22 de setembro de 2013

Josué 3.1-17

“O amor de Deus nos faz vencer as barreiras”
Josué 3.1-17
Introdução
Diante do povo de Israel estava o grande e profundo Rio Jordão. Ressalta o autor do livro que nos dias daquele acontecimento o rio transbordava por sobre todas as suas ribanceiras, durante os dias da sega (verso 15). O que implica em dizer que deveria ficar gravado na mente dos israelitas que aquele acontecimento, realmente ocorrera por intervenção de Deus na vida deles.
É um tema recorrente do livro de Josué que Deus cumpriria as suas promessas, feitas à casa de Israel, aos seus patriarcas e a  Moisés. E este texto, mais uma vez, é um daqueles que registram que o cumprimento destas promessas se dariam sempre pela intervenção poderosa de Deus e não pelo poder do braço dos homens.
Era Deus que estava com o povo, isso é o que realmente lhes garantia a vitória. O amor de Deus era o que os faria vencer todas as batalhas, todas as barreiras.
Neste texto, explorando essa ideia geral de que a presença de Deus é fundamental para o nosso caminhar nesse mundo. Veremos de que maneira o amor de Deus nos ajuda a vencer barreiras. Não trabalharemos com um método alegorizado da passagem, mas veremos as intencionalidades de Deus presentes nestes acontecimentos e registros, pois o Senhor, com a vitória sobre o Jordão, oferecia ao seu povo uma primeira e emblemática lição que serviria como base para todos os demais acontecimentos do povo na terra prometida.
Vejamos de que maneira o amor de Deus por seu povo, revelado no cumprimento de suas promessas, deveria ficar claro a todos eles para que vencessem todas as dificuldades de seu estabelecimento na terra de Canaã.

O AMOR DE DEUS PROPÕE A SANTIDADE DE UMA MENTE ORGANIZADA A PARTIR DE DEUS
Não poucas vezes nas Escrituras o Senhor aponta ao seu povo que o caminho da santidade é a única maneira de haver um verdadeiro e profundo relacionamento entre ele e o seu povo.
Santo sereis, porque eu o Senhor, vosso Deus, sou santo (Levítico 19.2)
Santidade é muito mais que apenas uma vida isenta de maldades, ou indecência. Santidade implica em um comprometimento com Deus, uma entrega voluntária da vida e confiança nEle.
A santidade que a Bíblia propõe é o desenvolvimento de uma mentalidade centrada em Deus, como o fator que dá significado a tudo o que somos e realizamos, a toda a realidade em si. Em outras palavras, a mente do homem santo está organizada a partir de Deus.
Os espias tinham ido até a cidade de Jericó e voltaram otimistas. Eles relataram que os cidadãos de Jericó estavam temerosos. Este relato dos espiais poderia animar todos os homens de Israel, contudo, antes de conquistarem aquela grande cidade e vencerem os seus moradores, uma lição precisavam aprender, a lição de dominar verdadeiramente a sua mente para que confiassem somente em Deus.
Desceram à Sitim e ali, certamente, poderiam ver o Jordão e perceberam que tinham uma barreira a ser vencida. O que acreditamos que estava em evidência nessa passagem não era o tamanho da barreira geográfica a ser vencida, mas a barreira que deveria ser vencida no coração do povo de Israel.
Eles precisavam ter a mente treinada para reconhecer Deus nos seus caminhos e viverem em obediência a Ele. Toda a passagem caminha para o final do capítulo 4, onde as pedras no leito do Jordão indicavam a eles e às gerações futuras que o Senhor esteve entre eles dando-lhes a terra.
Essa barreira do coração seria vencida com a estruturação do seu pensamento a partir de Deus. Nos versos iniciais do capítulo (1-6) a Arca da Aliança é destacada como o centro deste grande e poderoso acontecimento.
Quando virdes a arca da aliança - Eles deveriam estar com os seus olhos atentos para a Arca da Aliança, ela deveria ser o parâmetro da marcha. Assim como no deserto, a presença de Deus no tabernáculo, na Arca da Aliança, na nuvem e na coluna de fogo, mais uma vez, eles caminhariam dirigidos por Deus.
Contudo haja distância - Dois mil côvados (cerca de 1km) de distância entre o povo e a Arca da Aliança. Essa distância tinha como objetivo mostrar a enorme excelência de Deus, indicar que o Senhor entrava na frente deles naquele desafio, mas também, serviria para que discernissem o caminho. Seria necessário que avaliassem o caminho da Arca e depois seguissem na mesma direção, não desviando nem para a esquerda, nem para a direita. Esse caminho não seria trilhado por um conhecimento humano, pois eles nunca o haviam trilhado antes.
Santificai-vos hoje - A expressão, uma das mais conhecidas do livro de Josué, não indica nenhum rito de purificação, batismos, ou qualquer ato ritual para tal. Parece muito mais enfatizar uma atitude baseada na postura que cada um assumiria. Eles são chamados a se concentrarem mentalmente em Deus, na Arca da Aliança e esperar as ações de Deus no meio deles.
Amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós - Uma expectativa é colocada aqui. A santificação da mente exige um certo tempo. Uma proposta de avaliação e contenção dos pensamentos. Não é momento para ansiedade, mas um convite a autoreflexão e concentração de pensamentos. A Bíblia apresenta esse processo de outras maneiras, quando nos chama a ocupar o nosso pensamento com as coisas que são edificantes (Filipenses 4.8).
Levantai a Arca -  Os sacerdotes levitas, como foram definidos aqui, propõe o que antes fora proposto, que a Arca fosse posta em destaque, segundo a Lei havia determinado. Dentro da Arca, estava a Lei de Deus, e a obediência irrestrita aos comandos de Deus era fundamental para os Levitas, como para todo o povo. A Arca seria posta em destaque, para que todo o povo pudesse vê-la. Mais uma vez, era importante que o povo estivesse concentrado nela.
O amor de Deus se revela em nossa vida é será notado, vivenciado e percebido quando nossa mente estiver estruturada exclusivamente nele. Quando ele for o valor que a tudo der significado. A principal barreira para isto está no coração, portanto, o processo é o de santificação da mente a Deus.

O AMOR DE DEUS PROPÕE A SANTIDADE DE UMA MENTE CONSCIENTE DA PRESENÇA DE DEUS NA VIDA
Como já vimos no capítulo primeiro, a consciência da presença de Deus é um dos elementos vitais da nossa relação com o Altíssimo. Jesus Cristo, ao enviar os seus discípulos para a grande tarefa de espalhar a sua mensagem, deixou claro que estaria com eles.
Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mateus 28.20).
Desde o primeiro capítulo, a consciência da presença de Deus dominava a relação de Josué com Deus e a vida. O Senhor havia sido explícito com o seu servo:
Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares (Josué 1.9).
Nos versos 7-10, temos uma interpolação da narrativa do milagre. Este tipo de estrutura interpolada é comum nas narrativas hebraicas. Para o autor, o evento não é o mais importante, mas o seu significado. Aqui, fica claro que a Josué é chamada a estar consciente do que irá acontecer e do significado de tudo, também os filhos de Israel deveriam ter a mesma consciência.
Para que saibam que como fui com Moisés, assim serei contigo -   Neste ponto, Josué é encorajado mais uma vez com a as palavras de que Deus estaria à sua frente. A referência de Deus na sua vida lhe daria o privilégio de vencer as barreiras do coração do povo.
Deus estaria trabalhando a mente do povo na relação com a autoridade de Josué como líder e o próprio Josué seria incentivado de forma prática para saber que Deus, assim como mostrou sua fidelidade para com as promessas feitas a Moisés seria para com ele.
Tu pois ordenarás aos sacerdotes - A função de Josué, como líder que seria acreditado diante de todos, seria a de propor aos filhos de Israel tudo o que o Senhor indicar. Ouvi a palavra do Senhor - Veja que a ênfase não é na instrução dada por Josué, mas a Palavra de Deus, dada a seus filhos.
Nisto conhecereis que o Deus vivo está no meio de vós - Eles passariam por um processo em que a fé se aprofundaria e ser tornaria em um conhecimento prático de Deus. O Deus vivo é um contraste com os deusses dos povos cananeus, que eram ídolos mortos. Era Deus que lhes dava vencer as barreiras e o fazia por amor. Mas eles deveriam ter impregnado na mente que Deus estava com eles.
A consciência da presença de Deus, da ligação vital com Deus é fundamental para o nosso bom relacionamento com Ele, para a vida toda. Todas as esferas da nossa vida devem ser guiadas por essa consciência de pertencimento, de ligação com o Senhor.
O amor de Deus é uma proposta contínua de que essa viva consciência seja constantemente interpenetrada na nossa mente e comande a nossa maneira de pensar, assim, voltando ao nosso tópico anterior, cada vez mais estruturando a nossa mente em Deus.

O AMOR DE DEUS PROPÕE A SANTIDADE DE UMA MENTE QUE ENFRENTA AS LUTAS DA VIDA OLHANDO PARA DEUS
Nesse ponto, lembro-me de Pedro, quando Jesus o chamou a caminhar por sobre as águas. Também lembro-me do escritor aos Hebreus que nos exorta:
Olhando firmemente para o autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12.2).
Josué explica ao povo como acontecerá a maravilha que Deus operaria e Deus é centro de todas as atenções. A Arca da Aliança do Senhor passa adiante, os protege durante a passagem e os espera vencer a barreira para depois de garantida a passagem, sair do leito do rio.
A crentalidade de Deus nos acontecimentos - somos constantemente lembrados pela Escritura que Deus é o Senhor de toda a história. Ele nos conclama a olhar para ele em todas as situações e a manter o nosso coração em paz, mediante a lembrança de seu poder.
Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus (Salmo 46.10).
Tendo partido de suas tendas -  A ideia de abrigo e casa, segurança e morada, são sempre muito próximas. O povo saiu de suas tendas, implica em deixar o conforto e a segurança de seus próprios abrigos para se lançar na confiança em Deus, em mais um desafio do Senhor.
Assim como Abraão deixou a sua terra, o povo agora, encara a entrada em Canaã da mesma forma, confiando em Deus. Ele está no centro dos acontecimentos. A lembrança é constante para o Deus da Aliança, isto é, o Deus que fez um pacto com o seu povo. Isto deve sempre permear a nossa mente, todos os dias.
Pararam as águas - Deus fizera algo portentoso, o seu desejo era marcar o coração do seu povo com lembranças inesquecíveis. Ele deseja marcar a história deles com o seu poder, fazendo solidificar em suas mentes a consciência de sua presença. Então, Deus parou as águas, do grande Jordão, que transbordava.
Pararam firmes/Israel passou  a pé enxuto - A firmeza da Arca da Aliança era a garantia da passagem do povo. Não se tratava de uma mera confiança em um fato extraordinário, mas a confiança em Deus como o responsável de cada um desses grandes eventos.
O capítulo 4 retoma essa narrativa para atingir outros propósitos. Assim como aqui, ele tem alguns objetivos explícitos ao enfatizar a centralidade de Deus em todos os acontecimentos e a necessidade de que o povo se santifique para o Senhor.
Imagine que o povo, ao passar diante da Arca parara do meio do Jordão, estava recebendo uma carga de aprendizado sobre a beleza, a santidade, o poder e a glória de Deus. Você deve começar a perceber isso também no seu dia a dia.

Conclusão
Como filhos de Deus somos incitados pela Escritura a desenvolver uma mente organizada em Deus. Essa mente, primeiramente se desenvolve a partir de uma consciente relação com Deus e sua presença viva em nossa vida.
Deus, dirige a história e Ele é a nossa segurança. Não se dá jamais lugar para o caso de confiarmos exclusivamente em nós mesmos. O grande erro de muitos é que tentam direcionar a própria vida e não conseguem focar o seu olhar na direção que Deus dá. Eles simplesmente não desenvolvem senso da presença e da direção de Deus.
Faça de Deus um referência total que dê significado a sua vida. Nossa Canaã é tão difícil de ser conquistada como a de Josué. A primeira e mais profunda barreira que enfrentamos está em nossa mente, nosso coração.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Às vezes, como pastor, sou surpreendido com irmãos desistindo de suas importantes tarefas. As desculpas, quase sempre estão ligadas às dificuldades que temos de nos relacionar com os demais, ou com os afazeres que tomaram conta da minha vida.
Sou, geralmente, compreensivo com essas coisas. Mas, isso não me impede de sentir muita preocupação com o fato de que, em muitos destes casos, está acontecendo um deslocamento do referencial.
Precisamos nos santificar! Sabem o que isso significa? Dispor nossa mente a pensar na glória de Deus e tê-lo como o ponto significador da nossa existência. Nossa igreja não pode se tornar o referencial, mas deve ter Deus como o seu referencial. Ela não aponta para si mesma, ou para homens, mas aponta para Deus. Em obediência irrestrita, apenas carregamos a Arca, não a substituímos jamais.

Oração
Senhor, tudo o que precisamos é que sejas tudo em todos! Amém.


15 de setembro de 2013

Josué 1.1-9

“Força e Coragem Com Resultados do Amor”
Josué 1.1-9

Considerações Preliminares
Voltamos nossa atenção para o grande livro de Josué e nele buscaremos o ensino do Senhor para nossa vida. Convido a todos a lerem e atentarem para os ensinos deste grande livro. Em sete sermões, nas diversas porções deste livro, procuraremos conhecer essa grande profecia e aprender sobre os métodos de Deus para ensinar o seu povo a prática da Lei Perfeita do Amor nas circunstâncias reais da nova terra.
Josué é a personagem central do livro, contudo este não é um livro biográfico e não tem a finalidade apenas de apresentar a sua vida e liderança. Ainda que valiosas lições possam ser aprendidas por meio do valor pessoal da conduta de Josué, este livro tem um propósito ainda maior, o de mostrar os grandes desafios do seu povo, diante da nova terra e como a obediência à Deus seria fator importante para que entrassem na terra prometida e assumissem a sua função sacerdotal dentre todas as nações.
“Jehovah é Salvação” - este é o significado do nome “Josué”, que em números 13.8 é “Oséias” cuja raiz traz o mesmo sentido. Segundo o Escritor aos Hebreus, a luta do povo simbolizava uma luta ainda maior (Hb. 4.8-13) a de aprender com a Palavra de Deus e viver o descanso a que ela nos conduz, centrados na pessoa e obra de Cristo.
Hoje, voltaremos o nosso olhar para o capítulo 1, a sua porção inicial, a introdução geral deste livro. Deste trecho, podemos dizer, assimila-se algo que deverá guiar o nosso modo de olhar todo o livro: como o povo se comportou na sua relação com as ordenanças de Deus e como aplicaram a Lei Perfeita do Amor e introduziram na nova terra os seus valores.
Perceberemos, ao longo do livro que o pecado de um tem efeito sobre todos, assim como a obediência de um tem efeito sobre os demais. A nossa interligação comunal é um dos grandes fundamentos da nossa crença e a nossa responsabilidade pessoal também.
Deus nos ajude na meditação das verdades propostas nesta profecia.

Introdução
A Lei fora dada por intermédio de Moisés. Ela estabelecia os princípios fundamentais sobre os quais os israelitas deveriam construir toda a sua relação com Deus, o próximo e o mundo. O resumo do seu ensino é: Amor. Por isso, estamos chamando-a de “A Lei Perfeita do Amor”.
A Lei tem papel central no livro de Josué, pois aqui tratamos de como o povo de Deus deveria vivê-la em meio às suas circunstâncias reais na nova terra.
Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou (Josué 1.7a).
Josué, como um tipo do próprio Cristo, serviria de paradigma para todo o povo. Sua responsabilidade seria muito maior do que a de apenas chefiar as guerras e as tomadas das cidades. Josué deveria refletir em sua própria vida o caráter santo propugnado na Lei e guiar toda a coletividade a seguir o mesmo caminho.
Hoje, vivemos dias muito confusos. Estamos inseridos em uma grande sociedade idólatra de si mesma, afundada na imoralidade e na corrupção. Infelizmente, temos de admitir com tristeza, que a matriz cristã da civilização ocidental está em completo declínio e o Ocidente, para muitos, já vive uma condição pós cristã.
Ergueu-se sobre nós o Império da Economia Globalizada, onde os grandes grupos econômicos são os responsáveis pela direção do mundo. G8 ou G20, sejam quantos forem, os poderosos se definem em termos de “as maiores economias do mundo”. Estes decidem sobre as guerras, o uso dos remédios, a fome, o clima ou qualquer outra situação.
Essa é a nossa “terra a ser conquistada”. Da mesma forma como Josué e o todo o Israel tinham de si o desafio de entrar e mudar a sua realidade, nós somos chamados a este grande desafio de, sob os mesmos valores, entrarmos em contato com este mundo oferecendo a salvação aos perdidos, como sacerdotes do Altíssimo e profetas para essa geração corrompida.
A grande força que nos moverá é o AMOR. A Lei de Deus, a Lei Perfeita do AMOR deverá nos conduzir entre os homens. Devemos desenvolver o padrão de Deus em nossas vidas, diante dos desafios que temos adiante. Eu convido você a refletir sobre estas coisas nesse texto forte e incisivo.
Começaremos falando sobre o que é necessário para se encarar esse desafio. Falaremos sobre “Força e Corajem” e como desenvolvê-las. Abordaremos esses elementos na sua proporcionalidade ao amor.

FORÇA E CORAGEM SÃO PRODUTOS DE UMA CONSCIÊNCIA CLARA DO AMOR DE DEUS POR NÓS
As palavras bíblicas “força e coragem” (razaq veamah) sugerem uma atitude mental concentrada, uma autodeterminação à obediência. Algo que deveria acontecer primeiramente em uma determinação mental. O coração de Josué estaria envolvido em uma decisão pessoal de viver para Deus e seguir em obediência à Ele.
A palavra “veamah” foi traduzida por coragem. Essa palavra de origem latina expressa o sentido de “cor-atticum” apontando para algo que tem o seu nascedouro no coração. Dessa forma, quero que se imprima em nossa ideia que a sede de nosso amor maior o lugar onde encontraremos coragem para assumir esses desafios e tudo começa em uma consciência clara do amor de Deus por nós.
Os versos de 1 a 5 introduzem a história fazendo-nos lembrar de que a missão de Josué e a suplica para que tenha atitude de coração (força e coragem) devem decorrer de uma clara percepção de que Deus ama o seu povo e prometeu demonstrar esse amor dando-lhe a terra.
Moisés, meu servo, é morto; dispõe-te, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu prometi a Moisés. Desde o deserto e o Libano até o grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus e até o mar Grande para o poente do sol será o vosso termo (Josué 1.2-4).
Uma consciência clara do amor de Deus e da boa vontade de Deus para com o seu povo em lhe abençoar são as razões para a força e a coragem de Josué. Ele deveria ter uma atitude de coração, uma voluntariedade mental para se firmar nessas promessas.
Não estamos falando apenas de geografia, estamos nos reportando ao fato de que essas promessas tinham o intento de fazer o povo de Deus entrar em seu “shabat” ou “shalon” - o descanso prometido. Uma situação de relação com Deus tão intensa que significaria no coração do povo uma completa rendição à vontade de Deus e ao seu padrão. Como vimos no Decálogo, amar a Deus sobre todas as coisas e confiar em sua providência, agindo de conformidade com essa paz em nossos corações.
O segundo aspecto do amor de Deus reside no fato de que, além das suas promessas de descanso, o Senhor promete ser com o povo, ser a sua companhia fundamental e constante.
Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei (Josué 1.5).
O maior descanso de Israel não era a terra, mas o próprio Senhor que se manifestava em meio ao seu povo. No deserto, eles não tinham “a terra”, mas tinham o Senhor. Da mesma forma como caminhou no deserto e foi com Moisés, deveria Josué entender que Deus estaria com eles.
Esse pressuposto do amor presencial de Deus deveria fortalecer o seu coração e trazer-lhe uma decisão mental bem definida pela obediência ao Senhor.
Essa palavra me faz lembrar Jesus: Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mateus 28.20).
Os discípulos, quando entenderam o que estava sendo proposto pelo Senhor nestas palavras, se tornaram homens e mulheres corajosos, diante da grande missão de espalhar aquela mensagem ao mundo, até os confins dele.

FORÇA E CORAGEM SÃO PRODUTOS DE UM AMOR QUE SE DEDICA AOS OUTROS E NÃO SOMENTE A SI
Deus propõe a Josué que compreenda que a sua missão está viceralmente ligada ao povo de Israel. Ele seria instrumento de deus para fazer o povo herdar a terra prometida.
Sê forte e corajoso, porque tu farás este povo herdar a tera que, sob juramento prometi dar a seus pais (Josué 1.6).
Muitas vezes, usamos as palavra “força e coragem” somente no contexto da luta pelos nossos próprios privilégios e bênçãos. Usamos o conceito da companhia de Deus apenas numa perspectiva das coisas que Ele pode nos oferecer para o nosso gozo. Até mesmo as palavras como as dos versos seguintes que oferecem “serás bem sucedido”, pensamos prioritariamente em nosso sucesso pessoal.
A bem-aventurança aqui para Josué não é proposta no sentido da vitória pessoal, mas da capacidade de ser instrumento para abençoar outros e servir-lhes, proporcionando que eles alcancem a herança que lhes é oferecida.
Essa missão é como a missão que temos como pais. Construímos o que construímos com o claro objetivo de oferecer aos nossos filhos coisas boas. Da mesma maneira, devemos ser estimulados pelo amor ao próximo para servir no reino.
Um amor que se estabelece na decisão de servir ao próximo fortalecerá a nossa coragem. O apóstolo Paulo nos oferece em belo exemplo quando nos fala de sua luta pela igreja:
Temos, porém esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós opera a morte, mas em vós a vida (2 Coríntios 4.7-11).
Se é com o sofrimento pessoal que Paulo alcançará a graça de que a vida de Cristo se manifeste e abençoe os crentes de Corinto, isso é o que o apóstolo deseja. Ele o faz por amor, isso é o que o move em coragem.
SE tivermos amor aos nossos filhos, se tivermos amor aos homens perdidos, se tivermos amor uns para com os outros e esse amor for verdadeiro, nossa coragem e disposição para servir mudarão.
Josué foi chamado a servir ao seu povo e o fez. Ele lutou e lhes ofereceu grande exemplo. Ele se despediu dessa vida cumprindo a sua tarefa (ver Josué 24.26-28).

FORÇA E CORAGEM SÃO PRODUTOS DE UM AMOR A DEUS QUE SE REVELA EM NOSSA OBEDIÊNCIA AOS SEUS MANDAMENTOS
Sê forte e mui corajoso - Meus irmãos, os versos 7 a 9 possuem como parte central a obediência aos mandamentos. Aqui, Josué é chamado a uma missão ainda maior a de ser muito mais corajoso para observar a Lei de Deus.
A proposta deste texto é a de nos fazer decididos a aprender a amar a Deus continuamente. A Lei Perfeita, nos ensina a amar a Deus. Aplicar a Lei de Deus à vida é a maior e mais excelente proposta de vida para quem deseja alcançar a vida próspera.
Não desviar - esta proposta é de que o caminho é um só e não há outro. Não há atalhos, não há outras opções. Jesus nos disse que seriamos prudentes se observássemos as suas palavras e teríamos comunhão com Deus.
Meditar dia e noite - o aprendizado é constante e vai se completando. Não é místico, é um exercício continuo na piedade e na busca de conformar a nossa vida à palavra do Senhor. A prática é o caminho do amadurecimento da verdade em nosso coração. A força e a coragem aumentarão exatamente aqui.

FORÇA E CORAGEM SÃO PRODUTOS DE UM AMOR QUE NOS CONFORTA NA NOSSA COMUNHÃO COM DEUS
EU SEREI CONTIGO - Mais uma vez é aqui que estamos, vivendo na comunhão com Deus. Ele é a nossa força. Fazer a sua vontade aumenta  a nossa percepção da comunhão com Deus.
Nossa coragem para enfrentar todos os desafios da nossa vida está firmada no fato de que Deus é conosco. SE Deus é por nós, quem será contra nós. Todos os inimigos serão resistidos e os venceremos.
O grande desafio de Josué era o de ensinar a seus irmãos essa grande verdade. Mesmo quando os momentos de Israel na nova terra fossem os mais difíceis, como passar o vale do Jordão, Deus é quem lhes ofereceria a vitória e não apenas os seus esforços.
A razão de crermos que a nossa vida com Deus é a melhor está baseada no fato de crermos em Deus e não em nós; em sua força e não na nossa; no seu amor por nós.

Conclusão
Acredito que nosso desafio é grande, mas podemos acreditar que é possível mostrar ao nosso mundo muito mais. Vivemos em uma sociedade completamente indiferente a Deus e distante cada vez mais dos valores que pregamos. Isso não será nada, se tivermos verdadeiro amor a nos mover.
Conhecer o amor de Deus por nós e amar os outros, além de amar a Deus de forma prática, amando a sua palavra. Isso nos moverá no caminho e fortalecerá os nossos passos.

Oração
Aumente o nosso amor! Amém.