9 de setembro de 2018

2 Samuel 6.12-19

A Restauração da Alegria do Justo
2 Samuel 6.12-19


Introdução

A história da Arca da Aliança nos dias de Davi é a seguinte. Depois que foi tomada pelos filisteus nos dias de Eli, fora levada pelos seus captores, mas estes não suportaram ficar com a Arca da Aliança em seu território: 
Porém a mão do Senhor castigou duramente os de Asdode e os assolou, e os feriu de tumores, tanto em Asdode como no seu território. Vendo os homens de ASdode que assim era, disseram: Não fique conosco a arca do Deus de Israel; pois a sua mão é dura sobre nós e sobre Dagom, nosso deus (1Samuel 5.7). 
Por conta disto, eles a encaminharam para a fora da sua terra e a entregaram na terra de Bete-Semes. Os Betesemitas olharam para dentro da Arca, o que era proibido e por causa disto, a mão de Deus pesou contra eles. Por isso, então, encaminharam a Arca de Deus para a terra de Abinadabe, em Quiriate Jearim e lá permaneceu 20 anos. 
Então, os filhos de Israel tiraram dentre si os baalins e os astarotes e serviram só ao Senhor (1 Samuel 7.4). 
Quando Davi fez de Jerusalém sua cidade, desejou trazer para a Cidade de Deus a Arca de Deus. Ele sabia que seu reino era fruto do poder de Deus que estava ao seu lado. Na guerra que fez contra os filisteus, com a estratégia de Deus, ficara claro que Deus estava com Davi. Contudo, isso precisava de uma marca distintiva e clara, que ligasse Davi a Moisés historicamente e que deixasse claro que aquele Reino era o Reino de Jehovah. Essa marca era a presença da própria Arca da Aliança, o símbolo da morada de Deus em Israel, estivesse habitando em Jerusalém e que esta fosse a sua casa.
Evidentemente, o texto que temos diante de nós está fortemente conectado com o texto anterior, que nos diz que Uzá foi morto por ter tocado na Arca da Aliança. Portanto, a alegria de Davi nos versos 12 a 19, são uma superação importante da tristeza dos versos 1 a 11. 
Não podemos, de fato, desprezar a profunda inquietude tristeza que o acontecimento da morte de Uzá provocou no coração de Davi. O Salmo 15, talvez fosse uma amostra desta tristeza. Mas essa tristeza tem uma pergunta não respondida a Davi: TERIA DEUS SE RECUSADO A ABENÇOAR O SEU REINO? ESTARIA DEUS DESAPONTADO COM ISRAEL E COM SEU SERVO?
A resposta a Davi veio em uma mudança importante das histórias relativas à Arca da Aliança. Quando ela foi levada pelos Filisteus, ela trouxe pesado castigo sobre a terra da filistia; quando foi levada à Bete-Semes, os betessemitas logo a levaram para Quiriate-Jearim. Ali, somente com a intervenção de Samuel e nomeação de um sacerdote para cuidar da Arca foi que as coisas se acalmaram. Ao trazer a Arca e ver Uzá sendo fulminado, logicamente a pergunta sobre a relação de Jehovah com o seu povo. Mas, a Arca abençoou a terra de Obede-Edom, nos três meses que ali ficou e que motivou Davi a trazer novamente a Arca para Jerusalém.
A Alegria do Justo é Renovada Quando Ele Percebe Que a Relação Pactual Com Deus é Abençoadora

Note que o texto é introduzido pela história anterior e o autor do livro faz questão e nos mostrar que esta ligação foi o ponto de motivação e mudança da tristeza de Davi para a alegria. 
Então, avisaram a Davi, dizendo: o Senhor abençoou a casa de Obede-Edom e tudo quanto tem, por amor da Arca de Deus; foi, pois, Davi e, com alegria, fez subir a Arca de Deus da casa de Obede-Edom à Cidade de Davi (2Samuel 6.12). 
Avisaram Davi– A ideia de uma boa-nova é ser uma mensagem restauradora, o anúncio de que um mal foi vencido, um problema foi superado e que uma nova situação foi constatada. Isso foi o que fizeram, deram a Davi uma mensagem de boa nova. OU seja, Deus não está mais contra Israel, nem com o seu rosto virado. A alegria do justo é fundamentada no EVANGELHO, na boa nova da vida com Deus. 
O Senhor abençoou a casa de Obede-Edom por amor da Arca e Deus– A arca ficou quarenta anos na casa de Abinadabe e nada se diz sobre tê-lo abençoado. Certo que não foi nada dito sobre maldições, mas o Evangelho não é uma mensagem de neutralidade, mas uma informação de que Deus está abençoando. O segredo desta mensagem, talvez tenha sido o próprio nome do homem que abrigou a Arca: SERVO-DO-SENHOR, Obede Edom aponta para um ato de obediência. Deus fez trouxe todo este benefício à casa do seu servo, onde a presença de Deus faz toda a diferença.
Davi foi com alegria fez subir a Arca de Deus– Irmãos, a alegria do Justo deve mover as suas atitudes. A sua atitude de alegria é positiva na busca da presença de Deus. Davi está feliz por saber que seu Deus tem uma boa-nova para o seu povo e está disposto a dar a este momento o melhor, e o melhor é que Deus esteja ainda mais perto do seu povo. 
A presença de Deus é a ALEGRIA DO SEU POVO.  

A Alegria do Justo é Renovada Quando Ele Decide Que Irá Fazer Tudo de Um Modo Que Agrada a Deus

Um dos contrastes entre a primeira tentativa de Davi de trazer a arca e esta segunda é que desta vez, ele parece ter decidido que o correto para fazer com que Arca viesse a Jerusalém não era fazer as coisas do seu jeito, mas do jeito de Deus. 
Você deve saber que a lei estabelecia o modo próprio como a Arca devia ser carregada. Entretanto, Davi tentou dar grandiosidade à este momento, fazendo as coisas do seu jeito, tentando promover do seu modo a subida da Arca. Refiro-me ao fato dele ter aparelhado um carro novo, juntas de bois e carregado a arca do seu modo. 
Desta vez, embora o livro de Samuel não nos dê detalhes, o livro das crônicas que tem uma forte percepção doxológica e sacerdotal, nos informa que ele chamou os sacerdotes e que estes fizeram o que era necessário para que a Arca fosse conduzida do modo de Deus, de acordo com a lei. 
Pois, visto que não a levastes na primeira vez, o Senhor, nosso Deus, irrompeu contra nós, porque, então, não buscamos, segundo nos fora ordenado. Os filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros pelas varas que nela estavam, como Moisés tinha ordenado, segundo a palavra do Senhor (1Crônicas 15.14-15). 
Meus irmãos, Davi sabia que o servo que será abençoado é o que OBEDECE AO SENHOR. Isto é, aquele que faz tudo do jeito de Deus e busca a presença de Deus no modo de Deus. 
Sucedeu que, quando levavam a arca do Senhor tinham dado seis passos, sacrificava ele bois e carneiros cevados. Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor; e estava cingido duma estola sacerdotal de linho (2 Samuel 6.13-14). 
Quando levavam a arca – seis passos – bois e carneiros eram sacrificados– o texto é construído de um modo que fazemos uma relação entre a caminhada da Arca e todo o descrito a seguir. A caminhada da Arca era o que definia a caminhada do povo, exatamente como nos dias de Moisés no deserto. Aqui, bois são sacrificados antes do passo sétimo, uma espécie de lógica da adoração, seis dias trabalhar e no sétimo santificar ao Senhor. A intenção clara é a de agradar a Deus, de oferecer a Deus o melhor o que lhe fica bem. 
Dançava diante do Senhor– embora muitos prefiram confundir a razão desta dança, ela é apenas uma clara descrição de que Davi se alegrava na presença do Senhor de forma plena. O dançar não é o mais importante, mas o estar diante de Deus. A alegria de Davi era plena na presença de Deus. 
Estava cingido duma estola sacerdotal– Este é um fato interessante, pois não era usual que o rei usasse uma estola sacerdotal, mas ele estava disposto a oferecer a Deus o seu melhor. 
A alegria do justo é renovada sempre que o justo busca o caminho que agrada a Deus. Precisamos parar para repensar o modo como estamos procurando completar nossa alegria e de que modo estamos lidando com a nossa própria tristeza e decepção om a vida. A alegria do justo está diretamente ligada à alegria que ele percebe em Deus, em decorrência da sua retidão.

A Alegria do Justo é Renovada Quando Ele Está Disposto a Ser Reconhecido Como Servo do Altíssimo

Os versos seguintes fazem um contraste entre Davi e Mical. Ele alegre diante do Senhor, ela, reticente, achando inconveniente que um REI se comporte como um PLEBEU. Nos verso 20, ela irá exatamente censurar Davi desta forma. 
Assim, Davi, com todo o Israel, fez subir a arca do Senhor, com júbilo e ao som de trombetas. Ao entrar a arca do Senhor na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela e, vendo ao rei Davi, que ia saltando e dançando diante do Senhor, o desprezou em seu coração (2Samuel 6.15-17).
Assim Davi fez subir a arca com júbilo– mais uma vez a ênfase do texto era na restauração da alegria de Davi e de todo o Israel. Todo o povo estava unido ao seu rei pelas ruas de Jerusalém com a Arca de Deus adiante de todos. 
Mical o desprezou em seu coração– o desprezo de Mical tem a ver com o comportamente do Rei que não se parecia um rei, mas um plebeu em meio à multidão. Aqui há um sinal muito interessante de como Davi considerava o seu reinado. Na verdade, ele sabia que Deus era o verdadeiro REI DE ISRAEL, o verdadeiro SENHOR. 
Introduziram a Arca do Senhor e puseram-na no seu lugar, na tenda que lhe armara Davi, e este trouxe holocaustos e ofertas pacíficas perante o Senhor (2Samuel 6.17).
A arca esta no seu lugar– Este é um ponto importante do texto, pois o objetivo final de Davi foi alcançado. Não somente ele levou a Arca para Jerusalém, mas ela está no seu lugar. Deus está entronizado no trono de Israel e sua arca, que simboliza o seu governo está de volta ao lugar. Assim é que Davi se sente mais servo, pois está dando ao seu Deus a glória que lhe é devida. 
Irmãos, a nossa verdadeira alegria é renovada não quando nos tornarmos os DONOS DE TUDO ou os SENHORES DO MUNDO. Mas quando realmente nos SENTIMOS FAZENDO O PAPEL QUE DEUS QUER DE NÓS, SERVOS.

A Alegria do Justo é Renovada Quando Ele Pode Conduzir o Povo de Deus à Mesma Alegria no Senhor

Os versos finais são um modo como Davi reparte sua alegria e sua vitória com todo o seu povo. Aqui, o que percebemos é que a alegria de Davi não é completa se não é dividida com o seu povo. Não se trata apenas de uma vitória de Davi, mas de todo o povo de Deus. 
João, o apóstolo, em sua primeira carta, tratando da comunhão com Deus, afirmou que seu objetivo era que todo o povo de Deus tivesse comunhão com Cristo e isto, disse João, completaria sua alegria: 
O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa (1João 1.3-4). 
O coração do justo se alegra na comunhão com Deus, mas esta alegria nunca é completa se não for uma conquista coletiva, dividida com todos os demais que amam a Deus. Isto era o que Davi estava disposto a compartilhar, isto é, compartilhar a sua vitória com o povo de Deus.  
Abençoou o povo em nome do Senhor dos Exércitos– Davi compreende que o verdadeiro Rei é Deus que está no trono de Jerusalém e esta é a maior vitória de Davi. Não foi a conquista de Jerusalém, ou a sobrenatural vitória sobre os filisteus, mas o ter conquistado o status da presença de Deus, Emanuel, no meio do seu povo, esta era a maior e a mais impressionante vitória de Davi. O texto diz que Davi abençoou o povo em nome do Senhor dos Exércitos, isso indica a relação que Davi encontrava entre aquele momento e o sentimento de que comunhão com Deus era o seu alvo para com a sua nação.
Repartiu com o povo e dividiu o pão– Um rei que cuida da sua nação, que a conduz a Deus e entroniza o amor a Deus no centro da vida nacional. Este homem é um homem feliz, bem-aventurado. Ele está disposto a ver o povo de Deus colhendo os bons frutos deste governo. Repartir o pão com o seu povo é um gesto de divisão da riqueza, como um rei que ganha os desposjos de um povo vencido. Nesta última grande batalha, Davi não venceu um povo inimigo, mas venceram os Israelitas o seu próprio medo, sua própria pobreza e tristeza. Eles agora repartem sua felicidade é isso o que Davi está fazendo aqui. 

Conclusão
Preciso dizer algo sobre esta história impressionante de mudança da tristeza para a alegria e queria pensar com os irmãos à respeito de um fato. Todas estas coisas que moveram Davi na direção e busca de uma felicidade completa diante de Deus eram apenas sombras dos bens que eu e os irmãos recebemos na realidade de Cristo. 
A Arca, embora apontasse para real presença de Deus em Israel e na cidade de Jerusalém, era somente uma sombra da verdadeira presença de Deus entre nós. Eu e você devemos ter muito maiores e mais fortes razões para desejar desfrutar e viver na presença de Deus, porque sua presença em nós não é uma sombra, mas plena realidade Cristo por meio do Espírito Santo. 
Não compreendo porque é que temos tanta dificuldade de nos alegrar na vida e de fazer transbordar esta alegria, pois temos muito mais que Davi. Quero lhe chamar, meu amado irmão a buscar a renovação de sua vida e de sua alegria no Senhor. Quero lhe dizer que precisamos restaurar a nossa vida com Deus, precisamos restaurar o verdadeiro significado de EVANGELHO. 
Uma igreja como a nossa precisa de pessoas que tenham esta dimensão e que desejem VIVER E AGRADAR A DEUS, ANDANDO COM DEUS EM ESPÍRITO E EM VERDADE. A verdadeira alegria de ser feliz no que agrada a Deus. Meus irmãos PRECISAMOS DE SERVOS VERDADEIROS, que coloquem Deus em sua vida no DEVIDO LUGAR DELE. 
Precisamos, acima de tudo COMPARTILHAR NOSSA ALEGRIA COM OUTROS e não desistir jamais de que a VERDADEIRA ALEGRIA ALCANCE OUTRAS VIDAS. 
Vamos refletir mais sobre quem somos e o que estamos fazendo nesta vida com Cristo. 

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