Vivendo Perigosamente Sem Sabedoria
Provérbios 1.20-33
(IP Tatuapé – Junho de 2019 – Culto da Noite)
Introdução
Sabedoria é um estado de maturidade no qual o homem começa a ter discernimento, em particular para a compreensão da realidade vivencial e fazer escolhas que o conduzam e conduzam os demais ao caminho da verdade. Os Provérbios de Salomão possuem algumas qualidades muito interessantes nessa direção: são em geral, palavras muito símplices, compostos de afirmações contundentes sobre a vida, que revelam uma mente capaz de discernir o bem do mal; são também propositadamente comparativos, trabalhando por contrastes a sabedoria e a loucura, o bem e o mal.
A Sabedoria, no livro de Provérbios, não é apenas um substantivo ou um estado ao qual chega o homem maduro, antes, a Sabedoria em Provérbios de Salomão é um agente pessoal, ganha vida, personalidade. Curiosamente, é a sabedoria quem sai pelas ruas gritando e se apresentando aos homens. O capítulo 8 retrata a sabedoria como um agente à procura de homens que a amém e façam dela um refúgio. A Sabedoria sai pelas ruas, grita, aconselha e oferece a si mesmo aos homens.
Mas, podemos perceber na busca desta sabedoria que os homens preferem a loucura e preferem viver segundo o seu próprio coração insensato. Sim, na verdade, essa é uma constatação que podemos perceber até mesmo nos dias de hoje, entre nós. Séculos, mais de 30 séculos, podemos dizer existem entre nós e Salomão e a verdade é que muitos ainda resistem e preferem viver sem sabedoria.
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino (Provérbios 1.7)
Nesta noite, o texto bíblico nos mostra os perigos de uma vida que não busca a sabedoria. Uma vida que se deixa pautar pela imprudência de construir sua segurança nas movediças areias do próprio entendimento, resistindo ouvir os conselhos de Deus.
Acredito que este texto fala de forma particular para nossa geração, porque estamos entre aqueles que em geral pensam saber muito sobre o que é a vida, achamos realmente já deter o verdadeiro conhecimento e resistimos aos bons conselhos da sabedoria que clama na Escritura Sagrada.
Aos que estiverem prontos para pensar sobre a vida esta noite e prontos para repensar sobre seu próprio modo de agir, eu convido a caminharem por entre estes versos e procurar neles o conselho que dão para uma vida sábia. Não se amedronte em reconhecer seus erros, falhas e confie no Senhor que te aconselha nesta noite. Não se esqueça de que viver sem a sabedoria de Deus é caminhar para a perdição e isto deve fazer diferença para os que temem ao Senhor.
Quem Resiste à Sabedoria Corre o Risco de Passar a Amar a Loucura
Grita na rua a Sabedoria, nas praças levanta a voz; do alto dos muros clama, à entrada das portas e nas cidades profere suas palavras: até quando, ó nescios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento? Atentai à minha repreensão; eis que derramarei copiosamente para vós outros o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras (Provérbios 1.20-23).
Salomão começa o texto, com uma denúncia. Ele nos mostra a sabedoria se expondo nas ruas, colocando-se à disposição para o ensino e os homens preferindo a loucura. Aliás, este constraste será uma constante em todo o livro.
Grita na rua a sabedoria nas praças, do alto dos muros, à entrada das portas – grita, levanta a voz, clama, profere palavras– Nestas expressões do verso 20 podemos colher a percepção de que a Sabedoria está disponível e intencionalmente se faz assim disponível. Há muitas formas de Deus nos mostrar sua Sabedoria e ele o faz de forma clara e intencional. A Sabedoria está disponível e acessível em locais diversos e com clara demonstração de desejo de ser ouvida.
Até quando, ó néscios, amareis a necedade- Ao fazer-se disponível, a sabedoria divina também propicia uma acusação, afinal, se ela clama pelas ruas e nós não a ouvimos e não atentamos a sua voz, sinal de que escolhemos a loucura e fizemos da ignorância o nosso caminho.
Meus irmãos, Salomão está nos ajudando a perceber o que significa escolher viver sem os conselhos de Deus e como é perniciosa a nossa velha natureza que nos faz pensar que sabemos mais que Deus. Somos criadores de teorias loucas e, pior que isso, acabamos por acreditar que nossas teorias loucas são mesmo o caminho verdadeiro. O texto diz que enquanto Deus clama e nos chama a atenção para a vida sábia, está nos mostrando nossa própria loucura e nosso modo estranho de amar o caminho da loucura e deixar nosso coração amar aquilo que não agrada a Deus.
Um dos maiores perigos da vida que rejeita sistematicamente sabedoria de Deus é de nos levar a amar a loucura e o mal. Com o tempo, começamos a achar que o mal é bem e o bem é mal. Começamos a pensar e amar um caminho que não nos leva à Deus e começamos a justificar nossas atitudes, tentando convencer a nós mesmos que estamos certos, mesmo que no fundo, saibamos que estamos errados.
Este é um enorme perigo, quando o mal nos faz sentir bem, enganando-nos. A mente humana é uma fábrica de ídolos, mas mais que isso, é uma fábrica de enganos, que nos leva a chamar a mentira de verdade e a dúvidar que exista uma verdade clara na vida.
Quantos filhos de Deus começaram neste processo de amar o mal e, depois de um tempo, passaram também a detestar o bem. Salomão, nos convida a ouvir a sabedoria:
Atentai para a minha repreensão; eis que derramarei copiosamente o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras (Provérbios 1.23).
Entretanto, como veremos logo a seguir, muitos preferem amar a loucura. Esse é realmente um perigo que afasta pessoas e elas buscam se enganar.
Quem Resiste à Sabedoria Corre o Risco de Viver Sob o Poder da Angústia
Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a mão e não houve quem atendesse; antes, rejeitastes todo o meu conselho e não quisestes a minha repreensão; também eu me rirei na vossa desventura, e, em vindo o vosso terror como a tempestade, em vindo a vossa perdição como o redemoinho, quando vos chegar o aperto e angústia. Então, me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão de achar (Provérbios 1.24-28).
O que podemos perceber do texto é que ele trabalha com a ideia de que escolher amar a loucura e desprezar a sabedoria trará suas naturais consequências. Elas são uma espécie de juízo divino e um prêmio às avessas.
Mas porque clamei e recusastes– estendi a mão e não houve quem atendesse – existe aqui uma clara intenção e nos mostrar que desprezar a sabedoria gera uma consequente ação de juízo da parte de Deus. Ele é quem se coloca diante de nós e nos incrimina por não ouvir a sua sabedoria. Ele está afirmando que nosso amor à loucura nos tornou também insensíveis à sua voz e ao seu cuidado. Este é um perigo.
Rejeitastes o meu conselho e não quisestes a minha repreensão– mais uma vez ele denuncia nossa insensibilidade à ele e ao caminho que ele indica. Muitas vezes, preferimos viver em uma estrada que sabemos não ser o caminho de Deus, mas, por alguma razão o pecado consegue nos cegar e nos convencer de que devemos sim, fechar o nosso coração para Deus. O texto vai nos dizer que isto não pode ser tratado como uma circunstância comum, antes, precisamos saber que este tipo de atitude gerará suas consequências e graves consequências.
Também eu me rirei na vossa desventura – no vosso terror eu zombarei– Deus olha para a nossa loucura e se ri da nossa pretensa sabedoria falsa, do nosso falso senso da verdade. Ele sabe que o fruto deste caminho mal é a dor e, num certo sentido, ele nos conduz a isso só para que aprendamos lições como crianças mimadas, que os pais deixam sentir alguma dor para deixar a lição da teimosia mais clara.
Quando chegar o aperto e a angústia vão procurar, mas não vão encontrar– não podemos brincar com isso. Deus está nos alertando sobre essa situação antes que ela aconteça. Ele sabe que o caminho que PARECE direito ao homem é caminho de morte e quando nós chegamos a amar a loucura e desprezar a sabedoria, construímos para nós um viver que está sob os domínios da angústia.
Angustia – Tsuka– essa palavra bíblica expressa o mesmo que alguém que está sendo sufocado e não encontra meios para respirar, alguém que passa a viver sob pressão e parece não conseguir se livrar das amarras que o prendem. Todos os que desprezam a sabedoria chegam a este momento angustiante na vida.
Me invocarão e não responderei – procurar-me-ão e não me acharão– a maior angústia não é aquela que advém propriamente dos apertos aos quais nossas escolhas nos levam, a verdadeira angústia é a de não encontrar Deus. Acho muito interessante que nesta hora, em que o quebrantamento e o arrependimento real é a única maneira de reverter o quadro, muitos preferem se afundar ainda mais na loucura de tentar culpar Deus por não encontra-lo.
A maior angústia é a de procurar o arrependimento, mas o coração estar necrosado por dentro. Evite isso, ame a sabedoria. Mas se você a despreza é este é o perigo que sua vida corre.
Quem Resiste à Sabedoria Corre o Risco de Viver Colhendo do Fruto da Sua Própria Loucura
Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do Senhor; não quiseram o meu conselho e desprezaram toda a minha repreensão. Portanto, comerão do fruto do seu procedimento e dos seus próprios conselhos se fartarão. Os néscios são mortos por seu desvio e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva à perdição. (Provérbios 1.29-32).
Os versos 29 e 30, são uma espécie de repetição daquilo que foi dito nos versos 24 e 25, eles são uma espécie de jargão ou refrão natural do texto.
Aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor – não quiseram o meu conselho e desprezaram a repreensão– já pensei que estas palavras são pesadas demais e um pouco exageradas, mas claro que hoje eu percebo que elas são mais verdadeiras e comuns do que eu imaginava. Hoje, acompanhando crentes e pessoas em geral na sua vida cristã eu noto como é fácil o homem viver assim longe da sabedoria de Deus. Quando está tudo mal ele tenta se reconciliar com Deus, mas logo o amor dele à loucura o domina de volta e ele se afasta novamente. Ele está semeando para si mesmo um universo de tempestades.
Porquanto comerão do fruto do seu procedimento– este é um princípio muito simples da Escritura e a próprio vida ensina isso: o que plantamos colhemos e se o que plantamos é o repúdio à voz de Deus e semeamos um caminho contrário ao do Senhor, o que é que vamos colher, senão o fruto do nosso procedimento?
E dos seus próprios conselhos se fartarão – aqui está um outro perigo, o de começar a sentir mais segurança nos nossos próprios conselhos. Todas as vezes que nos afastamos de Deus, nos sentimos aptos a dar a nós mesmos conselhos e nos convencemos de que eles são a verdade.
Os néscios são mortos por seu desvios e os loucos a sua impressão de bem-estar os leva à perdição (Provérbios 1.32).
Seus desvios e sua impressão de bem estar– desprezar a sabedoria nos conduz a este perigo, o de viver segundo uma falsa sensação de verdade, de bem estar. O perigo disto é que vivemos sob a ameaça da destruição, achando que estamos realmente num lugar seguro. Daí a nossa coragem para viver na maldade e no ambiente da maldade sem a perceber.
Conheci um jovem que vivia sob o ambiente da maldade e não percebia o perigo que corria todos os dias. Ele se deixou levar por uma falsa segurança de bem estar. Achava que estava certo, até o dia em que a polícia o prendeu e ele foi para uma amarga prisão, viver e ver a face crua da criminalidade que lhe parecia agradável.
Muitos vivem assim e quando vão perceber já estão dominados pela perdição. O QUE COLHEM É O FRUTO DA SUA LOUCURA.
Conclusão
Todos precisamos pensar sobre isto! Todos precisamos vasculhar muito bem como é que estamos agindo. A destruição da nossa alma não acontece absolutamente da noite para o dia, mas por uma rotina de vida sem Cristo, por uma insensata prática diária do mal e por se deixar dominar por caminhos que aos poucos vão te engolindo.
A sabedoria está clamando: nas ruas, nas praças, nos muros, nas igrejas, por meio dos nossos pais, nos sermões, nos conselhos cristãos etc... Precisamos parar para perceber de nós mesmos se estamos rejeitando suas exortações! Suas orientações e conselhos... Há muita oportunidade antes que venha a destruição.
Mas você pode, neste momento, estar pensando que talvez seja tarde para você. Afinal você já trilhou caminhos longos demais na estrada da loucura e da rejeição da voz de Deus. Bem, quero lhe dizer que não é tarde, afinal, você pode estar, neste momento tendo a sua oportunidade de OUVIR A SABEDORIA DE DEUS.
Ela está mais uma vez clamando! No capítulo 8, a Sabedoria é uma pessoa! Veja a descrição do verso 22:
O SENHOR ME POSSUÍA, no início da sua obra, antes de suas obras mais antigas. Deste a eternidade fui estabelecida, desde o princípio da terra (Provérbios 8.22-23).
O apóstolo Paulo nos diz o seguinte:
Pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus (1 Coríntios 1.25).
Hoje, se ouvirdes a voz da Sabedoria de Deus não a rejeite, não se deixe enganar pelo seu próprio coração insensato, não resista à voz do seu Deus!!
Mas o que me der ouvidos habitará seguro, tranquilo e sem temor (Provérbios 1.33).
Ouça e Viva!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!