16 de abril de 2014

Marcos 14.22-25

“A Santa Ceia”

(Marcos 14.22-25)

Introdução

Questões culturais nos afastam deste dia e do que aconteceu no cenáculo, da mão de João Marcos, no momento em que Jesus celebrou a Páscoa com seus discípulos e instituiu a Ceia como um estatuto para a sua igreja até a sua volta.
Os judeus se reuniam em suas casas para comer o cordeiro Pascal. Ele era o prato principal. Mas não havia apenas o cordeiro, pão, vinho, ervas amargas eram usados nesta ceia.
Toda essa refeição apontava para o dia em que Deus os havia libertado do Egito. Toda essa refeição, altamente simbólica tinha, naquele cenáculo, chegado ao seu ponto mais alto, o dia em que todo o símbolo começaria a tomar a sua verdadeira realidade.
Tudo isso aconteceu naquela hora em que Jesus tomou o pão. Toda a história acontecida nos dias de Moisés e toda a história de Israel, a vida dos profetas, os reis de Israel, todas os primogênitos e todos os sacerdotes e sacrifícios do templo, tudo isto, estava ali, vendo o seu propósito e significado tomar verdadeiro corpo.
Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e abençoando-o, o partiu e lhes deu - Neste momento, Jesus interrompe toda a história do povo de Deus e estabelece um novo momento. Este novo momento é a realização de todo o plano implementado deste o início e Jesus está se estabelecendo como o centro desta obra redentora do Pai.
A Páscoa de Cristo é o cumprimento das promessas e o estabelecimento de um novo pacto, baseado em uma promessa de vida eterna.
Nesta meditação avaliaremos o texto consideraremos a realização das antigas promessas e qual o futuro do povo que crer em Jesus.

Isto é o meu corpo
As promessas são cumpridas por meio de um amargo sofrimento
As promessas de Deus (Êxodo 6.6-8) foram entregues ao povo de Israel em virtude de toda a amargura que passaram nos dias do cativeiro no Egito. Eles comiam ervas amargas para se lembrarem de todo o sofrimento que tiveram sendo escravos.
Mas, agora, Jesus toma aquele pão sem fermento, seco e sem sabor, o pão asmo, e em lugar de anunciar o sofrimento do povo de Deus, ele anuncia o seu próprio sofrimento quando diz: Isto é o meu corpo. O evangelista Lucas acrescentou: Que é oferecido por amor de vós.
Isto é o meu corpo - Estas palavras, apontavam para aquilo que o Senhor havia dito algumas vezes aos seus discípulos:
Então, começou ele a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse (Marcos 8.31).
Os discípulos, com certeza, não compreenderam tudo o que Jesus dizia. Eles, com certeza, entenderam a importância daquele momento, pois Jesus, o presidente daquela cerimônia pascal, tinha levantado a pão no gesto cerimonial da bênção.
Abençoando-o, o partiu e lhes deu - eles talvez não entendessem tudo, mas entenderam que Jesus estava solenemente consagrando aquele pão e simbolizando um pacto, pois ele o repartiu com todos.

Isto é o meu sangue
As promessas são cumpridas por meio de uma morte vicária
Toda a cerimônia da Páscoa Judaica era muito simbólica. Quem presidisse a mesa, o chefe de um lar, se utilizava de quatro cálices para quatro momentos distintos.
Em cada um destes momentos, ele se levantava e explicava uma parte do significado da Páscoa. Este era o dever do líder de uma família e ou de um clã.
Quando Jesus, depois de ter dado o pão, tomou o cálice, todos estavam com os olhos fitos nele e esperaram a explicação que já conheciam da páscoa judaica, mas Jesus vai além.
A seguir, tomou Jesus um cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos e todos beberam dele. Então, lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos (Marcos 14.23-24).
Ele começou a explicar-lhes a páscoa, dizendo que aquele vinho apontava para o sangue aspergido nas portas e que os livrava da maldição da morte e que aquele sangue era o dele.
Jesus estava dizendo aos seus discípulos que toda a obra expiatória ensinada ao longo de toda a história de Israel, por milhares de sacerdotes e todas as vezes que as famílias se reuniram para comer a páscoa, e celebrar a passagem do anjo vingador, estava agora assumindo o seu verdadeiro e profundo sentido.
O sangue da nova aliança - a antiga aliança, o livro da Lei e suas estipulações, seriam agora incluídos na obra que Jesus estava por realizar através do derramamento do seu sangue. Todas as promessas pactuais tomavam corpo e se tornavam evidentes e concluídas em Cristo.
Ele estaria realizando uma nova aliança, a mesma anunciada pelos profetas, remontando às palavras de Jeremias:
Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o Senhor. Porque está é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo (Jr 31.31-33).
Derramado em favor de muitos - Jesus propunha aos seus discípulos que discernissem que as antigas promessas seriam lhes dada como um favor, por meio de seu sacrifício vicário.
O texto remete ao profeta Isaías, no seu capítulo 53:
Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si (Isaías 53.11).
Assim, Jesus estava chamando os seus discípulos a comungarem destas realidades e pactuarem com ele uma vida baseada na concretização de todas estas promessas.
A velha aliança, estava se tornando real em Cristo e se lançando a uma nova etapa. A etapa do futuro Reino de Cristo, Jesus.

Novo no meu Reino
As promessas são cumpridas para que tenhamos todos uma promessa de um futuro
A marcante festa da Páscoa chega ao seu final. Os discípulos acabam sua refeição pascal, mas agora, têm diante de si não somente o passado explicado e tornado presente, Jesus lhes propõe esperança e futuro.
Em verdade vos digo que jamais beberei do fruto da videira,até aquele dia em que o hei de beber, novo, no reino de Deus (Marcos 14.25).
Esta frase de Jesus é como um juramento. Ele está propondo a seus discípulos que confiem na obra que ele está para realizar e que ele trabalhará para que, no futuro, um reino possa ser celebrado em uma nova refeição.
Jamais beberei do fruto da videira - Jesus está dizendo que agirá constantemente e não se demoverá do seu agir até que esteja pronto para concretizar o seu plano. Ele está propondo a eles que depositem toda a esperança nele e que considerem que todo o esforço que for possível será realizado para que tudo o que ele diz se cumpra.
Até aquele dia - Jesus anuncia um “dia” em que todo o seu trabalho finalmente se findará. Ele anuncia o dia em que de fato todas as coisas estarão postas onde sempre deveriam estar e tudo estará definitivamente acabado e a obra entregue a Deus.
O hei de beber, novo, no reino de Deus - Algumas destas expressões nos dão conta da alegria proposta àqueles que confiarem em Cristo. A alegria de um dia para ser celebrado, um dia novo, no qual todas as coisas são transformadas e tudo se torna novo e, também um reino de Deus, no qual habitem todas as bem aventuranças dos que aguardaram o Senhor.

Conclusão
A Pascoa de Cristo, ou a Santa Ceia, é uma palavra de esperança. Ela nos chama a confiar naquele que deu a sua vida para cumprir as santas promessas de Deus, nas quais ele de fato nos libertou, nos remiu e nos concedeu um novo relacionamento com Deus.
Precisamos desenvolver uma relação de amor com Cristo que nos ajude a pensar em um reino celestial chegando sobre nós, como se pudéssemos já antever, ou anteviver este reino, de tão certo que é. Porque aquele que o promete faz um solene juramento e irá cumprir o que diz.
Toda a nossa expectativa com essa vida deve ser de que estamos aqui para continuar a esperar e descansar nas palavras desta aliança. Desta nova aliança, realizada no sangue de Cristo.

Aplicação Para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa

Caros irmãos, hoje estamos aqui, diante da mesa que nos remete àquele dia em que Cristo esteve com seus discípulos assegurando-lhes que é o seu redentor.
Hoje nós somos os seus discípulos e a essa mesma certeza deve estar em nossos corações. Estamos hoje mais perto de ver concretizada a promessa da concretização final do Reino.
Hoje, eu e você podemos viver e nos alimentar desta mesa como mesa da certeza e mesa da esperança em Cristo Jesus.
Façamos a nossa parte com fé. Busquemos uma vida que seja de acordo com esta fé e esta consagração. Que o Senhor nos ajude.


Oração

Faça-nos firmes para a tua obra e nos ajude a ter esta esperança!

Amém.



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