10 de janeiro de 2016

João 1.19 a 28


Maturidade e Percepção Clara de Cristo

João 1.19 a 28



Introdução
Com certeza, algumas das maiores dificuldades que enfrentamos para ver nossa fé viva, atuante e altamente comprometida com o Reino de Cristo, estão ligadas à pouca percepção da realidade de quem somos e quem é Cristo.
Este Evangelho enfrenta essa falha de percepção e propõe aos cristãos que “olhem” para Cristo e para si mesma a partir de Cristo. O texto que separamos para nossa meditação hoje é mais um exemplo de como o apóstolo João fez isto.
Aqui, tomando o ministério de João Batista como exemplo, o apóstolo João ressalta a grande qualidade de João Batista que era a de ter uma excelente percepção de si mesmo, de Cristo e de qual papel estava desempenhando na trama da obra de Redenção que Deus estava promovendo na história.
Precisamos nos identificar com João Batista e o modo como ele próprio se percebeu e entendeu o seu papel dentro da obra de Deus. Acredito que esta percepção e entendimento é o que João está propondo à igreja como elemento para fortalecimento e ajuste da sua fé. É uma jornada de amadurecimento espiritual. Algo que produzirá uma capacidade, cada vez maior, de servir e nos comprometer com o Reino de Cristo e sua expansão.


Crescemos Quando Começamos a Perceber Quem  Não Somos

O texto abre o tema a ser discutido, apontando e destacando que  o importante para o evangelista, quando tomava João Batista como exemplo, não era o modelo diferenciado de seu ministério, de sua roupa ou até mesmo a fama que alcançou. Ele, com certeza, escreve sabendo que de muitas maneiras as pessoas já sabiam de tudo isto.
Um dos aspectos que acho muito interessante da relação de João, o apóstolo, com João Batista é o fato de que João, o apóstolo, provavelmente tinha como base a cidade de Éfeso, cuja igreja nasceu, segundo o relato de Atos dos apóstolos, a partir de uma comunidade que já havia recebido o “batismo de João”, mas não conhecia nada sobre Jesus.

Este foi o testemunho de João quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu?

O modo como o versículo apresenta o assunto, deixa claro que o ponto é destacar o “testemunho de João diante desta comissão de sacerdotes e levitas. Este testemunho que deu de Cristo foi motivado por uma pergunta inquietante: QUEM ÉS TÚ?

Ele confessou e não negou: confessou: Eu não sou o Cristo

Ele confessou e não negou - Essa expressão grega é uma expressão que  mais ou menos diz que ele tornou claro a todos, não deixando margem para dúvidas. João está mostrando aos seus leitores que o grande João Batista tinha uma percepção muito clara de qual era o seu papel.
Talvez a comissão dos sacerdotes e levitas tivesse insinuado que queriam saber se ele pensava ser o “messias”. João, por sua vez, sabe muito bem QUEM ELE NÃO É!

Confessou: eu não sou o Cristo - a repetição de “omologéo” (confessar) aponta para a importância deste posicionamento e a confirmação de que não era e não se fazia passar pelo Cristo. João Batista, sabia que o mundo não poderia ser salvo por meio da sua pregação, nem por meio do  batismo que ministrava.

Então, lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não.

Não sou - As várias respostas de João à comissão mostram com clareza sua auto percepção de quem não é. Elias, que todos os judeus aguardavam que haveria de voltar e o profeta, aquele anunciado nos dias de Moisés que haveria de surgir e que seria semelhante ao próprio Moisés. O texto não está tratando do que estes homens esperavam, mas da convicção absoluta de João de quem ele não era.

É muito importante que não confundamos quem nós somos, no que diz respeito ao  lugar e papel que desempenhamos na obra da Redenção.
A cena é inusitada. João Batista tinha se tornado proeminente pregador e despertou o interesse das lideranças religiosas mais importantes da nação. Ele que era o filho de um sacerdote poderia ter agora uma oportunidade de ouro, mas ele não foi chamado para aproveitar oportunidades para ocupar um grande cargo eclesiástico na estrutura religiosa de seus dias.
Não fomos chamados por Deus para ocupar espaços de proeminência por qualquer importância que tenhamos em nós mesmos. O que o Evangelho está propondo é que crentes precisam ter em mente exatamente o fato de que o que importa não é a ocupação de qualquer posição de proeminência, mas o verdadeiro lugar que  nos cabe.
A busca de proeminência ou importância, destaque dentro do reino, pode nos afastar do real propósito da nossa vida e nos impedir de exercer um papel realmente importante dentro dos planos de Deus.
Em geral, quando não somos humildes para realizar o papel que nos dá, nossa fé não amadurece.

Quando começamos a ter uma percepção de QUEM NÃO SOMOS crescemos e amadurecemos nossa fé.




Crescemos Quando Começamos a Perceber Quem Devemos Ser

O outro lado desta moeda é que o crente não pode viver sem ser alguém e realizar um papel dentro do Reino. Talvez, o excesso de posicionamento na questão anterior pode sugerir ser uma virtude, mas a grande virtude não é negar somente, mas afirmar que tem uma percepção clara de quem é e o que deve fazer no reino, isto é, encontrar-se no Reino de Cristo.

Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo? Então, ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.

Declara-nos quem és - a comissão enviada insiste em uma declaração de João a respeito de quem ele era. Sua insistência tinha a ver com o fato de que não podiam negar que algo estava acontecendo através daquele homem que pregava no deserto e se vestia de peles de camelo. Eles sabiam que a população estava se movendo na direção daquele homem, todos diziam que Deus era com aquele homem e que ele era um profeta de Deus. Ou seja, ele deve ser alguém, se não é o Messias, Elias ou o profeta, quem seria?

Eu sou a voz que clama no deserto - João não tem dúvidas de quem seja. Ele não está se lançando a fazer apenas o que lhe deu na cabeça, ele compreende o seu papel e atribui a si mesmo o ser alguém que seguiu a ordem de Deus de preparar o caminho do Senhor.

Endireitai o caminho do Senhor - endireitai aqui  tem o sentido de “facilitar tornando plano o caminho”, ou simplesmente, aplainar a estrada para a chegada do Senhor, permitindo que todos estejam preparados.
Este é um ponto importante para os cristãos dos dias do Evangelista. Eles precisavam saber que era necessário pagar o preço para cumprir o  seu  papel, pois sempre, uma geração é o “João Batista” da outra, uma geração da igreja, prepara o  caminho para que outra geração receba o Senhor.

Acredito que precisamos começar a perceber este nosso papel: PREPARADORES DO CAMINHO DO SENHOR.

Como João preparava o caminho do Senhor? Ele lhes apontava o fato de que precisavam ter discernimento de seus próprios pecados, este era o sentido primordial de sua pregação e batismo de arrependimento. João anunciava a chegada do reino do Messias e do juízo de Deus.
O profeta Isaías falava de forma semelhante, pois também convocava todos a terem seus corações preparados para o novo tempo do Senhor (Isaías 40).

Quando assumimos o nosso verdadeiro papel como preparadores do Caminho do Senhor, passamos a um novo patamar em nossa fé, pois começamos a descobrir que todos nós podemos preparar o coração de alguém para ouvir e servir o Senhor.


Crescemos Quando Começamos a Construir Uma Percepção Correta de Quem é Cristo

O fato de serem da seita dos fariseus era importante para que todos soubessem que sua  preocupação com a ortodoxia da religião era grande. Então, sua pergunta é compreendida dentro de uma questão de um contexto do entendimento religioso do papel do Messias e dos seus servos. Por isso, questionavam o batismo de João, uma vez que ele não era uma pessoa “autorizada” pela teologia a batizar.

Então, por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?

João, por sua vez, dentro do seu perfeito entendimento do seu papel, sabe muito bem a diferença do que ele faz e do que o Messias faria.

Eu batizo com água, mas no meio de vós, está quem vós não conheceis, o  qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias

A leitura dos outros evangelhos nos dá conta de que João definia o batismo de Jesus como sendo o batismo com o Espírito e com Fogo. Não vamos nos dedicar a esta explicação e ela não foi o alvo do Evangelho de João. Vamos apenas citar que se trata de uma percepção muito clara da obra de redenção e juízo que Cristo veio realizar.

Eu batizo com água - Ele está dizendo que o  seu batismo não tem um poder em si mesmo. João está dizendo que seu trabalho é apenas um trabalho derivado de uma verdade muito maior e mais elevada que estava por vir.

NO meio de vós está quem vós não conheceis – Aqui, estamos partindo do fato de que Jesus já havia sido batizado por João e que ele já sabia do testemunho do Espírito e do Pai, o ponto que se destaca é que o problema das lideranças religiosas é que ELES NÃO O CONHECIAM.
Conhecer a Cristo é um tema fundamental do Evangelho, afinal ele afirma no capítulo 17 que isto é vida eterna e no capítulo 4, diz que os samaritanos adoravam o que não conheciam, mas a verdadeira adoração é conhecimento da VERDADE.

Do qual não sou digno de desatar as sandálias - João batista sabia da glória de Cristo e esta percepção o fez viver ainda mais convicto do seu trabalho de preparação. Um bom exemplo disto está no fato de que ele orienta os seus discípulos a seguirem a Jesus.

Quando você começar a discernir a realidade de Cristo, você também saberá que apontar o caminho e preparar para que ele seja recebido deve ser a mais elevada tarefa de sua vida. Quando isto acontecer, você estará crescendo.

CONCLUSÃO
Procure ter uma clara percepção de que você não é o centro das atenções da obra da Redenção. Que seu papel fundamental sempre será o de ser um preparador do caminho do Senhor até às pessoas. Mas este ponto só poderá ser realmente alcançado quando você tiver claro que é Cristo.

Você tem realmente preparado seus filhos para que Cristo esteja em seus corações?
Você é um amigo que se preocupa em apontar o caminho para outros que não conhecem a Cristo?
Você investe tempo, recursos e capacidade pessoal na elevada tarefa de servir como preparador do Caminho de Cristo para as pessoas?

Estas são perguntas que podem ser importantes para que comecemos a entender o tamanho e a maturidade da nossa fé.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!