28 de julho de 2019

1 Crônicas 29.22-25

Ações Que Apontam Para a Glória do Rei
1 Crônicas 29.22b-25
(IP Tatuapé – Culto da Manhã – Julho 2019)


Introdução
Um ponto mais que importante a ser percebido neste texto é que a glória de Salomão é o tema que o escritor apresenta como central. Ele está nos dizendo que essa glória é construída a começar pela própria atitude do povo em relação ao seu Rei. 
Também precisamos começar a pensar sobre essa realidade, em outras palavras, sobre o quanto as nossas atitudes de fato apontam para a glória do nosso rei e o quanto estamos empenhados nesse projeto de Reino e de vida de glorificação. 
Eu te convido a meditarmos sobre este texto, buscando compreender este papel das nossas atitudes na glorificação do nosso Senhor e não deixar de se posicionar diante da necessidade de buscar agir da forma que agrada a Deus.  

Apontamos Para a Glória do Rei - Quando Reconhecemos Seu Governo Sobre Toda a Nossa Vida
Há algo neste verso 22 que me chama a atenção e eu quero compartilhar isso. Primeiro, você percebe que no arranjo da nossa tradução, a primeira parte do verso 22, faz parte de um texto anterior que fala da congregação unida, trazendo sacrifícios, oferecendo holocaustos e se regozijando na presença do Senhor. Todos estes elementos apontam para uma ideia bem interessante de devoção e culto. Mas a segunda parte do verso, está ligada ao trecho posterior, que parece apontar para a vida social e política do povo, quando Salomão é ungido rei. 
Essa proximidade de temas no mesmo verso, parece indicar que o povo compreendia que o mesmo Deus ao qual adoravam com fervor de fé e sentimento religioso era o mesmo que providenciava tudo para a vida política e social. Em outras palavras, devemos considerar que a glória do nosso Rei é mais claramente pontuada quando mostramos a todos que compreendemos que TODA A VIDA PERTENCE A DEUS E QUE NÃO HÁ NADA SOBRE O QUE ELE NÃO REINE. 
Pela segunda vez fizeram rei a Salomão– se você voltar alguns capítulos antes, no capitulo 23, verso 1, você verá a primeira vez em que Salomão foi constituído Rei. Nessa oportunidade, o que estava acontecendo é que Adonias, também filho de Davi, havia se autoproclamado Rei, escondido do pai. Natã e Bate-Seba, a mãe de Salomão, sabendo da profecia sobre Salomão assentar no trono, vão a Davi e pedem essa providência do Velho Davi, para que o trono não fosse usurpado por Adonias. 
O ungiram por príncipe– portanto, depois de ter um momento de glorificação e alegria diante de Deus, com seus corações movidos ao Senhor, em ofertas vivas a Ele, o povo de Israel, reconhecendo ser o Senhor, Deus sobre todas as coisas, reafirmam o seu compromisso de viver no mundo de Deus, submetidos à Deus e às suas ordenanças, eles reconhecem que Deus havia lhes dado um Rei e reafirmam isso. 
A honra que damos a Cristo está muito diretamente simbolizada aqui, especialmente, quando o reafirmamos SENHOR SOBRE TODAS AS COISAS DA NOSSA VIDA. O passo contrário também é verdadeiro, afinal, se todos percebem em nós que Cristo está restrito como nosso Senhor, ou seja, que há áreas em nossa vida que Cristo não é colocado como Senhor, na verdade, a glória do Salvador, a glória do Senhor não é evidenciada, mas o nosso desprezo por ele. 
Claro, sempre haverá quem acha que estamos exagerando. Mas devemos aqui lembrar das próprias palavras de Cristo, antes de dizer “buscai em primeiro lugar o reino do céus e a sua justiça” ele disse: 
Não podeis servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará a outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (Mateus 6.24). 
Aqueles homens reafirmaram Salomão, o Rei escolhido por Deus e o tipo de Cristo Jesus, como SENHOR sobre tudo. Isso é o que precisamos fazer, se queremos que nossas ações apontem para a glória do Senhor.  

Apontamos Para a Glória do Rei - Quando Respondemos ao Seu Governo Com Obediência
Levantamos no ponto anterior a importância da interrelação entre os dois textos no verso 22, a parte da adoração e a parte da vida social e política. Por bem, outros textos das Escrituras também relacionam estas coisas e um em especial parece coloca-las em ordem de valores.
Num contexto bem próximo da época de Salomão e certamente, muito marcado para o povo, temos Saul como rei em Israel, mas mostrando a todos que ele não honrava a Deus com suas atitudes. Diante da ordem de Deus para destruir os amalequitas e nada poupar, nem nada tomar deles, Saul desobedece a Deus, preserva ao rei Agague e permite que o povo tome dos despojos proibidos. Saul tenta se justificar dizendo que o povo tomou das ovelhas para poder sacrificá-las a Deus, então Samuel lhe diz a célebre frase: 
Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros (1Samuel 15.22). 
A obediência ao Rei é o sacrifício que mostra nossa fidelidade religiosa ao Senhor. No nosso texto de hoje, este é o ponto em destaque no verso 23. 
Salomão assentou-se no trono do Senhor, rei, em lugar de Davi, seu pai, e prosperou; e todo o Israel lhe obedecia (1Crônicas 29.23). 
Assentou-se no trono do Senhor– claramente a compreensão do autor do livro é que aquele trono não pertencia nem a Davi, nem a Salomão, mas ao Senhor. O que equivale a dizer que aquilo acontecia, segundo a vontade de Deus. Deus havia determinado que fosse Salomão e não Adonias, ou qualquer outro o Rei, e o povo compreendeu isso. Esse é o ponto: A VONTADE DE DEUS CONTA E MUITO! NA VERDADE SÓ A VONTADE DE DEUS REALMENTE IMPORTA. Esse é um ponto que confronta demais, muito do que vivemos nos dias atuais, porque, para muitos, nem sempre é isso mesmo o que importa. 
Prosperou– aqui estava o sinal evidente de que a vontade de Deus estava caminhando junto com os acontecimentos do reinado de Salomão, pois, Deus abençoa o caminho do justo: Feliz serás e tudo te irá bem – ao que obedece isso é prometido. 
E todo o Israel lhe obedeceu– a prosperidade de Israel não nascia de uma componente místico da presença de Salomão, mas do governo de Deus sobre Israel, através de Salomão. Da mesma forma, não basta você dizer: Cristo é Senhor! A sua declaração mística do governo de Cristo, precisa ser evidenciada na sua obediência prática. Isso sim é o que revela a glória do Senhor. 
Quando declaramos para todos que Cristo é o Senhor da nossa vida, mas o negamos por meio dos nossos atos, em lugar de glorificar a Cristo com nossas ações, nós o diminuímos e o nome de Deus é blasfemado, sem dúvida alguma, envergonhamos ao Rei e não o glorificamos diante dos homens. 
Submeta-se ao Senhor e lhe seja fiel e obediente. Esteja pronto a seguir seu caminho e a viver para a sua glória. Deixe que sua obediência ao Senhor seja usada para trazer glória ao seu NOME – VOCÊ NÃO SE ARREPENDERÁ!  

Apontamos Para a Glória do Rei  - Quando Decidimos Que a Nossa Glória é Que Ele Seja Reconhecido em Nós
Todos conhecemos a atitude de João Batista, que culminou na sua frase emblemática: IMPORTA QUE ELE CRESÇA E QUE EU DIMINUA. Parece que podemos perceber isso no verso 24, na atitude dos líderes do povo de Israel. 
Todos os príncipes, os grandes e até todos os filhos de Davi prestaram homenagens ao rei Salomão (1Crônicas 29.24). 
Prestaram homenagens (Natanuh yad tahat)– quero começar com o conceito por detrás desta expressão “prestar homenagens”. A expressão literalmente seria: dar a mão da submissão. A homenagem que eles pretaram a Salomão foi o reconhecimento do seu governo, da sua direção, da sua posição em relação a eles. Veja que todo o verso é posto nos termos da posição de Salomão, em contraste com a posição que eles ocupavam. 
Todos - Os príncipes – os grandes – os filhos de Davi– as principais lideranças dos clãs de Israel, os homens poderosos de todo o povo a até os próprios irmãos de Salomão, potenciais herdeiros – todos se submeteram ao governo de Salomão. Não importando a sua posição ou importância no reino, foram capazes de se oferecerem para serem guiados, governados por Salomão.  
Quando a nossa glória está focada no reconhecimento da glória do nosso Rei, nós apontamos para esta glória de forma definitiva. Precisamos claramente colocar essa postura como uma postura definitiva para a nossa vida. 
Muitas vezes, portanto, não raro, perdemos de vista o fato de que o interesse de Deus é que seu filho seja glorificado pela vida daqueles que o Senhor lhe dá. OU seja, Deus nos concede a Jesus para que ele nos use para ressaltar a sua glória. Quando o nosso prazer existêncial estiver ligado a este projeto de glorificação de Cristo somente, estaremos nos engajando na verdadeira vida que vem de Deus. 
O Senhor engrandeceu sobremaneira a Salomão perante todo o Israel; deu-lhe majestade real, qual antes dele não teve nenhum rei em Israel (1Crônicas 29.25). 
O Senhor engrandeceu – deu-lhe majestade real– Esse é o ponto que precisamos considerar atentamente aqui: que Deus é quem faz com que isso seja possível. Ele é a fonte de exaltação, é Ele que conduz a você para viver sob o senhorio de Cristo e ser parte da sua própria obra de reconhecimento do Filho. 
Nenhum rei teve tal honra – Essa expressão, me faz lembrar os dizeres do novo testamento que apontam para o NOME DE CRISTO COMO O NOME ACIMA TODOS OS NOMES. Isso também me lembra um cântico: 
Acima de todos, acima de tudo
Está o Senhor entronizado
Os anjos e os homens, os céus e a terra
Montanhas e mares declaram quem Tu és
Tu és Senhor e rei, governas sobre o universo
Justo e fiel, vestido de glória e poder
Coroado estás pra sempre reinarás
Prostrados aos seus pés, erguemos o teu santo nome
Em adoração, nos entregamos a Ti
Toma o teu lugar e habita entre nós
Óh Santo Deus
Óh Santo Deus
Conclusão
Nada terá valido a pena nessa existência se no final de toda a nossa vida, Ele não for apreciado por todos como sendo o nosso Senhor, como nosso Rei. Se todos nos virem e apreciarem quem nós somos e não reconhecerem a Cristo, teremos feito algo errado e teremos errado o alvo. Nossa vida, não atingiu o ápice do seu propósito. 
A igreja Presibiteriana do Tatuapé precisa pensar seriamente sobre esse nosso chamado e não pode nem se exaltar demais em lugar de Cristo, tampouco pode deixar de avançar e buscar revelar ao mundo que confiamos no Senhor. 
Nossas atitudes para com Cristo é que revelarão quem somos e quem ELE é para nós. Temos uma grande responsabilidade e um grande privilégio de mostrar o quanto NELE confiamos e esperamos. 
Aleluia!! 


21 de julho de 2019

Provérbios 8.12-21

A Sabedoria e a Vida Prudente
Provérbios 8.12-21
(IP Tatuapé – Culto da Noite – Julho 2019)


Introdução
Já falamos sobre este capitulo e dissemos que ele é um dos capítulos centrais do livro de Provérbios. Se a intenção de Salomão é que os homens adquiriam a Sabedoria, aqui este capítulo vai revelar que a Sabedoria é alguém. 
Em nosso culto da última semana, olhamos para os versos 5 a 11, que era a segunda parte da introdução do capítulo 8. Na verdade o capítulo 8 é dividido em três partes: uma introdução verso 1 a 11; o primeiro discurso da sabedoria versos 12 a 21 e o segundo discurso da sabedoria versos 22 a 36. 
Hoje olharemos para este ponto, o primeiro discurso da sabedoria. Antes de olhar para o seu conteúdo, pensemos sobre o segundo discurso. Ele aponta para a origem divina da Sabedoria, onde ela se apresenta como o Arquiteto da Criação. Deus fazia todas as coisas com Sabedoria, isto é, Deus colocava toda a vida em seu devido lugar e as coisas da existência estavam dispostas de forma a tudo funcionar de forma perfeita, harmônica e cheia de alegria. 
O primeiro discurso da Sabedoria, ela que clamava na Introdução, agora apresenta o fato da sua existência como a fonte da vida harmônica, como fonte da vida ordenada. Sua ponderação está no fato de que a Sabedoria é a fonte da prudência, como a ferramenta mais fundamental para que nossas escolhas construam uma realidade melhor para nós e para os que nos cercam. 
O homem prudente, aquele que constrói a sua casa sobre a Rocha, que é Jesus. Essa figura é a que está por detrás de nossa mente quando olhamos para este texto. Tornar-se alguém que escolhe acolher a prudência como forma de direcionar a sua vida. Não se trata de uma opção possível, mas se trata da opção daquele que deseja, de fato, espalhar o shalom e a vida harmônica para os que estão ao seu redor. 
Vamos ao texto e ver como estas coisas se relacionam.  

A Sabedoria Revela Sua Presença Quando a  Prudência Aparece nas Escolhas
O ponto de partida para a vida shalômica produzida pela Sabedoria é o Sábio. A pessoa que irá se aproximar da Sabedoria e reter os seus tesouros para destes tesouros retirar as preciosidades que mudam o que está ao seu entorno. 
A pessoa que escolhe a sabedoria revela a prudência que marca o seu caráter. Vejamos como essa relação está constituída nos versos 12 a 14. 
Eu, a Sabedoria, habito com a prudência e disponho de conhecimentos e conselhos. O temor do Senhor consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço. Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria, eu sou o Entendimento, minha é a fortaleza (Provérbios 8.12-14). 
Habito com a prudência– A Sabedoria já revela que sua proximidade com a prudência não é acidental, mas intencional. Isto é, a prudência de saber pesar as escolhas e a própria vida, são fruto da Sabedoria, porque estão ligadas intimamente. 
Disponho de conhecimentos e conselhos– essa prudência tem uma relação com capacidades cognitivas de fazer juízos e valorar a vida, colocando sobre as realidades que nos cercam os devidos valores, para embasar nossas preferências e escolhas. A Sabedoria nos fornece esse ferramental de conhecimentos e de disposições de entendimento para que saibamos fazer essas escolhas. O Sábio possui na Sabedoria que lhe guia, essas capacidades, habilidades cognitivas para discernimento. 
O temor do Senhor– essa expressão é muito importante no contexto do livro, desde o primeiro capítulo mostram a importância de ter o Senhor adiante de nós como o peso que regula os pratos da balança. NO capítulo 9, como no Salmo 111.10, este temor é também relacionado com a Sabedoria e a Prudência. 
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência (Provérbios 11.10). 
O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria, revelam prudência todos os que o praticam (Salmo 111.10). 
Consiste em aborrecer o mal, a soberba, a arrogância,  mau caminho, a boca perversaeu os aborreço – poderíamos usar a frase forte que o temor do Senhor se revela no fato de que aborrecemos aquilo que aborrece a Deus e isto é o que está sendo dito aqui, mas aqui, ele nomina o mal que ele aborrece para que fique mais evidente ainda: a soberba – nenhuma escolha prudente pode surgir de um coração soberbo, cuja principal intenção é olhar para si mesmo e para os seus interesses; a arrogância – nenhuma escolha prudente pode surgir em um coração arrogante, que é aquele que se estriba somente em si mesmo, que não consegue ouvir o conselho de outros; mau caminho – nenhuma escolha prudente pode surgir de alguém que prefere o mau caminho, isto é, o caminho que se afasta de Deus; boca perversa – a fala daqueles que desprezam Deus, que falam coisas tortuosas e não compartilham as coisas verdadeiras de Deus, a prudência não pode surgir em um coração que se revela nessa fala blasfema. 
Conselho – Verdadeira Sabedoria – Entendimento– Essas três palavras dão o tom da vida do prudente, de como ele faz e embasa suas escolhas. Primeiro, ele embasa suas escolhas nos conselhos que recebe da Sabedoria, ele é aconselhado em sua consciência para pesar e medir os seus passos. A sabedoria mostra a sua intimidade com a prudência no fato de que aquele que é sábio consegue identificar a verdade profunda da vida, que o texto chama da verdadeira sabedoria. Por fim, ele tem uma relação prática com a vida, ele a compreende e tem uma perfeita visão do que se trata o ato de existir. 
Assim, meus irmãos, a Sabedoria mostra que ela é a companhia que virá ao lado da vida prudente, da vida que te faz escolher melhor as palavras, as ações e pensamentos que marcam o seu modo de vida.  

A Sabedoria Revela Sua Presença Quando a  Prudência Aparece no Modo Como Conduzimos as Coisas ao Nosso Redor
No versos 15 e 16 a Sabedoria exemplifica sua ação prática na ação dos homens que detém o poder: os príncipes, os reis, os juízes, os nobres. Aqui ele não faz uma avaliação dos homens e dos atos de governo, a Sabedoria simplesmente nos diz que a base do bom governo é a sabedoria, intima amiga da prudência. A prudência é a arte de governar com equilíbrio e organizar o meio onde estamos. Não podemos pensar apenas na ideia de governo político, embora os exemplos trabalhem nessa direção. 
Por meu intermédio reinam – Por meu intermédio governam– NO dois versos, temos uma repetição: “por meu intermédio”. A expressão “por meu intermédio” é uma interpretação de uma palavra só e bem curtinha: Bi – por eu (literalmente). Na verdade, aqui temos um reforço da figura levantada no primeiro trecho: EU A SABEDORIA. Poderia ser mais ao pé da letra traduzido: POR MIM. O que isso significa, é que os homens que sabiamente governam, só podem fazer por meio da sabedoria verdadeira. Eles só conseguem de fato assumir o poder para REINAR e somente conseguem efetivamente organizar a sociedade ORGANIZAR, quando a Sabedoria lhes concede essa condição. Em outras palavras, a Sabedoria está dizendo o quanto a prudência que ela produz é necessária para ordenar a realidade concreta e trazer equilíbrio aos homens. 
Os príncipes decretam justiça– lembre que as estruturas de governança do mundo antigo, o Rei se fazia presente nas diversas regiões do seu reino pelos seus príncipes escolhidos para levar a sua autoridade ao reino. Aqui os princípios faziam escolhas prudentes que redundavam em “justiça”, isto é o caminho pesado corretamente, a vida avaliada e valorada pela verdade, pela sabedoria. 
Príncipes, nobres e todos os juízes-  toda a estrutura de ordenamento da realidade deve ser resultado das escolhas prudentes, geradas pela sabedoria.
Precisamos pensar sobre este suporte que todos nós devemos dar à realidade que nos cerca e à própria sociedade na qual estamos inseridos. Precisamos ter mais ponderações nas nossas palavras. Porque a palavra sem sabedoria não produz SHALOM, cuidado com o fato de não termos a sabedoria necessária para fazer com que a prudência seja o resultado das nossas ações. 
Uma palavra tola pode destruir um reino, assim como pode destruir uma casa, uma família, uma igreja. Precisamos da vida prudente para que sejamos mediadores do governo da sabedoria, que consiste em humildemente ouvir a Sabedoria Divina e ponderar nossa vida, nossas preferencias para que a vida ao nosso redor, aquela que passa por nossa influência seja SHALOMICA. 

A Sabedoria Revela Sua Presença Quando a  Prudência Produz as Verdadeiras Riquezas da Vida

Mais uma vez o tema da riqueza está de volta. Como na introdução e em muitas partes do Livro de Provérbios. Salomão era um homem riquíssimo e as riquezas que experimentou também o fizeram pecar. Ele sabia muito bem do que estava falando, porque o Sábio aprendeu pelo que sofreu. 
O verso 17 é uma espécie de ponte com o que virá a seguir, um estímulo para podermos adentrar na parte final. Essa parte final fala do resultado de uma vida prudente, gerada pela sabedoria. 
Eu amo os que me amam; os que me procuram me acham (Provérbios 8.17). 
Esse verso propõe um duplo entendimento muito interessante. Ele fala do fato de que a sabedoria nos ama, quando a amamos o que parece indicar a Sabedoria como ponto de partida deste amor, por outro lado, este foco é revertido na segunda parte, que diz que os que me procuram me acham, o que dá a entender que existe um esforço da nossa parte que é o ponto de partida. Eu diria que devemos ver as duas coisas, com um peso maior para a primeira. 
Se você desejar essa vida prudente que nasce da presença da Sabedoria na sua vida. Você irá encontrar esse mundo shalômico que se construirá ao redor de você e de suas ações e influência. O contrário também é verdadeiro, não se esqueça. 
Melhor é o meu fruto– a figura é agrícola, é a figura da paciência do agricultor que semeia, cuida e espera o fruto. Não é uma coisa certa, senão pela fé. O agricultor semeia e espera colher o fruto da sua semente, para isso, ele trabalha com um alvo. 
Melhor que ouro refinado– ele está dizendo que vale a pena esperar e plantar essas sementes, que podem produzir não somente uma grande riqueza, mas uma riqueza de profundo valor. Não somente traremos shalom ao nosso redor, mas um shalom de especial valor. 
O meu rendimento melhor que da prata escolhida – rendimento também é uma figura agrícola. Pense na semente e no fato de que quando ela é plantada, no final, o fruto devolve ao agricultor o próprio fruto, mas também, muitas outras sementes. A prata, da qual se retirava o chumbo e as outras impurezas, era vendida por um valor maior que aquela que não tinha essa qualidade, mas o fruto da sabedoria devolve a nós muito mais. Mais que uma vida tranquila, estamos falando de um reino de paz duradoura. 
Ando pelo caminho da justiça no meio das veredas do juízo, para dotar de bens os que me amam e lhes encher os tesouros (Provérbios 8.20-21). 
 Temos aqui descrita uma cláusula de ação e uma de consequência. A Sabedoria produz a prudência, que se evidencia em escolhas justas e equilibradas e a consequência disto é o gerar muitos tesouros, que ninguém pode nos roubar. 
Um irmão em um dos nossos encontros nas casas deu um testemunho. Esse irmão falou sobre a verdade na sua vida. Ele disse que viver uma vida verdadeira lhe trazia paz. A simplicidade da vida verdadeira, fazia com que ele não se sentisse pressionado. Eu também tenho percebido e vivido essa boa experiência. A vida madura, deve ser equilibrada pela vereda da justiça, isso nos conduz à paz. 


1Crônicas 29.18-19

O Coração do Povo e o Coração do Rei
1 Crônicas 29.18-19
(IP Tatuapé – Culto da Manhã – Julho 2019)


Introdução
Na última semana, o texto para o qual nosso coração olhou foi o conteúdo dos versos iniciais desta oração de Davi. Buscamos ali entender como o coração do Rei Davi discernia e media o valor das riquezas. Ela sabia que tudo vinha do Senhor e que nenhum homem dava nada a Deus que não tivesse recebido do próprio Deus. 
Nos versos que buscamos nessa manhã, Davi olha para o povo que o alegrava com suas ofertas voluntárias e pede a Deus por este povo, que continue a servir ao Senhor de coração. Também Davi olha para seu filho Salomão e pede ao Pai que dê a Salomão um coração reto. 
A história dos Reis de Israel é uma história muito rica de ensinos. SE voltarmos no tempo, ainda ao tempo dos Juízes de Israel, aprenderemos sobre como Deus incutiu na mente do seu povo a necessidade de serem guiados por um líder, um rei. 
Naqueles dias não havia rei em Israel e cada um fazia o que achava mais reto (Jz 21.25). 
Este período dos juízes foi um tempo de aproximadamente 400 anos em que Deus foi mostrando ao povo, por meio de suas amargas experiências de lutas na terra prometida, provando o seu coração, mostrando para eles que precisavam de um líder cujo coração pertencesse a Deus.
Logo em seguida, você verá o livro de Rute, que neste período, enquanto Israel sofria os efeitos da falta de direção e de sua inconstância com Deus, o Senhor estava trabalhando no silêncio. Construindo uma família improvável para o Rei, trazendo de Moabe uma jovem, para ser a mãe da linhagem de Davi o Rei. 
Obede gerou a Jessé e Jessé gerou a Davi (Rt 4.22). 
Até que as Escrituras nos levam aos livros de Samuel, onde o Senhor levanta o último dos juízes de Israel para conduzir o povo ao Rei. Povo que desejava ter um rei, mas não pelas razões corretas. Pois queriam ter um rei, porque todas as nações também tinham, Deus diz para Samuel, que eles pediam um Rei não porque não queriam Samuel, mas porque não queriam Deus e este é justamente o erro que os levou a Saul. 
Então os anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá e lhe disseram: Vê, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todos as nações. Porem esta palavra não agradou a Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para eu nos governe. Então, Samuel orou ao Senhor. Disso o Senhor a Samuel: Atende a voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele (1Sm 8.4-7). 
Saul, escolhido e ungido, tinha como grande valor a aparência, por ser o mais alto. Contudo, o livro de Samuel nos mostra que o verdadeiro Rei que Deus estava provendo para Israel não era um homem, cuja a aparência convencesse, mas sim o coração. Samuel vai à casa de Jessé e este lhe faz passar os seus filhos, o próprio pai não se lembrou de Davi, que estava ausente na visita do homem de Deus. Fez Jessé passar diante de Samuel os seus filhos, a começar por Eliabe, nenhum era o escolhido de Deus, Deus disse a Samuel: 
Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o Senhor não vê como o homem vê. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração (1Sm 16.7). 
Até que Jessé mandou chamar a Davi, que estava nos campos conduzindo as ovelhas, um jovem ruivo, de aparência meiga, não parecia ser um homem para comandar Israel, mas Deus disse à Samuel: 
Levanta-te e unge-o, pois este é ele (1Sm 16.32). 
Sobre Davi, Lucas escreve no livro de Atos “que era o homem segundo o coração de Deus”.
Irmãos, pior que não ter um rei que nos conduza ao Senhor era ter um rei mal, que se desviava do Senhor e levava consigo o povo de Deus. Essa é a história dos livros dos reis, que começa com a dinastia davídica, Davi e Salomão, indo até o reino dividido do filho de Salomão, Roboão. Apartir dali, veremos uma sequência de histórias que repetem a seguinte mensagem: o rei era reto, levava o povo a Deus, o rei era mal, o povo se desviava de Deus. 
Voltemos ao nosso texto, Davi está orando pelo povo e pelo futuro líder de Israel. Ele está pedindo que ambos tenham o coração preparado para seguir o caminho do Senhor. Estamos falando de liderança e liderados, estamos falando de pessoas que seguem um Rei. O Rei precisa ter o coração apegado a Deus, assim como o povo precisa de um coração também inclinado a Deus. Afinal, o que é a vida: a vida é viver para Deus e aprender a fazer isso todos os dias. 
Nesta manhã, irmãos, precisamos olhar para nós e apreciarmos o nosso próprio coração. Precisamos identificar a fonte, o modo e o alvo da vida cristã, aquilo que nos aproxima a todos de Deus. Nosso Rei Jesus, como aquele que nos leva ao Senhor, o único que nos leva ao Pai. Também devemos considerar o fato de que precisamos viver em um modelo de aprendizado mútuo, onde os que andam a nossa frente, como Salomão andou à frente de Israel, devem saber que andam na direção de Jesus e nos levam pelo mesmo caminho. Não à toa as Escrituras falam tanto de modelos uns para os outros.
Desejamos perceber nesta manhã, o que é necessário para que andemos na direção certa. De que forma, precisamos ver a vida e vive-la para que alcancemos o ponto alto da existência, isto é, viver com Deus: 
Porque dele, por ele e para ele são todas as coisas (Rm 11.36). 

A Origem da Proximidade do Coração do Povo e do Rei é a Paternidade Divina
Quando Davi ora, ele recorre ao Deus de seus pais, Abraão, Isaque e Jacó (Israel). Ele já havia dito que todas as coisas pertenciam a Deus e de Deus recebíamos tudo para podermos viver para ele. Agora, no entanto, ele não está mais falando da nossa relação com as coisas, mas da nossa relação com o próprio Deus e uns com os outros. 
SENHOR, Deus de nossos pais– Davi recorre ao Deus da Aliança: YAHWEH -  Yahweh Elohim – Deus da Aliança, Deus de nossos pais. Ele é a fonte do relacionamento perfeito entre o povo e o Rei. Ele é o único que pode trabalhar o coração do povo e do rei, de forma a fazê-los um coração unido no propósito de buscar ao Senhor. 
Irmãos, precisamos lembrar que Deus fez com o seu povo, em Abraão, um pacto, de que seria o nosso Deus e nos faria seu povo. Precisamos confiar no fato de que Deus tem um propósito ao criar essa estrutura de vida que nos conduz a Ele e, que portanto, quem alimenta essa estrutura é o próprio Pai. 
Deus de Nossos Pais e Pai do Nosso Rei – o rei Davi pede que Salomão também tenha o coração inclinado a Deus e Deus é a única fonte disto. Tanto o povo, quanto o líder, devem caminhar na direção certa e o ponto de partida é todos dependerem de Deus. 
A dependência de Deus é que nos leva ao Senhor. Encarar a vida de um modo que sejamos levados e conduzidos pela vida não pelo nosso coração pecador, mas guiados por Deus no caminho. Aqui, muitos dos filhos de Deus erram, como foi dito nos dia dos Juízes: cada um fazia o que achava reto. Precisamos ponderar de que o coração do homem frequentemente faz seus planos, mas a resposta certa dos lábios sempre vem do Senhor. Isso é fundamental para você não se equivocar e achar que pode viver de qualquer forma. 
Este também é o ponto onde muitos líderes se perdem, pois pensam que lideram com sua sabedoria, lideram com sua capacidade pessoal. Esse seria o erro dos reis de Israel, o Reino do Norte, na sua maioria absoluta: eles reinaram para si e por si. Assim também muitos pais, lideram seus filhos para longe de Deus, não lhes ensinam o temor e os fazem viver frivolamente a vida cristã, sem nenhum temor ou interesse, investindo tudo na vida, mas sem Deus na vida. 
Devemos nos perguntar: YAHWEH é a vida e a fonte da vida para nossa vida? Precisamos considerar isso nessa manhã, seriamente. 

O Alvo da Proximidade do Coração do Povo e do Rei é a Unidade Com a Família da Fé
A ligação entre o líder e o povo é como a ligação de uma família. O Rei é como um irmão mais velho a nos guiar. Essa semana estava vendo um vídeo do Rodolfo Abrantes, pastor, que foi líder da banda “Raimundos” uma das principais do Rock Brasileiro. 
Ele falava sobre “se sentir um irmão mais velho”, já que agora, ele é quase da minha idade. Ele dizia no vídeo que se sentia como um irmão mais velho, falando para muitos jovens irmãos, já que o público com quem ele comunica o evangelho é prioritariamente um público muito jovem. Ele faz uma lista bem interessante de irmãos mais velhos na Bíblia que que foram incapazes: Esaú, em relação a Jacó; os irmãos de José; Ismael para Isaque; claro, Caim em relação à Abel; o irmão mais velho da parábola do filho pródigo. Ele fala de Jesus, o nosso irmão mais velho, redimindo essa figura e se tornando o modelo para todos os da família da fé. Jesus nos leva a Deus, sempre! Esse é o ponto!  Porque o alvo de toda a caminhada é o próprio Deus. A unidade da nossa família da fé está baseada em Deus: há um só Deus e Pai de Todos, que está em todos e age por meio de todos.
Conserva para sempre no coração do teu povo estas disposições e pensamentos, inclina-lhe o coração para contigo (1Cr 29.18b). 
Conserva para sempre – manter, proteger no coração dos seus filhos isto, para sempre. Meus irmãos, Davi pedia a Deus que o coração do seu povo fosse firme na direção. Pense sobre isto: a necessidade de nosso coração estar firme no Senhor, na direção certa. Lemos na liturgia desta manhã, o Salmo 108.
No coração do teu povo estas disposições e pensamentos-  dentro de nós precisamos de pensamentos e inclinações que nos aproximem de Deus, precisamos que nosso coração seja gradativamente transformado pelo Senhor, por isso, precisamos muito guardar o nosso coração para Deus. É tão fácil o nosso coração se perder, basta não vigiarmos o que estamos deixando entrar e guiar a nossa vida. 
Inclina-lhe o coração para contigo– acho muito interessante o jeito do hebraico dizer isto: fixa o seu coração para dentro de ti. Parece que Davi sabia que se o coração do povo conhecesse profundamente a Deus, ele estaria seguro, pois quando conhecemos profundamente a Deus nós nos apegamos a Ele, por amor, pois é impossível olhar verdadeiramente para dentro do nosso Deus e não amar a sua completa perfeição. 
Estamos diante de uma profunda tarefa existêncial: VIVER PARA AMAR A DEUS. Isso acontece quando nosso coração está inclinado para dentro de Deus, para as profundezas do seu ser. Para isso, a ORIGEM É DEUS E O ALVO É DEUS. Agora, vejamos o meio para chegarmos lá. 


O Meio Para a Proximidade do Coração do Povo e do Rei é a Obediência Que Conduz à Adoração

Salomão, o filho de Davi, estava recebendo a profunda tarefa de levar o povo de Deus ao centro do coração de Deus, isto é, ao relacionamento com Deus profundo, no qual podemos contemplar a própria beleza da santidade de Deus. 
Coração íntegro (Levav Shalém) – coração íntegro – O mais interessante dessa expressão traduzida para o português como “coração íntegro” é que ela poderia também ser traduzida por “coração de paz”, ou “coração em paz”. Claro que Shalém é uma palavra bíblica que nos remete a muitas coisas importantes, como a própria cidade de Ierushalém. Mas aqui significa para nós, pensarmos que o meio é um coração que esteja vivendo em paz com Deus. O caminho para nos achegar ao alvo é que recebamos de Deus um coração em paz.  
Para guardar os teus mandamentos, os teus testemunhos e os teus estatutos– Um coração que esteja disposto a ser humilde e submeter-se aos ordenamentos do próprio Yahweh. Guardar mandamentos– saber que a regras para a vida com Deus; testemunhos – saber que a história de Deus nos ensina; estatutos – há mecanismos vivenciais que nos dirigem a Deus, como a oração, a palavra. Aqui, na verdade o ordenamento completo da Palavra de Deus que nos revela exatamente essa vontade perfeita do Pai.   
Fazendo tudo para edificar este palácio para o qual providenciei– Na semana passada contei um pouco da história que estava por detrás desta oração. Davi estava certo de que era necessário dar prioridade a Deus na adoração. Aqui ele pede ao Senhor que conceda a Salomão o coração pronto para essa prioridade e para fazê-lo do modo mais completo possível. 
A maturidade de um povo e de uma liderança só pode ser sentida na vida cristã, por meio do empenho deste povo e desta liderança em buscar a Deus e fazer com que mais pessoas o façam em Espírito e em verdade. Deus busca adoradores e essa é a nossa tarefa principal na vida: glorificar a Deus. 
Um coração disposto a obedecer é um coração disposto a ser moldado para a a adoração verdadeira. Não apenas à estética da adoração, uma adoração performática, mas uma adoração de FILHOS QUE OLHAM PARA DENTRO DO SER DO PAI. Filhos que nascem da vontade do Pai! Uma família que vive para Deus. 

Conclusão
Nesta manhã, eu quero pedir à igreja que compreenda o plano de Deus para sua família. Ele deseja que nos tornemos, cada vez mais, dispostos a dar o melhor para ele. Ele deseja que estejamos cada vez mais dispostos a oferecer nosso coração a Ele. Mas ele quer que isso aconteça pelo desenvolvimento de uma profunda relação e amor com Ele. 
Irmãos amados, precisamos entender que devemos caminhar na direção certa e fazer a coisa certa, isto é, precisamos caminhar para o encontro com Deus e precisamos fazer isso do jeito de Deus.
Você pode estar pensando sobre a sua liderança e pensando sobre o fato de termos em comum o ponto de chegada certo, a origem certa e o caminho certo, mas ainda somos muito falhos. Eu quero lhes convidar a pensar numa outra coisa ainda maior: QUERO QUE PENSEMOS QUE EMBORA EXISTA UMA RELAÇÃO ENTRE LÍDERES E LIDERADOS, TODOS SOMOS OVELHAS DO MESMO PASTOR O BOM PASTOR NOS GUIARÁ À ELE. 


7 de julho de 2019

1 Crônicas 16.7-36

Razões Para Uma Vida de Adoração 
1 Crônicas 16.7-36
(IP Tatuapé – Culto da Manhã – Julho 2019)


Introdução
A relação entre a adoração e o amor é muito estreita. Talvez você não tenha feito essa ligação ainda ou não a tenha percebido. Mas o fundamento mais profundo da adoração é amor! Amamos ao Pai, amamos ao Filho, amamos ao Espírito e por isso, nosso coração não se contém e os adora!
A adoração é o amor explodindo e se fazendo externo em sua eloquente alegria e satisfação como Pai. Note, como o impulso da gratidão é tão naturalmente a adoração e a gratidão é como uma enzima da mente, que em nós oferece as razões para um amor ainda maior. 
Jesus Cristo nos disse que “o amor” é o modo como revelamos ao mundo que somos filhos de Deus. Sim... filhos de Deus o amam acima de todas as coisas! Esse amor, sendo a marca mais fundamental da nossa relação com Deus, manifesta-se em uma torrente de adoração que não se contém. 
O Salmo que temos diante de nós é uma proposta de demonstração deste profundo amor. Davi, o seu autor, não se contém com o que Deus estava fazendo naqueles dias e seu coração explode em um profusão de adoração. Ele convoca irmãos especialistas para erguerem a Deus louvores, com vozes especiais e instrumentos. Tratava-se de um daqueles momentos em que ficamos como quem sonha e mal conseguimos descrever, senão, apenas olhar, pela fé, e agradecer a Deus por tudo em um gesto de adoração.  
Naquele dia– o dia em questão era o da introdução da Arca da Aliança na cidade de Jerusalém, a qual estava raptada pelos Filisteus e depois ficou refugiada nas terras de Obede Edom. 
Os livros das Crônicas têm uma particular função no cânon bíblico. Eles contam as histórias de Israel e do estabelecimento da monarquia, olhando os eventos a partir dos olhos de um homem do templo, um escriba, ou um sacerdote, que está interessado em nos mostrar o coração adorador do povo de Israel e as razões mais profundas para que este povo seja um reino de adoradores.
Celebrarem com hinos o Senhor – (yadah – gratidão, louvor) – irmãos, as palavras hebraicas são de fato uma fonte inesgotável de interessantes sinais da inspiração divina. Aqui, o verbo que é traduzido por “celebrar” é o verbo “yadah”. Celebrar é agradecer, dizer como estamos felizes por tê-lo e por receber dele tanto cuidado. No entanto, há uma outra curiosidade sobre esta palavra que me impressiona. A palavra bíblica usada para “conhecer” também é Yadah, contudo, uma pequena letra no final das palavras é a diferença, contudo a sonoridade é rigorosamente a mesma. Conhecer a Deus é sempre uma maneira bíblica de dizer mais que conhecimento cognitivo é uma aproximação de amor, como no texto que diz que Adão conheceu Eva (yadah – conhecer – ter relações íntimas). 
O que o texto aqui está nos convocando a fazer é desenvolver um profundo amor pelo Senhor, amor grato, amor que explode em uma profunda avalanche de adoração. Filhos de Deus têm motivos de sobra para serem adoradores. Acho que precisamos avaliar melhor quem é Deus e o que ele tem nos feito, para que sejamos mais prontos para adorá-lo. Vejamos como este texto nos convoca a isto!  

Temos Uma Vida de Adoração Porque Essa é Uma Marca Que Nos Distingue Como Filhos de Deus

Antes de começar a exposição resumida do texto, quero chamar a sua atenção para identificarmos uma estrutura no salmo. Ele é um crescente de convocações para a adoração, partindo de uma ponto menor e indo a um mais amplo. 
Adorai filhos de Jacó, descendentes de Israel, seus escolhidos(verso 13) – Aqui você nota claramente que a primeira convocação, que se inicia no verso 8, se dirige aos filhos. 
Tributai ao Senhor ó famílias dos povos(verso 29) – aqui, entretanto, as demais nações são convocadas a se unirem aos filhos de Israel para a finalidade da adoração de Yahweh. 
Alegrem-se os céus, terra exulte, ruja o mar, regozijem-se árvores (versos 31-33) – A convocação de adoração deve atingir todo o cosmos criado. Toda a Criação é chamada a participar do louvor que se inicia no coração dos homens retos. 
Disto isto, quero voltar aos filhos de Deus. UM FILHO DE DEUS SE DISTINGUE POR SUA PERCEPÇÃO, SENSIBILIDADE E INCLINAÇÃO PARA PERCEBER DEUS E ADORÁ-LO. 
Rendei graças – invocai o nome – Cantai-lhe salmos – falar das maravilhas – gloriar no nome santo – alegrar o coração – buscar o Senhor e o poder do Senhor – Permanecer na presença– Você pode notar que estes versos 8 a 11 apresentam uma efusiva convocação à adoração. Varias atitudes são esperadas naturalmente daqueles que são os seus filhos. 
Isto significa que eles reconhecem a sua graça, santidade, dignidade, seu poder glorioso, seus designios  e a necessidade de viver sob sua presença. Precisamos desenvolver uma relação com Deus que nos conduza perceber e a desfrutar de todas essa maravilhosas graças que ele dispõe aos que são seus todos os dias. 
Ele é o Senhor, seus juízos permeiam a terra– o salmista lembra os filhos de Deus que todas essas maravilhosas graças podem ser vistas ao nosso redor todos os dias em todas as coisas. A terra está cheia da retidão de Deus, no modo como tudo está ordenado (juízos de Deus). Meus irmãos, filhos de Deus são sensíveis à presença da gloriosa vontade de Deus em todas as coisas, como estão ordenadas para funcionar e como funcionam, segundo o seu poder.   
Lembra-se da aliança– a partir do verso 15, ele vai especificar que a reta vontade de Deus, os seus juízos, se manifestam primordialmente aos seus escolhidos, no modo como ele os ama pactualmente. Os exemplos que ele dá são do cuidado de Deus para com aqueles com os quais entra em aliança.   
A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor deles, repreendeu reis, dizendo: não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas (1 Crônicas 16.21-22). 
Anunciai entre as nações a sua glória – Uma excelente transição desta para a próxima sessão do salmo é a honra e a responsabilidade que os filhos de Israel tinham diante das nações, de serem os porta-vozes de Deus diante de todos. O amor de Israel para com Yahweh é que será fundamental para que todos temam ao Senhor. Isto é muito importante: FILHOS DE DEUS DEVEM TER UMA NATURAL RELAÇÃO DE ADORAÇÃO, FRUTO DO SEU AMOR PARA COM DEUS, QUE NASCE DO SEU RECONHECIMENTO TOTAL DE SUA GLÓRIA, DIGINIDADDE, PODER E AMOR PARA CONOSCO. 
Quando filhos de Deus falham em vivenciar e demonstrar que é isso que sentem em relação a Deus. Quando a vida cristã fica sem graça, cheia apenas de regras e sem nenhum desfrute real, constante e profundo de Deus. O resultado é que as nações também não têm motivo para louvar a Deus. 
O lado bom disto é que existem razões de sobra para que os filhos de Deus não se contenham e verdadeiramente louvem a Deus e revelem ao mundo a sua glória e majestade. 
Glória e majestade estão diante dele, força e formosura no seu santuário (1 Crônicas 16.27). 

Temos Uma Vida de Adoração Porque Essa é Uma Marca de Todos os Que Foram Atingidos Pela Graça Quando Ainda Eram Inimigos de Deus

Os versos 28 a 30 são introduzidos por palavra pesadas: Tributai e Tremei. Estes termos são usados para convocar os inimigos a adorarem a Deus. Isto remonta ao modo antigo de um povo se render a um outro mais poderoso e mais forte. O Salmo propõe isso. Uma vez que os filhos de Deus revelam sua glória e majestade, os inimigos se rendem e lhe oferecem tributo e temor. 
Este salmo nos leva ao contexto das guerras antigas em que suseranos poderosos, chegavam a pequenas vilas, muitíssimo menores e as dominavam. Os moradores da Vila não conseguiam resistir e se rendiam ao suserano. Havia um pacto de suserania, no qual o grande Senhor prometia aos moradores da vila dominada que iria protege-los em troca da sua lealdade. Aqui, este é o tipo de rendição que o salmista tem em mente: os homens pecadores rendendo-se diante do poderoso Senhor, reconhecendo sua glória e majestade e recebendo dele promessas de amor e cuidado. 
Tributai ao Senhor(yahab) -  O termo “yahab” pode ser compreendido como dar, mas é dar algo que é de direito do outro, não se trata de uma oferta voluntária, mas uma convocação a um reconhecimento de direito. Estamos falando de Deus convocando-nos a glória que o seu nome tem direito. 
Devemos nos lembrar que este ato é uma concessão do suserano que poderia nos destruir, mas nos oferece a possibilidade de reconhecer e participar da graça de viver sob os efeitos poderosos da sua glória que nos conduz ao amor. 
Trazei oferendas e entrais nos seus átrios – adorai – vejam que essas expressões nos conduzem a pensar na concessão de uma intimidade que deve nos ajudar a perceber que Ele também nos ama e nos chama para conviver na sua companhia e desfrutar de seu amor. 
Tremei diante dele – ele fundou a terra– tudo pertence a Ele e esse é o motivo porque nos reclama para si. Ele nos convoca a viver diante dele em santo temor e cultivar apreço por sua vontade soberana e o seu domínio eterno sobre toda as coisas. 
Diga-se entre as nações: o Senhor Reina!– este é o ponto: DEUS NOS CONCEDEU UM PRIVILÉGIO GRACIOSO, O DE TAMBÉM PARTICIPAR DO SEU REINO. ÉRAMOS SEUS INIMIGOS E ELE NOS CONQUISTOU PARA SI E NOS FEZ TAMBÉM SEUS FILHOS E SEU SACERDÓRCIO REAL. Precisamos de uma maior consciência de adoradores que se baseiam na graça de Deus para se aproximar. A falta de uma clara noção de que Ele nos salvou graciosamente é a razão de tanto desprezo de crentes para com a adoração constante e resoluta. 
Alegrem-se os céus, regozijem-se na terra, diga-se entre as nações: o Senhor Reina (1 Crônicas 16.31). 
Eis aqui uma excelente transição para a última parte do salmo. 

Temos Uma Vida de Adoração Porque Essa é Uma Marca de Todos Que Sabem Que a Redenção Está se Completando Sobre Toda a Criação

O apóstolo Paulo disse em Romanos que toda a Criação aguarda a redenção e a manifestação dos filhos de Deus, advindos de todas as nações: 
A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Romanos 8.19-21). 
Enquanto observamos a queda e deixamos que as garras do pecado, que domina o coração dos homens sem Cristo, seja a marca deste mundo, devemos compreender que ainda não estamos cumprindo o que Deus espera de nós: que sejamos luzeiros no meio de uma geração corrompida
Davi convoca os filhos de Israel a celebrarem a Deus, conquistarem nações e convocarem homens para um modelo de vida que honre ao Criador, levando o shalom de Deus para todos os cantos da terra. Neste trecho, o que vemos é exatamente essa convocação da natureza. 
Alegrem-se céus – Exulte terra – Ruja o mar – Folque o campo – Regozijem-se árvores– o salmista convoca a natureza a celebrar, num momento em que ele compreende que a grande salvação está chegando ao seu ponto máximo. Davi viu a arca da Aliança e os benefícios que ela trouxe aos filhos de Obede-Edom e à sua terra. A história aconteceu após a vitória sobre os filisteus, que Davi preparou um carro de boi para trazer a arca, mas isso não era o que estava previsto na Lei de Moisés, o resultado foi a morte de Uzá, o que muito entristeceu Davi que acabou entregando a Arca à casa de Obede-Edom. 
Não quis Davi retirar para junto de si a arca do Senhor, para a Cidade de Davi; mas a fez levar para a casa de Obede-Edom, o geteu. Ficou a arca do Senhor em casa de Obede-Edom, o gereu, três meses, e o Senhor o abençoou e a toda a sua casa. Então, avisaram a Davi, dizendo: O Senhor abeçoou a casa de Obede-Edom e tudo quanto tem, por amor da arca de dEus; foi, pois, Davi e, com alegria, fez subir a arca de Deus da casa de Obede-Edom, à Cidade de Davi (2 Samuel 6.10-12).
Davi compreendeu que Arca de Deus era o sinal da bênção para toda a criação, por isso, neste dia, ele convoca também a própria Criação a se alegrar, afinal, a presença de Deus, que redime Israel, é chegada ao seu povo e agora, logo, também toda a Criação também será redimida. 
O Senhor Reina– é o mote que se deve declarar, afinal, sua glória chegou ao seu lugar, à sua cidade, ao tabernáculo. Deus se assenta no seu trono para governar o seu povo e todas as nações. Portanto, todas a criação, toda a terra, deve regozijar-se. 
Na presença porque vem julgar a terra– claramente a escatologia do juízo de Deus contra todo o pecado, quando também limpará toda a terra. Isso é muito próximo do que Paulo tratou em Romanos, 2 Tessalonicenses e o ensino do Novo Testamento sobre o juízo de Deus sobre toda a Criação e a sua purificação final. 
Salva-nos – ajunta-nos – livra-nos-  todas essas expressões apontam para um resgate, uma obra redentiva. A libertação do cativeiro a que tudo está submetido e à transformação de todas as coisas. 
Para que rendamos graças e nos gloriemos– de fato, as razões que temos para a adorar a Deus precisam ser reveladas por meio de atitudes nossas diante de todas as estruturas, naturais, sociais, políticas, religiosas etc. Temos um compromisso em levar ao mundo as razões para que o NOME DO NOSSO DEUS SEJA LOUVADO POR TODOS. 
Nós adoramos a Deus porque sabemos que isso é possível e que é o nosso papel agir para que essa verdade se realize a cada dia onde estamos. 

Conclusão
Davi compreendia que Deus estava dando a ele e a sue povo um momento especial e por isso a todos convocou para adorar. Os motivos são vários e as razões para que o busquemos tem a ver com a nossa filiação, nossa gratidão e nossa esperança em Cristo Jesus. 
O que certamente deixou Davi muitíssimo impressionado é o resultado do entendimento do povo de Deus para isto. Por isso, é registrado: 
E TODO O POVO DISSE: AMÉM! E LOUVOU AO SENHOR! 
Davi estava claramente feliz, cheio da presença de Deus, sabia que tudo o que se espera de Deus ele faz. Ele estava neste momento com o coração pleno diante de Deus e isto contagiava o povo de Deus. 
Meus irmãos, eu espero dias assim aqui em nossa Igreja! Dias em que não será necessário pedir, suplicar... mas que todos saberão que Deus é bendito e que é digno de eternidade em eternidade. Um dia em que nosso chamado especial de filhos nos levará a adoração constante, que nossa gratidão pela salvação graciosa explodirá em amor para Deus o nosso coração e o dia em que seremos capazes de nos comprometer com o mundo e a criação, trazendo sempre paz ao mundo e aonde estivermos. Eu espero, Eu oro, eu busco!! 
Esperamos, oramos e buscamos!! Bendito seja o Senhor, Deus de Israel! AMÉM