A Ressurreição de Cristo no Centro do Significado da Nossa Vida Cristã
1 Coríntios 15.12-19
(Pregado na IP Vila Formosa em 23 de abril de 2017)
(Pregado na IP Vila Formosa em 23 de abril de 2017)
Introdução
Em geral, os crentes não duvidam da
ressurreição. Eles afirmam crer que Cristo se levantou da sepultura e ressurgiu
com a mesma facilidade que crêem que o homem chegou à lua. A diferença, muitas
vezes, é que a chegada do homem à lua parece ter muito mais consequência
prática que a própria ressurreição de Jesus Cristo.
Portanto, o problema que a Bíblia
trabalha quando apresenta a ressurreição como um tema central da nossa fé, não
está exatamente no nosso assentimento intelectual à possibilidade da
ressurreição de Cristo, mas à falta de importância prática dos seus efeitos em
nossa vida diária.
Em Romanos 6, o apóstolo Paulo
indica que a ressurreição de Cristo deve ter uma implicação prática no modo
como agimos nas circunstâncias de nossa vida:
Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a
morte não tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para
sempre morreu para o pecado; mas quanto à viver, vive para Deus. Assim também
vós considerai-vos, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine, portanto,
o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem
ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de
iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos
membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio
sobre vós, pois não estais debaixo da lei e si da graça (Rm 6.8-14).
Paulo apresenta a ressurreição de
Cristo como o fundamento da nossa nova vida. Ele diz que ela é a possibilidade
de vitória sobre o pecado que cada um de nós deve ter e que aprender a viver
esse novo padrão é a única possibilidade para que realmente crê na ressurreição
de Cristo.
Na carta aos Coríntios ele está
lidando com alguns problemas dentro da comunidade cristã que o preocupavam
fortemente. Os crentes de Corinto não tinham compreendido completamente a fé e
estavam vivendo como crianças em Cristo. Eles promoviam divisões e falta de
santidade na sua vida, parecia que não tinham realmente percebido as implicações
da nova vida que Cristo conquistou na sua morte e ressurreição.
A desistência de muitos deles de uma
vida de santidade e a sua conformação à um padrão longe da nova vida em Cristo
parece ter ocorrido por que também haviam perdido a real medida do significado
e das implicações da ressurreição. Neste capítulo 15, portanto, Paulo busca
retomar estas implicações e coloca-los de volta ao padrão de vida abundante que
todo crente deve ter, uma vez que Cristo venceu a morte para nos dar vida.
Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor
Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre
abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é
vão (1Co 15.57-58).
Portanto, o grande problema da negação da
Ressurreição não ocorre apenas quando nos tornamos céticos em relação à possibilidade
de Jesus ter voltado à vida, mas quando deixamos de viver a ressurreição no
nosso dia a dia e perdemos de vista a busca de uma vida que persevera em ser
aquilo que Paulo definiu como “novidade de vida”.
Fomos,
pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os
mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida (Rm 6.4).
Portanto, talvez o seu modo de vida
seja o de um cético, que não crê que realmente está vivo. Por isso, prefere
viver como se isso não tivesse ocorrido e vive muito abaixo do que pode viver
para Deus, porque não crê na ressurreição e no que ela te deu.
Esta mensagem é para quem deseja
olhar para si mesmo e se perguntar a respeito das implicações da ressurreição
na sua própria vida e deseja encontrar um novo SIGNIFICADO PARA A PRÓPRIA
EXISTÊNCIA EM CRISTO. ESTA MENSAGEM É PARA QUEM SENTE QUE NÃO SABE MAIS O QUE
SIGNIFICA SER RESSURRETO COM CRISTO.
OS QUE BUSCAM SIGNIFICADO DA SUA VIDA CRISTÃ NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO
REDESCOBREM O VALOR SUPERIOR DO QUE É VIVER POR FÉ.
Um dos problemas de igreja de
Corinto é que haviam perdido a visão do que realmente era o Reino de Cristo
Jesus e as implicações do que realmente significa viver para Cristo e ter
Cristo vivendo no coração do homem. Não vamos nos deter em muitas passagens,
mas ao longo da carta é fácil perceber essa distância entre o Reino do Cristo
vivo e a prática daquela igreja.
Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com
ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao
Senhor é um espírito com ele. Fugi da impureza (...). Acaso não sabeis que o
vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da
parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço.
Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo (1Co 6.16-20).
Para Paulo, o problema da falta de
vida santificada e verdadeiramente comprometida com o Reino de Cristo era
resultado de uma percepção errada do que era a ressurreição de Cristo e suas
implicações.
Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos,
como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição dos mortos? E se
não há ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não
ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé (1Co 15.12-14).
É
vã a nossa pregação - O reino de Cristo foi conquistado quando ressurreto
dentre os mortos ele subiu ao céu e assentou-se à direita de Deus o Pai. Ali,
ele levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens. Ou seja, ele conquistou o
Reino quando da morte nos levou com ele para a glória. O reino de Cristo é
anunciado como a vitória de Cristo sobre a morte: ele nos transportou do Império das trevas para o reino do Filho do seu
amor. Ele nos deu vida!
A pregação só tem sentido quando a
ressurreição tem sentido para nós. A pregação o Reino não existe se não o reino
não existe. Então Paulo diz que não tem sentido pregar se a ressurreição não
existe.
Alguns dos coríntios queriam uma
igreja sem ressurreição. Pensavam na construção e um reino humano, baseado em
normas de conduta. O Reino de Cristo é muito mais que isto, irmãos!! O Reino de
Cristo é uma conquista da vitória sobre a Morte, aleluia!!! Portanto, não é um
reino de mortos, que vivem de qualquer maneira, mas de pessoas que vivem uma
nova vida, de compromisso com a vida em Cristo!!
A
vã a vossa fé – Paulo usa o termo “Kenon”, isto é: vazio ou vão. Note como o argumento foi construído: o que acontece normalmente é pregar que
Cristo ressuscitou da morte. Aqui ele propõe que a pregação dos apóstolos,
que viram o Cristo vivo (versos 1 a 11) era centrada na vitória de Cristo sobre
a morte. O que estava mudando no comportamento dos crentes é que havia quem
duvidasse deste ponto: como pois,
afirmam alguns que não há ressurreição de mortos? O problema é que alguns
deturpavam a fé, tentando afirmar que não havia sobrenaturalidade alguma na
vida cristã, que ela deveria ser vivida como os outros homens vivem suas “filosofias
de vida”. Essa naturalização a vida Cristã era uma mutação da igreja. A Igreja
não é uma sociedade humana, mas o CORPO ESPIRITUAL DE CRISTO, nós vivemos pela
fé nessa verdade. Se não existe ressurreição, ou se ela não faz diferença
alguma, então NÃO VIVEMOS POR FÉ, VIVEMOS POR UMA FÉ VAZIA, SEM SENTIDO, MORTA
E INCAPAZ DE VIVER PARA DEUS.
Esse é o problema com muitos
crentes: VIVEM COMO SE FOSSEM PESSOAS SEM NADA DIFERENTE. O MÁXIMO QUE POSSUEM
É UMA REGRA MORAL MELHOR QUE OUTROS. Por isso, muitos vivem uma vida tão pobre
de significado real e não conseguem compreender o que é viver por fé, porque sua
fé é uma quimera deste mundo e não uma fé que se torna significativa num novo
padrão de vida espiritual em Cristo Jesus.
Precisamos
buscar na ressurreição de Cristo o verdadeiro significado elevado de nossa fé e
tornar esse viver que vivemos na carne, algo que realmente imprima valor ao
nosso dia a dia. Nossas escolhas e preferências mudarão radicalmente.
OS QUE BUSCAM SIGNIFICADO DA SUA VIDA CRISTÃ NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO
REDESCOBREM O VALOR SUPERIOR DA LIBERDADE QUE TEMOS EM CRISTO.
Os versos 15 a 18 parecem repetir os
mesmos conceitos. De fato, o argumento é construído da mesma forma que a porção
dos versos 12 a 14. Mas ele inclui alguns elementos que desejo destacar.
Falsas
testemunhas de Deus – No verso 15, Paulo está dizendo que se Cristo não
ressuscitou, então ele é um mentiroso e está vivendo na direção contrária de Deus, ou seja, afirmando
que Deus fez uma coisa que ele não fez, então, que ele é uma falsa testemunha
de Deus.
E somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado
contra Deus que ele ressuscitou a Cristo ao que ele não ressuscitou, se é certo
que os mortos não ressuscitam (1Co 15.15).
Irmãos, o que Paulo está nos dizendo
é que se pregamos uma coisa e vivemos outra, significa que nossa pregação é uma
ação contra Deus. Então, a expectativa que muitos têm de estarem agradando a
Deus é uma falsa expectativa, porque no final, se estamos falando de uma coisa
e vivendo outra estamos testemunhando contra Deus.
Este conceito dentro da construção é
novo. Portanto, não se tratava apenas de um lapso, ou uma falha, mas de uma
ação contra Deus. Irmãos, notemos a seriedade desta afirmação. A falta de
significado da ressurreição na sua vida não é apenas uma omissão contra a
doutrina, mas uma verdadeira luta contra Deus.
Ainda
permaneceis nos pecados – este também é um novo conceito que não estava
presente no bloco anterior. Quando a ressurreição não produz vida em nós,
significa então que a morte não foi realmente vencida em nós, então ainda estamos
prisioneiros do seu aguilhão.
A ideia de permanecer aqui não é a
de “cometer pecado”, mas a de manter-se em uma condição de domínio. Aquilo que
em Romanos ele disse que não existe mais sobre nós, o homem que não tem vida
prática de ressurreição vive debaixo deste domínio.
Irmãos, viver sobre o domínio do
pecado é uma triste condição. É uma
prisão que nos leva a destruir tudo ao nosso redor. Algumas vezes, destruímos o
que está ao nosso redor porque o pecado nos impede de viver a liberdade que
somente Deus pode nos dar em Cristo Jesus.
Quando um homem crente é capaz de
superar todas as dificuldades para perdoar alguém que lhe fez algum mal, ele
está vivendo as implicações da ressurreição e superando o modelo e domínio da
morte e dando uma resposta de vida. Assim quando um marido ama a esposa, apesar
de seus erros e vice-versa, um pai ou uma mãe consegue receber um filho rebelde,
na igreja conseguimos nos tornar verdadeiramente irmãos, apesar das diferenças,
ou simplesmente, quando um jovem consegue ter um namoro cristão de honra e
respeito, quando o mundo inteiro está agindo de forma diferente... esses são
penas alguns exemplos e existem muitos outros.
PRECISAMOS REDESCOBRIR A ALEGRIA E O
VALOR SUPERIOR DA LIBERDADE QUE TEMOS NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO.
Onde está o morte a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?
(1Co 15.55).
OS QUE BUSCAM SIGNIFICADO DA SUA VIDA CRISTÃ NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO
REDESCOBREM O VALOR SUPERIOR DA ALEGRIA NA VIDA ETERNA.
Nos versos 18 e 19, Paulo conduz os
crentes a pensarem na vida eterna. Ele começa falando sobre o fato de que a
ressurreição dá sentido à vida daqueles que morrem na fé e depois trabalha com
a ideia de que a nossa vida passa a ter um sentido de eternidade.
E ainda mais, os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa esperança
em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os
homens (1Co 15.18-19).
Os
que dormiram pereceram – Paulo começa dizendo que se Cristo não ressuscitou
a vida daqueles que já partiram na fé, perdeu todo o sentido, porque
simplesmente sua vida não existiu e eles pereceram. Porque a vida ressurreta é
uma forma de vida que permite o homem ter ampliado o seu próprio significado.
Irmãos, tenho trabalhado algumas
vezes em estudos, especialmente de quarta feira, com o conceito de que a alma
humana precisa de significado que seja expandido. O homem precisa encontrar seu
significado em algo maior que ele próprio. Salomão, em Eclesiastes 3.11, diz
que esta é uma sede de eternidade que Deus colocou no coração humano. Agostinho
de HIpona dizia: Fomos criados para Ti e
nossa alma só encontra descanso em Ti.
Esperança
em Cristo apenas nesta vida – Paulo está propondo a ressurreição como uma
ponte da transcendência ou da eternidade permitindo que essa esperança futura
perpasse a nossa vida hoje e promova uma visão mais alargado do significado de
nossa própria fé e vida.
Paulo está nos dizendo que pessoas
que perdem o significado do valor eterno da ressurreição se tornam limitados ao
desfrute de um a padrão de vida natural e, portanto, tudo o que podem fazer são
planos terrenos e tudo o que conseguem desfrutar é o que estes planos podem lhe
dar. Mas ao final, o que fica: FICA O NADA. Como no verso 18.
Infelizmente, há muitos crentes
construindo uma relação com Deus baseada nessa falta de eternidade em seu
olhar. A ressurreição não lhes promove à uma esperança elevada sobre a vida,
portanto, é fácil encontra-las desiludidas, desesperançosas, tristes, perdidas
e cheias de desalento. No final das contas, vivem para nada, sem encontrar
valor em nada, senão no que podem, elas próprias fazer.
Quando nos despertamos e recuperamos
uma visão do valor eterno da ressurreição, descobrimos que podemos ser
entregues à morte todo dia, mas temos a expectativa de que tudo vale a pena,
não existe nada que possa nos aprisionar ou nos impedir de receber a eterna
glória que está prometida ao que crê.
IRMÃOS A VERDADEIRA ALEGRIA RESPOUSA
SOBRE UM FORTE CONFIANÇA DE QUE A RESSURREIÇÃO DE CRISTO, SUA VITÓRIA É TAMBÉM
A NOSSA PORTA DE ENTRADA NA ETERNIDADE E PODEMOS DESFRUTAR DA VENTURA QUE NO
BELO PAÍS HAVERÁ, ANTES MESMO DE CHEGARMOS LÁ.
Como crianças que passam a noite
sorrindo e sonhando com o passeio que lhes foi prometido no dia seguinte, assim
são aqueles que como crianças desfrutam do prazer de terem confiança e
esperança no que Cristo conquistou para nós na sua ressurreição.
Conclusão
Sempre que nos encontramos reunidos
para a mensagem da Palavra eu me pergunto irmãos o quanto vocês estão realmente
atentos à Palavra. Desejo que Deus os conduza a um senso perfeito do que
significa ouvir a Palavra de Deus a ponto de que possamos juntos, considerar
que esta noite DEUS NOS FALOU.
Somente pessoas que realmente
consideram as implicações da sua nova vida em Cristo compreendem o que está
acontecendo aqui e agora. Somente estes podem perceber que o Cristo vivo está
conosco aqui e está falando ao seu coração.
Quando você percebe este movimento
de Deus na sua direção nunca pense que é somente algo da sua cabeça, que não
pode ser... Ao contrário, pense em que o Deus vivo, lhe deu VIDA PARA QUE VOCÊ
O OUÇA.
Esta noite, se você tem deixado de
lado a importância de sua nova em Cristo é hora de retomar a sua caminhada de
VIDA. Não deixe o pecado te aprisionar, sendo você alguém que já está livre dele.
A morte não pode ter mais nenhum domínio sobre suas ações, sobre suas escolhas,
preferências. Liberte-se, até de si mesmo!! Liberte-se do pecado e do mal que
te assedia!!
Lamento que muitos crentes prefiram
viver na sombra da morte, a desfrutar de uma vida ampla em Cristo e cheia de um
novo significado. Mas, por outro lado, Louvo a Deus que em Cristo Jesus sempre
nos chama de volta!! Como hoje está chamando muitos de nós!!
TORNE A RESSURREIÇÃO DE CRISTO O
CENTRO DE SUA NOVA VIDA, FAÇA DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO O PONTO SIGNIFICADOR DO
SEU PRÓPRIO EXISTIR DIÁRIO. ASSIM SEU VIVER NUNCA SERÁ VÃO.
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Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!