22 de abril de 2018

Hebreus 2.14-18

O Teu Socorro Vem do Senhor
Hebreus 1.1-4

Introdução
Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso, mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote, nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados (Hebreus 2.14-18).
O autor desta carta enfrenta o problema de um cristianismo sem perseverança esse é o seu principal ponto. Ele precisa construir uma imagem mental sobre a superioridade de Cristo, como vimos no sermão da manhã, mas ele também trabalha com outra importante demanda da fé, a falta de segurança para viver.

O pavor da morte aprisiona – Ainda no jardim do Éden o homem ouviu pela primeira vez o conceito da morte. Mesmo antes do pecado entrar no mundo, Deus alertou o homem o letal poder do pecado:
(...) porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.17b).
A morte veio ao mundo, por causa do pecado e a morte passou a todos os homens (Rm 12.5). Com ela, o que realmente aconteceu é que o homem passou a viver alheio à vida de Deus e seu mundo entrou em densas trevas. O ser humano deixou de viver a luz de encontrar Deus na sua realidade e passou a viver longe da experiência de saborear a beleza da existência em Deus. Vivendo no mundo de Deus, o homem vive sem Ele. Isto fez tudo se tornar trevas e densas trevas.
Viver no mundo sem Deus é viver em constante prisão e o pior, sem esperança, sem futuro, mesmo com uma alma que anseia pela vida e pela eternidade (Ec 3.11). O apóstolo Paulo descreve isso como um modo obscurecido de vida:
Não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus, por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração (Ef 4.17b-18).
Pedro por sua vez, chama este modo de existência de “fútil procedimento” (1Pe 1.18) e nos diz que Cristo nos liberta pelo seu precioso sangue:
Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo (1Pe 1.18-19).
A morte, portanto, produziu esse modelo existêncial tenebroso, que nos faz viver no mundo de Deus sem a beleza de vê-lo, experimentá-lo e glorifica-lo. O pavor da morte e aterrorizante, porque tira da vida toda a beleza.

O autor da Carta aos Hebreus sabe que este pavor aprisionante da morte é um mal que nos impede a caminhada neste mundo. Ele transforma nossa percepção a realidade e, desta forma, perverte nossa esperança e a converte em tristeza e idolatria. O resultado desta vida sem Deus é um modelo baseado no homem, construindo caminhos próprios e tentando soluções que nascem apenas e tão somente no coração do homem. Cristo, por meio da sua morte, cancelou o poder da morte sobre nós. A morte de Jesus nos liberta e nos coloca de novo na vida e na relação com Deus.

Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santos dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado da má consciência e lado o corpo com água pura (Hb 10.19-22).
Este é o ponto, que precisamos considerar no texto desta noite, o fato de que a vida que Cristo nos deu por meio da sua morte muda a nossa realidade. Precisamos construir clara essa imagem mental e de fé, que se baseia na obra salvadora de Cristo e na sua vitória sobre a morte.
Muitas vezes, desistimos da caminhada e nos deparamos com uma sensação profunda da morte, porque não compreendemos totalmente o poder da vitória de Cristo. Ele, com a sua morte nos socorre de viver aprisionados na morte. Considere o fato de que um dos nossos maiores problemas com a vida é a falta da própria vida, que nos cerca por que perdemos a percepção de que Cristo veio nos dar vida e vida em abundância.

O autor desta carta gasta um bom espaço estabelecendo o conceito de que a morte de Cristo é libertadora e que a morte não pode mais nos dominar ou aprisionar. Ele gasta bom tempo apontando a força da vitória da morte de Cristo como uma razão para seguirmos adiante e não desistirmos jamais.
Quero convidá-lo a pensar sobre o poder da vitória de Cristo sobre a morte como uma maneira de você elevar a sua vida a um patamar novo e um novo ânimo para servir a Cristo.  

O Teu Socorro Vem do Senhor Porque o Senhor Veio ao Mundo Com a Missão de Vencer a Morte e o Diabo
Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. Pois, ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão (Hb 2.14-16).
Ele participou da nossa natureza porque quis nos salvar – o verso 14, estabelece um conceito que precisamos levar em alta consideração, o qual se completa no verso 16. O conceito de que Cristo se fez homem com a intenção de salvar homens. Isto não é algo que ocorre por simples acaso, mas como fruto de um esforço propositivo de Cristo: ELE QUIS NOS SALVAR. Jesus Cristo nos socorre não por um mero acaso, mas como fruto de um trabalho intencional da Trindade. Você precisa lembrar disto: DEUS QUIS SOCORRER VOCÊ!
Este conceito está presente em toda a Escritura, mas de forma ainda mais claro em vários textos do Novo Testamento. João diz que o verbo se fez carne e habitou entre nós e veio para salvar o que Deus havia lhe dado. Paulo afirma peremptoriamente que ele deixou a sua glória livre e determinadamente para nos salvar. O próprio Jesus diz que VEIO PARA NOS SALVAR.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16).
Isto precisa mudar sua atitude de seguir na vida. Isso precisa causar impacto positivo e forçar a sua fé a seguir adiante. Não é possível que diante da voluntariedade e propositividade de Cristo em seu favor, em seu socorro, você continue com uma fé minguada, tímida e desistente.

Ele veio nos salvar do pavor da morte – o Diabo com sua astúcia levou o homem ao pecado e o pecado nos levou à morte. Essa morte, como já mencionamos, nos leva a viver no mundo de Deus sem Deus, sem o gracioso desfrute da beleza da sua santidade, das suas delícias perpétuas. Vivemos coisas maravilhosas de Deus, como acordar, alimentar, vivenciar belezas como a companhia dos outros, a vida em família etc. Tudo isto se torna insosso, sem beleza e muitas e muitas vezes, vivenciamos toda esta beleza de forma dolorida.
Esse é o pavor que da morte, sito é, o pavor que ela causa sobre para o nosso ato de existir. Cristo Jesus veio nos socorrer e nos livrar do “corpo desta morte”, nos “transportar do império das trevas, onde não vemos Deus, para o Reino do Filho do seu amor”; a morte de Cristo “nos livra do mal”.
Irmãos amados, precisamos viver a vida que Cristo nos dá. Ele nos socorre e nos livra do pavor da morte. Foi para este fim que ele veio ao mundo.
O pecado não mais terá domínio sobre vós (Rm 6.14).
A morte de Cristo vence a nossa morte e dela nos liberta!

O Teu Socorro Vem do Senhor Porque Ele é Capaz de Oferecer a Deus o Que Você Não Consegue
Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo (Hb 2.17).
Para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus – o conceito do que é e faz um “sumo sacerdote” é fundamental nesta passagem e em toda a Carta aos Hebreus, especialmente nos primeiros 10 capítulos. Em todo este longo trecho o conceito de que Cristo é o Sumo Sacerdote perfeito, bem como o sacrifício perfeito é figura central. Apresentar o sacrifício de Cristo como único, perfeito e eterno é um dos pontos centrais desta carta.

Sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus - Com isto, o autor está convidando os cristãos a vida cristã de confiança absoluta, baseada na obra perfeita que Cristo faz como nosso sumo sacerdote. O sumo sacerdote é aquele que nos conduz à presença de Deus e entrega a Ele um sacrifício que seja aceito para perdão dos pecados.
O altar do sacrifício é um “tribunal”. Nele, não tratamos de um assunto trivial, mas considerarmos a própria existência: morte ou vida. O nosso sumo sacerdote perfeito, não está apenas cumprindo um ritual passageiro e repetitivo, mas está levando a Deus uma oferta eterna e séria sobre a minha vida e a sua. Ele está nos representando diante do Juiz com uma oferta pura com a intenção clara de nos livrar da morte.

Ele se torna semelhante a nós – para fazer esta oferta de propiciação ele se faz pecado e assume a nossa culpa. Este assunto é elevadíssimo na Escritura e de uma profunda seriedade, que não pode ser tratado levianamente por nós. Este é o ponto que o autor aos Hebreus está usando para mostrar a importância de uma vida cristã, plena e séria, como fruto de um sacrifício pleno e sério. Ele está mostrando que não podemos brincar com coisas tão elevada e tão importante. A encarnação é um dos atos mais constrangedores, isto é, nos leva a uma atitude de completo constrangimento, afinal, se ele assim é capaz de nos amar, a ponto de se fazer pecado, se fazer culpado, se fazer réu por nós, como devemos responder a isto?

Para fazer propiciação pelos pecados do povo – A palavra “propiciação” é um termo técnico da religião judaica. A mesa do propiciatório, onde o sumo sacerdote aspergia o sangue e encobria a Lei era um artefato forense, como eu já disse, o altar era um tribunal. Ali, a Lei estava sendo satisfeita e Deus escondia o rosto dos nossos pecados e o sangue do cordeiro era considerado em nosso favor.
O ato de propiciação era um ato que agia diretamente no coração de Deus, uma vez que a Ira do Senhor se mudava de lugar e era derramada sobre o Cordeiro, enquanto que sobre o pecador representado, Deus derramava seu perdão e o seu amor.
Estas percepções são de grande importância quando começarmos realmente a pensar sobre a importância da obra de Cristo em nosso favor e a liberdade que ela nos dá. JESUS NOS SOCORRE PORQUE ELE É O ÚNICO CAPAZ DE OFERECER A DEUS O QUE NINGUÉM MAIS PODE: VIDA E SANTIDADE, COMO OFERTAS PELO PECADO.

Somente Jesus pode fazer Deus propício ao pecador!

O Teu Socorro Vem do Senhor Porque Ele Sabe o Que é Morrer e o Que a Morte Faz Com Você
Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados (Hb 2.18).
Antes de adentrar à exposição do verso, acredito que precisamos aqui falar um pouco sobre um conceito mais profundo do que é “ser tentado”. A Escritura qualifica o papel do Diabo, Satanaz, a antiga serpente, como sendo ele o TENTADOR (PEIRAMÓS).

Visão mais profunda de tentação
Vou propor uma visão mais profunda e diferenciada de “Tentação”. Na verdade, em geral, entendemos como “tentação” todo o ato que procura nos persuadir a pecar. De fato, a tentação é isto. Mas quero ir um pouco além.
Para mim, o pecado é o ato de errar o alvo da existência. Fomos criados para a glorificar a Deus, como dizem os nossos Catecismos e para desfrutar da sua presença na realidade. Essa é a verdadeira vida: VIVER E PERCEBER E SABOREAR A PRESENÇA DE DEUS EM TUDO, isto é plenitude de vida. Bem, pecado é justamente existir e não ter este encontro constante e bem fazejo. Viver no mundo de Deus sem Ele.
A tentação é todo o ato que quer provocar um modo de vida em que Deus é banido da nossa vida. A tentação é todo estímulo a qualquer ato vivencial sem Deus. Portanto, quando vou a um restaurante e desfruto de excelente comida, mas meu coração fica infrutífero para perceber o amor, a bondade, a presença e a glória de Deus e me alegrar nEle com as coisas que me dá, estou diante de uma grandee tentação.

Jesus Cristo foi tentado à nossa semelhança – o Diabo, o tentador, também tentou Jesus. Ele levou Jesus e procurou fazê-lo viver as delícias do mundo sem Deus: prometeu-lhe riquezas sem Deus; prometeu-lhe vida sem Deus; prometeu segurança sem Deus... Jesus, em tempo algum cedeu à qualquer ideia de uma existência sem Deus:
Não só de pão viverá o homem; ao Senhor te Deus adorarás e só a ele darás culto; não tentarás o Senhor teu Deus
Nestas respostas, que geralmente identificamos como centralidade das Escrituras, o que vemos é a centralidade de Deus na vida de Cristo. Irmãos, este é o ponto. Cristo Jesus foi tentado à nossa semelhança, mas em tempo algum, viveu sem Deus.

Ele sofreu tendo sido tentado – preciso ser breve nestas considerações, mas note que a tentação, isto é, viver no mundo de Deus sem Deus é um sofrimento, inclusive para Cristo. Este foi um grande e real sofrimento para Jesus, experimentar como o pecado traz a morte sobre a vida humana e leva a vida humana para longe de Deus.

Ele é poderoso para socorrer os que são tentados – de que forma Cristo pode nos socorrer em um mundo que quer nos fazer inimigos de Deus em meio a uma humanidade que rejeita Deus e que tenta nos fazer desconsiderá-lo, como ele pode nos socorrer de nosso próprio coração que não ama a Deus? Jesus é capaz de dar novos significados à nossa existência e nos dar novo coração, nova mente, para ver o mundo de Deus, encontrando e experimentando Deus nele. Ele é capaz e poderoso para dar significado e sentido ao mundo e à nossa vida no mundo.

Jesus, caro irmão, pode te fazer ver Deus, ele pode revelar Deus para você e fazê-lo viver com Deus sempre!

JESUS TE SOCORRE PORQUE ELE PODE FAZER DEUS PRESENTE NA SUA VIDA. ELE TE SOCORRE PORQUE ELE SABE O QUE A MORTE FAZ CONOSCO NO DIA A DIA! ELE SABE O QUE É MORRER:

Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste? Este foi o mais terrível grito que já se ouviu na face da terra. Pois o filho amado de Deus, experimentou a nossa morte para nos dar vida e nos socorrer em nossa tentação.


Conclusão
Quando você se permite viver um cristianismo desligado, desajeitado, pouco interessado na santificação e na dedicação a Cristo, quando você se permite viver a sua fé como segunda, terceira ou última opção pessoal, claro que você não compreendeu realmente o que significa a sua vida com Cristo e o que a vitória dele propôs.
Quando você se inquieta com a vida e não vivem em plena confiança, sempre tentando resolver a vida do seu jeito, quer nos negócios, quer na vida emocional ou em qualquer outra área, quando um jovem não valoriza a pureza que a palavra exige no seu namoro, ou quando na vida profissional você prefere as regras da desonestidade a crer que a sinceridade e a honestidade requeridas na palavra, certamente quando este comportamento é a ênfase da sua vida, com certeza você não entendeu o sacrifício de Cristo.
Esta carta te chama para compreender o que o sacrifício de Cristo significou para nós:

1)    O sacrifício de Cristo é uma ação intencional de Deus que desejou nos libertar do modelo de vida baseado na morte;
2)    O sacrifício de Cristo uma obra que você não poderia fazer por você mesmo, pois só ele pode propiciar Deus em nosso favor;
3)    O sacrifício de Cristo é uma obra de amor, de alguém que sabe os efeitos graves e terríveis da morte sobre nós e por amor nos libertou.

Você precisa resolver como é que vai viver, meu caro irmão. Você precisará repensar se de fato irá confiar na vitória de Cristo e nele como seu Salvador. Se você vier a confiar nele como seu salvador, se declarar que o teu socorro vem do Senhor, então, precisará tornar claro na sua vida essa certeza.

Deus te conceda fé e coragem para seguir adiante sem esmorecer e sem arrefecer.  

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