15 de abril de 2018

Hebreus 1.1-4

A Sublimidade de Cristo e a Elevação da Minha Vida
Hebreus 1.1-4

Introdução
Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles (Hebreus 1.1-4).
Segundo João Calvino, nenhuma outra carta do Novo Testamento e nenhum outro livro da Escritura se dedicou tanto à enaltecer a sublimidade da pessoa e obra de Cristo quanto a Carta aos Hebreus. Eu concordo, ainda que Apocalipse contenha a visão do apóstolo João do Cristo glorioso, Hebreus nos conduz a mentalizar, por meio da própria escritura profética, que o Cristo a quem seguimos e servimos é o centro de todo o universo.
Mas porque este escritor se dedica tão fortemente a esta construção mental? O que pretende com essa condução do leitor à grandeza e à majestade de Cristo Jesus? O que realmente motiva alguém a apontar para a glória de Cristo de uma forma tão evidente e tão plena de argumentação? Em outras palavras, porque a percepção da sublimidade de Cristo é tão importante e o que pretende este autor com essa construção mental?
O que temos em nossas mãos é um escrito que visa atingir homens de fé abalada. Pessoas cujas lutas pessoais e decepções as afastaram de um compromisso leal e constante na fé. Pessoas que antes andavam bem, mas que agora vão longe de Cristo e estão desestimuladas. Pessoas que perderam o primeiro amor e não conseguem se levantar para retomar a caminhada cristã.
Os textos desta carta, muitas e muitas vezes fazem referencia a este público e a esta condição de muitas pessoas e as exorta a seguir adiante e a se levantarem para seguir a Cristo, sem medo, sem detenção...
Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará; todavia, o meu justo viverá pela fé e: se retroceder, nele não se compraz a minha alma. Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma (Hb 10.35-39).
Olhar para Cristo e perceber a sua glória e a sublimidade de quem Ele é, para o escritor da Carta aos Hebreus é a mola de impulso mais necessária para que renovemos nossa esperança e o vigor da nossa fé, não importando o quanto o caos deste mundo e de nosso próprio mundo interior tenha se tornado determinante para nós. Olhar para Cristo é o remédio que cura nossa falta de fé e perseverança.
Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o quel, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não fatigueis, desmaiando em vossas almas (Hb 12.2-3).
A Sublimidade de Cristo é a mola de impulso para a nossa fé. Olhar para ele e ter discernimento de sua glória, de seu amor, seu sacrifício, de sua palavra, poder etc. Tudo isto deve nos fazer rever nossa vida, nossas escolhas, nossas prioridades e as coisas que fazemos e o porque e para quem fazemos, para quem vivemos. Esta noite, irmãos, quero tomar os três primeiros versos do capítulo 1 e considerar a glória de Cristo e como essa glória deve elevar a minha vida.
Eu falei, três primeiros versos, mas marquei quatro no anuncio do texto. Sim, na verdade, quero partir do verso quatro.
Tendo-se tornado tão superior aos anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles (Hb 1.4).
Parto deste verso apenas para mostrar que algo estava acontecendo naqueles dias e que parecem revelar a inclinação natural do nosso coração para confundir as coisas espirituais.
Muitos judeus haviam deixado sua esperança em Cristo e procuraram esperança para sua vida na adoração de anjos. Você pode me interpelar dizendo: mas isto é insano. Como alguém pode trocar Cristo, por anjos? Bem, você tem razão no seu questionamento, mas muitos preferem entregar sua esperança a um emprego bem remunerado, ou preferem confiar nos diplomas que conseguiram conquistar, outros só se sentem seguros se mudarem de país e há quem despreze a Cristo, mas valorize uma viagem, um passeio, um namoro mais que a Cristo. Bem, eu pergunto a você, o que é realmente mais maluco, os que deixaram Cristo pelos anjos, ou os que deixam Cristo por pequenas tralhas de sua vida? Resposta: tudo isso é loucura!
O escritor as Hebreus propõe um conserto da vida cristã, ao propor que olhemos na direção certa e vejamos a Cristo. Para isto, ele nos convida a elevar a nossa vida, isto é, guindá-la a um patamar elevado e a perceber tudo num outro degrau. Ele nos convida a pensar e a considerar Cristo em sua totalidade e grandeza. NO texto de hoje, algumas notas iniciais desta elevada percepção de Cristo podem mudar muito o contexto de nossa fé e a disposição de seguir adiante.

Considere a Sublimidade da Palavra de Cristo e Eleve a Sua Vida

Havendo Deus, outrora falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho (Hb 1.1-2a).

Outrora falado aos pais pelos profetas – Para o autor da carta o apreço que os hebreus tinham pelos profetas é muito forte e é o ponto de partida e comparação. Ele sabia muito bem que os judeus nutriam uma séria concepção da glória com que Deus se revelou aos antigos profetas. Ele reforça essa ideia com duas palavras: polímeros e politropos (Polímeros – muitas vezes; POlítropos – muitas maneiras). Aqui, provavelmente o autor esteja destacando a quantidade e a qualidade impressionante do modo como o Senhor, gloriosamente, se revelou. Certamente, a figura de Deus falando na sarça, ou no meio da nuvem com Moisés está entre as marcas mais poderosas do que Deus é capaz de fazer e como é poderoso para falar ao homem.
No capítulo 12 ele usa essa figura de Deus falando a Moisés com muita força (Hb 12.18ss). Ali ele fala do poder e do terror que todos viviam ao verem e ouvirem o espetacular cenário da revelação de Deus a Moisés.
Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo, que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo (Hb 12.21).
Nestes últimos dias nos falou pelo Filho – este é o ponto de contraste, o que Deus agora nos comunica por meio de Jesus Cristo, seu Filho amado. Essa percepção do poder da voz de Cristo é um dos elementos que permeiam toda a construção desta carta. O autor quer conduzir seus leitores, seguidores de Jesus Cristo, que eles agora obedecem a uma mensagem que nos foi entregue pelo próprio Filho de Deus e não mais por seus servos, os profetas. Isto implica em considerar ainda mais forte, poderosa a Palavra que nós seguimos.
Se, pois, se tornou firme a palavra falado por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram, dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade (Hb 2.2-4).
Essa mesma dinâmica comparativa, o autor usa no capítulo 12 ao dizer que diferente daqueles que ouviram a Palavra pregada por Moisés e ficavam aterrados ao pé do monte, os que ouviram a Palavra de Cristo deveriam se lembram que ele nos adverte do céu e que por isso, nossa situação é para ainda maior temor. Precisamos elevar nossa vida percebendo que a Palavra que ouvimos vem do céu.
Este é o ponto de reflexão que precisamos considerar aqui, irmãos. Não podemos brincar com os sermões que ouvimos, com o aprendizado que recebemos em nossas casas, por parte de nossos pais, ou na Escola Dominical, porque a Palavra que temos em mãos nos foi outorgada pelo Filho.
Por esta razão, importa que nos apeguemos com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos (Hb 2.1).
O segredo aqui é olhar para a Palavra de Cristo e pensar nas implicações e na sublimidade e sua condição elevada, porque é palavra proveniente do céu e do glorioso Senhor de tudo. Eleve a sua vida, elevando sua percepção da sublimidade da palavra de Cristo.

Considere a Sublimidade da Obra de Cristo Que Cria e Sustenta Todas as Coisas e Eleve a Sua Vida
A quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 2b-3a).

O Pai constituiu o Filho Herdeiro de todas as coisas – Não enfatizei na primeira parte, mas vale a pena fazer o destaque agora. O destaque que digo é o de que Deus é o agente primordial. NO verso um, Deus é quem fala, pelos profetas e depois Ele é quem escolhe falar pelo Filho. Aqui, nestes versos, vem a complementação da afirmação anterior, isto é, o estabelecimento das bases porque a Palavra de Cristo é sublime, qual seja, o fato de que a palavra de Cristo é sublime, porque Deus o fez sublime.

Pelo qual também fez o universo e sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder - O pai o constituiu herdeiro de todas as coisas, ou seja, o Pai llhe deu tudo o que há e o fez senhor de tudo. Ele é quem comanda toda a realidade e nada está fora do seu domínio. Por meio dele, as coisas foram feitas e por meio dele as coisas são sustentadas. Irmãos, precisamos considerar o fato de que Cristo é o Senhor de todas as coisas e toda autoridade lhe foi dada.
Eleve sua vida com uma percepção elevada da condição gloriosa de Cristo. Considere com seriedade que ele cria e sustenta todas as coisas em Cristo. O apóstolo Paulo diz isto da seguinte forma:
Porque dele, por meio dele e para ele são todas as coisas (Rm 11.36).

Ele que é resplendor da glória e a expressão exata do seu ser – esta seríssima expressão teocentrizadora de Cristo é uma declaração grandiosa que os irmãos leitores da carta devem ter lido com o coração cheio de temor. Aqui está nos dizendo que Deus nos faz conhecida a sua glória e a glória do seu ser, quando olhamos para Cristo. Por isso é que ele disse a Filipe: quem me ve a mim, vê ao Pai.

Esse ponto é de grande valor para quem está disposto a seguir a Cristo, isto é, o ponto de perceber a sublimidade dele como Deus, criador e mantenedor de tudo o que há. Ele é o Senhor, dono e provedor de toda a realidade. Eleve a sua vida com essa percepção de Cristo.

Considere a Sublimidade da Posição de Cristo Como Rei e Eleve a Sua Vida
Depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas (Hb 1.3b).
Depois de ter feito a purificação dos pecados – Para o autor da carta esta ligação é sempre necessária e poderosa. Precisamos considerar a “tão grande salvação” que ele nos deu. Em muitas ocasiões o ponto de partida é o sacrifício de Cristo e sua elevada e complexa singularidade, isto é, nenhum outro poderia ter feito isto, da forma como o fez, sem defeito e eterno sacrifício salvador.
Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de deus, aproximemo-nos com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado da má consciência e lavado o corpo com água pura (Hb 10.19-22).
O fato de Cristo ter entregue a sua vida por nós já deve ser motivo de entrega total da nossa vida. Somente ele poderia e somente ele o fez, salvar pecadores imerecedores de misericórdia. Ele nos purificou, com sacrifício perfeito, elevado e poderoso.

Assentou-se à direita da Majestade nas alturas – a ideia é completa aqui, afinal ele não somente morreu por nós, mas ressuscitou para assumir o governo de todas as coisas. O autor está nos dizendo que precisamos olhar com mais confiança e temor, precisamos lutar e elevar nossa vida, porque Cristo foi elevado à uma condição superior, depois de nos ter salvo na cruz.

Eu e você não temos direito algum de nos permitir qualquer refresco nessa vida, diante da realidade que temos um compromisso com o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. A posição que Cristo ocupa no centro e governo de todas as coisas deve nos obrigar e elevar a nossa vida como pertencentes a Ele.


Conclusão
Não testa dúvida que nosso problema é a nossa miopia e este olhar indisposto para compreender e abraçar a glória de Cristo como um valor real. Brincamos com uma coisa importante e fazemos pouco caso de uma realidade profundamente séria e perigosa.

O quê? Você insiste em manter um cristianismo empobrecido, cheio de manias, de seus trejeitos e maneirismos?

O quê? Você acha que Cristo está pedindo demais e que servir a Cristo é pesado, porque ser crente exige alguns preços, acordar no domingo, ir na igreja, fazer coisas que exigem tempo?

O quê? Você ainda acha que Cristo é que tem de se adequar ao seu tempo, aos seus interesses, suas disposições. Que você só vai lutar contra o pecado, na hora que achar mais adequada e que no mais, ele que se adapte a você?

Enquanto nossa visão de Cristo for assim pequena, haveremos trocar-lo por anjos, jogos, descanso, dinheiro, etc... haveremos não nos entregar totalmente e desprezar ao Senhor. Enquanto nossa vida não se elevar e atingir a visão do Cristo Sublime e Glorificado, não saberemos o que é de fato vida com Cristo. 

O que você está fazendo com a sua vida?
Irmãos, o autor desta carta está propondo que olhemos para a sublimidade de Cristo e nos agarremos a esta percepção para forçar nosso coração a transformar sua posição, sua estranha posição egocentrada. Deus está nos convocando a viver uma vida elevada, baseada no fato de que sabemos quem é aquele a quem seguimos e servimos. Eu penso, irmãos, que uma visão elevada de Cristo é que falta para que surja um igreja relevante, atuante e crentes cheios de coragem, não preguiçosos, não completamente tomados por manias e presunções.
Quando tivermos uma visão da sublimidade de Cristo e isto penetrar profundamente em nós, ninguém vai querer ficar julgando a igreja ou dar desculpas para não manter comunhão e também não haverá pessoas que prefiram o jogo de futebol, o almoço ou o filme da tarde de domingo a tomar a decisão de adorar e servir ao Senhor com alegria no culto, na Escola Dominical ou servindo ao próximo, no coral, no conjunto de louvor na reunião de oração.

Oração

Deus tenha misericórdia de nós e nos faça ver a Cristo e a sua glória. Permita que a visão da sublimidade de Cristo, nos constranja a servir e amar a Ele e à ti.  

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