7 de dezembro de 2014

Daniel 9.15-19 - IP Taquaritinga

“O Que Pedir a Deus Quando Descobrimos que a Nossa Vida não Agrada a Deus”
Daniel 9.15-19

Foco da Nossa Condição Decaída
Não estaremos suficientemente maduros enquanto nossas orações não refletirem verdadeiramente nosso estado espiritual e quando isso não nos conduzir a um constante arrependimento e quebrantamento pela maldade que revelamos no nosso modo de viver. Neste texto, o grande profeta Daniel considera o seu pecado e o de seu povo e deseja a restauração do Senhor. Isso, como certeza deve ser um alvo de todos os que são filhos de Deus e chamados pelo seu Nome.

Introdução
O conteúdo das nossas orações revelam muito sobre nós mesmos. A igreja do século XXI, no Brasil, tem se revelado uma igreja despreocupada com seu real estado espiritual. Aparentemente, para muitos crentes, a vida descompromissada, voltada para os planos pessoais, sem fervor espiritual e santidade, parece não incomodar.
Daniel, o profeta do Senhor estava lendo os livros do profeta Jeremias e notou ali a profecia dos setenta anos de cativeiro. Ele alarmou-se com o prazo que se aproximava em cumprir, pois não havia notado que o povo de Deus estava pronto para a volta à sua terra.
No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus, no primeiro  ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos de que falara ao profeta Jeremias, que haviam de durar as desolações de Jerusalém era de setenta anos. Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar em oração e súplicas, com jejum,  pano de saco e cinza (Dn 9.1-3).
Daniel sabia que seu povo teria de apresentar-se a Deus e que a obra de purificação, pela qual o Senhor havia mandado o povo para o exílio, sequer havia se mostrado  real na vida dos filhos de Israel.
Como já vimos em outro momento, a oração de Daniel repete a confissão do pecado de ter se desviado da Palavra de Deus, pregada pelos profetas e terem vivido de forma perversa. Ele afirma que o modo de vida do povo da aliança em nada combina com sua ligação com seu  Deus. Eles haviam pecado, sobretudo o terceiro mandamento estava na mente do profeta.
Orei ao Senhor, meu Deus, confessei e disse: Ah Senhor! Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos, temos pecado e cometido iniquidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos (Dn 9. 4-5).
 A consciência de Daniel o acusava a respeito dos seus pecados e dos pecados de todo o povo. Assim como Isaías, no capitulo 6, quando diante da glória e da santidade de Deus afirma:
Sou homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios (Is 6.5).
Consciência dos próprios pecados e dos pecados do povo ainda não tem sido uma marca da liderança da igreja de Cristo em nossos dias. O prazo do Senhor pode também estar se acabando para nós. Podemos também estar diante de nosso Deus e não temos visto aquela obra tão anunciada nas Escrituras:
Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito (Ef 5.27).
Caro irmão, quando olhamos para a igreja de nossos dias ou quando olhamos para a IP de Taquaritinga, depois destes 109 anos, podemos dizer que essa é uma igreja mais preparada para a volta de Cristo? Eu sei que é um dia de aniversário, dia de festa. Mas, eu não tenho compromisso com Deus e com a palavra de entretê-los com elogios. Eu preciso falar-lhes sobre a santidade e a pureza da Igreja que Deus deseja operar. E sobre a consciência que deve levar essa igreja a orar.
Irmãos em Cristo, vejam como Daniel foi conduzido à esta oração por causa da consciência de pecados dele e do povo. Note como para ele, o tempo de Deus pressionava o coração e como buscou desesperadamente uma mudança no povo que viesse do Senhor.
Ele afirma que o mal que veio sobre o povo era a mão de Deus agindo para que o povo voltasse para o Senhor.
Como está escrito na Lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio: apesar disso, não temos implorado o favor do Senhor, nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniquidades e nos aplicarmos à tua verdade (Dn 9.13).
Daniel entendia que sempre há um propósito nas disciplinas do Senhor e elas devem nos levar à uma forma de vida segundo a Lei de Deus. Mas, ele diz que apesar do  que  própria Lei de Moisés fala, ele não via acontecendo isto na vida do povo de Deus.
Muitas vezes, a igreja está ouvindo constantemente a Palavra do Senhor. Somos exortados e muitas vezes reconhecemos dizendo: “foi para mim este sermão”. Cumprimentamos o pastor na porta, afirmamos a verdade da palavra, mas ela não está nos conduzindo a Deus.
Daniel percebe isto e sua consciência da gravidade deste pecado o leva a clamar o perdão de Deus.
Hoje em dia, nossas orações revelam crentes interesseiros e desprovidos de qualquer consciência de pecado. Crentes que pouco valorizam a vida segundo a palavra de Deus. Devemos, irmãos, orar pedindo perdão deste pecado.

O que fazer quando a nossa consciência de pecados nos levar à oração? O que devemos esperar de Deus?

Quando nossa consciência nos levar à oração, devemos suplicar o perdão de Deus


Comece lembrando a história
Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e a ti mesmo adquiriste renome, como hoje se vê, temos pecado e procedido perversamente (Dn 9.15).
Note que Daniel tem consciência de que o povo de Deus tem raízes históricas em Deus. Ele lembra da Aliança,  ele recorre ao  fato de que Deus não falhou, mas o povo sim.
Caro irmão, note que sua história com Deus é uma responsabilidade. A história desta igreja com Deus é uma responsabilidade coletiva de vocês e Deus pesa estas coisas. Daniel entende que o povo de seu tempo havia pecado por não viver de modo digno das grandes libertações, das promessas, dos grandes feitos de Deus.
O renome de que ele fala é uma constatação de que os feitos de Deus em favor do seu povo espalharam pelas terras a glória de Deus. Os canaanitas, se assustavam ao saber que o povo de Israel estava chegando, porque diziam o povo do Grande Deus havia se posicionado para a batalha. Foi isso que a prostituta Raabe disse aos espias.
Mas, Daniel dizia consigo mesmo: não estamos a altura deste Deus, temos pecado e procedido perversamente.
É assim que você se sente, quando pensa na história de Deus na sua vida. O mesmo Deus que te libertou, que cuidou de você, de sua família? Você sente que não tem vivido à altura deste Deus?
Clame o seu perdão. Confesse o seu pecado! Você precisa disto!


Pense no amor e na misericórdia de Deus
Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo  monte, porquanto, por causa dos nossos pecados e por causa das iniquidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o teu povo opróbrio para todos os que estão em redor de nós  (Dn 9.16).
Daniel clama que o Senhor aparte sua  ira porque a cidade de Jerusalém é a menina dos seus olhos. Ele sabe que Deus não deseja ver o seu povo sendo envergonhado e humilhado. Ele sabe que Deus ama o seu povo.
Deus ama sua vida, ama a igreja e devemos clamar que nos perdoe por amor e por misericórdia, porque Deus é rico em perdoar (Is 55.7).
Você precisa pedir este perdão e esperar recebe-lo porque Deus ama sua igreja e se volta para ela, quando o povo se humilha, arrepende e ora.
 
Quando nossa consciência nos levar à oração, devemos suplicar a restauração
O profeta Daniel identificou uma grande necessidade: Deus precisa restaurar o seu povo. Ele sabia que o prazo dos setenta anos estava  se acabando e Israel continuava longe do Senhor, então clamou, pediu perdão e suplicou restauração.
Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo e as suas súplicas e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor. Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias (Dn 9.17-18).
Deus nosso - Daniel clamava ao Senhor que restaurasse o seu povo. Ele primeiramente apelava para o fato de que o próprio Deus se declarava “ser nosso Deus”, Deus do seu povo. Daniel apontava para o fato de que sua esperança estava no seu Deus. Nosso Deus é nossa esperança. Várias palavras nestes versos aumentam a certeza de Daniel para suplicar a restauração do Senhor. Ele diz: teu santuário; cidade que é chamada pelo teu nome. O amor de Deus por seu povo é a garantia de que ele se voltará para nós.
Faze resplandecer o rosto - Quando os homens olham para a igreja eles podem ver nossa assolação, nosso opróbrio. Afinal, os poderes do mundo, muitas vezes, parecem vencer, parecem fazer sucumbir a igreja. SE formos às ruas desta cidade, nesta noite, veremos que talvez, haja mais pessoas na bebedice e nas drogas que aqui, em torno da palavra de Deus. Mas, podemos esperar que Deus faça resplandecer o rosto sobre nós. Podemos brilhar mais!
Fiados em Deus - Essa é a grande esperança de Daniel: Deus. Não se trata do que somos capazes de fazer - nossas justiças - mas de Deus. Precisamos retomar essa esperança do que Deus pode fazer. A história da igreja revela o que Deus pode fazer através de sua igreja. Deus age no seu povo e pode agir aqui e agora, pode transformar a nossa vergonha em luz.
Meus irmãos, a disposição de Daniel de pedir a Deus a restauração estava totalmente fundamentada no poder de Deus e na sua misericórdia e amor. Precisamos clamar que Deus aja em nossa vida e precisamos confiar no seu poder. Clamemos pela restauração do Senhor.

Quando nossa consciência nos levar à oração, devemos suplicar a  consagração
No livro de Jó, o autor nos propõe a história de um homem que era temente a Deus e que, por causa das coisas que sofreu, passou a questionar a retidão dos desígnios de Deus. O ponto em discussão não é apresentar uma censura a Jó, como fizeram os seus amigos. A questão proposta neste livro é a busca de uma compreensão mais clara da razão maior para que um homem de Deus sofra em um mundo que pertence a Deus.
Deus escolhe o que irá fazer e não cabe julgamento do homem a esse respeito. Esse ponto pode parecer duro demais, ao dizer que o homem está à mercê do seu Deus, mas é preciso que entendamos que isso é assim. O que talvez precisemos incluir nesse pensamento é que Deus tem um propósito elevado a fazer o que faz na nossa vida.
Acaso anularás tu. De fato, o meu juízo? Ou me condenarás, para te justificares? Ou tens braço como Deus ou podes trovejar com a voz como ele faz? Orna-te, pois, de excelência e grandeza, veste-te de majestade e glória. Derrama as torrentes da tua ira e atenta para todo o soberbo e abate-o. Olhar para todo soberbo e humilha-o, calca aos pés os perversos no seu lugar. Cobre-os juntamente no pó, encerra-lhes o rosto no sepulcro. Então, também confessarei a teu respeito que a tua mão direita de dá a vitória (Jó 40.8-14).
Estes versos são escritos em um certo tom de ironia. Deus está dizendo a Jó que quando ele conseguir fazer coisas de Deus, que o próprio Deus o reconheceria. Posso ver aqui alguns ecos do Gênesis 3, o texto da queda e da proposta do Diabo: “como Deus sereis”.
Algumas vezes somos tão arrogantes que pensamos em julgar Deus, como se pudéssemos fazer melhor que Ele. Essa é a maior de todas as loucuras e pode acontecer com até mesmo aqueles que são tementes ao Senhor, como Jó o era.
Nestes versos desejo destacar três pontos. O juízos, isto é, as escolhas que Deus faz para a nossa vida não podem ser julgadas por nós e, em geral, quando julgamos Deus estamos, na verdade, tentando nos justificar:
Acaso anularás tu. De fato, o meu juízo? Ou me condenarás, para te justificares?
Um segundo aspecto é a nossa impressionante arrogância como fruto de uma total falta de sabedoria. O texto, em forma irônica, deixa claro que Jó estava se portando como um louco ao ousar pressionar uma resposta a partir de uma censura a Deus.
Ou tens braço como Deus ou podes trovejar com a voz como ele faz? Orna-te, pois, de excelência e grandeza, veste-te de majestade e glória.
E o terceiro aspecto diz respeito aos propósitos de todas as ações de Deus. Na verdade, dentro de um texto irônico, em que Deus propõe a Jó que seja Deus, ele, então, pede a Jó que faça a sua obra, qual seja: a de tornar os homens soberbos em pessoas símplices e humildes e também agir com justiça contra todos os ímpios.
Derrama as torrentes da tua ira e atenta para todo o soberbo e abate-o. Olhar para todo soberbo e humilha-o, calca aos pés os perversos no seu lugar. Cobre-os juntamente no pó, encerra-lhes o rosto no sepulcro.
Neste último ponto, Deus apresenta a sua principal obra, a de nos conduzir a Ele por meio de um quebrantamento. Só Deus pode realmente quebrantar o homem soberbo e essa é a grande obra que Ele opera. A redenção que temos em Cristo é uma transformação do nosso coração para se tornar o coração bem aventurado dos humildes de espírito, dos mansos, dos misericordiosos etc.
Jó precisava deste quebrantamento, ainda que fosse um homem temente a Deus e ainda que sua vida pudesse servir de exemplo para muitos. Assim também, devemos perceber isso em nós mesmos.
A grande resposta é que o nosso Deus é Deus porque pode e usa todas as coisas para mudar quem somos e nos transportar para o reino do seu filho. Somente quando esse Deus estiver ante os nossos olhos e nossa percepção honrá-lo com nosso submissão e obediência é que poderemos dizer que temos realmente vivido e aprendido de Deus.

Conclusão
Algumas vezes na vida você esteve diante de um grande impasse espiritual e talvez tenha lutado contra Deus. Neste texto, somos exortados a manter o nosso olhar fito naquele que nos  criou, o Todo-poderoso. Aqui somos exortados a abrir o nosso horizonte de pensamento sobre a vida e admitir que se desejamos realmente prevalecer em cada circunstância da nossa vida, precisamos ser determinados pelos objetivos de Deus e seus desejos, não pela nossas aspirações mundanas, pequenas e pecaminosas.
O texto, nos aponta o fato de que o método de Deus e nos conduzir a respostas construídas pela vida e experiência com Ele. Como se a vida fosse uma escola que nos prepara para admitir que Deus é Deus sempre e que somos apenas servos inúteis, pequenos e carentes de sua ajuda e cuidado. Também nos indica o fato de que o grande propósito de Deus é mostrar o seu amor ao cuidar de nosso coração, conduzindo-o ao grande quebrantamento que nos faz mais próximos, ligados e abençoados por Deus.
Caro irmão, diante desta exposição eu convido você a fazer uma profunda reflexão sobre a sua postura diante de Deus. Ele deseja que você pense e repense os valores que estão norteando sua caminhada na terra, mas também te conduz a considera-lo em todos os seus caminhos. Permita-se ao quebrantar de todo o seu coração e à uma mudança tão profunda quanto a que aconteceu no coração de Jó que só pode exclamar:
Eu sei que tudo podes e nenhum dos teus planos pode ser frustrado (...) na verdade falei do que não entendia, coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia (...) Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem, por isso, eu me abomino e me arrependo no pó e na cinza (Jó 42.2-6).  
Esse é o homem a ser construído a partir de uma viva e clara experiência com Deus, um homem que vive teocentricamente, que se dispõe a considerar Deus em tudo e se permitir provar e ainda assim reconhecer a grandeza e supremacia do Todo-poderoso.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!