino – às vezes, irmãos, há crentes que desejam
aprender, mas não conseguem porque os mestres se recusam a ensinar. Algumas
vezes, nos concentramos em rituais de fé e nos esquecemos de que a Igreja que
vive sob a autoridade de Cristo tem o dever de ensinar os discípulos e
conduzi-los à maturidade.
Joseph
Parker, falando sobre os puritanos e comparando os seus dias com aqueles,
afirmou que: nos dias dos puritanos o
cristianismo era como um pequeno lago, com quilômetros de profundidade e que em
nossos dias (os seus que não estão tão distantes) o cristianismo era como um
imenso mar de dez centímetros de profundidade.
Tenho
pregado e ministrado a palavra e, muitas vezes, vejo pessoas sedentas. Tenho
tido alguns privilégios de estudar a carta aos Romanos em lares de pessoas não
crentes, ou que estavam afastadas e estou impressionado como o discipulado com
a Palavra faz bem às pessoas e o quanto elas estão desejosas de aprender.
Crentes
que vivem sob a autoridade de Cristo deveriam ser mestres da Palavra, que é a
Palavra de Conhecimento e autoridade na Igreja, a Escritura Sagrada, para
instruir outros.
Nunca
deixe de aproveitar as oportunidades para aprender, não se apegue a si mesmo,
tampouco, quando souber algo de Cristo e de sua palavra, nunca deixe de ensinar
o outro. A vida da Igreja cristã está nesta constante troca, onde nos
edificamos mutuamente.
Paulo,
escrevendo a Tito, orientando sobre o estabelecimento de lideranças maduras nas
Igrejas justifica a necessidade de amadurecimento dos discípulos com o seguinte
argumento:
Porquanto a
graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que,
renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século,
sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação
da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus (Tito 2. 11 a 13).
A Igreja Que Vive Sob a
Autoridade de Cristo Foi Chamada Para Viver na Perspectiva Escatológica da
Presença e Volta de Jesus
Aproveitado
a deixa de Paulo, neste verso, sigo para estes último passo. A parte final do
verso 20: Eis que estou convosco todos
os dias até a consumação dos séculos.
A
Igreja não anda sozinha. Ela não é auto-suficiente e não cumpre a sua missão
por uma questão e eficiência própria. A Igreja é uma comunidade que precisa de
comunhão com Cristo.
O
mesmo Cristo que se aproxima dos discípulos e compartilha sua autoridade no
verso 18, é o mesmo que se aproxima de nós todos os dias e nos ajuda na obra de
evangelização, amadurecimento da nossa fé e espalhar do Reino a todas as
nações.
A
Igreja que vive sob a autoridade de Cristo faz o seu trabalho sempre numa
perspectiva da presença continua de Cristo e de olho na promessa do
estabelecimento final do Reino.
Não
somos uma comunidade que vive apenas para se manter, nós temos um propósito
cósmico final, a volta do Senhor Jesus.
Quero
destacar deste verso uma expressões: Convosco
todos os dias.
Estar
conosco não é meramente um torcedor que nos vê jogando da arquibancada e torce
muito por nós. Jesus, por meio da obra maravilhosa do Espírito Santo, de fato
age em nós, inclinando nossa vontade e moldando a nossa vida ao seu querer. É mais
que proximidade é comunhão.
Todos
os dias – aponta para uma obra contínua, ininterrupta. Minha mente se volta para
Jeremias capítulo 18, onde lemos a história do oleiro:
Desci à casa
do oleiro, e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas (Jeremias
18.3).
É
impressionante o quanto Deus está concentrado em nós, em nos fazer mais
parecidos com o seu Filho. Somente vivendo em comunhão constante com Cristo é
que isto acontecerá, somente nos limites da nossa missão é que isto acontecerá,
somente vivendo o dia a dia com Cristo é que completamos esta missão.
Ouso
dizer que, enquanto caminhamos na direção dos outros, estamos sendo lapidados
para aguardar a Cristo. Nossa bendita esperança.
Conclusão
Encerro
esta mensagem dizendo que a Igreja deve ter coragem para deixar um modelo
concentrado em si mesma e viver debaixo da autoridade de Cristo.
Crentes
precisam assumir com mais ousadia o papel de pregoeiros do evangelho, quer
pregando, ensinando ou vivendo. Crentes devem crescer neste projeto pessoal e
investir mais tempo nesta determinada obra de fazer discípulos.
Contam
que uma pesquisa lançou a seguinte pergunta: o que você faria se soubesse que Jesus voltaria hoje à noite. A resposta
de muitos foi: correria para falar de Cristo para os outros; iria para a Igreja
e faria jejum e estaria em oração aguardando; leria todos os trechos possíveis
da Bíblia; olharia melhor para o meu próximo. Perguntado um Senhor, muito
crente e piedoso ele respondeu: faria o
que estou acostumado a fazer sempre.
Creio
que isto pode resumir o que eu acho que deve ser necessário para nós hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!