22 de setembro de 2013

Josué 3.1-17

“O amor de Deus nos faz vencer as barreiras”
Josué 3.1-17
Introdução
Diante do povo de Israel estava o grande e profundo Rio Jordão. Ressalta o autor do livro que nos dias daquele acontecimento o rio transbordava por sobre todas as suas ribanceiras, durante os dias da sega (verso 15). O que implica em dizer que deveria ficar gravado na mente dos israelitas que aquele acontecimento, realmente ocorrera por intervenção de Deus na vida deles.
É um tema recorrente do livro de Josué que Deus cumpriria as suas promessas, feitas à casa de Israel, aos seus patriarcas e a  Moisés. E este texto, mais uma vez, é um daqueles que registram que o cumprimento destas promessas se dariam sempre pela intervenção poderosa de Deus e não pelo poder do braço dos homens.
Era Deus que estava com o povo, isso é o que realmente lhes garantia a vitória. O amor de Deus era o que os faria vencer todas as batalhas, todas as barreiras.
Neste texto, explorando essa ideia geral de que a presença de Deus é fundamental para o nosso caminhar nesse mundo. Veremos de que maneira o amor de Deus nos ajuda a vencer barreiras. Não trabalharemos com um método alegorizado da passagem, mas veremos as intencionalidades de Deus presentes nestes acontecimentos e registros, pois o Senhor, com a vitória sobre o Jordão, oferecia ao seu povo uma primeira e emblemática lição que serviria como base para todos os demais acontecimentos do povo na terra prometida.
Vejamos de que maneira o amor de Deus por seu povo, revelado no cumprimento de suas promessas, deveria ficar claro a todos eles para que vencessem todas as dificuldades de seu estabelecimento na terra de Canaã.

O AMOR DE DEUS PROPÕE A SANTIDADE DE UMA MENTE ORGANIZADA A PARTIR DE DEUS
Não poucas vezes nas Escrituras o Senhor aponta ao seu povo que o caminho da santidade é a única maneira de haver um verdadeiro e profundo relacionamento entre ele e o seu povo.
Santo sereis, porque eu o Senhor, vosso Deus, sou santo (Levítico 19.2)
Santidade é muito mais que apenas uma vida isenta de maldades, ou indecência. Santidade implica em um comprometimento com Deus, uma entrega voluntária da vida e confiança nEle.
A santidade que a Bíblia propõe é o desenvolvimento de uma mentalidade centrada em Deus, como o fator que dá significado a tudo o que somos e realizamos, a toda a realidade em si. Em outras palavras, a mente do homem santo está organizada a partir de Deus.
Os espias tinham ido até a cidade de Jericó e voltaram otimistas. Eles relataram que os cidadãos de Jericó estavam temerosos. Este relato dos espiais poderia animar todos os homens de Israel, contudo, antes de conquistarem aquela grande cidade e vencerem os seus moradores, uma lição precisavam aprender, a lição de dominar verdadeiramente a sua mente para que confiassem somente em Deus.
Desceram à Sitim e ali, certamente, poderiam ver o Jordão e perceberam que tinham uma barreira a ser vencida. O que acreditamos que estava em evidência nessa passagem não era o tamanho da barreira geográfica a ser vencida, mas a barreira que deveria ser vencida no coração do povo de Israel.
Eles precisavam ter a mente treinada para reconhecer Deus nos seus caminhos e viverem em obediência a Ele. Toda a passagem caminha para o final do capítulo 4, onde as pedras no leito do Jordão indicavam a eles e às gerações futuras que o Senhor esteve entre eles dando-lhes a terra.
Essa barreira do coração seria vencida com a estruturação do seu pensamento a partir de Deus. Nos versos iniciais do capítulo (1-6) a Arca da Aliança é destacada como o centro deste grande e poderoso acontecimento.
Quando virdes a arca da aliança - Eles deveriam estar com os seus olhos atentos para a Arca da Aliança, ela deveria ser o parâmetro da marcha. Assim como no deserto, a presença de Deus no tabernáculo, na Arca da Aliança, na nuvem e na coluna de fogo, mais uma vez, eles caminhariam dirigidos por Deus.
Contudo haja distância - Dois mil côvados (cerca de 1km) de distância entre o povo e a Arca da Aliança. Essa distância tinha como objetivo mostrar a enorme excelência de Deus, indicar que o Senhor entrava na frente deles naquele desafio, mas também, serviria para que discernissem o caminho. Seria necessário que avaliassem o caminho da Arca e depois seguissem na mesma direção, não desviando nem para a esquerda, nem para a direita. Esse caminho não seria trilhado por um conhecimento humano, pois eles nunca o haviam trilhado antes.
Santificai-vos hoje - A expressão, uma das mais conhecidas do livro de Josué, não indica nenhum rito de purificação, batismos, ou qualquer ato ritual para tal. Parece muito mais enfatizar uma atitude baseada na postura que cada um assumiria. Eles são chamados a se concentrarem mentalmente em Deus, na Arca da Aliança e esperar as ações de Deus no meio deles.
Amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós - Uma expectativa é colocada aqui. A santificação da mente exige um certo tempo. Uma proposta de avaliação e contenção dos pensamentos. Não é momento para ansiedade, mas um convite a autoreflexão e concentração de pensamentos. A Bíblia apresenta esse processo de outras maneiras, quando nos chama a ocupar o nosso pensamento com as coisas que são edificantes (Filipenses 4.8).
Levantai a Arca -  Os sacerdotes levitas, como foram definidos aqui, propõe o que antes fora proposto, que a Arca fosse posta em destaque, segundo a Lei havia determinado. Dentro da Arca, estava a Lei de Deus, e a obediência irrestrita aos comandos de Deus era fundamental para os Levitas, como para todo o povo. A Arca seria posta em destaque, para que todo o povo pudesse vê-la. Mais uma vez, era importante que o povo estivesse concentrado nela.
O amor de Deus se revela em nossa vida é será notado, vivenciado e percebido quando nossa mente estiver estruturada exclusivamente nele. Quando ele for o valor que a tudo der significado. A principal barreira para isto está no coração, portanto, o processo é o de santificação da mente a Deus.

O AMOR DE DEUS PROPÕE A SANTIDADE DE UMA MENTE CONSCIENTE DA PRESENÇA DE DEUS NA VIDA
Como já vimos no capítulo primeiro, a consciência da presença de Deus é um dos elementos vitais da nossa relação com o Altíssimo. Jesus Cristo, ao enviar os seus discípulos para a grande tarefa de espalhar a sua mensagem, deixou claro que estaria com eles.
Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mateus 28.20).
Desde o primeiro capítulo, a consciência da presença de Deus dominava a relação de Josué com Deus e a vida. O Senhor havia sido explícito com o seu servo:
Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares (Josué 1.9).
Nos versos 7-10, temos uma interpolação da narrativa do milagre. Este tipo de estrutura interpolada é comum nas narrativas hebraicas. Para o autor, o evento não é o mais importante, mas o seu significado. Aqui, fica claro que a Josué é chamada a estar consciente do que irá acontecer e do significado de tudo, também os filhos de Israel deveriam ter a mesma consciência.
Para que saibam que como fui com Moisés, assim serei contigo -   Neste ponto, Josué é encorajado mais uma vez com a as palavras de que Deus estaria à sua frente. A referência de Deus na sua vida lhe daria o privilégio de vencer as barreiras do coração do povo.
Deus estaria trabalhando a mente do povo na relação com a autoridade de Josué como líder e o próprio Josué seria incentivado de forma prática para saber que Deus, assim como mostrou sua fidelidade para com as promessas feitas a Moisés seria para com ele.
Tu pois ordenarás aos sacerdotes - A função de Josué, como líder que seria acreditado diante de todos, seria a de propor aos filhos de Israel tudo o que o Senhor indicar. Ouvi a palavra do Senhor - Veja que a ênfase não é na instrução dada por Josué, mas a Palavra de Deus, dada a seus filhos.
Nisto conhecereis que o Deus vivo está no meio de vós - Eles passariam por um processo em que a fé se aprofundaria e ser tornaria em um conhecimento prático de Deus. O Deus vivo é um contraste com os deusses dos povos cananeus, que eram ídolos mortos. Era Deus que lhes dava vencer as barreiras e o fazia por amor. Mas eles deveriam ter impregnado na mente que Deus estava com eles.
A consciência da presença de Deus, da ligação vital com Deus é fundamental para o nosso bom relacionamento com Ele, para a vida toda. Todas as esferas da nossa vida devem ser guiadas por essa consciência de pertencimento, de ligação com o Senhor.
O amor de Deus é uma proposta contínua de que essa viva consciência seja constantemente interpenetrada na nossa mente e comande a nossa maneira de pensar, assim, voltando ao nosso tópico anterior, cada vez mais estruturando a nossa mente em Deus.

O AMOR DE DEUS PROPÕE A SANTIDADE DE UMA MENTE QUE ENFRENTA AS LUTAS DA VIDA OLHANDO PARA DEUS
Nesse ponto, lembro-me de Pedro, quando Jesus o chamou a caminhar por sobre as águas. Também lembro-me do escritor aos Hebreus que nos exorta:
Olhando firmemente para o autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12.2).
Josué explica ao povo como acontecerá a maravilha que Deus operaria e Deus é centro de todas as atenções. A Arca da Aliança do Senhor passa adiante, os protege durante a passagem e os espera vencer a barreira para depois de garantida a passagem, sair do leito do rio.
A crentalidade de Deus nos acontecimentos - somos constantemente lembrados pela Escritura que Deus é o Senhor de toda a história. Ele nos conclama a olhar para ele em todas as situações e a manter o nosso coração em paz, mediante a lembrança de seu poder.
Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus (Salmo 46.10).
Tendo partido de suas tendas -  A ideia de abrigo e casa, segurança e morada, são sempre muito próximas. O povo saiu de suas tendas, implica em deixar o conforto e a segurança de seus próprios abrigos para se lançar na confiança em Deus, em mais um desafio do Senhor.
Assim como Abraão deixou a sua terra, o povo agora, encara a entrada em Canaã da mesma forma, confiando em Deus. Ele está no centro dos acontecimentos. A lembrança é constante para o Deus da Aliança, isto é, o Deus que fez um pacto com o seu povo. Isto deve sempre permear a nossa mente, todos os dias.
Pararam as águas - Deus fizera algo portentoso, o seu desejo era marcar o coração do seu povo com lembranças inesquecíveis. Ele deseja marcar a história deles com o seu poder, fazendo solidificar em suas mentes a consciência de sua presença. Então, Deus parou as águas, do grande Jordão, que transbordava.
Pararam firmes/Israel passou  a pé enxuto - A firmeza da Arca da Aliança era a garantia da passagem do povo. Não se tratava de uma mera confiança em um fato extraordinário, mas a confiança em Deus como o responsável de cada um desses grandes eventos.
O capítulo 4 retoma essa narrativa para atingir outros propósitos. Assim como aqui, ele tem alguns objetivos explícitos ao enfatizar a centralidade de Deus em todos os acontecimentos e a necessidade de que o povo se santifique para o Senhor.
Imagine que o povo, ao passar diante da Arca parara do meio do Jordão, estava recebendo uma carga de aprendizado sobre a beleza, a santidade, o poder e a glória de Deus. Você deve começar a perceber isso também no seu dia a dia.

Conclusão
Como filhos de Deus somos incitados pela Escritura a desenvolver uma mente organizada em Deus. Essa mente, primeiramente se desenvolve a partir de uma consciente relação com Deus e sua presença viva em nossa vida.
Deus, dirige a história e Ele é a nossa segurança. Não se dá jamais lugar para o caso de confiarmos exclusivamente em nós mesmos. O grande erro de muitos é que tentam direcionar a própria vida e não conseguem focar o seu olhar na direção que Deus dá. Eles simplesmente não desenvolvem senso da presença e da direção de Deus.
Faça de Deus um referência total que dê significado a sua vida. Nossa Canaã é tão difícil de ser conquistada como a de Josué. A primeira e mais profunda barreira que enfrentamos está em nossa mente, nosso coração.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Às vezes, como pastor, sou surpreendido com irmãos desistindo de suas importantes tarefas. As desculpas, quase sempre estão ligadas às dificuldades que temos de nos relacionar com os demais, ou com os afazeres que tomaram conta da minha vida.
Sou, geralmente, compreensivo com essas coisas. Mas, isso não me impede de sentir muita preocupação com o fato de que, em muitos destes casos, está acontecendo um deslocamento do referencial.
Precisamos nos santificar! Sabem o que isso significa? Dispor nossa mente a pensar na glória de Deus e tê-lo como o ponto significador da nossa existência. Nossa igreja não pode se tornar o referencial, mas deve ter Deus como o seu referencial. Ela não aponta para si mesma, ou para homens, mas aponta para Deus. Em obediência irrestrita, apenas carregamos a Arca, não a substituímos jamais.

Oração
Senhor, tudo o que precisamos é que sejas tudo em todos! Amém.


Um comentário:

  1. Creio que os nossos maiores obstáculos, são criados por nós mesmos. É quando não priorizamos a Deus e sua vontade, mas priorizamos os nossos desejos. Muitas vezes, pessoas vão a igreja, porque suas prioridades sao cumprir as funções de um cargo, mas não de que realmente seu coração está fazendo a vontade de Deus. Eu mesma me pergunto, se estou cumprindo uma função ou se estou indo para glorificar a Deus. Na verdade eu tenho que glorificar a Deus em tudo e todo lugar.
    Que Deus me ajude a confiar somente Nele; que o meu coração deseje ardentemente estar todo o tempo diante do Pai e cumprir a sua vontade.

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Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!