1 de abril de 2018

Marcos 16.9-13

Vencendo as Barreiras para Crer na Ressurreição
Marcos 14.9-13

Introdução

Nota sobre o texto
Sem dúvida alguma a porção final do Evangelho de Marcos apresenta alguns desafios a mais para os cristãos. Estes chamados finais adicionais lançam discussões acaloradas sobre o texto bíblico, afinal, nas cópias mais antigas do livro, não encontramos os versos 9 a 20.
Minha opção pessoal é considerar estes textos como parte do material inspirado por Deus, mesmo que eu tenha profundo respeito por aqueles que tem dificuldade para isto. Há várias citações destes versos em pais da Igreja, mesmo antes da confecção dos códex sinaíticos e os códex vaticanus, o que indica a sua existência antes mesmo da confecção das suas cópias mais antigas que temos em mãos. Outrossim, devemos compreender que estes relatos são concordes com Lucas e João e não apresentam material que tenha apoio teológico no restante das Escrituras.

Dito isto, vamos seguir para pensar sobre estes versos nos seguintes termos: qual é o ponto central de como Marcos está terminando o seu Evangelho. O ponto central é justamente uma crítica a um problema, que Paulo também enfrentou: a dificuldade na crença plena da ressurreição.
Você notará que na passagem que temos diante de nós para esta meditação, conta-se dois episódios de que a mensagem da ressurreição foi anunciada aos seus discípulos e eles não creram. No final, a afirmação contundente de que a crença em Cristo e na sua ressurreição é um alvo a ser buscado fica claro, quando Marcos diz que os sinais acompanham os que crêem.
Paulo, na sua Primeira Coríntios, capítulo 15, lida com este problema da incredulidade na ressurreição e diz que desta crença depende todo o Evangelho.
Se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé (1Co 15.17).
Faz muito sentido que Marcos lide com este problema, quando percebemos no todo do propósito do Evangelho que é recuperar a fé da Igreja na verdade de Cristo e na sua divina origem e obra sacrificial.
Aqui, então, Marcos luta para recuperar a importância que a Igreja deve dar ao fato mais relevante da História Humana, a ressurreição de Cristo Jesus. Neste trecho, vamos explorar o texto sobre as dificuldades encontradas pelos discípulos para crer e como devemos perceber nossa própria dificuldade e superá-las.

Creia que a ressurreição pode vencer o pecado
No início deste trecho temos um contraste entre “aquela de quem expelira sete demônios” com “aqueles que foram companheiros de Jesus”.
A mulher outrora endemoninhada logo tornou-se uma crente na ressurreição, enquanto os companheiros de três longos anos, que ouviram toda a instrução de Jesus, até mesmo aquelas instruções que ele disse que iria ressuscitar, não creram nele.
Ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram (Mc 16.11).
Note que Marcos prefere mostrar que este contraste fora decisivo para sua incredulidade. Eles julgaram que a fonte de onde vinha a notícia não era tão confiável assim. Ou seja, se Cristo foi visto por alguém, porque fora visto por aquela mulher?
Pode ser que nosso excesso de autojustiça nos atrapalhe em nossa fé na ressurreição. Isto pode significar que é importante que tenhamos uma ideia menos elevada de nós mesmos e uma simplicidade para crer que a ressurreição é uma obra de transformação que pode superar os obstáculos morais de qualquer pessoa.

Creia Que a Ressurreição Pode Ser o Poder Que Restaura Suas Emoções
O texto nos informa que uma das marcas deste encontro da mulher anunciadora com os discípulos companheiros de Jesus é que eles estavam afundados em suas emoções negativas e não se deixaram curar pela mensagem da ressurreição.
E, partindo ela, foi anuncia-lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus se achavam tristes e choravam (Mc 16.10).
Os discípulos, segundo o relato de João, estavam com medo, desanimados e reclusos. Foi João que contou com mais detalhes como fora que ele apareceu a Maria de Magdala, mas Marcos apenas mostra que a dificuldade deles para crer tinha a ver com a realidade desta mulher e com o fato de que estavam curtindo suas tristezas, desesperanças e rejeitaram a cura da mensagem da ressurreição.
A desesperança pode ser um obstáculo muito sério à fé, quando suas emoções fazem o papel de controle de seu coração. Tanto a Ira, como a Tristeza, ou a Alegria não podem superar nossa capacidade de ouvir a mensagem de restauração que vem da Vida de Cristo e do próprio Cristo Vivo.

Creia Que a Ressurreição é Uma Verdade Nos Alcança Não Limitada às Nossas Preferências
Claro que estamos dando ênfase a uma palavra que aparece neste texto, que Marcos destaca: apareceu em outra forma. O relato de Lucas nos conta mais detalhes desta história dos dois discípulos do caminho de Emaús, Cléopas e o outro discípulo. Claro que estamos falando de pessoas que eram de fora do círculo dos doze.
A estes dois homens Jesus apareceu de uma forma que também não o reconheceram inicialmente, assim como a Maria de Magdala, ele apareceu de uma maneira que ela não o reconheceu, achando ser um jardineiro.
Precisamos reconhecer que nossas dificuldades de assumir uma confiança plena de crença na ressurreição tem uma relação direta com alguns fatores de controle da nossa mente ligada às nossas preferências pessoais.
E indo, eles o anunciaram aos demais, mas também a estes dois eles não deram crédito (Mc 16.13).
Talvez não fossem os representantes que eles desejassem que lhes desse a notícia. Lucas chega a mencionar que eles já tinham ouvido que Pedro teria visto a Jesus, mas quanto a estes dois que não eram do círculo dos doze, será que são dignos de serem portadores de uma mensagem tão elevada?
Por outro lado, será que o relato pareceu estranho, já que eles próprios não o tinham reconhecido e talvez tivessem contado que não era exatamente a mesma imagem que tinham em mente do Salvador que havia sido crucificado. Sua ressurreição e a outra forma que usara para se manifestar pode ter confundido e trazido incredulidade aos discípulos.
Precisamos lidar com algo em nós que tenta formatar o Senhor e a sua mensagem. Precisamos cuidar da nossa fé, para que ela não seja segundo o nosso querer e de acordo apenas conosco, mas seja capaz de olhar para infinita e multiforme sabedoria divina.
Algumas vezes, estes processos de autoconfiança pode ser altamente destrutivo para a nossa fé, porque passamos a ouvir o som do nosso próprio coração e não queremos ouvir o som da mensagem que vem de Deus.

Conclusão
Devemos considerar que estes dois trechos do Evangelho estão produndamente conectados com os versos seguintes:
Finalmente, apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa e censurou-lhes a incredulidade (Mc 16.14).
Este é o ponto que precisamos considerar de forma muito importante no dia de hoje, diante da Escritura. Que muitas vezes, nos deixamos dominar por preconceitos, sentimentos controladores e até autoconfiança excessiva, que nos afastam da verdade e produzem profunda incredulidade em nós.
A ressurreição é a mensagem mais gloriosa que mostra que Jesus veio para transformar a vida humana e dar nova esperança a todos. A vida de Cristo é nossa vida e não podemos, de forma alguma, nos manter incrédulos. Precisamos crer! Precisamos crer que a ressurreição de Cristo é poder que pode transformar tudo e vencer tudo.
A igreja não pode limitar o poder de Deus, não pode diminui-lo ou simplesmente, a igreja não pode querer ser a dona do poder de Deus. A igreja precisa crer que tudo é possível ao que crê!
Qualquer nível e tipo de incredulidade quanto ao poder de Deus não é bom e precisa ser vencido por nós. A ressurreição vence, quando nós vencemos a incredulidade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!