23 de fevereiro de 2014

Marcos 5.35-43

“A autoridade de Jesus e a nossa fé”

 

Foco da Nossa Condição Decaída

Este texto nos conduz a repensar os limites humanos sob o critério do poder e autoridade de Jesus Cristo, nosso rei. Marcos nos conduz a refletir no fato de que Jesus tem autoridade para vencer todos os limites e o propósito desta mensagem é nos despertar para uma fé que vence os próprios medos e limites.

Introdução

Os Evangelhos trabalham essa passagem referindo-se ao milagre da ressurreição da filha de Jairo sempre de forma intercalada com a cura da mulher enferma de fluxo de sangue. Mateus, Lucas e Marcos criam o clima de expectativa e geram sempre a questão de que Jesus parecia saber muito bem que estava para vencer o limite da morte.
No caso de Marcos, destacamos que sua ênfase na autoridade de Jesus, nos conduz a pensar que o exercício do poder sobre a morte e a vida deveria provocar no coração dos crentes a mais completa certeza de que Jesus é o Filho de Deus e, por isso mesmo, pode ser crido, amado e seguido.
Um contraste, entretanto, deve nos chamar a atenção. O fato de que Jesus lhes exigiu que a ninguém contasse o que estava acontecendo. Ele ordenava o segredo de sua messianidade e não foi apenas uma vez no Evangelho em que ele recusou usar suas curas e sinais como publicidade do seu ministério.
Mas Jesus lhes advertia severamente que o não expusessem à publicidade (Marcos 3.12).
Trabalharemos nessa mensagem com este intrigante texto que nos conduz a um repensar de nossa relação com Jesus Cristo, seu poder e autoridade. Perceberemos que o nosso Senhor, quando nos socorre em nossas aflições, trabalha sob os auspícios de um amor pessoal e verdadeiro que tem por cada um de nós, pois somos suas ovelhas e ele nos conhece pelo nome.
Como devemos agir diante de um amor pessoal tão intenso, diante da autoridade de Jesus?

Diante do exercício da autoridade de Jesus devemos reagir com fé mesmo que tenhamos chegado no nosso limite

Essa história, como vocês podem perceber, começa ainda no verso 21, quando Jairo, chefe da sinagoga procura Jesus na esperança de levá-lo à sua casa para curar a sua filha gravemente enferma.
Eis que chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamando Jairo, e, vendo-o, prostrou-se a seus pés, e insistentemente lhe suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá (Marcos 5.22).
Mas, a história se torna dramática pelo fato de que, no trajeto até à casa de Jairo, Jesus fora comprimido por uma multidão, que o impedia seguir mais celeremente.
Em meio a esta multidão, os evangelistas nos dão conta, um momento se destaca. Uma mulher, em segredo, toca as vestes de Jesus e ele parou.
Quem me tocou? (Marcos 5.31).
Os discípulos estão espantados com essa pergunta: como assim? Tem tanta gente aqui! Como ele pergunta: quem me tocou?” Parecia lógica a posição dos discípulos. Mas, em meio aquela multidão, Jesus tinha um encontro pessoal. Ele tinha curado uma pessoa na multidão, mas para ele a ovelha sempre tem nome.
Jairo, estava vendo o tempo passar, sua filha está à morte, mas ele para para ouvir o Senhor dizer àquela mulher:
Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal (Marcos 5.34).
Fé era uma palavra a ser destacada por Marcos. Ele entendia que a fé em Cristo Jesus e na sua autoridade era um requisito básico para uma cristã forte, que venceria todos os obstáculos, como em sua época estava começando a acontecer.
Mas, Jairo recebe uma notícia triste. As suas esperanças tinham chegado ao fim. Ele deixara sua família, sua filha à morte e correra atrás de uma última esperança, o toque das mãos de Jesus. Mas, agora tudo estava acabado:
Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu, por que ainda incomodas o Mestre? (Marcos 5.35).
Algumas vezes, Deus nos desafia além do limite de nossas esperanças. Ele propõe ao nosso coração o desafio de crer contra a esperança. Como seria a vida de Jairo sem a sua filhinha. Aquela menininha, jovem ainda que levara o seu pai à correr atrás de Jesus?
Não sei exatamente o que passara no coração de Jairo naquele momento. Contudo, Jesus não lhe deu muito tempo, desconsiderando as más notícias voltou-se a Jairo e disse:
Não temas, crê somente (Marcos 5.36).
Jesus está propondo a Jairo que mude o foco de sua atenção. Não dê ouvidos ao que dizem, não olhe para as circunstâncias, olhe para mim! Creia!
Diante do momento de esperar na autoridade de Jesus devemos reagir sempre com fé, não importando as circunstâncias. Podemos sempre confiar em Jesus e descansar com fé em sua autoridade e poder.
Não temas - a proposta de uma fé centrada em Cristo é a transformação do coração angustiado em um coração descansado no Senhor. O salmista Davi, muitas vezes declarou essa necessidade de descansar o coração no Senhor.
Deus meu, clamo de dia e não me respondes, também de noite, porém não tenho sossego. Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel. Nossos pais confiaram em ti, e os livraste. Clamaram e se livraram, confiaram em ti e não foram confundidos (Salmo 22.2-5).
Quando valorizamos as circunstâncias e nos esquecemos de Jesus, nosso coração se atemoriza. Mas, se olharmos para Jesus, esqueceremos as circunstâncias. Quem dirige a nossa vida é aquele que tem autoridade sobre as nossas circunstâncias.
Crê Somente - Nada além da fé. Os reformadores gritaram: Sola Fide! Martinho Lutero, em particular, tinha o seu coração carregado por muitas angústias, pois achava que precisa sempre fazer mais para merecer o amor de Deus. Um dia, subindo as escadas do seu mosteiro ele se deparou com: O justo viverá por fé. Desde então, o homem assustado e preocupado cedeu lugar a alguém que seria capaz de dizer:
A força do homem nada faz, sozinho está perdido. Mas nosso Deus socorro traz, em seu Filho escolhido (Castelo Forte - Hino 155 HNC).

Diante do exercício da autoridade de Jesus devemos reagir com fé mesmo que a incredulidade nos cerque
Uma grande multidão comprimia Jesus. Ele, que aceitara essa compressão até então, agora se afasta dessa multidão. Muitas vezes, a multidão seguiu Jesus, mas ele não confiava nela. Ele sabia muito bem quem eram as suas ovelhas e não as confundia.
Agora, era momento de dar uma atenção particular ao caso de Jairo. Ele impede que outros o sigam e chama um pequeno grupo. Um grupo de discípulos que estava se acostumando a dividir momentos bem próximos com Jesus.
Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João. Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que choravam e pranteavam muito. Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme. E riam-se dele. Tendo, ele, porém mandado sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou onde ela estava (Marcos 5.37-40).
Em geral há sempre muita gente com esse espírito incrédulo. De fato, humanamente falando, as circunstâncias muitas vezes proporcionam que o nosso coração se turbe e se torne desesperançoso.
Aquelas pessoas agiram com incredulidade, pois Jesus havia afirmado a elas que a menina não estava morta e eles se riam de Jesus. Eles pensaram que ele estava louco ou desinformado da situação. A questão é que não deram ouvidos a Jesus.
Infelizmente, não é raro encontrar pessoas que não aceitam a palavra de Jesus. Elas não conseguem ouvir a voz de Jesus acima da voz das circunstâncias que os cercam.
Não importa o quanto a situação seja difícil, ouvir a palavra de Jesus e descansar nela é o dever dos discípulos de Jesus Cristo.
Quando o Senhor chamou a Abrão e lhe prometeu dar uma grande família. Sara se riu da promessa.
Disse o Senhor a Abraão: por que se riu Sara, dizendo: será verdade que darei ainda à luz, sendo velha? Acaso para o Senhor há coisa demasiadamente difícil? (Gênesis 18.13-14).
Precisamos viver sob o discernimento de que Deus faz tudo a seu tempo de forma sábia e perfeita. O não de Deus é tão perfeito e santo quanto o seu sim e cumpre os seus propósitos com a mesma eficiência. Diante da autoridade de Jesus devemos agir com fé, mesmo quando a incredulidade nos cerca.
Nenhum daqueles que se posicionaram incrédulos tiveram o privilégio de entrar naquele quarto de saber de primeira mão o que havia acontecido. Nenhum dos incrédulos que circundavam Jairo e sua família foi convidado a partilhar de um momento tão glorioso e desfrutar do maravilhoso momento em que a fé nos move o coração à adoração:
Então, ficaram todos sobremaneira admirados (Marcos 5.42).
Se creres vereis a glória de Deus! A fé é fundamental para as mais profundas experiências de adoração. Esse tipo de adoração não pode ser experimentada apenas por que cantamos um hino de letra e música maravilhosos ou majestosos. A mais profunda experiência de adoração, acontece, muitas vezes, quando o silencia é a nossa única reação possível.
Imagine-se no lugar de Jairo e sua esposa. Que palavras poderiam ser ditas. O silencia, com certeza poderia ser um contraste com o barulho da multidão incrédula.

Diante do exercício da autoridade de Jesus devemos reagir com fé pois Ele te mostrará um amor pessoal

Os versos 41 a 43 nos proporcionam uma dupla reflexão. A primeira delas é sobre o fato de que Jesus restringe o conhecimento deste milagre apenas ao seu seleto grupo de discípulos e à família de Jairo por uma questão de amor pessoal. A segunda lição tem a ver com o “segredo messiânico” que visava proteger Jesus de ser impedido em sua jornada ao maior e mais maravilhoso sinal do amor de Deus, a cruz.
Um amor pessoal por nós
Deus tem um amor pessoal por suas ovelhas. Ele afirma claramente que ele conhece suas ovelhas e as chama pelo nome.
Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora (João 10.3).
Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas (João 10.14-15).
Jesus não usaria a ressurreição da filha de Jairo como uma placa de propaganda do seu poder. Jesus fez o que fez por amor a Jairo, porque é um Senhor compassivo. O mesmo Senhor que sentiu um toque especial de uma filha em angústia em meio à multidão, pode entrar na privacidade do lar e da aflição de Jairo e trazer consolo ao seu coração.
Não temas, crê somente - não são palavras que exigem uma fé geral, mas pessoal. Deus pontua que deseja um relacionamento entre Pai e Filho, como o apóstolo João faz questão de mostrar que o amor do Pai e do Filho é o modelo para o amor de Jesus para conosco.
Um amor pessoal que tem um preço pessoal
Entre as mais importantes lições que aprendemos sobre a vida e ministério de Jesus é que ele veio para morrer por mim e por você. Ele salva o seu povo, mas nos salva pessoalmente.
Jesus não usou o milagre da casa de Jairo como propaganda do seu ministério, porque tinha um projeto ainda mais elevado sobre a vida de Jairo, sua família, seus discípulos, muitos da multidão e sobre nós que estamos aqui hoje. Ele tinha o projeto de realizar o mais absoluto sinal de autoridade e poder sobre a vida e a morte, ele venceria a morte, na sua morte na cruz.
A pequena (Talita) filha de Jairo ressuscitaria, mas continuava precisando dos mesmos cuidados que qualquer um dos mortais. Ela precisava ser alimentada.
Mas Jesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse, e mandou que dessem de comer à menina (Marcos 5.43).
Ele não queria que a multidão o soubesse para que não confundissem a sua missão. Ele não veio para ser um médico curador de enfermidades gerais, ou um filósofo, um mestre singular... Jesus veio para nos dar vida em abundância e o fez quando morreu em nosso lugar e com sua morte destruiu de vez o poder da morte sobre nós.
Este amor pessoal levou Jesus à cruz por você. Sua vida deveria ser dedicada a Ele. Essa sim é a resposta de fé que precisamos dar.
Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim (Gálatas 2.20).

A melhor resposta diante da autoridade de Jesus sobre a vida e a morte é viver com fé, considerando que ele te ama pessoalmente.

Conclusão

Marcos nos convoca a pensar que a autoridade que Jesus exerce sobre a morte e a vida deve ser considerada em uma atitude de fé.
Exercitar a fé em Cristo não importando se os nossos limites já chegaram, ou se a incredulidade bater à porta do nosso coração.
Nem sempre o Senhor ressuscitará os nossos mortos, mas ele fará o que for necessário por amor a nós. Ele nos dará o que precisamos e nos mostrará o seu amor final, a partir do seu mais glorioso ato de amor, sua morte na cruz.
Confie nele e se desperte para viver em intensidade essa fé. Ela te levará a desfrutar o amor pessoal de Cristo que quando se revela ao nosso coração nos dá uma alegria e um senso de adoração inexplicavalmente mais elevado que qualquer outra experiência da vida.
Creia apesar de tudo, de todos e até mesmo de você. Creia em Cristo somente. Creia somente!
.

Aplicação Para  a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa

Uma igreja se mostra sadia quando compreende que a fé é vivida em uma intensa coletividade de pessoas que vivem uma relação pessoal com Deus.
Cada um a seu modo e do seu jeito, a seu tempo. O jovem geraseno, que todos tinham desistido dele; uma mulher que os médicos tinham desistido, ou um pai desesperançoso com a morte de sua filha. Cada um, a seu modo, tiveram um encontro pessoal com Jesus que venceu os limites humanos.
Hoje, é à Igreja Presbiteriana de Vila Formosa e a cada um dos seus membros individualmente que o Senhor chama para uma experiência vitoriosa, pela fé.
Não posso colocar fé nos corações. Mas creio que Deus pode. Ele pode usar essa palavra e pode fazê-lo até sem palavra alguma. Ele te chama a crer nEle. 

Não temas, crê somente!

Oração

Senhor, conceda-nos uma fé que transcenda os nossos limites e nos impulsione a viver mais próximos a ti.

Amém.



3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Que no meu coração haja muito mais fé em Cristo Jesus; e em sua autoridade.

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    1. Que todos nós estejamos prontos a sempre descansar o nosso coração na autoridade de Cristo... Silvia, obrigado por sempre nos estimular no trabalho!

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Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!