29 de abril de 2018

Hebreus 3.12-19

O QUE FAZER PARA VENCER A INCREDULIDADE
Hebreus 3.12-19

(SERMÃO PREGADO NA I.P. LAPA – Abril de 2018 - Manhã)


FOCO DA NOSSA CONDIÇÃO DECAÍDA
Este texto apresenta um importante alerta contra a instalação da incredulidade que perverte o coração e nos afasta de Deus. Nesta mensagem, o texto nos convoca a uma unidade protetora baseada no auxílio mútuo dentro do Corpo, visando a prevenção dos desvios da fé. Acredito que este sermão aponta para a necessidade de considerar que a seriedade da incredulidade, pois ela pode se instalar mesmo os corações dos crentes, quando estes não atentam para as promessas de Deus e suas obrigações para com ele. Assim, esta mensagem será muito útil para reanimar a igreja a viver a vida de fé com mais intensidade e pureza.

Introdução – levando a sério a incredulidade
A Carta aos Hebreus tem sido nosso texto dos últimos domingos. Este é o meu terceiro sermão neste precioso material e tenho me quebrantado diante da certeza de que uma das maiores necessidades de nossos dias é do surgimento de igrejas dispostas a pagar o preço da fé e fidelidade a Deus.
Nos dias deste autor, o problema que ele identificou foi o do enfraquecimento gradual da vontade cristã de servir a Deus. Os problemas, as perseguições, os espinhos da vida, as preocupações deste mundo, o maligno, todas estas coisas se juntaram para dilapidar a fé cristã. Vários textos da Carta nos remetem à necessidade de uma postura de fé que se firme na confiança absoluta e extrema em Deus.  
Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando, firmemente, para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus (Hebreus 12.1-2).
Irmãos, a cruz de Cristo tem de significar algo mais para nós que somente o tema de nossos hinos dominicais e canções gerais. O governo de Cristo sobre todas as coisas deve apontar para um motivo muito mais elevado de vida, que apenas oferecer-nos conteúdo para nossos discursos.
Evidentemente, quando olhamos para a fraqueza da nossa conduta como igreja, logo percebemos a importância de uma exortação tão poderosa como esta de Hebreus. Basta um sobrevoo sobre as listas de prioridades que estabelecemos e facilmente percebemos que estamos muito, mas muito aquém da palavra deste texto: desembaraçando-nos de todo peso do pecado corramos com perseverança.

INCREDULIDADE – no trecho que temos diante de nós nesta manhã, o tema que abre e fecha a sessão é “incredulidade”. “Pistis” – é a palavra grega para “fé”. Jesus é o Autor e Consumador da nossa “pistis” (fé). Mas o trecho do capítulo 3.12-19, abre e fecha alertando a igreja contra o surgimento da “apistia” (incredulidade).
Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste de Deus (Hb 3.12). 
Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade (Hb 3.19).
Tende cuidado, irmãos - A incredulidade que o autor está tratando não está no coração do ímpio, não está na casa dos descrentes, não está longe da igreja, mas está acontecendo e deve ser prevenida no CORAÇÃO DOS IRMÃOS.

Tendo cuidado - jamais aconteça haver em vós – a seriedade do tema pode ser notada no uso das expressões “tende cuidado” (Blepete) e “jamais” (mepote). Estas palavras são de uma força exortativa muito intensa. O “tende cuidado”, poderia ser traduzido por “note bem” ou “veja bem” – fiquem de olhos bem apertos para não deixar acontecer. E o “jamais” é a junção de suas palavras, a negação “meh” isto é: não; e a palavra “sempre” (pothe) – a idéia desta expressão é um “nunca” (não sempre) muito enfático, como quem diz: mantenha os olhos muito abertos para nunca, jamais aconteça haver em vocês um “kardia ponero apistia” – um coração malvado incrédulo.

Um coração perverso de incredulidade (Kardia ponero apistia) – um coração maligno que se revele na incredulidade, ou na incapacidade de revelar a fé.
Caros irmãos, precisamos levar em consideração que muitas vezes, esta realidade da apistia (incredulidade) está muito presente em nós. Podemos continuar falando das coisas de Deus, podemos continuar fazendo coisas para Deus, podemos continuar pensando que somos de Deus, mas quando vasculhamos as caixas pretas do nosso coração o que vemos é fé inconstante, malignidades, desprezo pelas coisas de Deus, amores pelas coisas deste mundo etc.

O que Deus quer de nós é que nos desembaracemos de todas estas coisas e sigamos a carreira de fé que nos está proposta. Esta manhã, quero ver neste texto alguns elementos identificadores desta incredulidade e como vencer a incredulidade do nosso coração, que nos afasta de experimentar uma vida de plenitude de fé, como podemos ler na grande galeria do capítulo 11.

O que fazer para vencer a incredulidade?


Para Vencer a Incredulidade Precisamos Urgentemente Fortalecer a Unidade do Corpo de Cristo

Pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a gim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado (Hb 3.13).
Já ouviram falar de pessoas “desigrejadas”? Certamente sim! Este é um movimento muito forte em nossos dias. Também temos um movimento muito forte de “individualismo cristão”, isto é, um grupo cada vez mais crescente de “crentes carreira solo”, isto é, pessoas que fazem o possível para se isolar, não querem conversa, vêm aos cultos sozinhas, voltam sozinhas e querem viver com Deus e sozinhas, não querem conhecer pessoas, não querem dividir suas vidas, pensam numa salvação individual com implicações meramente individuais. Claro que a salvação é individual, mas o método do seu desenvolvimento é coletivo e foi Deus quem planejou. Mas os “crentes carreira solo” não pensam assim e são muitos hoje em dia.
Conheci uma moça que era uma “cantora gospel”. Ela cantava muito bem e se apresentava como uma “missionária”. Então, apresentava-se como alguém cujo ministério itinerante era ir às igrejas para louvar ao Senhor. Eu recebi a sua mensagem de apresentação e perguntei qual era a igreja da irmã, ela me disse que era a igreja de Jesus em todo lugar. Eu pensei, tem cada denominação com nome diferente, então, inocentemente escrevi, mas de onde? Ela respondeu: de todo lugar! Eu perguntei, como assim: ela disse, eu não pertenço a nenhuma igreja eu sou uma missionária de todas! Ela queria dizer que não tinha nenhum vinculo com um grupo local, não tinha nenhuma igreja que a identificava como sendo parte daquele lugar, ela era uma crente carreira solo, neste caso, literalmente.

Exortai-vos mutuamente - O texto diz outra coisa sobre o que é que previne a incredulidade, ele fala que o surgimento de coração perverso e incrédulo se previne por meio do trabalho e ajuda de uns para com os outros. Por isso, precisamos aprender a valorizar a igreja onde congregamos e a ter elevada consideração uns para com os outros, pois os meus irmãos de caminhada são as ferramentas que Deus vai usar para prevenir que eu me afaste dele e que a incredulidade de instale no meu coração.
Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é o costume de alguns, antes, façamos admoestações tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima (Hb 10.24-25).
Irmãos, isso não foi dito por engano, não é força de expressão e não é propaganda de classe de catecúmenos. Isso não é estratégia de fidelização, isso é a sabedoria de Deus agindo por meio de todos!

Durante o tempo que se chama hoje – com essa expressão fica claro que o autor da carta não está falando de uma coisa banal, mas de uma atividade que deve ser levada a sério. A atitude de mutualidade do cuidado é um ato urgente. Não podemos para programar o que vamos fazer no próximo ano para unir a Igreja, ou um evento de unidade para corrigir problemas no mês que vem. Ao contrário, estamos tratando da importância de prevenir a increduilidade HOJE! Não amanhã, não depois, não no culto especial, não na programação da mocidade... tome atitude agora! HOJE!
IRMÃOS PARA VENCER A INCREDULIDADE PRECISAMOS URGENTEMENTE TRATAR E FORTALECER A UNIDADE DO CORPO DE CRISTO.

A fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado – porque a fragilidade da nossa unidade no corpo, nos levará rapidamente ao endurecimento de coração. Essa é uma experiência comum na igreja e muitos já vivenciaram isto. Ficaram dois ou três meses sem participar do ensaio do coral, de repente já não estavam mais à vontade com o ministério de cantar. O pecado não é uma brincadeira de mal gosto, o pecado é um inimigo mortal que tenta nos embaraçar e nos desviar do caminho. O pecado, dizia apóstolo Paulo, parece que tem vida próprio e tenta nos dominar.

PARA VENCER A INCREDULIDADE PRECISAMOS URGENTEMENTE FORTALECER A UNIDADE DO CORPO DE CRISTO.


Para Vencer a Incredulidade Precisamos Perseverar Com o Vigor do Início da Jornada
Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos (Hb 3.14).
Todos os anos, na cidade de São Paulo, temos a corrida de São Silvestre. Por acaso, os corredores passam na porta da minha casa. É uma grande festa, além de ser uma corrida importante do calendário mundial. Temos os corredores de ocasião, pessoas que vão para a largada e que sabem que não chegarão nem perto de ganhar a corrida.
Por outro lado, temos os maratonistas profissionais, um grupo de elite. Estes não estão brincando, estão ali para ganhar a corrida! Eles não correm por festa, correm pelo prêmio que só os que chegam ao pódio podem levar.
Uma das características destes que correm pelo prêmio é que eles conseguem manter um ritmo acelerado do começo ao fim da prova. A nossa São Silvestre é uma corrida curta, não chega a ser uma maratona de 42km, ela é uma corrida de 15 km, para um maratonista profissional um tiro mais curto. Claro, eles conseguem manter um ritmo acelerado do começo ao fim, ao contrário dos demais, eles são capazes de ganhar velocidade ao final da prova, na chegada à Avenida Paulista.

Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme até o fim – antes de entrar na questão da perseverança, quero chamar a atenção para o início deste verso. O autor está nos dizendo que a nossa identificação com Cristo está diretamente ligada à nossa capacidade de perseverar. Paulo nos convocou a correr na direção do prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus. Este autor disse que existe uma carreira proposta para nós e devemos empreende-la olhando firmemente para Cristo.

Guardar até o fim a confiança – não podemos diminuir as passadas, ao contrário, quanto mais o tempo da vinda se aproxima, precisamos revelar mais da nossa fé a este mundo. Precisamos aprender que perseverar é ir até o fim com vigor.

Que no princípio tivemos – a fé que recebemos no início é potencialmente boa, mas precisa ser desenvolvida e isto ocorre no percurso de nossa caminhada de fé, de nossa corrida na direção de Cristo. Seguir para o alvo sem perder a direção dada pela fé que no início recebemos. A perseverança e o amadurecimento na fé são tópicos da vida que estão ligados.
Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros em nada deficientes (Tg 1.2-4).
Bem-aventurado o home que suporta com perseverança, a provação, porque, depois de ter sido aprovado, receberá a cora da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam (Tg 1.12). 
Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa (Hb 10.35-36).
A incredulidade é vencida quando mantemos a nossa vocação em Cristo Jesus e perseveramos na nossa fé. VENCEMOS A INCREDULIDADE QUANDO PERSEVERAMOS NO NOSSO PRIMEIRO AMOR. Este primeiro amor era o vigor do início da nossa jornada!

Para Vencer a Incredulidade Precisamos dar Ouvidos à Voz de Deus Lutar Contra Tudo e Todos Aquilo Que nos Afastam de Ouvir Deus

Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação. Ora, quais os que, tendo ouvido, se rebelaram? Não foram, de fato, todos os que saíram do Egito por intermédio de Moisés? E contra quem se indignou por quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, cujos cadáveres caíram no deserto? E contra quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão contra os que foram desobedientes? Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade (Hb 3.15-19). 
Se ouvirdes a sua voz não endureçais o vosso coração – o autor está certamente se referindo ao Êxodo e usando a visão do Salmista no Salmo 95, que diz que Deus esteve desgostado com o seu povo que o provocou em Meribá, que o tentou por causa de água, que não teve fé para confiar que Deus iria leva-los até o final daquela jornada. Ter um coração duro aqui é o mesmo que ter um coração incapaz de crer em todas as promessas de Deus, de confiar no que Deus diz.
Claro que este é um dos problemas mais claros no meio cristão de hoje, em nossas igrejas também, a falta de pessoas que estejam dispostas a realmente ouvir Deus. Nem paciência com os sermões, ou estudos bíblicos, nem procurar o conselho da Palavra de Deus querem. Desejam realizar a vida à parte da voz de Deus, este é um problema seríssimo.

Os quais tendo ouvido se rebelaram – a questão, irmãos, não é que não ouviram o que Deus lhes havia falado, mas preferiram seguir noutra direção, pois eram rebeldes. Alguns textos expressam muito claramente o desgosto que Deus tem com seus filhos quando estes o ouvem com corações duros. Mas acredito que um dos mais tristes relatos podemos encontrar no profeta Jeremias, quando ele foi visitar o oleiro. Ali, diante do trabalho constante do oleiro, Jeremias recebe a palavra de Deus que aponta ao povo o caminho do arrependimento e o retorno à Deus. Mas veja o que povo responde a Deus:
Convertei-vos, pois, agora, cada um do seu mau proceder e emendai os vossos caminhos e as vossas ações. Mas eles dizem: Não há esperança, porque andaremos consoante os nossos projetos, e cada um fará segundo a dureza do seu coração maligno (Jr 18.11-12).
Vocês não vêem com tristeza quando isto acontece entre os nossos jovens, que preferem a promiscuidade do mundo à santidade de Cristo? Vocês não vêem com tristeza quando isto acontece entre os casais que preferem optar pelo divórcio a lutar pelo casamento? Vocês não se entristecem quando isto acontece na liderança da igreja, quando preferimos o mundo a tomar a nossa cruz? Vocês não ficam tristes quando isto acontece no nosso dia a dia, com uma facilidade enorme, basta haver um jogo importante do campeonato, ou um capitulo importante da novela, ou uma nova oportunidade de negócios, às vezes ilegal? Vocês não vêem tudo isto com tristeza?

Contra quem? – De quem Deus está falando? Não é dos ímpios, nem dos filhos do Egito. Está falando do seu povo, o mesmo povo que viu o Mar Vermelho se abrindo, que viu Deus os protegendo dos carros de faraó, que viu Deus agindo nas pragas do Egito. Kardia poneros apistiai – Perverso coração incrédulo – era o do seu povo. Essa é uma grande tristeza! Veja que o texto é um lamento, um choro contra a incredulidade.

Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade -  Deus é afastado do nosso coração e a consequência disto é que não podemos desfrutar do verdadeiro descanso que há na comunhão com ele. A incredulidade nos impede de realmente viver as bênçãos do reino de Cristo e da sua beleza. O autor da Carta aos Hebreus está trabalhando com estas verdades e nos mostrando que precisamos lutar contra a incredulidade porque ela nos afasta da comunhão com Deus.

Um dos principais termômetros da sua fé é a sua capacidade de descansar e viver bem não importando a situação. Enquanto a sua fé não for fortalecida, enquanto houver sinais de incredulidade e imaturidade em você, não haverá o desfrute de uma plena vida com Deus.

PARA VENCER A INCREDULIDADE PRECISAMO LUTAR CONTRA TUDO E TODOS QUE NOS AFASTAM DE UMA PLENA COMUNHÃO COM DEUS.

Muitas vezes, isto implica em amigos, prazeres, vícios, manias, hábitos, gostos e maneirismos da nossa vida de fé, os quais, em lugar de nos ajudar a aproximar de Deus são potencialmente danosos à nossa comunhão com ELE. Precisamos de uma atitude de coragem, ousadia, para nos desembaraçar do peso do pecado, que tenazmente nos assedia.

Conclusão
Quero concluir com três propostas de vida que você pode meditar sobre a sua validade e importância.

PRIMEIRA - ATITUDE DE SERIEDADE EM RELAÇÃO À IGREJA. Você deve começar a considerar qual o seu papel na igreja e qual o papel da igreja na sua vida. Deve valorizar a comunhão do corpo e perceber a importância de fazer parte de uma igreja séria, dedicada à palavra de Deus, um igreja com história contínua de fidelidade a Deus. Isto me leva à segunda atitude.

SEGUNDA – ATITUDE DE PERSEVERANÇA – claro que ser um cristão é difícil. Ser dedicado, intenso, verdadeiro, perseverante, tudo isto indica que deveremos dedicar atenção, tempo e qualidade. Mas isto é o que precisamos para seguir a Cristo. Não será possível seguir a Cristo se não perseverarmos. Nosso amadurecimento e a manutenção da nossa fé, está diretamente ligada à nossa perseverança. Nosso amor a Cristo será demonstrado, revelado e aprofundado, quanto mais perseverarmos.

TERCEIRA – ATITUDE DE RESPEITO À VOZ DE DEUS – Uma das grandes bênçãos que Deus nos deu quando nos salvou em Cristo Jesus é a restituição da nossa capacidade de ouvir a voz de Deus. O Espírito Santo nos faz saber que é Deus quem está falando. Ele fala com o nosso espírito que estamos ouvindo a voz do Pai e que somos filhos de Deus. Contudo, precisamos parar e pensar sobre tudo o que ouvimos de Deus e precisamos saber que resistir é uma loucura.
Caro irmão, não se permita ouvir Deus e viver vazio desta palavra. Domine tudo que se opuser à voz de Deus no seu coração. Preconceitos, endurecimentos e até mau conselhos. Se alguém sentar-se ao seu lado na igreja e fizer de tudo para que você não ouça a voz de Deus, repreenda-o, mude-se de lugar e mostre para o seu Deus que você quer ouvir a Ele. Uma atitude de respeito para com a voz de Deus a gente demonstra especialmente com aquilo que a gente vai fazer depois que a ouve.

Que Deus nos abençoe para ouvi-lo e obedecê-lo. QUANDO TOMAMOS ATITUDE DE VIDA COM DEUS, A INCREDULIDADE NÃO É CAPAZ DE NOS ATINGIR.

22 de abril de 2018

Hebreus 2.14-18

O Teu Socorro Vem do Senhor
Hebreus 1.1-4

Introdução
Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso, mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote, nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados (Hebreus 2.14-18).
O autor desta carta enfrenta o problema de um cristianismo sem perseverança esse é o seu principal ponto. Ele precisa construir uma imagem mental sobre a superioridade de Cristo, como vimos no sermão da manhã, mas ele também trabalha com outra importante demanda da fé, a falta de segurança para viver.

O pavor da morte aprisiona – Ainda no jardim do Éden o homem ouviu pela primeira vez o conceito da morte. Mesmo antes do pecado entrar no mundo, Deus alertou o homem o letal poder do pecado:
(...) porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.17b).
A morte veio ao mundo, por causa do pecado e a morte passou a todos os homens (Rm 12.5). Com ela, o que realmente aconteceu é que o homem passou a viver alheio à vida de Deus e seu mundo entrou em densas trevas. O ser humano deixou de viver a luz de encontrar Deus na sua realidade e passou a viver longe da experiência de saborear a beleza da existência em Deus. Vivendo no mundo de Deus, o homem vive sem Ele. Isto fez tudo se tornar trevas e densas trevas.
Viver no mundo sem Deus é viver em constante prisão e o pior, sem esperança, sem futuro, mesmo com uma alma que anseia pela vida e pela eternidade (Ec 3.11). O apóstolo Paulo descreve isso como um modo obscurecido de vida:
Não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus, por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração (Ef 4.17b-18).
Pedro por sua vez, chama este modo de existência de “fútil procedimento” (1Pe 1.18) e nos diz que Cristo nos liberta pelo seu precioso sangue:
Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo (1Pe 1.18-19).
A morte, portanto, produziu esse modelo existêncial tenebroso, que nos faz viver no mundo de Deus sem a beleza de vê-lo, experimentá-lo e glorifica-lo. O pavor da morte e aterrorizante, porque tira da vida toda a beleza.

O autor da Carta aos Hebreus sabe que este pavor aprisionante da morte é um mal que nos impede a caminhada neste mundo. Ele transforma nossa percepção a realidade e, desta forma, perverte nossa esperança e a converte em tristeza e idolatria. O resultado desta vida sem Deus é um modelo baseado no homem, construindo caminhos próprios e tentando soluções que nascem apenas e tão somente no coração do homem. Cristo, por meio da sua morte, cancelou o poder da morte sobre nós. A morte de Jesus nos liberta e nos coloca de novo na vida e na relação com Deus.

Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santos dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado da má consciência e lado o corpo com água pura (Hb 10.19-22).
Este é o ponto, que precisamos considerar no texto desta noite, o fato de que a vida que Cristo nos deu por meio da sua morte muda a nossa realidade. Precisamos construir clara essa imagem mental e de fé, que se baseia na obra salvadora de Cristo e na sua vitória sobre a morte.
Muitas vezes, desistimos da caminhada e nos deparamos com uma sensação profunda da morte, porque não compreendemos totalmente o poder da vitória de Cristo. Ele, com a sua morte nos socorre de viver aprisionados na morte. Considere o fato de que um dos nossos maiores problemas com a vida é a falta da própria vida, que nos cerca por que perdemos a percepção de que Cristo veio nos dar vida e vida em abundância.

O autor desta carta gasta um bom espaço estabelecendo o conceito de que a morte de Cristo é libertadora e que a morte não pode mais nos dominar ou aprisionar. Ele gasta bom tempo apontando a força da vitória da morte de Cristo como uma razão para seguirmos adiante e não desistirmos jamais.
Quero convidá-lo a pensar sobre o poder da vitória de Cristo sobre a morte como uma maneira de você elevar a sua vida a um patamar novo e um novo ânimo para servir a Cristo.  

O Teu Socorro Vem do Senhor Porque o Senhor Veio ao Mundo Com a Missão de Vencer a Morte e o Diabo
Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. Pois, ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão (Hb 2.14-16).
Ele participou da nossa natureza porque quis nos salvar – o verso 14, estabelece um conceito que precisamos levar em alta consideração, o qual se completa no verso 16. O conceito de que Cristo se fez homem com a intenção de salvar homens. Isto não é algo que ocorre por simples acaso, mas como fruto de um esforço propositivo de Cristo: ELE QUIS NOS SALVAR. Jesus Cristo nos socorre não por um mero acaso, mas como fruto de um trabalho intencional da Trindade. Você precisa lembrar disto: DEUS QUIS SOCORRER VOCÊ!
Este conceito está presente em toda a Escritura, mas de forma ainda mais claro em vários textos do Novo Testamento. João diz que o verbo se fez carne e habitou entre nós e veio para salvar o que Deus havia lhe dado. Paulo afirma peremptoriamente que ele deixou a sua glória livre e determinadamente para nos salvar. O próprio Jesus diz que VEIO PARA NOS SALVAR.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16).
Isto precisa mudar sua atitude de seguir na vida. Isso precisa causar impacto positivo e forçar a sua fé a seguir adiante. Não é possível que diante da voluntariedade e propositividade de Cristo em seu favor, em seu socorro, você continue com uma fé minguada, tímida e desistente.

Ele veio nos salvar do pavor da morte – o Diabo com sua astúcia levou o homem ao pecado e o pecado nos levou à morte. Essa morte, como já mencionamos, nos leva a viver no mundo de Deus sem Deus, sem o gracioso desfrute da beleza da sua santidade, das suas delícias perpétuas. Vivemos coisas maravilhosas de Deus, como acordar, alimentar, vivenciar belezas como a companhia dos outros, a vida em família etc. Tudo isto se torna insosso, sem beleza e muitas e muitas vezes, vivenciamos toda esta beleza de forma dolorida.
Esse é o pavor que da morte, sito é, o pavor que ela causa sobre para o nosso ato de existir. Cristo Jesus veio nos socorrer e nos livrar do “corpo desta morte”, nos “transportar do império das trevas, onde não vemos Deus, para o Reino do Filho do seu amor”; a morte de Cristo “nos livra do mal”.
Irmãos amados, precisamos viver a vida que Cristo nos dá. Ele nos socorre e nos livra do pavor da morte. Foi para este fim que ele veio ao mundo.
O pecado não mais terá domínio sobre vós (Rm 6.14).
A morte de Cristo vence a nossa morte e dela nos liberta!

O Teu Socorro Vem do Senhor Porque Ele é Capaz de Oferecer a Deus o Que Você Não Consegue
Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo (Hb 2.17).
Para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus – o conceito do que é e faz um “sumo sacerdote” é fundamental nesta passagem e em toda a Carta aos Hebreus, especialmente nos primeiros 10 capítulos. Em todo este longo trecho o conceito de que Cristo é o Sumo Sacerdote perfeito, bem como o sacrifício perfeito é figura central. Apresentar o sacrifício de Cristo como único, perfeito e eterno é um dos pontos centrais desta carta.

Sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus - Com isto, o autor está convidando os cristãos a vida cristã de confiança absoluta, baseada na obra perfeita que Cristo faz como nosso sumo sacerdote. O sumo sacerdote é aquele que nos conduz à presença de Deus e entrega a Ele um sacrifício que seja aceito para perdão dos pecados.
O altar do sacrifício é um “tribunal”. Nele, não tratamos de um assunto trivial, mas considerarmos a própria existência: morte ou vida. O nosso sumo sacerdote perfeito, não está apenas cumprindo um ritual passageiro e repetitivo, mas está levando a Deus uma oferta eterna e séria sobre a minha vida e a sua. Ele está nos representando diante do Juiz com uma oferta pura com a intenção clara de nos livrar da morte.

Ele se torna semelhante a nós – para fazer esta oferta de propiciação ele se faz pecado e assume a nossa culpa. Este assunto é elevadíssimo na Escritura e de uma profunda seriedade, que não pode ser tratado levianamente por nós. Este é o ponto que o autor aos Hebreus está usando para mostrar a importância de uma vida cristã, plena e séria, como fruto de um sacrifício pleno e sério. Ele está mostrando que não podemos brincar com coisas tão elevada e tão importante. A encarnação é um dos atos mais constrangedores, isto é, nos leva a uma atitude de completo constrangimento, afinal, se ele assim é capaz de nos amar, a ponto de se fazer pecado, se fazer culpado, se fazer réu por nós, como devemos responder a isto?

Para fazer propiciação pelos pecados do povo – A palavra “propiciação” é um termo técnico da religião judaica. A mesa do propiciatório, onde o sumo sacerdote aspergia o sangue e encobria a Lei era um artefato forense, como eu já disse, o altar era um tribunal. Ali, a Lei estava sendo satisfeita e Deus escondia o rosto dos nossos pecados e o sangue do cordeiro era considerado em nosso favor.
O ato de propiciação era um ato que agia diretamente no coração de Deus, uma vez que a Ira do Senhor se mudava de lugar e era derramada sobre o Cordeiro, enquanto que sobre o pecador representado, Deus derramava seu perdão e o seu amor.
Estas percepções são de grande importância quando começarmos realmente a pensar sobre a importância da obra de Cristo em nosso favor e a liberdade que ela nos dá. JESUS NOS SOCORRE PORQUE ELE É O ÚNICO CAPAZ DE OFERECER A DEUS O QUE NINGUÉM MAIS PODE: VIDA E SANTIDADE, COMO OFERTAS PELO PECADO.

Somente Jesus pode fazer Deus propício ao pecador!

O Teu Socorro Vem do Senhor Porque Ele Sabe o Que é Morrer e o Que a Morte Faz Com Você
Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados (Hb 2.18).
Antes de adentrar à exposição do verso, acredito que precisamos aqui falar um pouco sobre um conceito mais profundo do que é “ser tentado”. A Escritura qualifica o papel do Diabo, Satanaz, a antiga serpente, como sendo ele o TENTADOR (PEIRAMÓS).

Visão mais profunda de tentação
Vou propor uma visão mais profunda e diferenciada de “Tentação”. Na verdade, em geral, entendemos como “tentação” todo o ato que procura nos persuadir a pecar. De fato, a tentação é isto. Mas quero ir um pouco além.
Para mim, o pecado é o ato de errar o alvo da existência. Fomos criados para a glorificar a Deus, como dizem os nossos Catecismos e para desfrutar da sua presença na realidade. Essa é a verdadeira vida: VIVER E PERCEBER E SABOREAR A PRESENÇA DE DEUS EM TUDO, isto é plenitude de vida. Bem, pecado é justamente existir e não ter este encontro constante e bem fazejo. Viver no mundo de Deus sem Ele.
A tentação é todo o ato que quer provocar um modo de vida em que Deus é banido da nossa vida. A tentação é todo estímulo a qualquer ato vivencial sem Deus. Portanto, quando vou a um restaurante e desfruto de excelente comida, mas meu coração fica infrutífero para perceber o amor, a bondade, a presença e a glória de Deus e me alegrar nEle com as coisas que me dá, estou diante de uma grandee tentação.

Jesus Cristo foi tentado à nossa semelhança – o Diabo, o tentador, também tentou Jesus. Ele levou Jesus e procurou fazê-lo viver as delícias do mundo sem Deus: prometeu-lhe riquezas sem Deus; prometeu-lhe vida sem Deus; prometeu segurança sem Deus... Jesus, em tempo algum cedeu à qualquer ideia de uma existência sem Deus:
Não só de pão viverá o homem; ao Senhor te Deus adorarás e só a ele darás culto; não tentarás o Senhor teu Deus
Nestas respostas, que geralmente identificamos como centralidade das Escrituras, o que vemos é a centralidade de Deus na vida de Cristo. Irmãos, este é o ponto. Cristo Jesus foi tentado à nossa semelhança, mas em tempo algum, viveu sem Deus.

Ele sofreu tendo sido tentado – preciso ser breve nestas considerações, mas note que a tentação, isto é, viver no mundo de Deus sem Deus é um sofrimento, inclusive para Cristo. Este foi um grande e real sofrimento para Jesus, experimentar como o pecado traz a morte sobre a vida humana e leva a vida humana para longe de Deus.

Ele é poderoso para socorrer os que são tentados – de que forma Cristo pode nos socorrer em um mundo que quer nos fazer inimigos de Deus em meio a uma humanidade que rejeita Deus e que tenta nos fazer desconsiderá-lo, como ele pode nos socorrer de nosso próprio coração que não ama a Deus? Jesus é capaz de dar novos significados à nossa existência e nos dar novo coração, nova mente, para ver o mundo de Deus, encontrando e experimentando Deus nele. Ele é capaz e poderoso para dar significado e sentido ao mundo e à nossa vida no mundo.

Jesus, caro irmão, pode te fazer ver Deus, ele pode revelar Deus para você e fazê-lo viver com Deus sempre!

JESUS TE SOCORRE PORQUE ELE PODE FAZER DEUS PRESENTE NA SUA VIDA. ELE TE SOCORRE PORQUE ELE SABE O QUE A MORTE FAZ CONOSCO NO DIA A DIA! ELE SABE O QUE É MORRER:

Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste? Este foi o mais terrível grito que já se ouviu na face da terra. Pois o filho amado de Deus, experimentou a nossa morte para nos dar vida e nos socorrer em nossa tentação.


Conclusão
Quando você se permite viver um cristianismo desligado, desajeitado, pouco interessado na santificação e na dedicação a Cristo, quando você se permite viver a sua fé como segunda, terceira ou última opção pessoal, claro que você não compreendeu realmente o que significa a sua vida com Cristo e o que a vitória dele propôs.
Quando você se inquieta com a vida e não vivem em plena confiança, sempre tentando resolver a vida do seu jeito, quer nos negócios, quer na vida emocional ou em qualquer outra área, quando um jovem não valoriza a pureza que a palavra exige no seu namoro, ou quando na vida profissional você prefere as regras da desonestidade a crer que a sinceridade e a honestidade requeridas na palavra, certamente quando este comportamento é a ênfase da sua vida, com certeza você não entendeu o sacrifício de Cristo.
Esta carta te chama para compreender o que o sacrifício de Cristo significou para nós:

1)    O sacrifício de Cristo é uma ação intencional de Deus que desejou nos libertar do modelo de vida baseado na morte;
2)    O sacrifício de Cristo uma obra que você não poderia fazer por você mesmo, pois só ele pode propiciar Deus em nosso favor;
3)    O sacrifício de Cristo é uma obra de amor, de alguém que sabe os efeitos graves e terríveis da morte sobre nós e por amor nos libertou.

Você precisa resolver como é que vai viver, meu caro irmão. Você precisará repensar se de fato irá confiar na vitória de Cristo e nele como seu Salvador. Se você vier a confiar nele como seu salvador, se declarar que o teu socorro vem do Senhor, então, precisará tornar claro na sua vida essa certeza.

Deus te conceda fé e coragem para seguir adiante sem esmorecer e sem arrefecer.