Uma Vida Que Faz Falta
(Culto da Manhã – Fevereiro 2019 – IP Tatuapé)
Atos 9.36-43
Foco da Nossa Condição Decaída
O poder do evangelho é o ponto mais importante do livro de Atos. Ele nos é dado para mostrar tudo aquilo que o Evangelho é capaz de mudar na história humana. Enquanto o orgulho humano pode nos conduzir a uma atitude pessimista, porque achamos que nossas avaliações são absolutamente finais, o poder do Evangelho é capaz de mudar, absolutamente toda a realidade. Neste texto, a realidade não é somente renovada, mas absolutamente transformada. A ressurreição de Dorcas é a revelação do poder do Evangelho em trazer a vida que tanta falta faz em nosso meio. Não se trata apenas de trazer de volta à vida uma mulher boa e suas boas obras, mas trazer o shalom por meio de um trabalho que aparentemente havia se perdido, mas o Evangelho sempre pode nos dar de volta a vida, mesmo onde a morte parece ser mais forte.
Introdução
Esta porção do livro de Atos visa nos mostrar como o poder do Evangelho levou vida a vários lugares, levou o shalom de Deus por meio dos seus servos. Pedro aqui é o responsável por protagonizar essas ações.
O texto é introduzido com um verso definidor:
A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor e, no conforto do Espirito Santo, crescia em número (Atos 9.31).
A paz, o temor do Senhor e o conforto do Espírito Santo eram as marcas que definiam o andar da Igreja onde ela chegava. Pedro vai a Lida para encontrar irmãos na fé, alí ele encontra uma situação de tristeza na casa de Enéias e, no poder de Cristo ele o cura e todos os habitantes de Lida são estimulados e se convertem ao Senhor.
Viram-no todos os habitantes de Lida e Sarona, os quais se converteam ao Senhor (Atos 9.35).
A vida chegou àquele lugar e por isso todos são estimulados na fé. Os acontecimentos de Lida são contados em Jope e ali, os irmãos estão sofrendo com uam grande perda, a morte de uma mulher magnífica entre os irmãos.
A morte de Dorcas, afetou emocionalmente a igreja de Jope e, de certa maneira não somente a Igreja mas a própria cidade. Eles precisavam da vida que o evangelho dá e do seu poder que a tudo transforma.
Assim como o livro de Atos foi proposto como uma testemunha do poder do Evangelho para levar vida onde há morte, onde a vida está faltando. Hoje também nós precisamos confiar no poder do Evangelho. Precisamos considerar com mais fé, que o que realmente trás a vida ao nosso redor, não é o que fazemos, mas o que o Evangelho faz por nós. Não se trata de Pedro e do seu poder, mas de como Ele leva o Evangelho e o Evangelho trás luz aonde vai. Esta manhã, quero pensar que a Igreja do Tatuapé deve confiar no poder do Evangelho e deve ser preparar para que ele se manifeste, trazendo vida, onde talvez alguns nós estejamos sentido a morte. Podemos pensar em nossas famílias, em nossa vida, em nossos ministérios em tantas coisas, onde o cheiro de morte já pode ser sentido. Jamais duvide desta possibilidade, mas se prepare para isto, esteja pronto para quando ele chegar e tudo mudar.
O Evangelho Traz a Vida Quando Nós Começamos a Sentir os Efeitos da Morte
Havia em Jope uma discípula por nome Tábita, nome este que, traduzido, quer dizer Dorcas; era ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia. Ora, aconteceu, naqueles dias, que ela adoeceu e veio a morrer, e, depois de a lavarem, puseram-na no cenáculo (Atos 9.36-37).
Havia em Jope- Lucas, segue o seu costume narrativo de fazer localizar as pessoas em seu lugar de vivência, no seu habitat, no seu ambiente. Isso é sempre muito importante para Lucas, as pessoas pertencem a uma certa realidade e nesta realidade onde as coisas acontecem.
Irmãos, este já é um ponto de partida importante. O Evangelho está conectado a quem você e onde você está neste momento. Sua realidade presente, situacional é o alvo do Evangelho e isso precisa ser levado em conta. Precisamos deixar o hábito de tentar viver o evangelho conceitualmente, mas completamente distante de quem somos e do que vivemos. O Evangelho é o poder que muda quem somos!
Uma discípula – notável pelas boas obras – Dorcas (gazela) – aqui, Lucas está construindo o ambiente para a cena que irá descrever. Ele o faz nos dando uma ideia de como Dorcas era uma pessoa querida, ele diz: notável, admirável pela boas obras. Ele está nos dando uma ideia da vida que era transmitida pela vida de Dorcas, provocando em nós o mesmo sentimento de perda.
Esse é o ponto, o Evangelho opera em meio a uma clara noção de perda. O arrependimento que nos conduz à fé em Cristo é exatamente esse morrer para nós mesmos. Precisamos permitir que este sentimento nos invada. Quando Evangelho vai operar em nós ele nos faz sentir os tristes efeitos da morte que nos cerca.
Aconteceu que Dorcas adoeceu e morreu– este foi o fato desencadeador de um processo. Eles haviam perdido a vida que os alcançava através da discípula notável, Dorcas. Ela não estava mais entre eles.
Pare um pouco agora e busque perceber quais os sinais da falta da vida que você consegue perceber ao seu redor. Onde o Evangelho precisa operar? Será que em você mesmo? No seu amor, na sua vontade? Será que na sua família? Qual foi o elemento de vida que você perdeu?
O Evangelho traz vida quando começamos a notar a presença da morte, quando a morte nos cerca, quando ela se revela a nós e a admitimos. Esse é um movimento necessário na vida cristã: olhar o pecado e reconhecer a morte que ele carrega. Até que você esteja disposto a admitir isto, você não conhecerá a vida que o Evangelho traz.
O Evangelho Traz a Vida Quando Nos Movemos na Sua Direção
Como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens que lhe pedissem: não demores a vir ter conosco. (Atos 9.38-39)
Lida era perto de Jope – Pedro estava ali– Bem, em geral, lemos esta passagem imaginando que os irmãos foram até Pedro com a ideia de que Pedro haveria de lhes restituir Dorcas, o que viria a acontecer de fato. Contudo, essa pressuposição nossa é um efeito do fato de termos a história toda em nossa mente e sabermos como ela termina.
Não demores a vir ter conosco- Acredito que eles vão até Pedro para que ele, de alguma maneira lhes sirva de lenitivo para a sua perda. Não imagino que estavam assim tão certos da possibilidade de uma ressurreição. Claro que talvez eles não descartassem isso, mas seria muito difícil pensar que tinham tanta certeza assim desta ressurreição. Até por que eles nada mencionam a Pedro, eles simplesmente choram e clamam que ele venha logo. A comoção que havia na cidade era o foco daqueles homens. A morte lhes havia atingido o coração. O pedido deles é VENHA TER CONOSCO DEPRESSA.
Pedro atendeu e foi com eles. Tendo chegado, conduziram-no para o cenáculo; e todas as viúvas o cercaram, chorando e mostrando-lhe túnicas e vestidos que Dorcas fizeram enquanto estava com elas (Atos 9.39).
Pedro foi com eles – eles o conduziram ao cenáculo– mais uma vez o texto simplesmente nos diz que eles foram mostrar a Pedro a razão da sua tristeza. O mesmo aconteceu com as viúvas que tinham suas túnicas e vestidos nas mãos como a lembrança do trabalho de Dorcas. Nada pediram, mas queriam que Pedro soubesse do motivo da sua tristeza.
Vale uma boa reflexão aqui. Pode ser que você nem tenha ideia do que o Evangelho pode fazer e mudar na sua realidade. Mas você deve ir na direção dele. Você deve ir em busca de onde ele está. Estamos propondo aqui que O EVANGELHO TRAZ A VIDA QUANDO VAMOS NA DIREÇÃO DELE.
Sem dúvida isto é o que o Evangelho espera de nós: que busquemos o shalom e o busquemos intensamente. Que a vida do Evangelho seja um desejo do nosso coração.
Mas um outro lado da moeda aqui nesta passagem. Da mesma em que o Evangelho nos estimula a que o busquemos. Devemos lembrar que, enquanto eles estavam em Jope sofrendo a sua morte, o Evangelho estava se posicionando ao seu alcance. Em outras palavras, Deus nunca fica em um lugar distante, mas sempre se coloca ao nosso alcance. Quando ele nos diz: Buscai ao Senhor... Ele próprio se coloca disponível
O EVANGELHO TRAZ A VIDA QUANDO VAMOS NA SUA DIREÇÃO E QUANDO DAMOS UM PASSO NA DIREÇÃO CERTA, ELE DÁ DOIS NA NOSSA DIREÇÃO.
O Evangelho Traz a Vida Quando o Seu Grande Poder Nos Faz Amar ao Senhor
Mas, Pedro, tendo feito sair a todos, pondo-se de joelhos, orou: e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te! Ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, sentou-se. Ele, dando-lhe a mão, levantou-a; e, chamando os santos, especialmente as viúvas, apresentou-a vida (Atos 9.40-41).
Pedro fez todos sair – orou e disse: levanta-te- Esse relato me faz lembrar o relato da ressurreição da filha de Jairo: Talita. Pedro presenciou este milagre. Somente ele, Tiago e João. Da mesma forma, Jesus encontra todos chorando sua perda. As pessoas estavam tristes e desesperançadas. Jesus pede a Jairo que creia. Manda todos saírem e chama a menina a ficar em pé: Talita Qumih – Levanta! Tomou- a pela mão e restituiu aos pais.
Dando-lhe a mãe chamou os santos – as viúvas – apresentou-a viva– a realidade das pessoas era o que estava sendo transformado. Claro que podemos olhar para o que Pedro fez para Dorcas em si, mas o texto não focaliza isto, o texto nos mostra o que Deus fez para a cidade de Jope. Era a realidade de uma cidade que estava sendo transformada, que a vida estava mudando.
O Evangelho é um poder abrangente, um poder transformador de realidades. Isso é muito importante que saibamos.
Isso se tornou conhecido por toda Jope, e muitos creram no Senhor. Pedro ficou em Jope muitos dias, em casa de um curtidor chamado Simão (Atos 9.42-43).
Isso se tornou conhecido por toda Jope– Note como para Lucas, a ênfase não está em Dorcas, mas na vida que atinge toda uma cidade, a realidade das pessoas que estavam tristes e desesperançadas.
Creram no Senhor– este é o ponto! Não Pedro, mas o Senhor é o alvo da ação de vida do Evangelho. Trazer vida e mais que trazer Dorcas de volta à vida. Trazer vida é trazer Cristo para a realidade das pessoas.
Aqui você deve pensar que isso é o que mais nós precisamos almejar como Igreja: TRAZER CRISTO PARA O CENTRO DO AMOR DAS PESSOAS E DE SUAS ATENÇOES.
Mais que uma igreja bem organizada, dinâmica, eficiente, relevante, pense o que quiser neste ponto sobre a Igreja. Mas que qualquer coisa que diga quem NÓS SOMOS. O Alvo do EVANGELHO QUE PREGAMOS É TRAZER CRISTO PARA O CENTRO DO AMOR DAS PESSOAS.
Cristo no centro da sua vida isso é vida! Essa é a sua maior e mais profunda necessidade. Isso é o que o Evangelho realmente faz!
Conclusão
Enquanto Cristo não se tornar o foco do seu amor e da sua fé, a vida não se manifestou totalmente sobre você. Disse o Senhor: vim para que tenham vida e a tenham em abundância. A experiência da vida é a experiência fim do evangelho. SE os seus dias não estão marcados por isto é muito necessário repensar, reavaliar e se reaproximar da vida do Evangelho.
Os passos são simples: 1) reconheça a morte; 2) venha na direção certa e 3) faça do amor a Cristo um alvo de sua existência.
Pedro ficou ali muitos dias na casa de Simão o curtidor
O texto termina de uma maneira muito peculiar. Seguindo o hábito descritivo de Lucas. Ele cita uma pessoa real e sua vida. Simão o curtidor. Pedro ficou ALI. Na casa de uma PESSOA REAL. Estamos vendo uma ênfase em uma realidade factível. Não um evangelho conceitual, distante, etério. Mas um evangelho real, para a vida real.
Hoje, você precisa disto: UM EVANGELHO REAL, QUE REALMENTE LHE TRAGA VIDA. VIDA REAL, A VIDA DE CRISTO EM VOCÊ.
Oração
Preciso de vida real, porque vida me falta. Jesus, dá-me vida!
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