“A autoridade de Jesus e a
nossa fé”
Foco da Nossa Condição Decaída
Este texto nos conduz a repensar os limites
humanos sob o critério do poder e autoridade de Jesus Cristo, nosso rei. Marcos
nos conduz a refletir no fato de que Jesus tem autoridade para vencer todos os
limites e o propósito desta mensagem é nos despertar para uma fé que vence os
próprios medos e limites.
Introdução
Os Evangelhos trabalham
essa passagem referindo-se ao milagre da ressurreição da filha de Jairo sempre
de forma intercalada com a cura da mulher enferma de fluxo de sangue. Mateus,
Lucas e Marcos criam o clima de expectativa e geram sempre a questão de que
Jesus parecia saber muito bem que estava para vencer o limite da morte.
No caso de Marcos,
destacamos que sua ênfase na autoridade de Jesus, nos conduz a pensar que o
exercício do poder sobre a morte e a vida deveria provocar no coração dos
crentes a mais completa certeza de que Jesus é o Filho de Deus e, por isso
mesmo, pode ser crido, amado e seguido.
Um contraste, entretanto,
deve nos chamar a atenção. O fato de que Jesus lhes exigiu que a ninguém
contasse o que estava acontecendo. Ele ordenava o segredo de sua messianidade e
não foi apenas uma vez no Evangelho em que ele recusou usar suas curas e sinais
como publicidade do seu ministério.
Mas Jesus lhes advertia severamente que
o não expusessem à publicidade (Marcos 3.12).
Trabalharemos nessa
mensagem com este intrigante texto que nos conduz a um repensar de nossa
relação com Jesus Cristo, seu poder e autoridade. Perceberemos que o nosso
Senhor, quando nos socorre em nossas aflições, trabalha sob os auspícios de um
amor pessoal e verdadeiro que tem por cada um de nós, pois somos suas ovelhas e
ele nos conhece pelo nome.
Como devemos agir diante de
um amor pessoal tão intenso, diante da autoridade de Jesus?
Diante do exercício da autoridade de Jesus devemos
reagir com fé mesmo que tenhamos chegado no nosso limite
Essa história, como vocês
podem perceber, começa ainda no verso 21, quando Jairo, chefe da sinagoga
procura Jesus na esperança de levá-lo à sua casa para curar a sua filha
gravemente enferma.
Eis que chegou a ele um dos principais
da sinagoga, chamando Jairo, e, vendo-o, prostrou-se a seus pés, e
insistentemente lhe suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos
sobre ela, para que seja salva, e viverá (Marcos 5.22).
Mas, a história se torna
dramática pelo fato de que, no trajeto até à casa de Jairo, Jesus fora
comprimido por uma multidão, que o impedia seguir mais celeremente.
Em meio a esta multidão, os
evangelistas nos dão conta, um momento se destaca. Uma mulher, em segredo, toca
as vestes de Jesus e ele parou.
Quem me tocou? (Marcos 5.31).
Os discípulos estão
espantados com essa pergunta: como assim? Tem tanta gente aqui! Como ele
pergunta: quem me tocou?” Parecia lógica a posição dos discípulos. Mas, em meio
aquela multidão, Jesus tinha um encontro pessoal. Ele tinha curado uma pessoa
na multidão, mas para ele a ovelha sempre tem nome.
Jairo, estava vendo o tempo
passar, sua filha está à morte, mas ele para para ouvir o Senhor dizer àquela
mulher:
Filha, a tua fé te salvou; vai-te em
paz e fica livre do teu mal (Marcos 5.34).
Fé era uma palavra a ser
destacada por Marcos. Ele entendia que a fé em Cristo Jesus e na sua autoridade
era um requisito básico para uma cristã forte, que venceria todos os
obstáculos, como em sua época estava começando a acontecer.
Mas, Jairo recebe uma
notícia triste. As suas esperanças tinham chegado ao fim. Ele deixara sua
família, sua filha à morte e correra atrás de uma última esperança, o toque das
mãos de Jesus. Mas, agora tudo estava acabado:
Falava ele ainda, quando chegaram
alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu, por
que ainda incomodas o Mestre? (Marcos 5.35).
Algumas vezes, Deus nos
desafia além do limite de nossas esperanças. Ele propõe ao nosso coração o
desafio de crer contra a esperança. Como seria a vida de Jairo sem a sua
filhinha. Aquela menininha, jovem ainda que levara o seu pai à correr atrás de
Jesus?
Não sei exatamente o que
passara no coração de Jairo naquele momento. Contudo, Jesus não lhe deu muito
tempo, desconsiderando as más notícias voltou-se a Jairo e disse:
Não temas, crê somente (Marcos 5.36).
Jesus está propondo a Jairo
que mude o foco de sua atenção. Não dê ouvidos ao que dizem, não olhe para as
circunstâncias, olhe para mim! Creia!
Diante do
momento de esperar na autoridade de Jesus devemos reagir sempre com fé, não
importando as circunstâncias. Podemos sempre confiar em Jesus e descansar com fé em sua autoridade e
poder.
Não temas - a proposta de uma fé
centrada em Cristo é a transformação do coração angustiado em um coração
descansado no Senhor. O salmista Davi, muitas vezes declarou essa necessidade
de descansar o coração no Senhor.
Deus meu, clamo de dia e não me
respondes, também de noite, porém não tenho sossego. Contudo, tu és santo,
entronizado entre os louvores de Israel. Nossos pais confiaram em ti, e os
livraste. Clamaram e se livraram, confiaram em ti e não foram confundidos
(Salmo 22.2-5).
Quando valorizamos as
circunstâncias e nos esquecemos de Jesus, nosso coração se atemoriza. Mas, se
olharmos para Jesus, esqueceremos as circunstâncias. Quem dirige a nossa vida é
aquele que tem autoridade sobre as nossas circunstâncias.
Crê
Somente - Nada além da fé. Os reformadores gritaram: Sola Fide! Martinho
Lutero, em particular, tinha o seu coração carregado por muitas angústias, pois
achava que precisa sempre fazer mais para merecer o amor de Deus. Um dia,
subindo as escadas do seu mosteiro ele se deparou com: O justo
viverá por fé. Desde então, o homem assustado e preocupado cedeu lugar a alguém que
seria capaz de dizer:
A força do homem nada faz, sozinho está
perdido. Mas nosso Deus socorro traz, em seu Filho escolhido (Castelo Forte -
Hino 155 HNC).
Diante do exercício da autoridade de Jesus devemos
reagir com fé mesmo que a incredulidade nos cerque
Uma grande multidão comprimia Jesus. Ele, que aceitara essa compressão
até então, agora se afasta dessa multidão. Muitas vezes, a multidão seguiu
Jesus, mas ele não confiava nela. Ele sabia muito bem quem eram as suas ovelhas
e não as confundia.
Agora, era momento de dar uma atenção particular ao caso de Jairo. Ele
impede que outros o sigam e chama um pequeno grupo. Um grupo de discípulos que
estava se acostumando a dividir momentos bem próximos com Jesus.
Contudo,
não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João.
Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que choravam e
pranteavam muito. Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais?
A criança não está morta, mas dorme. E riam-se dele. Tendo, ele, porém mandado
sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou
onde ela estava (Marcos 5.37-40).
Em geral há sempre muita gente com esse espírito incrédulo. De fato,
humanamente falando, as circunstâncias muitas vezes proporcionam que o nosso
coração se turbe e se torne desesperançoso.
Aquelas pessoas agiram com incredulidade, pois Jesus havia afirmado a
elas que a menina não estava morta e eles se riam de Jesus. Eles pensaram que
ele estava louco ou desinformado da situação. A questão é que não deram ouvidos
a Jesus.
Infelizmente, não é raro encontrar pessoas que não aceitam a palavra de
Jesus. Elas não conseguem ouvir a voz de Jesus acima da voz das circunstâncias
que os cercam.
Não importa o quanto a situação seja difícil, ouvir a palavra de Jesus e
descansar nela é o dever dos discípulos de Jesus Cristo.
Quando o Senhor chamou a Abrão e lhe prometeu dar uma grande família.
Sara se riu da promessa.
Disse o
Senhor a Abraão: por que se riu Sara, dizendo: será verdade que darei ainda à
luz, sendo velha? Acaso para o Senhor há coisa demasiadamente difícil? (Gênesis
18.13-14).
Precisamos viver sob o discernimento de que Deus faz tudo a seu tempo de
forma sábia e perfeita. O não de Deus é tão perfeito e santo quanto o seu sim e
cumpre os seus propósitos com a mesma eficiência. Diante da
autoridade de Jesus devemos agir com fé, mesmo quando a incredulidade nos
cerca.
Nenhum daqueles que se posicionaram incrédulos tiveram o privilégio de
entrar naquele quarto de saber de primeira mão o que havia acontecido. Nenhum
dos incrédulos que circundavam Jairo e sua família foi convidado a partilhar de
um momento tão glorioso e desfrutar do maravilhoso momento em que a fé nos move
o coração à adoração:
Então,
ficaram todos sobremaneira admirados (Marcos 5.42).
Se creres vereis a glória de Deus! A fé é fundamental para as mais
profundas experiências de adoração. Esse tipo de adoração não pode ser
experimentada apenas por que cantamos um hino de letra e música maravilhosos ou
majestosos. A mais profunda experiência de adoração, acontece, muitas vezes,
quando o silencia é a nossa única reação possível.
Imagine-se no lugar de Jairo e sua esposa. Que palavras poderiam ser
ditas. O silencia, com certeza poderia ser um contraste com o barulho da
multidão incrédula.
Diante do exercício da autoridade de Jesus devemos
reagir com fé pois Ele te mostrará um amor pessoal
Os versos 41 a 43 nos
proporcionam uma dupla reflexão. A primeira delas é sobre o fato de que Jesus
restringe o conhecimento deste milagre apenas ao seu seleto grupo de discípulos
e à família de Jairo por uma questão de amor pessoal. A segunda lição tem a ver
com o “segredo messiânico” que visava proteger Jesus de ser impedido em sua
jornada ao maior e mais maravilhoso sinal do amor de Deus, a cruz.
Um amor
pessoal por nós
Deus tem um amor pessoal
por suas ovelhas. Ele afirma claramente que ele conhece suas ovelhas e as chama
pelo nome.
Para este o porteiro abre, as ovelhas
ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para
fora (João 10.3).
Eu sou o bom pastor; conheço as minhas
ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu
conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas (João 10.14-15).
Jesus não usaria a
ressurreição da filha de Jairo como uma placa de propaganda do seu poder. Jesus
fez o que fez por amor a Jairo, porque é um Senhor compassivo. O mesmo Senhor
que sentiu um toque especial de uma filha em angústia em meio à multidão, pode
entrar na privacidade do lar e da aflição de Jairo e trazer consolo ao seu
coração.
Não temas, crê somente -
não são palavras que exigem uma fé geral, mas pessoal. Deus pontua que deseja
um relacionamento entre Pai e Filho, como o apóstolo João faz questão de
mostrar que o amor do Pai e do Filho é o modelo para o amor de Jesus para conosco.
Um amor
pessoal que tem um preço pessoal
Entre as mais importantes
lições que aprendemos sobre a vida e ministério de Jesus é que ele veio para
morrer por mim e por você. Ele salva o seu povo, mas nos salva pessoalmente.
Jesus não usou o milagre da
casa de Jairo como propaganda do seu ministério, porque tinha um projeto ainda
mais elevado sobre a vida de Jairo, sua família, seus discípulos, muitos da
multidão e sobre nós que estamos aqui hoje. Ele tinha o projeto de realizar o
mais absoluto sinal de autoridade e poder sobre a vida e a morte, ele venceria
a morte, na sua morte na cruz.
A pequena (Talita) filha de
Jairo ressuscitaria, mas continuava precisando dos mesmos cuidados que qualquer
um dos mortais. Ela precisava ser alimentada.
Mas Jesus ordenou-lhes expressamente
que ninguém o soubesse, e mandou que dessem de comer à menina (Marcos 5.43).
Ele não queria que a
multidão o soubesse para que não confundissem a sua missão. Ele não veio para
ser um médico curador de enfermidades gerais, ou um filósofo, um mestre
singular... Jesus veio para nos dar vida em abundância e o fez quando morreu em
nosso lugar e com sua morte destruiu de vez o poder da morte sobre nós.
Este amor pessoal levou
Jesus à cruz por você. Sua vida deveria ser dedicada a Ele. Essa sim é a
resposta de fé que precisamos dar.
Logo, já não sou eu quem vive, mas
Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no
Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim (Gálatas 2.20).
A melhor resposta diante da autoridade de Jesus sobre a vida e a morte é
viver com fé, considerando que ele te ama pessoalmente.
Conclusão
Marcos nos convoca a pensar
que a autoridade que Jesus exerce sobre a morte e a vida deve ser considerada
em uma atitude de fé.
Exercitar a fé em Cristo
não importando se os nossos limites já chegaram, ou se a incredulidade bater à
porta do nosso coração.
Nem sempre o Senhor
ressuscitará os nossos mortos, mas ele fará o que for necessário por amor a
nós. Ele nos dará o que precisamos e nos mostrará o seu amor final, a partir do
seu mais glorioso ato de amor, sua morte na cruz.
Confie nele e se desperte
para viver em intensidade essa fé. Ela te levará a desfrutar o amor pessoal de
Cristo que quando se revela ao nosso coração nos dá uma alegria e um senso de
adoração inexplicavalmente mais elevado que qualquer outra experiência da vida.
Creia apesar de tudo, de
todos e até mesmo de você. Creia em Cristo somente. Creia somente!
.
Aplicação Para a Igreja
Presbiteriana de Vila Formosa
Uma igreja se mostra sadia
quando compreende que a fé é vivida em uma intensa coletividade de pessoas que
vivem uma relação pessoal com Deus.
Cada um a seu modo e do seu
jeito, a seu tempo. O jovem geraseno, que todos tinham desistido dele; uma
mulher que os médicos tinham desistido, ou um pai desesperançoso com a morte de
sua filha. Cada um, a seu modo, tiveram um encontro pessoal com Jesus que
venceu os limites humanos.
Hoje, é à Igreja
Presbiteriana de Vila Formosa e a cada um dos seus membros individualmente que
o Senhor chama para uma experiência vitoriosa, pela fé.
Não posso colocar fé nos
corações. Mas creio que Deus pode. Ele pode usar essa palavra e pode fazê-lo
até sem palavra alguma. Ele te chama a crer nEle.
Não temas,
crê somente!
Oração
Senhor, conceda-nos uma fé
que transcenda os nossos limites e nos impulsione a viver mais próximos a ti.
Amém.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue no meu coração haja muito mais fé em Cristo Jesus; e em sua autoridade.
ResponderExcluirQue todos nós estejamos prontos a sempre descansar o nosso coração na autoridade de Cristo... Silvia, obrigado por sempre nos estimular no trabalho!
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