21 de julho de 2019

Provérbios 8.12-21

A Sabedoria e a Vida Prudente
Provérbios 8.12-21
(IP Tatuapé – Culto da Noite – Julho 2019)


Introdução
Já falamos sobre este capitulo e dissemos que ele é um dos capítulos centrais do livro de Provérbios. Se a intenção de Salomão é que os homens adquiriam a Sabedoria, aqui este capítulo vai revelar que a Sabedoria é alguém. 
Em nosso culto da última semana, olhamos para os versos 5 a 11, que era a segunda parte da introdução do capítulo 8. Na verdade o capítulo 8 é dividido em três partes: uma introdução verso 1 a 11; o primeiro discurso da sabedoria versos 12 a 21 e o segundo discurso da sabedoria versos 22 a 36. 
Hoje olharemos para este ponto, o primeiro discurso da sabedoria. Antes de olhar para o seu conteúdo, pensemos sobre o segundo discurso. Ele aponta para a origem divina da Sabedoria, onde ela se apresenta como o Arquiteto da Criação. Deus fazia todas as coisas com Sabedoria, isto é, Deus colocava toda a vida em seu devido lugar e as coisas da existência estavam dispostas de forma a tudo funcionar de forma perfeita, harmônica e cheia de alegria. 
O primeiro discurso da Sabedoria, ela que clamava na Introdução, agora apresenta o fato da sua existência como a fonte da vida harmônica, como fonte da vida ordenada. Sua ponderação está no fato de que a Sabedoria é a fonte da prudência, como a ferramenta mais fundamental para que nossas escolhas construam uma realidade melhor para nós e para os que nos cercam. 
O homem prudente, aquele que constrói a sua casa sobre a Rocha, que é Jesus. Essa figura é a que está por detrás de nossa mente quando olhamos para este texto. Tornar-se alguém que escolhe acolher a prudência como forma de direcionar a sua vida. Não se trata de uma opção possível, mas se trata da opção daquele que deseja, de fato, espalhar o shalom e a vida harmônica para os que estão ao seu redor. 
Vamos ao texto e ver como estas coisas se relacionam.  

A Sabedoria Revela Sua Presença Quando a  Prudência Aparece nas Escolhas
O ponto de partida para a vida shalômica produzida pela Sabedoria é o Sábio. A pessoa que irá se aproximar da Sabedoria e reter os seus tesouros para destes tesouros retirar as preciosidades que mudam o que está ao seu entorno. 
A pessoa que escolhe a sabedoria revela a prudência que marca o seu caráter. Vejamos como essa relação está constituída nos versos 12 a 14. 
Eu, a Sabedoria, habito com a prudência e disponho de conhecimentos e conselhos. O temor do Senhor consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço. Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria, eu sou o Entendimento, minha é a fortaleza (Provérbios 8.12-14). 
Habito com a prudência– A Sabedoria já revela que sua proximidade com a prudência não é acidental, mas intencional. Isto é, a prudência de saber pesar as escolhas e a própria vida, são fruto da Sabedoria, porque estão ligadas intimamente. 
Disponho de conhecimentos e conselhos– essa prudência tem uma relação com capacidades cognitivas de fazer juízos e valorar a vida, colocando sobre as realidades que nos cercam os devidos valores, para embasar nossas preferências e escolhas. A Sabedoria nos fornece esse ferramental de conhecimentos e de disposições de entendimento para que saibamos fazer essas escolhas. O Sábio possui na Sabedoria que lhe guia, essas capacidades, habilidades cognitivas para discernimento. 
O temor do Senhor– essa expressão é muito importante no contexto do livro, desde o primeiro capítulo mostram a importância de ter o Senhor adiante de nós como o peso que regula os pratos da balança. NO capítulo 9, como no Salmo 111.10, este temor é também relacionado com a Sabedoria e a Prudência. 
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência (Provérbios 11.10). 
O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria, revelam prudência todos os que o praticam (Salmo 111.10). 
Consiste em aborrecer o mal, a soberba, a arrogância,  mau caminho, a boca perversaeu os aborreço – poderíamos usar a frase forte que o temor do Senhor se revela no fato de que aborrecemos aquilo que aborrece a Deus e isto é o que está sendo dito aqui, mas aqui, ele nomina o mal que ele aborrece para que fique mais evidente ainda: a soberba – nenhuma escolha prudente pode surgir de um coração soberbo, cuja principal intenção é olhar para si mesmo e para os seus interesses; a arrogância – nenhuma escolha prudente pode surgir em um coração arrogante, que é aquele que se estriba somente em si mesmo, que não consegue ouvir o conselho de outros; mau caminho – nenhuma escolha prudente pode surgir de alguém que prefere o mau caminho, isto é, o caminho que se afasta de Deus; boca perversa – a fala daqueles que desprezam Deus, que falam coisas tortuosas e não compartilham as coisas verdadeiras de Deus, a prudência não pode surgir em um coração que se revela nessa fala blasfema. 
Conselho – Verdadeira Sabedoria – Entendimento– Essas três palavras dão o tom da vida do prudente, de como ele faz e embasa suas escolhas. Primeiro, ele embasa suas escolhas nos conselhos que recebe da Sabedoria, ele é aconselhado em sua consciência para pesar e medir os seus passos. A sabedoria mostra a sua intimidade com a prudência no fato de que aquele que é sábio consegue identificar a verdade profunda da vida, que o texto chama da verdadeira sabedoria. Por fim, ele tem uma relação prática com a vida, ele a compreende e tem uma perfeita visão do que se trata o ato de existir. 
Assim, meus irmãos, a Sabedoria mostra que ela é a companhia que virá ao lado da vida prudente, da vida que te faz escolher melhor as palavras, as ações e pensamentos que marcam o seu modo de vida.  

A Sabedoria Revela Sua Presença Quando a  Prudência Aparece no Modo Como Conduzimos as Coisas ao Nosso Redor
No versos 15 e 16 a Sabedoria exemplifica sua ação prática na ação dos homens que detém o poder: os príncipes, os reis, os juízes, os nobres. Aqui ele não faz uma avaliação dos homens e dos atos de governo, a Sabedoria simplesmente nos diz que a base do bom governo é a sabedoria, intima amiga da prudência. A prudência é a arte de governar com equilíbrio e organizar o meio onde estamos. Não podemos pensar apenas na ideia de governo político, embora os exemplos trabalhem nessa direção. 
Por meu intermédio reinam – Por meu intermédio governam– NO dois versos, temos uma repetição: “por meu intermédio”. A expressão “por meu intermédio” é uma interpretação de uma palavra só e bem curtinha: Bi – por eu (literalmente). Na verdade, aqui temos um reforço da figura levantada no primeiro trecho: EU A SABEDORIA. Poderia ser mais ao pé da letra traduzido: POR MIM. O que isso significa, é que os homens que sabiamente governam, só podem fazer por meio da sabedoria verdadeira. Eles só conseguem de fato assumir o poder para REINAR e somente conseguem efetivamente organizar a sociedade ORGANIZAR, quando a Sabedoria lhes concede essa condição. Em outras palavras, a Sabedoria está dizendo o quanto a prudência que ela produz é necessária para ordenar a realidade concreta e trazer equilíbrio aos homens. 
Os príncipes decretam justiça– lembre que as estruturas de governança do mundo antigo, o Rei se fazia presente nas diversas regiões do seu reino pelos seus príncipes escolhidos para levar a sua autoridade ao reino. Aqui os princípios faziam escolhas prudentes que redundavam em “justiça”, isto é o caminho pesado corretamente, a vida avaliada e valorada pela verdade, pela sabedoria. 
Príncipes, nobres e todos os juízes-  toda a estrutura de ordenamento da realidade deve ser resultado das escolhas prudentes, geradas pela sabedoria.
Precisamos pensar sobre este suporte que todos nós devemos dar à realidade que nos cerca e à própria sociedade na qual estamos inseridos. Precisamos ter mais ponderações nas nossas palavras. Porque a palavra sem sabedoria não produz SHALOM, cuidado com o fato de não termos a sabedoria necessária para fazer com que a prudência seja o resultado das nossas ações. 
Uma palavra tola pode destruir um reino, assim como pode destruir uma casa, uma família, uma igreja. Precisamos da vida prudente para que sejamos mediadores do governo da sabedoria, que consiste em humildemente ouvir a Sabedoria Divina e ponderar nossa vida, nossas preferencias para que a vida ao nosso redor, aquela que passa por nossa influência seja SHALOMICA. 

A Sabedoria Revela Sua Presença Quando a  Prudência Produz as Verdadeiras Riquezas da Vida

Mais uma vez o tema da riqueza está de volta. Como na introdução e em muitas partes do Livro de Provérbios. Salomão era um homem riquíssimo e as riquezas que experimentou também o fizeram pecar. Ele sabia muito bem do que estava falando, porque o Sábio aprendeu pelo que sofreu. 
O verso 17 é uma espécie de ponte com o que virá a seguir, um estímulo para podermos adentrar na parte final. Essa parte final fala do resultado de uma vida prudente, gerada pela sabedoria. 
Eu amo os que me amam; os que me procuram me acham (Provérbios 8.17). 
Esse verso propõe um duplo entendimento muito interessante. Ele fala do fato de que a sabedoria nos ama, quando a amamos o que parece indicar a Sabedoria como ponto de partida deste amor, por outro lado, este foco é revertido na segunda parte, que diz que os que me procuram me acham, o que dá a entender que existe um esforço da nossa parte que é o ponto de partida. Eu diria que devemos ver as duas coisas, com um peso maior para a primeira. 
Se você desejar essa vida prudente que nasce da presença da Sabedoria na sua vida. Você irá encontrar esse mundo shalômico que se construirá ao redor de você e de suas ações e influência. O contrário também é verdadeiro, não se esqueça. 
Melhor é o meu fruto– a figura é agrícola, é a figura da paciência do agricultor que semeia, cuida e espera o fruto. Não é uma coisa certa, senão pela fé. O agricultor semeia e espera colher o fruto da sua semente, para isso, ele trabalha com um alvo. 
Melhor que ouro refinado– ele está dizendo que vale a pena esperar e plantar essas sementes, que podem produzir não somente uma grande riqueza, mas uma riqueza de profundo valor. Não somente traremos shalom ao nosso redor, mas um shalom de especial valor. 
O meu rendimento melhor que da prata escolhida – rendimento também é uma figura agrícola. Pense na semente e no fato de que quando ela é plantada, no final, o fruto devolve ao agricultor o próprio fruto, mas também, muitas outras sementes. A prata, da qual se retirava o chumbo e as outras impurezas, era vendida por um valor maior que aquela que não tinha essa qualidade, mas o fruto da sabedoria devolve a nós muito mais. Mais que uma vida tranquila, estamos falando de um reino de paz duradoura. 
Ando pelo caminho da justiça no meio das veredas do juízo, para dotar de bens os que me amam e lhes encher os tesouros (Provérbios 8.20-21). 
 Temos aqui descrita uma cláusula de ação e uma de consequência. A Sabedoria produz a prudência, que se evidencia em escolhas justas e equilibradas e a consequência disto é o gerar muitos tesouros, que ninguém pode nos roubar. 
Um irmão em um dos nossos encontros nas casas deu um testemunho. Esse irmão falou sobre a verdade na sua vida. Ele disse que viver uma vida verdadeira lhe trazia paz. A simplicidade da vida verdadeira, fazia com que ele não se sentisse pressionado. Eu também tenho percebido e vivido essa boa experiência. A vida madura, deve ser equilibrada pela vereda da justiça, isso nos conduz à paz. 


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