1 de setembro de 2013

Êxodo 20.16

“Não Dirás Falso Testemunho Contra o Teu Próximo”
Êxodo 20.16

Introdução
Seguindo em nossas meditações no Decálogo, nos deparamos com o nono mandamento: Não dirás falso testemunho. O amor a Deus é visto no modo como nos relacionamos com o nosso próximo e, por isso, é imperioso que este nosso relacionamento com o próximo seja controlado e caracterizado pela verdade.
Esse mandamento acusa a necessidade que temos de aprender a valorizar as outras pessoas e ter apreço por elas, trabalhando diligentemente para que, não importando a situação, sejamos instrumentos da edificação do nosso próximo.
Contudo, eis neste ponto um dos grandes desafios de mudança que a vida cristã propõe: o desafio de considerar o próximo acima de nós mesmos. Para isso, deveremos lutar contra várias tendências contrárias que encontramos dentro de nós mesmos.
Nesta meditação procuraremos considerar que devemos assumir algumas responsabilidades sobre o que pensamos e como agimos em relação ao nosso próximo.

Não Dirás - Um Mandamento que me Responsabiliza Quanto ao Que Falo
É evidente que os mandamentos que temos visto até aqui já nos esclareceram que as verdadeiras preocupações do crente não se limitam às ações. Muito antes das ações, temos de tratar os pensamentos do coração.
O nono mandamento expressa o desejo de Deus de que controlemos as palavras que saem da nossa boca. Mas, antes da palavra sair da nossa boca, é o nosso coração quem primeiro a pronuncia em termos de pensamento:
Raça de víboras, como podeis falar coisas boas sendo maus? Porque a boca fala o que está cheio o coração (Mateus 12.34).
O apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes de Éfeso, aplicando os mandamentos à vida dos crentes, afirma que o crente deve falar a verdade com o seu próximo e as palavras de sua boca devem ser ditas com a finalidade de operar a edificação do outro.
Fale cada um a verdade com o seu próximo. Não saia da vossa boca, nenhuma palavra torpe, mas aquela que edifica (Efésios 4.25 e 29).
A verdade é um conceito que está presente no nono mandamento, afinal é a falsidade que é proibida no mandamento. Entretanto, devemos lembrar que até mesmo a verdade, deve ser dita de uma maneira que opere a edificação da vida do próximo.
A falta de atento cuidado no falar é uma insensatez ímpia, estimulada pela simples falta de humildade e de domínio próprio. O capítulo 3 de Tiago é um dos mais duros sobre este tema.
Irmãos, antes de pensarmos sobre o que iremos falar é necessário ponderar sobre o “por quê” iremos falar. Com qual objetivo você deseja usar a palavra agora, o que pretende com aquilo que está pronto em sua língua para ser proferido.
Lembre-se, que é muito melhor ouvir, que falar. Falar é uma arte da paciência, para que aprendamos falar aquilo que edifica. O nono mandamento nos ensina a ter cuidado com aquilo que falamos, especialmente quando o que falamos terá como alvo o nosso próximo.

Falso Testemunho - Um Mandamento que me Responsabiliza Quanto a Verdade
O compromisso com a verdade é o compromisso do cristão. Se a verdade não controlar a nossa vida e nela não estivermos arraigados, devemos repensar o nosso chamado e a nossa própria fé.
A verdade é o caminho e o caminho é a verdade. Estamos falando de Jesus sim, mas estamos falando de uma vida verdadeira. A Bíblia atribui o nome de Verdade a Jesus e diz que aqueles que andam nos passos Jesus estão andando segundo a verdade.
Os Dez Mandamentos apontam para a verdade de Deus. Eles nos dizem que existe somente um Deus e que deve ser amado. Essa é a grande verdade que deve controlar a existência humana. Mas o amor à Verdade de Deus exige um comportamento que lhe seja compatível.
O nono mandamento nos compromete com tudo o que é verdadeiro. Paulo dizia que tudo o que é verdadeiro deve ocupar o nosso pensamento (Filipenses 4.8); JOão disse que devemos valorizar o caminho da Verdade (2 João 1-3 e 3 João 1-8). A verdade nos libertará, disse Jesus.
Quando alguém prefere a mentira, o engano e o erro, age segundo a operação do erro que está em curso neste mundo, desde que o pecado entrou no mundo. Essa operação do erro, começa na falsidade de que a nossa vida se centra em nós mesmos.
Sei que já voltamos ao assunto do egocentrismo em outros momentos. O falso testemunho que proferimos contra o nosso próximo é sempre um desdobramento desse egocentrismo. Não lidamos bem com a exaltação do outro e, tantas vezes, preferimos nos convencer do contrário com mentiras e histórias imaginadas em nosso coração com relação ao nosso próximo e, muitas vezes, o que aconteceu foi justamente isso: nada tínhamos que provasse nossos sentimentos em relação a alguém, mas preferimos nos guiar por nossos pensamentos insensatos.
O mandamento nos compromete com a verdade de uma maneira vital.

Contra o Teu Próximo - Um Mandamento que me Responsabiliza e Compromete com o Bem Estar do Nosso Próximo
Devemos insistir em que vejamos os Dez Mandamento com uma visão positiva e não meramente um conjunto de proibições. Esses mandamentos, na mesma medida em que nos dizem o que não fazer, apontam para a necessidade de fazer o que é justo e bom.
Esse era o método de aplicação dos mandamentos usado pelo apóstolo Paulo, o que mentia, diga a verdade, o que furtava, trabalhe etc.. Dessa forma, devemos também ver o mandamento que nos acusa contra o pecado de mentir contra o nosso próximo como um mandamento que nos estimula a trabalhar positivamente para o bem do nosso próximo.
Nosso Catecismo Maior diz o seguinte sobre o nono mandamento:

Pergunta 144: “Quais são os deveres exigidos no nono mandamento?
Resposta: Os deveres exigidos no nono mandamento são: conservar e promover a verdade entre os homens (Ef 4. 25) e a boa reputação do próximo, assim como a nossa (II Jo 12); manter e defender publicamente a verdade (Pv 31. 9) e dizê-la sincera (Sl 15.2; II Cr 19. 9), livre (Jr 9. 3), clara (Jr 42. 4; At 20. 20) e plenamente (At 20. 27) do coração, e em questões de julgamento e justiça( Lv 19. 15; Pv 14. 5) e em todas as mais coisas (Cl 3. 9; II Co 1. 17,18), quaisquer que sejam, dizer a verdade e só a verdade; julgar caridosamente os nossos semelhantes (Hb 6. 9; I Co 13. 4,5); amar, desejar e ter regozijo pela sua boa reputação (III Jo 4; Rm 1. 8); entristecer-nos (II Co 12. 21; Sl 119.158) pelas suas fraquezas e encobri-las( Pv 17. 9; I Pe 4. 8); mostrar franco reconhecimento dos seus dons e graças( I Co 1. 4,5; II Tm 1. 4,5); defender a sua inocência( Sl 82. 3; receber prontamente boas informações a seu respeito( I Co 13. 4-7) e rejeitar (Sl 15. 3) as que são maldizentes( Pv 25. 23), lisonjeadoras( Pv 26. 24,25) e caluniadoras (Sl 105. 5)); prezar e cuidar da nossa boa reputação e defendê-la, quando for necessário (II Co 11. 18, 23; Pv 22. 1Jo 8. 49; cumprir as promessas lícitas( Sl 15. 4); estudar e praticar tudo o que é verdadeiro, honesto, amável e de boa fama (Fp 4. 8)
A nossa relação com o nosso próximo deve ser de crescente valorização, preocupação e promoção do outro. Seremos grandemente abençoados se nosso irmão crescer e se desenvolver. Nem sempre estamos tão dispostos a tantos.
Um bom exemplo de homem que cumpriu esse mandamento temos Barnabé. Ele, mesmo ouvindo más notícias sobre Saulo, não hesitou em ser o seu companheiro e, no momento oportuno, deixar de ser o principal na missão para oferecer a Paulo a primazia.
Deus nos chamou para amá-lo por meio deste serviço abnegado ao próximo. Ele nos deu a sua Verdade para que fôssemos habilitados a levar a liberdade para outros e ensiná-los a viver no caminho da verdade.
O nono mandamento abre os nossos olhos para a nossa dificuldade, mas também para o nosso dever de cuidar e abençoar o próximo.

CONCLUSÃO
Devemos tomar muito cuidado com as acusações e as palavras que usamos contra o nosso próximo. Não deixe que seu coração produza mágoa, ou desestimule o seu próximo por meio daquilo que fala. Pense na responsabilidade exigida no nono mandamento.
Às vezes, nosso próximo realmente peca contra nós e nos causa decepções, mas nem isto nos credencia a uma atitude que justifique a total destruição dele em nossa palavras. Como é fácil destruir os outros com palavras e como difícil a mesma boca estar disposta a se retratar, pedir perdão e restaurar a honra. Somos tão pecadores!
Caros irmãos, devemos ter uma disposição cada vez maior de beneficiar o nosso irmão e um dos mais ricos instrumentos é o compromisso com a verdade do amor. Devemos desejar e incentivar que o nosso próximo ande na Verdade e jamais dizer a verdade com amargura ou ódio, mas sempre usá-la para o bem do próximo.
A mentira é oposição a Deus, a destruição do próximo é também contrária a Deus. Não se deixe dominar por isto em tempo algum.
 
Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Às vezes, em meio às tantas diferenças que temos em um grupo como o da igreja local, nos deixamos conduzir por um sentimento de diminuição e desprezo ao próximo. As palavras que proferimos e o modo como nos referimos aos nossos irmãos, mostrarão ou não, a presença de Cristo em nós.
Devemos ter um compromisso triplo: compromisso com a boa palavra que edifica; compromisso com a verdade e compromisso com o bem estar do nosso próximo.
Devemos nos interessar mais pelo que é do interesse dos nossos irmãos. Eu convido aos membros da igreja a buscarem esse modelo porque esse é o modelo baseado na Verdade.
Oração
Que a verdade nos liberte a cada dia mais. Amém.


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