Vencendo as Barreiras
para Crer na Ressurreição
Marcos
14.9-13
Introdução
Nota sobre o texto
Sem dúvida alguma a porção
final do Evangelho de Marcos apresenta alguns desafios a mais para os cristãos.
Estes chamados finais adicionais lançam discussões acaloradas sobre o texto
bíblico, afinal, nas cópias mais antigas do livro, não encontramos os versos 9
a 20.
Minha opção pessoal é
considerar estes textos como parte do material inspirado por Deus, mesmo que eu
tenha profundo respeito por aqueles que tem dificuldade para isto. Há várias citações
destes versos em pais da Igreja, mesmo antes da confecção dos códex sinaíticos
e os códex vaticanus, o que indica a sua existência antes mesmo da confecção das
suas cópias mais antigas que temos em mãos. Outrossim, devemos compreender que
estes relatos são concordes com Lucas e João e não apresentam material que
tenha apoio teológico no restante das Escrituras.
Dito isto, vamos seguir para
pensar sobre estes versos nos seguintes termos: qual é o ponto central de como
Marcos está terminando o seu Evangelho. O ponto central é justamente uma
crítica a um problema, que Paulo também enfrentou: a dificuldade na crença
plena da ressurreição.
Você notará que na passagem que
temos diante de nós para esta meditação, conta-se dois episódios de que a mensagem
da ressurreição foi anunciada aos seus discípulos e eles não creram. No final,
a afirmação contundente de que a crença em Cristo e na sua ressurreição é um
alvo a ser buscado fica claro, quando Marcos diz que os sinais acompanham os
que crêem.
Paulo, na sua Primeira
Coríntios, capítulo 15, lida com este problema da incredulidade na ressurreição
e diz que desta crença depende todo o Evangelho.
Se Cristo não ressuscitou é vã
a nossa fé (1Co 15.17).
Faz muito sentido que Marcos
lide com este problema, quando percebemos no todo do propósito do Evangelho que
é recuperar a fé da Igreja na verdade de Cristo e na sua divina origem e obra
sacrificial.
Aqui, então, Marcos luta para
recuperar a importância que a Igreja deve dar ao fato mais relevante da
História Humana, a ressurreição de Cristo Jesus. Neste trecho, vamos explorar o
texto sobre as dificuldades encontradas pelos discípulos para crer e como
devemos perceber nossa própria dificuldade e superá-las.
Creia que a ressurreição pode vencer o
pecado
No início deste trecho temos um
contraste entre “aquela de quem expelira sete demônios” com “aqueles que foram
companheiros de Jesus”.
A mulher outrora endemoninhada
logo tornou-se uma crente na ressurreição, enquanto os companheiros de três longos
anos, que ouviram toda a instrução de Jesus, até mesmo aquelas instruções que
ele disse que iria ressuscitar, não creram nele.
Ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram (Mc 16.11).
Note que Marcos prefere mostrar
que este contraste fora decisivo para sua incredulidade. Eles julgaram que a
fonte de onde vinha a notícia não era tão confiável assim. Ou seja, se Cristo foi
visto por alguém, porque fora visto por aquela mulher?
Pode ser que nosso excesso de
autojustiça nos atrapalhe em nossa fé na ressurreição. Isto pode significar que
é importante que tenhamos uma ideia menos elevada de nós mesmos e uma
simplicidade para crer que a ressurreição é uma obra de transformação que pode
superar os obstáculos morais de qualquer pessoa.
Creia Que a Ressurreição Pode Ser o Poder
Que Restaura Suas Emoções
O texto nos informa que uma das
marcas deste encontro da mulher anunciadora com os discípulos companheiros de
Jesus é que eles estavam afundados em suas emoções negativas e não se deixaram
curar pela mensagem da ressurreição.
E, partindo ela, foi anuncia-lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus se achavam tristes e choravam (Mc 16.10).
Os discípulos, segundo o relato
de João, estavam com medo, desanimados e reclusos. Foi João que contou com mais
detalhes como fora que ele apareceu a Maria de Magdala, mas Marcos apenas
mostra que a dificuldade deles para crer tinha a ver com a realidade desta
mulher e com o fato de que estavam curtindo suas tristezas, desesperanças e
rejeitaram a cura da mensagem da ressurreição.
A desesperança pode ser um
obstáculo muito sério à fé, quando suas emoções fazem o papel de controle de
seu coração. Tanto a Ira, como a Tristeza, ou a Alegria não podem superar nossa
capacidade de ouvir a mensagem de restauração que vem da Vida de Cristo e do
próprio Cristo Vivo.
Creia Que a Ressurreição é Uma Verdade Nos
Alcança Não Limitada às Nossas Preferências
Claro que estamos dando ênfase
a uma palavra que aparece neste texto, que Marcos destaca: apareceu em outra forma. O relato de Lucas nos conta mais detalhes
desta história dos dois discípulos do caminho de Emaús, Cléopas e o outro
discípulo. Claro que estamos falando de pessoas que eram de fora do círculo dos
doze.
A estes dois homens Jesus
apareceu de uma forma que também não o reconheceram inicialmente, assim como a
Maria de Magdala, ele apareceu de uma maneira que ela não o reconheceu, achando
ser um jardineiro.
Precisamos reconhecer que
nossas dificuldades de assumir uma confiança plena de crença na ressurreição
tem uma relação direta com alguns fatores de controle da nossa mente ligada às
nossas preferências pessoais.
E indo, eles o anunciaram aos demais, mas também a estes dois eles não deram crédito (Mc 16.13).
Talvez não fossem os
representantes que eles desejassem que lhes desse a notícia. Lucas chega a
mencionar que eles já tinham ouvido que Pedro teria visto a Jesus, mas quanto a
estes dois que não eram do círculo dos doze, será que são dignos de serem
portadores de uma mensagem tão elevada?
Por outro lado, será que o
relato pareceu estranho, já que eles próprios não o tinham reconhecido e talvez
tivessem contado que não era exatamente a mesma imagem que tinham em mente do
Salvador que havia sido crucificado. Sua ressurreição e a outra forma que usara
para se manifestar pode ter confundido e trazido incredulidade aos discípulos.
Precisamos lidar com algo em
nós que tenta formatar o Senhor e a sua mensagem. Precisamos cuidar da nossa
fé, para que ela não seja segundo o nosso querer e de acordo apenas conosco,
mas seja capaz de olhar para infinita e multiforme sabedoria divina.
Algumas vezes, estes processos
de autoconfiança pode ser altamente destrutivo para a nossa fé, porque passamos
a ouvir o som do nosso próprio coração e não queremos ouvir o som da mensagem
que vem de Deus.
Conclusão
Devemos considerar que estes
dois trechos do Evangelho estão produndamente conectados com os versos
seguintes:
Finalmente, apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa e censurou-lhes a incredulidade (Mc 16.14).
Este é o ponto que precisamos
considerar de forma muito importante no dia de hoje, diante da Escritura. Que
muitas vezes, nos deixamos dominar por preconceitos, sentimentos controladores
e até autoconfiança excessiva, que nos afastam da verdade e produzem profunda
incredulidade em nós.
A ressurreição é a mensagem mais
gloriosa que mostra que Jesus veio para transformar a vida humana e dar nova
esperança a todos. A vida de Cristo é nossa vida e não podemos, de forma
alguma, nos manter incrédulos. Precisamos crer! Precisamos crer que a
ressurreição de Cristo é poder que pode transformar tudo e vencer tudo.
A igreja não pode limitar o
poder de Deus, não pode diminui-lo ou simplesmente, a igreja não pode querer
ser a dona do poder de Deus. A igreja precisa crer que tudo é possível ao que
crê!
Qualquer nível e tipo de
incredulidade quanto ao poder de Deus não é bom e precisa ser vencido por nós.
A ressurreição vence, quando nós vencemos a incredulidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!