1 de dezembro de 2013

Miquéias 6.1-8

A Justiça do SENHOR
Aprendendo a Viver de Forma Justa

Foco da Nossa Condição Decaída

Em boa parte das vezes, a abordagem de confronto parece ser incompatível com a fé cristã. Imaginamos que Deus estará sempre pronto a apaziguar os ânimos e entender nossos erros. Ao considerar um Deus que perdoa e esquece as nossas transgressões, podemos ser tentados a pensar também que podemos ter um relacionamento com Ele displiscente, levando em conta que ele nos perdoará no final. Bem, é um grande erro imaginar que Deus não será exigente. O texto que temos diante de nós, nos chama a atenção para o fato de que Deus tem uma controvérsia conosco e essa controvérsia tem a ver com o modo como vivemos. A vida reta, baseada na justiça de Deus, é uma exigência do Senhor. Precisamos de um compromisso cada vez mais completo com isso.


Introdução

Os homens de Judá haviam pensado que poderiam negociar alguns valores com Deus. Imaginaram que o Senhor deveria considerar que já estavam fazendo muito para manter a religião em Israel. 
A acusação do profeta Miquéias aponta para o fato de que Deus não estaria disposto a negociar ou a fazer vistas grossas para os pecados do seu povo. Neste capítulo, o profeta usa dois quadros que indicam Deus como um juiz e estabelece a controvérsia de Deus contra a injustiça dos seus filhos. 
Convido você a perceber as características próprias da justiça de Deus e a impossibilidade de uma negociação de valores com o Senhor. O quadro vivido de um tribunal é visto neste primeiro trecho do capítulo. Temos um juiz, os réus, as testemunhas, a acusação e a defesa. Todos esses elementos pintam um quadro importante que nos leva a compreender o que o SEnhor espera realmente de nós. 

Para Um Viver Justo Precisamos Admitir o Fato de Que Deus Realmente se Importa

Com toda certeza um dos elementos que desagregam a nossa fé e nos afastam de um viver em contínua retidão e justiça é a falta de profunda percepção da importância que Deus dá ao fato de que nos criou para um viver reto. 
A ideia de ilustrar a frustração de Deus com o modo de vida do seu povo por meio da figura de um tribunal não é única de Miquéias. O capítulo 5 de Isaías também nos faz uma convocação para julgarmos entre Deus e o seu povo. 
Julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha. Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas? (Isaías 5.3-4). 
O profeta Miquéias semelhantemente mostra a frustração de Deus com o fato de que o seu povo tenha dado às costas para o modelo pactual de vida que Ele havia proposto na sua Lei. O fato é que Deus esperava que o resultado da presença do seu povo na terra Canaã e do seu compromisso com a Lei santa, produzisse uma sociedade dirigida pela justiça, mas o fato é que o resultado prático da vida daqueles homens era a exploração e a injustiça. O mesmo trouxe Isaías que falou no mesmo tempo para o povo da cidade de Jerusalém: 
Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta dileta do SEnhor; este desejou que exercessem juízo, e eis aí quebrantamento da lei, justiça, e eis aí clamor (Isaías 5.7). 
Também Miquéias mostra essa frustração de Deus e acusa o povo do Senhor de viver de uma forma completamente divergente à todas as expectativas de Deus com os seus filhos. 
Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da víndima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma deseja (Miquéias 7.1). 
Viver como se Deus não se importasse. Continuar na prática do pecado ou seguindo o curso do caminho dos ímpios ou viver segundo o curso deste mundo e sob as regras dele é uma postura que não se enquadra no desejo de Deus para o seu povo. 
Precisamos da consciência clara de que DEUS SE IMPORTA SIM COM O MODO COMO VIVEMOS EM SEUS MÍNIMOS DETALHES. Quando realmente admitirmos que Deus se importa, então o nosso critério para a vida será mais elevado. 
No texto o que observamos sobre esse fato é que Deus convoca o seu povo a pensar e julgar a si mesmo. 
Levanta-se, defende a tua causa perante os montes, e ouçam os outeiros a tua voz. Ouvi, montes, a controvérsia do Senhor, e vós, duráveis fundamentos da terra, porque o Senhor tem controvérsia com o seu povo e com Israel entrará em juízo.
Os termos usados por Miquéias dão conta de que se trata de uma convocação, uma ordem judicial para comparecer diante do tribunal. Ele estabelece os montes e outeiros como juri, uma vez que eles estiveram presentes desdes os dias antigos (fundamentos da terra) e toda a história puderam assistir e contemplaram o amor do Senhor para com o seu povo. 
Estamos diante da fase de instrução do tribunal, Deus apresentará suas queixas e estabelece uma controvérsia, ou disputa, um desacordo. Ele havia proposto ao seu povo um modo de vida e, para tanto, lhe dera tudo o que era necessário, mas o seu povo resgatado, não correspondera e agora o Senhor lhes argui sobre isso. 
Povo meu, que te tenho feito? E com que te enfadei? Responde-me! Pois eu te fiz sair da terra do Egito e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti Moisés, Arão e Miriã. Povo meu, lembra-te, agora, do que maquinou Balaque, rei de Moabe, e do que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu dede Sitim até Gilgal, para que conheças os atos de justiça do Senhor 
A nossa história e todos os atos de redenção do Senhor não acontecem por acaso. São todos eles para nos conduzir a um padrão de vida que agrada a Deus. Não vivemos para nós mesmos, mas para Deus! Esse deveria ser o nosso pensamento. 
Pense, meu caro irmão: DEUS SE IMPORTA E TENHA CONSCIÊNCIA DISSO. Uma vida de retidão e justiça depende de incluir essa premissa em sua maneira de pensar. Quando fizer um negócio, quando resolver uma questão familiar, quando corrigir ou ensinar os seus filhos. Naquilo que reprovas e naquilo que aprovas. Em tudo e em qualquer pensamento, palavra, ação, resolução... tudo deve incluir a premissa de que Deus se importa com o modo como vivo e faço escolhas. 

Para Um Viver Justo Precisamos Admitir o Fato de Que Deus Não Pode Ser Enganado

Uma das passagens bíblicas que mais me impressionam pelo seu poder exortativo é aquela do Sermão da Montanha, quando Jesus Cristo disse: 
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus (Mateus 7.21a). 
Jesus completa o pensamento, justificando a sua afirmação com uma declaração bombástica sobre o fato de que muitos pensam que podem enganar a Deus: 
Muitos, naquele dia, hão de dizer: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? (Mateus 7.22). 
E, de forma explicita, Jesus declara a impossibilidade de que Deus seja realmente enganado: 
Então, lhes direi explicitamente:nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade (Mateus 7.23). 
O texto do profeta Miquéias aponta para a tentativa inútil de Israel se esconder por detrás de suas obras de justiça aparente. Uma grande ironia permeia o seu argumento, pois eles irão dizer que Deus está recebendo bem mais do que tem pedido. 
Eles apresentam a sua defesa diante da acusação de Deus da seguinte maneira: 
Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? 
 Eles iniciam o argumento de defesa, propondo uma reflexão sobre o fato de que a Lei de Moisés parecia muito objetiva quanto aos atos prescritos. Eles estavam certos, exceto por uma coisa: Deus não se agrada de sacrifícios, mais que um coração quebrantado. O problema de Deus não era receber os animais em holocaustos ou a precisão da prática externa dos atos religiosos, mas de uma profunda convicção de pecado e confiança nEle. 
Mas os homens de Israel se achavam justificados por estarem praticando os ritos externos e até ridicularizam Deus ao darem continuidade ao argumento: 
Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma? 
Há sempre alguém tentando argumentar com Deus, dizendo que já tem feito bastante. Será que Deus não se cansa de receber? Por outro lado, há aqueles que, na tentativa de se safarem das acusações da Palavra de Deus, procuram refúgio em uma prática externa, sem o verdadeiro quebrantamento e envolvimento do coração. Os dois estão errados: os que acham que fazem demais e também os que querem fazer mais externamente. 

DEUS NÃO PODE SER ENGANADO! Porque Deus vê o coração! Meus irmãos, nada do que fizermos será muito para Deus e também nada será o suficiente. Um viver reto nada tem a ver com o quanto ou o quê fazemos. Um viver reto está ligado muito mais ao "para a glória de quem fazemos nós" ou "para agradar a quem".

Deus cuidou de nós durante toda a nossa história de vida. Assim como nos dias passados, nos dias de Balaão, ele também nos preservou quando os inimigos tentaram nos destruir. Ele nos corrigiu e nos abriu caminhos novos.  Ele sempre teve um propósito de nos conceder todas as coisas para nos conduzir para uma vida de piedade. 
Permutar valores com o mundo é uma alta traição aos propósitos de Deus para a nossa vida é desconsiderar o valor da Cruz e da vida e morte de Jesus. Todos estes são os atos de justiça de Deus e por eles, devemos não dar apenas nossos cultos, nossos dízimos, nossas ofertas, mas a própria vida como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. 

Para Um Viver Justo Precisamos Viver de Acordo Com o Seu Querer

Deus não tem como objetivo final desta controvérsia apenas a acusação. Ele deseja que o seu povo reconheça o seu mau caminho e deseja que estejam prontos para ouvir o que o Senhor espera deles e deseja que vivam segundo o seu querer. 
Deus é misericordioso e sempre se fez pronto em chamar o seu povo a novamente reatar os laços de aliança e vida que apontam o fato de que Deus ama o seu povo. 
Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve;ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do Senhor o disse (Isaías 1.18-20). 
É tão clara a misericórdia do Senhor. Ele se volta ao seu povo rebelde e mais uma vez declara, antes que a sentença seja anunciada, qual deveria ser o procedimento e qual o propósito e expectativa de Deus para com o seu povo. 

Ele declarou,  ó homem - primeiro é preciso que fique claro que Deus é maior que o homem. Ele e só Ele tem o direito de dizer o que é reto e justo. Não se trata de uma justiça que tenha como parâmetro os sentimentos pessoais e exclusivos do homem, mas é o padrão de Deus que tem a primazia. 

O que é bom e o que é o que o Senhor requer de ti - Mais uma vez fica claro o fato de que é necessário considerar quem é quem e quem tem direito sobre quem. Deus é o ponto de partida e não se trata de nossas expectativas do que Deus deve fazer, mas das expectativas dele para com o que devemos fazer. 

Que pratiques a justiça e ames a misericórdia - Do que estamos falando? Estamos falando da Lei de Deus e de tudo o que ela exige em termos de nosso amor puro para com o nosso semelhante. Deus não podia aceitar que seus filhos se tornassem tão ímpios quanto os próprios ímpios e tivessem um modelo de vida baseado na ganância injusta ou em qualquer forma de injustiça. O Senhor também não admitiria que o seu povo visse a miséria do próximo e ficasse como quem nada viu. Deus não quer que assim viva o seu povo, com o coração autocentrado e egoísta. Ao contrário, como em toda a Escritura ele nos chama a amar o próximo de uma maneira tal que reflitamos verdadeiramente o seu amor. 

E andes humildemente com o seu Deus - Este texto nos faz lembrar do que foi dito sobre Enoque, Noé e para Abraão: andar com Deus. Meus irmãos, o resultado mais oportuno de uma vida reta é que ela é vivida na companhia de Deus. A companhia do Altíssimo não se torna real porque temos uma religiosidade externa, mas a sua intimidade acontece quando o nosso coração realmente se rende a Deus e à sua vontade. 
Andar humildemente com o nosso Deus é, entre tantas coisas, viver para Ele e dispor tudo para a glória dele. Ele é justo e nos dará tudo o que precisamos para esse viver. 


Conclusão

O que posso dizer senão que é um ato de amor que Deus esteja nos chamando a refletir e propondo que hoje reavaliemos e comecemos ou retomemos a caminhada na justiça. Não se trata de um julgamento humano sobre quem quer que seja, trata-se de Deus que conhece o seu coração e sabe o que é necessário que você mude. 
Portanto, considerando essas verdades, promova em sua vida tudo que é necessário para que sua vida siga o padrão de retidão e justiça traçados pelo Senhor. 

Aplicação Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa

Minha amada igreja!
Tudo o que eu gostaria de viver em Deus tem como objetivo agradar ao meu Deus, mesmo que eu tenha falhado tanto; deixar um bom exemplo para as minhas filhas e netos que virão; e caminhar com vocês ensinando e aprendendo o caminho da retidão. 
Lamento que, de alguma maneira eu tenha falhado em fazer o que era necessário fazer. Na verdade, nem sempre sei o que fazer para lhes convencer de que ouvir a Palavra é tudo o que precisamos. 
Eu vos exorto a ouvirem a Palavra do Senhor e participarem da Santa Ceia esta noite com o coração pronto a ouvir a voz de Deus e desejo de fazer caminhos novos para os seus pés. 
Caminhem comigo e vamos juntos ao encontro de um modelo de vida conduzido pela justiça de Deus e de sua palavra. Ajudem-me neste propósito e não dificultem isso. Não posso viver para ninguém e nem quereria, pois não tenho santidade para isso. Mas desejo ensinar o que sei e aprender o que não sei para ensinar ainda mais, para que todos andemos na estrada de justiça do Senhor. 

Oração

Permita-me, Senhor, que tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado! Amém!

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