2 de fevereiro de 2014

Marcos 3.7-12

“Viver Com Prioridade”

 

 

Foco da Nossa Condição Decaída

Nem todos percebem, mas a nossa natureza contaminada pelo pecado provoca em nós uma tendência a afastar de Deus. Viver tendo o reino de Deus como prioridade é uma elevada meta que devemos perseguir. Jesus nos deixou um grande exemplo, ele priorizou o reino em cada parte de sua vida. Não se deixou levar pela influencia dos homens, ou sequer das propostas de Satanás, ele perseguiu o seu elevado ideal de servir a Deus.

Introdução

Deus deixou sua igreja neste mundo com a tarefa de apresentar a todos a necessidade de se voltarem para Deus. Contudo, a maior parte de nós parece desestimulada, desencorajada e bastante despreocupada com a tarefa que recebeu.
Acredito que o tempo pode ter arrefecido nossa coragem para lutar pelo Reino de Deus. Parece que já nos acostumamos com a vida neste mundo, a ponto de passarmos a pensar que isso é a nossa verdadeira prioridade.
Pedro, possivelmente o preceptor do Evangelho de Marcos, se é que de fato, foi com Pedro que Marcos coletou informações sobre Jesus, afinal seu relacionamento próximo favorecia isso (1Pe 5.13), escreve essa carta à Igreja, exortando-a a não perder de vista o Reino de Deus e toda a glória que está reservada para aqueles que viverem para a glória do Senhor neste mundo (1Pe 1.3-4).
Ele concebia a vida na terra como um tempo de peregrinação (1Pe 2.11). Por isso, todos nós temos o dever de reunir toda a nossa diligência e viver neste mundo a certeza de que aguardamos novos e céus e nova terra (2Pe 3.13).
O evangelho de Marcos é um relato bastante direto sobre a vida de Jesus. Há algumas características deste evangelho que nos chamam a atenção e uma delas é a velocidade com que os acontecimentos são tratados.
Marcos utiliza muitos conectivos de movimento no seu texto, perceba-os, por exemplo em: 1.21; 2.1; 2.13; 3.1; 3.7... O senso de urgência de Marcos é muito evidente. Você pode percebê-lo na sua ênfase na chegada iminente do Reino de Deus (1.15; 13.29).
Enfim, o que podemos notar em Marcos é que ele nos conduz a pensar na vida com um foco em uma realidade superior, conduzida por Cristo, o Reino de Deus. Ele entende que a Igreja do seu tempo e nós entendemos que a Igreja hoje, pode se perder com muitos outras preocupações, que pode deixar de lado a importância da vida com Deus e da sua relação vital com Cristo. Por isso, é muito importante que vejamos e sintamos a necessidade da urgência do nosso compromisso com o Pai Celestial.
Nosso texto desta noite nos conduz a pensar nessa urgência a partir do exemplo do próprio Cristo Jesus. Veremos como o Senhor manteve o foco da sua vida, concentrado na vontade do Pai e na obra que ele viria realizar em favor dos filhos de Deus.
Você, meu caro irmão, sente que sua vida perdeu o foco elevado do Reino de Deus? Você se percebe sem prioridade para Deus? Você é daqueles que, poucas horas após o culto, no dia seguinte, já volta a viver mais para si mesmo que para Deus?
Eu quero que você ouça mensagem com o coração aberto para Deus. Aberto para repensar e mudar sua vida. Eu quero chamá-lo a ouvir essa mensagem como eu a tenho ouvido, considerando que o amor de Deus tem me mostrada, dia a dia, que antes importa servir a Deus que aos homens.

Quem deseja viver prioritariamente para Deus não pode resumir a sua vida aos aspectos materiais da existência
A popularidade de Jesus crescia fortemente. O texto nos diz que sua fama alcançava toda a terra de Jerusalém mais ao sul, até da Iduméia, de Tiro e de Sidon. As duas grandes regiões da terra dos filhos de Deus, a Judeia e a Galiléia também conheciam Jesus e, Marcos enfatiza que “grande multidão” procurava Jesus.
Retirou-se Jesus com os seus discípulos para os lados do mar. Seguia-o da Galiléia uma grande multidão. Também da Judeia, de Jerusalém, da Iduméia, dalém do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom, uma grande multidão, sabendo quantas coisas fazia, veio ter com ele (Marcos 3.7-8).
Jesus não se empolgava com a sua popularidade. Na verdade, os evangelhos irão nos ensinar que muitos daqueles que o seguiam o faziam por causa dos milagres, em virtude dos seus interesses materiais nessa existência.
Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo (João 6.26-27).
Neste, texto, mais uma vez, Marcos põe em confronto a a verdadeira missão de Jesus com os interesses das pessoas. Um pouco antes, no Evangelho, quando curara um paralítico em Cafarnaum, Jesus deixou claro o fato que a cura de enfermos era somente um meio para mostrar algo muito maior.
Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa (Marcos 2.10-11).
O que realmente importa na minha relação com Cristo, ele me curar de uma enfermidade ou dar-me a vida eterna?
Portanto, se você deseja viver prioritariamente para o Reino de Deus neste mundo, lembre-se de não resumir a sua vida aos aspectos materiais da existência.
Temos uma tendência natural a isso, meus irmão. Nós nos empolgamos com o Jardim e com a possibilidade de dominá-lo que nos esquecemos do fato de que devemos fazer isso para Deus.
Nossa vida, a vida de nossos filhos não pode ser resumida aos aspectos materiais e nós sabemos disto. Contudo é fácil perder o foco, é fácil confundir as coisas e deixar de lado o que é mais importante.
Foi com o intuito de conduzi-lo a priorizar as demandas da presente existência que o Diabo, tentou Jesus dizendo que lhe daria os reinos desta terra. Mas, Jesus sabia o que realmente era necessário fazer, cumprir com a vontade de Deus.
Marcos está nos mostrando o quanto Jesus estava pronto para não se deixar envolver por isso. Curar as pessoas era algo bom, se não fosse ele não o faria. Era algo necessário e se não fosse, ele não o faria. Contudo, nada poderia substituir o valor mais alto do seu ministério, morrer pelos nossos pecados.


Quem deseja viver prioritariamente para Deus não pode ter as demandas da presedeve prevenir-se para não ser envolvido de tal forma que se perca nas demandas desta presente existência
Prevenindo que a multidão o apertaria e o pressionaria a manter-se ali. Jesus disse aos seus discípulos para deixarem um barquinho preparado. Ele estava propondo um escape, para que a multidão não impedisse o curso da sua missão.
Então, recomendou a seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto um barquinho, por causa da multidão, a fim de não o comprimirem (Marcos 3.9).
O verbo “triblousin” é o mesmo usado em outros momentos para “angústia” ou “tribulação”. Ele aqui é traduzido por “comprimir”.
Meus irmãos, Jesus não está se negando a ajudar as pessoas. Às vezes, ele passava a noite recebendo pessoas e curando-as. Ele estava pronto a ir ao encontro dos enfermos, ele percebia a sua necessidade e se compadecia delas.
No entanto, ele sabia que não poderia confundir sua prioridade e ser perder nas demandas justas desta vida. Penso, por exemplo, no caso do trabalho, dos estudos, das coisas próprias e justas que fazem parte da nossa vida. Essas coisas são justas e boas, mas não podem nos impedir de viver para Deus.
Curar pessoas, libertá-las era de fato, uma das coisas importantes do ministério de Jesus, mas não poderiam substituir sua missão.
Talvez, Jesus tenha se prevenido de duas coisas poderiam acontecer, a multidão poderia se empolgar com todo aquele poder e tentar fazê-lo rei, segundo as necessidades destes mundo, como aconteceu certa feita (Jo 6.15), ou impedi-lo de seguir adiante, pensando nestas demandas como mais prioritárias que o seu objetivo de inaugurar o Reino de Deus, entre os homens caídos, como Pedro tentou demovê-lo, certa feita (Mc 8.32, Mt 16.22).
Então, ele se previne deste problema. Ele pede aos discípulos que tenham preparado um instrumento de fuga desta situação. Evidentemente, Jesus não se desviaria da sua missão por causa dos seus pecados. Ele está se prevenindo da multidão, como o texto apresenta. Mas, desta forma, ele nos deixar uma grande lição.
Também nós precisamos nos prevenir contra tudo o que pode impedir nossa progressão no reino e na prioridade que devemos dar a ele. Até mesmo das coisas lícitas e muitas vezes necessárias.
Por exemplo, a igreja tem como prioridade o reino dos céus, mas, vivendo em um mundo caído, como lidar com as necessidades existências das pessoas? Não podemos simplesmente nos esquecer de que isso é importante, contudo, isso não pode nos impedir de viver para a nossa missão.
Pode parecer bastante piedoso, em lugar do culto e da pregação, vamos cuidar dos pobres. Nossa igreja, no pouco tempo que temos na semana, em lugar de ficar aqui parada, cantando louvores, vai às ruas, vamos ao encontro dos pobres etc...
Pedro, o próprio Pedro, disse aos irmãos:
Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir as mesas. (...)escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra (Atos 6.2-4).
Não se perca nas demandas desta presente existência ainda que elas sejam justas. Não faça substituição de prioridades, então, tenha sempre o seu barquinho. Ele pode ser, para você, um tempo constante, marcado e determinado de oração. Ele pode ser, a presença assídua na casa do Senhor, para que sempre se lembre de que buscamos valores superiores, o vir a nós o seu Reino e o pão nosso de cada dia será consequência da vontade de Deus.
Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino dos Céus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mateus 6.33).
Jesus nos ensina a preparar um barquinho, para momentos como esse.

Quem deseja viver prioritariamente para Deus deve prevenir-se para não ser enganado por uma falsa concepção de espiritualidade
Um dos aspectos mais interessantes do relato de Marcos é que ele enfatiza bastante a relação de poder que Jesus exercia sobre os poderes das trevas e sobre a realidade não material da vida.
Ele expulsou muitos demônios e muitas vezes, estes próprios demônios faziam declarações a seu respeito. Como por exemplo:
Que nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus! Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai desse homem (Marcos 1.24-25).
No nosso texto, novamente Jesus se depara com situação semelhante. Pois, mais uma vez, um demônio vem fazer declarações a respeito de Jesus e de sua messianidade. Com certeza, essa publicidade gratuita do próprio adversário, pode parecer uma bom argumento em favor da messianidade de Jesus, mas ele não se deixava envolver por essa falsa piedade, essa falsa espiritualidade.
Também os espíritos imundos, quando o viam, protravam-se diante dele e exclamavam: Tu és o Filho de Deus! Mas Jesus lhes advertia severamente que o não expusessem à publicidade (Marcos 3.11-12).
A falsa espiritualidade pode ser um laço tão apertado quanto o mundanismo. Jesus lutava diretamente com essa falsa espiritualidade no seu confronto constante com as autoridades judaicas. Eles se postavam como os verdadeiros detentores da verdade de Deus, contudo não passavam de sepulcros caiados.
O confronto com a falsa espiritualidade é um ponto recorrente do começo deste evangelho. O nosso contexto imediato apontava para o fato de que os fariseus queriam ver se Jesus guardava ou não o sábado.
E por causa da dureza do seu coração ele curou um homem de mão ressequida. Eles, usaram isso para justificar a maldade de seu plano de lhe tirar a vida (Marcos 3.1-6).
A falsa espiritualidade pode mudar o nosso foco e o pior dela é que ela se veste de Reino de Deus para justificar-se e, no entanto, nada passa de poeira e a busca de si mesmo.
Um homem vai à igreja todos os dias. Tem um encargo importante como obreiro em um ministério. Pratica a evangelização na ruas... Contudo, maltrata seus filhos, não é honesto nos negócios e mantém conversas negativas sobre todas as pessoas que conhece e guarda muit a mágoa no coração. Eu pergunto: sua espiritualidade pode mudar sua condição de homem em pecado diante de Deus?
Prostrando-se - prosepipeten - a palavra grega que indica um dobrar de joelhos diante de... Era um sinal de reverência, mas era falsa. Jesus não se deixou convencer por essa postura, essa imitação que nada tinha a ver com um coração quebrantado.

Exclamavam - ekrassem legonta - Literalmente: gritavam dizendo - Seus gritos de exaltação de Jesus não convenceram Jesus. Ele não se deixava enganar pela falsidade dos gestos e palavras dos espíritos imundos. A própria palavra que os definia “imundos” apontava para uma mente poluída. Era como se Jesus estivesse novamente pensando com a mente do profeta: confessam com a boca, mas o coração está longe de mim.

Caros irmãos, vocês entendem a seriedade destas proposituras do evangelho? Então, não se deixem enganar pela falsa espiritualidade e cuidado com a sua própria. Dizer que Jesus é senhor, senhor, ou que é o Filho de Deus, não significa que seja realmente a verdade do seu coração.
Jesus não poderia ser demovido por essa falsa espiritualidade. Possivelmente, dando crédito aos demônios, seria acusado de ser por eles ajudado e difamaria o Reino dos Céus, ou seria ainda mais convincente e popular diante dos homens que o quisessem como um rei político.
A falsa espiritualidade pode ser tão fatal para a sua vida com Deus quanto o mundanismo. Então, previna-se contra ela. Repreenda a si mesmo quando isto acontecer. Muitas pessoas me perguntam, o que devo fazer, deixar de lado as coisas que parecem espirituais, mas não são, então devo deixar meus cargos e os meus trabalhos na igreja, no reino?
Não, você deve fazê-los como realmente convém. Você deve usá-los para priorizar o reino e não a si mesmo.

Conclusão

O que devemos aprender meus caros irmãos que devemos lutar contra tudo o que nos atrapalha e rouba a prioridade das coisas do Reino de Deus na nossa vida.
Devemos cuidar da nossa família e ensinar a mesma coisa aos nossos filhos. Eu vos convido a perceber o que tem atrapalhado a sua vida com Deus e repensar os seus valores.
Cristo não nos abandonou. Ele tinha  a cruz como sua prioiridade. Em outras palavras, ele tinha a sua salvação como prioridade e por isso deu a vida. Então, meu caro irmão e irmã, você não irá priorizar também isso?

Oração

Conceda-nos sabedoria para priorizar o teu reino e discernir sobre as nossas falhas.
Amém.



Um comentário:

Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!